Projeto Raízes Daqui encerra primeiro mês com oficinas de Maracatu e grande receptividade nas escolas públicas

Legenda: Julieta Viana (intérprete de Libras) e Lucas dos Prazeres (mestre de Maracatu) - Crédito: Howard Cappelletti / Raízes Daqui: Divulgação

O projeto Raízes Daqui encerrou seu primeiro mês de atividades com resultados que superaram as expectativas dos organizadores. Durante o mês de agosto, as oficinas de Maracatu ministradas pelo por diversos mestres especialistas na área, alcançaram estudantes de escolas públicas do entorno da Feira de São Cristóvão e turistas que visitaram o equipamento cultural, consolidando uma proposta inovadora de educação patrimonial.

A receptividade nas unidades escolares chamou atenção dos coordenadores do projeto. Na Escola Municipal Floriano Peixoto, em São Cristóvão, a coordenadora pedagógica Rachel Carvalho destacou o entusiasmo dos alunos: “Os alunos se mostraram participativos e interessados na música, nos instrumentos, na dança, no cortejo. Foi uma experiência marcante e de muita ludicidade”.

O impacto das atividades se estendeu além das turmas participantes. “As outras turmas ao virem o movimento na escola perguntaram se eles também teriam aula de cultura! Até no Instagram da escola uma responsável quis saber sobre o projeto”, relatou Rachell, evidenciando o interesse despertado pela iniciativa.

Para Gilberto Teixeira, diretor executivo do Instituto Cultural da Feira e curador do projeto, os primeiros resultados confirmam a necessidade dessa abordagem: “A gente percebe de cara a receptividade fantástica, não só dos diretores das escolas, mas principalmente dos alunos. É uma coisa muito necessária nas escolas da rede pública”.

O Mestre Lucas dos Prazeres, um dos responsáveis pelas oficinas de Maracatu, enfatizou a importância da transmissão cultural através da prática: “O patrimônio imaterial não consegue se preservar simplesmente através da escrita e da leitura. Ele é transmitido principalmente através da vivência”. Durante as oficinas, os estudantes tiveram contato direto com os instrumentos, aprenderam as músicas e participaram de cortejos, absorvendo os valores de ancestralidade e resistência inerentes ao Maracatu.

A metodologia adotada permite que cada participante se torne ‘guardião’ da tradição cultural. “Quando cada aluno, cada aluna, cada pessoa se disponibiliza em praticar, em vivenciar no corpo cada dispositivo cultural, a religiosidade e a ancestralidade naturalmente está sendo praticada”, explicou o mestre.

O projeto funciona de terça a quinta-feira nas escolas públicas e às sextas-feiras no restaurante Conexão Mandacaru, dentro da Feira de São Cristóvão, oferecendo experiências culturais para visitantes e turistas. A iniciativa coincide com o ano de celebração dos 80 anos da Feira de São Cristóvão comemorado este ano, reforçando a importância histórica do espaço como território de resistência e preservação cultural.

Rachel Carvalho destacou o legado esperado do projeto: “O legado principal é o combate à homogeneização cultural ao apresentar a diversidade e a salvaguarda das potencialidades nordestinas em território carioca”. A coordenadora pedagógica ainda ressaltou que “a experiência ficará guardada nos corações de todos e os alunos serão os novos guardiões desse belíssimo conhecimento”.

O primeiro mês do projeto também foi marcado pela visita do vice-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Cavallieri, à Feira de São Cristóvão no dia 22 de agosto. A autoridade municipal conheceu de perto a iniciativa e foi presenteado com uma camisa do projeto que celebra a cultura nordestina.

O Raízes Daqui atenderá cerca de 1.500 alunos até novembro, quando será encerrado. Após o maracatu, estão programadas oficinas de Coco de Roda, Frevo e Bumba Meu Boi. O projeto é uma realização do Instituto Cultural da Feira e Ministério da Cultura/Governo Federal, com apoio da Prefeitura do Rio/RioTur.

Teixeira resumiu a importância da iniciativa: “O Rio de Janeiro é um tambor de ressonância. Com o projeto Raízes Daqui, que resulta na apresentação das manifestações típicas da cultura nordestina no Rio de Janeiro, a gente acertou em cheio”.

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