São dois talentos da dança contemporânea. Dois nomes que trazem ao público trabalhos reflexivos, inquietantes, frutos de intensa pesquisa – e entregas. Eles são os bailarinos e coreógrafos Laura Samy e Leonardo Laureano. Dois solos criados e interpretados por eles – e vistos, inclusive, no exterior – serão apresentados numa mesma noite em Niterói, Zona Metropolitana do Rio de Janeiro. “Dança Macabra”, com Samy, e “Ocas”, com Laureano, serão apresentados nesta quarta-feira (06 de novembro), às 19h, no Centro de Artes da UFF, em Icaraí, com ingressos a R$ 10.
Dança macabra
Quem acompanha a trajetória de Laura Samy sabe que ela costuma levar à cena influências que vão da Literatura ao cinema em resultados que mesclam diferentes linguagens. E isso se dá com “Dança macabra”. A performance surgiu em 2015 a partir de reflexões sobre a sobrevivência e a morte. A linha dramatúrgica, que conta com a colaboração do ator e bailarino Renato Linhares, alia pensamentos do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975), um poema de Henri Michaux (1899-1984), um registro em audiovisual da própria artista em movimento ao som de peças de Ennio Morriconi (1928-2020).
O público ocupa a plateia com a bailarina já em cena. Os dez cubos espalhados pelo palco são empilhados e transformados em dois totens, cruciais para o jogo que se estabelece entre a bailarina e o espaço cênico. A partir daí, várias dialéticas se estabelecem: visível\oculto, real\imaginário, vida\morte. O corpo fragmenta-se como numa pintura cubista, e a bailarina assume diferentes formas como a de um pássaro ou mesmo a da própria Morte. A performance já foi apresentada em diferentes cidades e espaços, como a Escola de Cinema Darcy Ribeiro (2015), o Teatro Cacilda Becker (2015) e em festivais de dança como o Panorama e a Mostra Caixote, ambos em 2017.
“Ocas”
A pesquisa para sua criação foi iniciada em janeiro de 2023 a partir do convite da breakconvention. Uma primeira versão do solo foi apresentada no Sadler`s Wells, em Londres. O projeto se inicia primeiramente dentro das danças urbanas pesquisando, imagens fotográficas, movimentos, cinematografias e historias diversas utilizadas na composição dramatúrgica da cena. Uma bandeira como objeto de estudo imaginário traz questionamentos acerca de sua existência enquanto ser – o que ela representa politicamente para cada pessoa, cada corpo em suas vivencias individuais?
O corpo é pensado pelo intérprete como um espaço para a encarnação de imagens que trazem à tona questões raciais e políticas criando um imaginário que fala sobre história, lutas e conquistas na sociedade. E questiona a historicidade de um mundo de privilégio branco, apresentando narrativas de realidades brasileiras, trazendo a perspectiva da dinastia dos seus antepassados, a partir dos contos trazidos pelo corpo de um homem preto e de um tecido que traz consigo uma (sobre)carga imposta pela sociedade.
O palco está nu. O bailarino entra em cena por uma das laterais e vai, aos poucos, ocupando todo o espaço como que multiplicando-se. Ele veste uma túnica que evoca antigas culturas (e a própria ancestralidade) ao mesmo tempo em que aquele figurino ganha outras formas de uso, evocando signos pretéritos e atuais e ganhando, contudo, novos significados – justamente como a própria vida.
Dançar é, para esses dois artistas, mais do que formas de expressão ou linguagem. Dançar é, pare eles, um ato de resiliência e coragem. Por isso (e para isso) eles vivem.
FICHAS TÉCNICAS:
Dança macabra
- Encenação, direção e Interpretação: Laura Samy
- Interlocução dramatúrgica: Renato Linhares
- Cenografia: Antonio Pedro Coutinho
- Luz: Tábatta Martins
Ocas
- Concepção:Leonardo Laureano e Breakconvention
- Direção, criação e performance: : Leonardo Laureano
- Desenho de luz:: PJ
- Trilha sonora:Suren & LZN
SERVIÇO PROJETO REPERTÓRIOS:
- Gênero: dança\performance
- Dia e horário: 06 de novembro, quarta-feira, às 19h
- Local: Centro de Artes da UFF( R. Miguel de Frias, 9 – Icaraí, Niterói. Tel: (21) 2629-5576)
- Ingresso: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)
- Duração da sessão: 80 minutos
- Classificação indicativa: 14 anos