Primeiro espetáculo inédito de Viviane Mosé como dramaturga, “Desato” estreia nova temporada no Teatro Firjan Sesi Centro

Desato - Foto: Lorena Zschaber

O existencialismo serve à poesia de Viviane Mosé, assim como a dança é o pulmão do teatro de Duda Maia. Este encontro da filósofa com a diretora já demonstrou que tem poder na temporada de sucesso de “Desato”, no Teatro Ipanema, em abril. O espetáculo, que é a primeira incursão de Mosé como dramaturga de sua própria obra poética, agora ganha uma nova temporada a partir do dia 11 de agosto no Teatro Firjan Sesi Centro.

A montagem é inspirada pelo livro homônimo — com realização da 8 Produção Cultural e patrocínio da Eletrobras, por meio da Lei Rouanet — e reúne uma coleção de poesias da autora sobre as dores e delícias da nossa contemporaneidade, sob um viés anti-niilista. “É para se abandonar pesos. Tirar e jogar fora, produzir leveza. Viver mais o agora e deixar de lado o passado e o futuro. Afinal, viver é bom sem os excessos de explicação e medo que nos rodeiam”, afirma Viviane Mosé.

Em cena, as intérpretes-criadoras Ana Carbatti, Ana Paula Novellino e Letícia Medella, entre os ossos e as emoções, dão vida aos ensaios poéticos de Mosé sobre como encarar o mundo de hoje e suas contingências nessa nossa existência atribulada. Os corpos aqui falam tanto quanto as bocas.

“Escolhi os poemas que mais me atravessaram e me puxaram para o lado cênico. Tem uma dialética na obra da Viviane, que é essa necessidade grande de nos relacionarmos e buscarmos alguém com quem compartilhar a vida e a vontade de ficarmos sós. O trabalho parte da fisicalidade das três atrizes, das criações corpóreas de cada uma”, conta a diretora, Duda Maia.

Para dar forma e movimento a essas histórias no palco, a figurinista Karen Brusttolin criou uma roupa-instalação que faz as vezes de cenário. “Gosto quando o figurino faz parte da construção da dramaturgia. Apelidamos de “bololô”. É como um emaranhado, são várias peças que podem ser colocadas e retiradas ao longo do espetáculo. Vão desnudando camadas, revelando partes, desconstruindo, com texturas. É um deleite”, explica ela.

Segundo Ana Carbatti, “Desato” mexe e muito com o público: “Quem não está preocupado com a própria existência está aonde?”, ri. “A poesia da Viviane traduz momentos nossos, é mais livre, abstrata. Transformar isso em drama está sendo muito interessante, assim como poder comunicar com o corpo. Os textos que falam de amor e de separação me tocam muito”, continua Ana. “Viviane é porosa, acende a minha fogueira, me emociona, aciona o meu músculo, meu imaginário”, completa Letícia Medella. “Podermos nos expressar fisicamente, com a dança, faz todo o sentido neste espetáculo, com a condução da Duda”, faz coro Ana Paula Novellino.

Essa experiência “desatadora de nós”, como define a autora, certamente leva o público além. “É o puro gesto de existir que precisa ser resgatado. As pessoas precisam voltar a ter honra em habitar esta terra. Proponho livramentos, desatar as mesquinharias”, define Viviane. A idealização do projeto é de Marilia Medina.

Ficha Técnica
Idealização: Marilia Medina
Texto: Viviane Mosé
Direção: Duda Maia
Intérpretes-criadoras: Ana Carbatti, Ana Paula Novellino e Leticia Medella
Iluminação: Lina Kaplan
Direção de Arte e Figurinos: Karen Brusttolin
Trilha sonora original e Direção Musical: Azulllllll
Assistente de Direção: Marilia Medina
Fotografia: Lorena Zschaber
Produção Executiva: Renan FIdalgo
Assessoria de Comunicação: Dobbs Scarpa
Direção de Produção: Luiz Prado
Realização: 8 Produção Cultural e Marilia Medina

Serviço

Teatro Firjan Sesi Centro
Av. Graça Aranha 1, Centro.

De 11 de agosto a 16 de setembro de 2025.
Seg e ter, às 19h.
12 anos. 70 min. R$ 40 (inteira)/ R$ 20 (meia).

Related posts

O espetáculo infantil “Café com Leite” encerra temporada, neste domingo (26/10), no Teatro Municipal Domingos Oliveira, no Planetário da Gávea

Festival Clássicos do Brasil com Orquestra Petrobras Sinfônica em show gratuito no Teatro Municipal Raul Cortez em Duque de Caxias

Com Francisca Queiroz e Claudio Gabriel, ‘Ela, e Algumas Histórias’ reestreia dia 3 de outubro, no Teatro das Artes