Público elege “Cicatrizes” a melhor música do ano do compositor Fernando Pellon

Fernando Pellon - Foto: Antonio Batalha

No ano do 40º aniversário do seu icônico disco de vinil Cadáver pega fogo durante o velório o compositor Fernando Pellon festeja também a notícia de que a sua canção “Cicatrizes”, uma das nove faixas do disco que está rodando nas principais plataformas de streamings, foi a escolhida nas playlists do público em 2024 com mais de 11 mil reproduções de acordo com o último relatório do Spotify divulgado no mês dezembro.

Com o fim de ano chegando o compositor comemora mais um ciclo bem-sucedido na sua carreira musical que em 2024 completa mais de 40 anos, com quatro álbuns lançados ― o último foi “Medula & Osso” lançado em abril de 2023 ― e tocando nas principais plataformas musicais.

Fernando Pellon é autor de um grande repertório de choros e sambas, cujas letras que falam da dor e da morte são a marca de um estilo estético que em alguns momentos pode até ser comparado ao do poeta Augusto dos Anjos, mas, na realidade, é de um compositor diferenciado: às vezes mórbido, mas muitas vezes lírico.

Ele próprio se surpreende com os números revelados pelo streaming e diz tratar-se de uma audiência significativa para um compositor independente, que, apesar do talento ter sido reconhecido por grandes nomes da música no Brasil como Aldir Blanc e Moacyr Luz, ainda não figura como destaque do noticiário que cobre o segmento artístico do país.

“Cicatrizes” é uma canção do tempo em que Fernando Pellon era um dos integrantes do coletivo de artistas Malta da Areia, grupo de compositores, músicos, poetas e roteiristas criado em Niterói, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no início dos anos 1980, cujos versos falam de amor, desgosto e saudade:

Amor de verdade, não tem jeito, tem que ser perfeito
A viver na mentira, prefiro a saudade
Queimando no peito
Mas há as cicatrizes
Que só a marcha do tempo revela
Agora eis-me aqui com você
Por causa dela

“Essa música eu compus e foi defendida pela Malta da Areia em um festival de MPB realizado em 1982 no auditório do Sesc Tijuca. O crítico musical e jornalista Roberto Moura (1947-2005) fez parte do corpo de jurados, o que permitiu um primeiro contato que evoluiu no convite para produzir o (disco) Cadáver pega fogo durante o velório”, contou.

Quem assina o arranjo de “Cicatrizes” é o cantor e violonista Paulinho Lêmos, parceiro de Fernando Pellon de longa data, que, segundo o compositor, “valorizou muito a performance fantástica do violonista Raphael Rabello (1962-1995) na gravação do disco”.

“Cicatrizes” foi composta no final da década de 70, quando eu estava em São José dos Campos (SP), cursando o mestrado no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Eu vivia, naquele tempo, um sentimento difuso e permanente de saudade”, explicou.

“Cicatrizes” faz parte do repertório do disco Cadáver pega fogo durante o velório, que foi a primeira produção musical de Fernando Pellon.  Ou seja, um disco que continua chamando a atenção e lhe proporcionando críticas positivas 40 anos depois do seu lançamento. Mas, afinal, o que esse disco tem de diferente dos outros três lançados pelo compositor?

Cadáver Pega Fogo Durante o Velório é minha nave mãe. Todos os outros álbuns que vieram depois gravitam em torno dele, trazendo um ou outro aspecto complementar à proposta estética do primeiro disco”, afirmou Fernando Pellon. “É o mais resiliente!”

Related posts

Carioquíssima “Jazz Festival & Brasilidades” agita o fim de semana na Glória em edição especial focada em apresentações musicais e artes

Festival Clássicos do Brasil com Orquestra Petrobras Sinfônica em show gratuito no Teatro Municipal Raul Cortez em Duque de Caxias

Thaïs Morell apresenta show do álbum “Quatro Cantos” com participação especial de Renata Rosa no Sesc Tijuca