A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é um tema que ainda gera muitas dúvidas, receios e preconceitos por parte de empregadores e gestores. Muitas dessas barreiras são fruto da falta de informação, de sensibilização e de preparação das empresas para lidar com a diversidade. Por isso é importante desmistificar algumas ideias equivocadas que podem impedir ou dificultar a contratação e a integração de profissionais com deficiência nas organizações. O presidente da Rede Incluir, Antoniel Bastos, afirma que a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é uma questão de direito, de justiça e de oportunidade, tanto para as pessoas com deficiência quanto para as empresas. “As pessoas com deficiência têm o direito de trabalhar e de contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país, e as empresas têm a oportunidade de se beneficiar da diversidade, da competência e do talento desses profissionais, que podem fazer a diferença em suas equipes, em seus negócios e em seus resultados”, diz Bastos.
– A seguir, apresentamos oito mitos comuns sobre esse assunto e as verdades que os desmentem.
Mito 1: As pessoas com deficiência não têm qualificação profissional
Verdade: As pessoas com deficiência têm as mesmas capacidades e potenciais que as pessoas sem deficiência, e podem se qualificar profissionalmente em diversas áreas e níveis de formação. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): Pessoas com Deficiência 2022, divulgada pelo IBGE e pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, 18,6 milhões de brasileiros de 2 anos ou mais possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 8,9% da população dessa faixa etária. Desses, 5,1 milhões estão no mercado de trabalho, e 3,4 milhões têm ensino médio completo ou superior incompleto ou mais. Além disso, existem diversas iniciativas de capacitação e qualificação profissional voltadas para as pessoas com deficiência, como cursos, programas, projetos e eventos que ampliam as oportunidades de acesso à educação e ao emprego.
Mito 2: As pessoas com deficiência são menos produtivas e comprometidas
Verdade: As pessoas com deficiência podem ser tão ou mais produtivas e comprometidas que as pessoas sem deficiência, desde que tenham as condições adequadas de trabalho e de acessibilidade. A produtividade e o comprometimento são atributos que dependem mais da motivação, da competência, da gestão e do clima organizacional do que da presença ou não de uma deficiência. Muitas vezes, as pessoas com deficiência enfrentam mais desafios e obstáculos para conquistar e manter um emprego, o que pode aumentar o seu senso de responsabilidade, de superação e de valorização do trabalho. Além disso, a inclusão de pessoas com deficiência pode trazer benefícios para a empresa, como a melhoria da imagem, da reputação, da inovação, da criatividade, da diversidade e da competitividade.
Mito 3: As pessoas com deficiência precisam de cuidados especiais e constantes
Verdade: As pessoas com deficiência são independentes e autônomas, e não precisam de cuidados especiais e constantes, mas sim de respeito, de igualdade e de acessibilidade. Cada pessoa com deficiência tem suas próprias características, necessidades, limitações e potencialidades, e sabe como lidar com elas no seu dia a dia. O que as pessoas com deficiência precisam é de um ambiente de trabalho que garanta a sua segurança, o seu conforto, a sua mobilidade, a sua comunicação e a sua participação, sem discriminação, segregação ou assistencialismo. Para isso, é fundamental que a empresa promova a adaptação razoável do espaço físico, dos equipamentos, dos sistemas, dos processos e das rotinas de trabalho de acordo com as normas técnicas e legais de acessibilidade.
Mito 4: As pessoas com deficiência causam mais custos e mais problemas para a empresa
Verdade: As pessoas com deficiência não causam mais custos e mais problemas para a empresa do que as pessoas sem deficiência, mas sim mais oportunidades e mais soluções. Os custos com a contratação e a inclusão de pessoas com deficiência são, na maioria dos casos, baixos ou inexistentes, e podem ser compensados por incentivos fiscais, subsídios, parcerias e financiamentos disponíveis para as empresas que cumprem a legislação e as boas práticas de inclusão. Além disso, os benefícios da inclusão de pessoas com deficiência superam os custos, pois agregam valor à empresa, aos seus produtos, aos seus serviços, aos seus clientes, aos seus fornecedores, aos seus colaboradores e à sociedade. Os problemas que podem surgir no processo de inclusão de pessoas com deficiência são, na verdade, desafios que podem ser superados com planejamento, diálogo, capacitação, sensibilização e acompanhamento.
