Ontem, segunda (21) é o Dia da Conscientização sobre a cefaleia em salvas, doença que leva muitas pessoas até cometerem suicidio. Para maior esclarecimento sobre a doença vários famosos posaram com a camiseta informativa para divulgação e apoio à campanha idealizada pela neurologista Dra. Maria Eduarda Nobre.
Esse ano na campanha ganhou adesão dos seguintes artistas :
– Isabela Garcia
– Reynaldo Gianecchini
– Simone Zucato
– Cassio Scapin
– Inês Peixoto
– Leopoldo Pacheco
– Selma Egrei
– Wendel Bendelack
– Nívea Maria
– Rodrigo Fagundes
– Isabela García
– Nívea Maria
– Paulo manduca
Existem mais de 300 tipos de dores de cabeça e a Cefaleia em Salvas é a dor mais intensa e incapacitante de todas.
As crises são sempre do mesmo lado da cabeça, geralmente em torno do olho. Junto com a dor, ocorrem alterações como lacrimejamento, entupimento nasal, vermelhidão no olho e queda da pálpebra. Tudo isso somente do lado da dor. Dura de 30 minutos a 3 horas, mas usualmente é em torno de 45 min a 1 hora. Pode vir várias vezes no mesmo dia, inclusive de madrugada, acordando o indivíduo no meio da noite com a dor já no pico máximo.
Muitos portadores têm horários regulares para as crises e já sabem que ela vai ocorrer em determinado horário do dia ou madrugada. Esse período em que as crises acontecem duram alguns meses e é chamado período da salva. Em algum momento, as crises desaparecem e podem ficar ausente por meses ou anos. Em algum momento elas retornam, mantenho o padrão de virem todos os dias, até várias vezes no mesmo dia, e ficam presentes novamente por alguns meses. Normalmente tem um ritmo regular. O período da salva é quase sempre o mesmo e o intervalo também. Cada portador deve observar seu próprio padrão. Esse ciclo se repete por toda a vida e por isso é denominada Cefaleia em Salvas, pois vem de tempos em tempos.
“O alcance dessa campanha no último ano foi algo que me impressionou muito. Acho que impressionou todos nós na verdade. A cefaléia em salvas é tida como a pior dor que existe e muitas vezes não é diagnosticada e por isso as pessoas não recebem o tratamento adequado. Em virtude disso, portadores acabam até se suicidando por não suportarem a dor. Poder levar informação à população através dessa campanha, tem feito com que muitos portadores procurem o neurologista e sejam diagnosticados e tratados corretamente e o impacto disso na vida dessas pessoas é algo extremamente positivo. Sem falar que ficamos todos surpresos com o número de pessoas que procuraram ajuda na última campanha. É muito bom ver esse movimento, saber que estamos fazendo a diferença na vida de alguém com o simples fato de levarmos informação. É muito bonito ver esse trabalho da Dra Maria Eduarda Nobre ao lado da Abraces e da Sociedade Brasileira de Cefaleia.”, conta Simone Zucato.
A Cefaleia em Salvas é de causa desconhecida. Sabemos que é uma alteração em uma área do cérebro responsável pelo nosso relógio biológico, local que controla nosso ciclo de sono e vigília, daí a relação com um padrão rítmico. Não se sabe o porquê dessa alteração.
Não há cura, porém, há tratamento eficaz. O tratamento deve ser iniciado a cada início de uma nova salva e suspenso após o término. Nos intervalos, não é necessário tomar nenhum tipo de medicação. È como se a doença não existisse, mas possivelmente voltará na época usual daquele portador. O padrão mais comum é ser anual, durando 1 a 2 meses, geralmente na mesma época ou estação do ano.
Os portadores da doença geralmente demoram anos para serem diagnosticados. Procuram vários especialistas e na maioria das vezes são tratados como portadores de Enxaqueca, que é um outro tipo de dor, cujo tratamento é bem diferente.
“A Cefaleia em Salvas é um tipo dor de cabeça diferente e única. É uma dor muito intensa, sempre do mesmo lado e dura em torno de 45 minutos. Geralmente em torno do olho, que lacrimeja, fica vermelho, a narina entope e a pálpebra cai. Essas alterações ocorrem durante a crise e somente no lado da dor. As dores vêm diariamente durante um período, em média 2 a 3 meses, o chamado período da salva. Desaparecem por 1 a 2 anos, e retornam no mesmo padrão para uma nossa salva. Não há cura porém o tratamento realizado durante o período da salva pode controlar as crises e bloqueá-las, até que o período termine. Há também o tratamento da crise, que pode abortá-la em minutos. A Cefaleia em Salvas não responde aos analgésicos comuns e o portador geralmente é diagnosticado com Enxaqueca. Com isso, toma medicamentos que não funcionam e só aumentam o sofrimento. Nossa campanha visa conscientizar sobre a existência dessa dor e alertar sobre a importância do diagnóstico correto para se obter sucesso no tratamento.”, comentou a Dra Maria Eduarda.
Realizamos a Campanha de Conscientização sobre a Cefaleia em Salvas todos os anos para alertar sobre os sintomas e informar que dores muito intensas, sempre do mesmo lado, com uma duração em torno de 45 min, acompanhadas de lacrimejamento, provavelmente são a Cefaleia em Salvas.
O especialista indicado para diagnóstico e tratamento é o neurologista e os portadores podem contatar a Sociedade Brasileira de Cefaleia ou a Abraces (Associação Brasileira dos portadores de Cefaleia em Salvas) para localizar um especialista em sua cidade, ou até mesmo se informar sobre atendimentos em serviço público.
Maria Eduarda Nobre
Neurologista pela UFRJ
Mestrado e Doutorado em Neurologia pela UFF Membro da Academia Brasileira de Neurologia Membro da International Headache Society Membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia.
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