Breno Cruz, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acaba de assinar um acordo de cooperação com o Ministério do Turismo e do Lazer da Costa do Marfim. O documento, firmado em Abidjan durante o Salão Internacional de Turismo e Lazer (SITLA), estabelece um programa de intercâmbio cultural e gastronômico entre os dois países, com duração inicial de três anos. “Uma cooperação internacional demandada pelo Ministério do Turismo e Lazer do país nos enche de alegria. Eles entenderam como podemos unir forças para dar sentido àquilo que, para nós, pessoas pretas , evidencia o sentimento de Ubuntu – Eu sou porque nós somos. Trabalhar juntos oficialmente com um governo africano nos mostra que o nosso trabalho aqui no Brasil tem sido respeitado também fora daqui. Isso é, em outras palavras, um sonho”, afirmou Breno Cruz.
Jennifer Curcio, Siandou Fofana e Breno Cruz
Entre as ações previstas após o acordo estão a publicação de um livro bilíngue com dez receitas emblemáticas da culinária marfinense, o intercâmbio de chefs e profissionais de gastronomia, além da realização de eventos, oficinas e festivais que promovam a cozinha brasileira e marfinense no cenário internacional. A UFRJ será responsável pela coordenação acadêmica e pela tradução da obra para o português, enquanto o ministério marfinense garantirá a infraestrutura, a mobilização de chefs e a edição em francês.
Idealizador do projeto de extensão Pretonomia, da UFRJ, e do Festival Gastronomia Preta, Breno Cruz é referência em iniciativas que unem gastronomia, cultura afro-brasileira e impacto social. Em sua trajetória, também criou o Prêmio Gastronomia Preta, voltado à valorização da cadeia produtiva da cozinha negra.
No Brasil, o Festival Gastronomia Preta já integra o primeiro Guia do Afroturismo Brasileiro, produzido pelos ministérios do Turismo e da Igualdade Racial, e é finalista do prêmio de Marca do Ano no Black Travel Summit, nos Estados Unidos. O evento também recebeu recentemente o apoio internacional da consultora norte-americana Martinique Lewis, que assumiu a função de embaixadora da iniciativa.
A assinatura do acordo reforça o protagonismo do professor mineiro, que vem consolidando sua atuação como uma das principais vozes do afroturismo e da valorização da cultura preta na gastronomia, dentro e fora do país.