Mito 5: As pessoas com deficiência não se adaptam à cultura e ao clima da empresa
Verdade: As pessoas com deficiência se adaptam à cultura e ao clima da empresa da mesma forma que as pessoas sem deficiência, desde que sejam acolhidas, integradas e valorizadas. A cultura e o clima da empresa são aspectos que influenciam o comportamento, a satisfação, a motivação e o desempenho de todos os colaboradores, independentemente de terem ou não uma deficiência. Por isso, é importante que a empresa tenha uma cultura e um clima inclusivos, que respeitem a diversidade, que estimulem a cooperação, que reconheçam o mérito e que promovam o desenvolvimento de todos. As pessoas com deficiência podem contribuir para a melhoria da cultura e do clima da empresa, trazendo novas perspectivas, experiências, conhecimentos e habilidades.
Mito 6: As pessoas com deficiência não têm ambição e não querem crescer na carreira
Verdade: As pessoas com deficiência têm ambição e querem crescer na carreira, assim como as pessoas sem deficiência, e podem ocupar cargos de liderança e de gestão. A ambição e o crescimento profissional são fatores que dependem mais da personalidade, da vocação, da aspiração e da oportunidade de cada indivíduo do que da presença ou não de uma deficiência. As pessoas com deficiência têm sonhos, metas, planos e projetos para a sua vida pessoal e profissional, e buscam realizá-los com dedicação, esforço e competência. Por isso é essencial que a empresa ofereça condições de acesso, de permanência, de progressão e de ascensão para as pessoas com deficiência, garantindo a sua participação em processos seletivos, em treinamentos, em avaliações e em promoções.
Mito 7: As pessoas com deficiência não se relacionam bem com os colegas e os clientes
Verdade: As pessoas com deficiência se relacionam bem com os colegas e os clientes, desde que sejam respeitadas, aceitas e incluídas. O relacionamento interpessoal é uma habilidade que pode ser desenvolvida e aprimorada por qualquer pessoa, com ou sem deficiência, e que depende mais da comunicação, da empatia, da confiança e da cooperação do que da condição física, mental, sensorial ou intelectual. As pessoas com deficiência podem estabelecer relações positivas, saudáveis e produtivas com os seus colegas e os seus clientes, compartilhando informações, ideias, opiniões, sentimentos, experiências e valores. Além disso, as pessoas com deficiência podem ampliar a rede de contatos, a fidelização e a satisfação dos clientes, especialmente dos clientes com deficiência que representam um segmento.
As funções que as pessoas com deficiência podem desempenhar são tão variadas e diversificadas quanto as das pessoas sem deficiência, e podem abranger desde atividades operacionais até estratégicas, setores tradicionais ou emergentes, áreas técnicas e artísticas. O que define a adequação de uma pessoa a uma função é a sua compatibilidade com os requisitos, as responsabilidades, os desafios e as oportunidades da mesma, e não a sua condição física, mental, sensorial ou intelectual.
Mito 8: As pessoas com deficiência são beneficiadas pela lei de cotas e não precisam de mais nada
Esse é um mito que gera acomodação e conformismo das pessoas com deficiência e das empresas no mercado de trabalho. Na verdade, a lei de cotas é apenas um instrumento legal e temporário para garantir a inserção mínima e obrigatória das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, mas não é suficiente para garantir a inclusão efetiva e plena das pessoas com deficiência no mercado de trabalho. As pessoas com deficiência precisam de mais do que apenas vagas, elas precisam de condições adequadas, oportunidades reais, respeito e valorização. As empresas precisam de mais do que apenas cumprir a lei, elas precisam de uma cultura inclusiva, de uma gestão participativa, de uma visão estratégica e de uma responsabilidade social. A lei de cotas é um meio, não um fim, para a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Esses são alguns dos mitos que ainda cercam a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, e que precisam ser combatidos com informação, conscientização e ação. Para isso, é fundamental que as empresas contem com o apoio de instituições especializadas, que possam orientar, capacitar, assessorar e acompanhar todo o processo de inclusão, desde o recrutamento até a retenção dos profissionais com deficiência.
Rede Incluir
Uma dessas instituições é a Rede Incluir, uma organização social sem fins lucrativos, que atua há mais de 10 anos na promoção da inclusão social e profissional de pessoas com deficiência, por meio de projetos, programas e eventos que visam à capacitação, à empregabilidade, à acessibilidade, a cidadania e à qualidade de vida dessa população.
A Rede Incluir oferece às empresas um auxílio completo e personalizado, que abrange desde o diagnóstico da situação atual, passando pelo planejamento e pela implementação das ações de inclusão, até a avaliação e o monitoramento dos resultados. A Rede Incluir também disponibiliza para as empresas um banco de currículos de pessoas com deficiência, que são selecionadas, encaminhadas e acompanhadas de acordo com a necessidade da empresa.