Como já cantávamos em “Rio 40 Graus”, o Rio é um grande “purgatório da beleza e do caos”. A música traz a poesia de uma cidade cheia de desarmonias, que se encontram e se afinam entre a paisagem dos cartões postais e a realidade das comunidades, oscilando entre o jeito do carioca de ver a vida e os inúmeros problemas sociais existentes, da corrida para alcançar o ônibus lotado de manhã a caminhada suave no calçadão de Copacabana, das gírias, dos gestos e traços que formam a alquimia carioca. O lançamento do livro acontece no dia 19 de agosto, às 14h, no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), localizado na Rua Pedro Ernesto, nº 80, Gamboa.
É na busca de entender a psique confusa e tão contraditória que habita nesta geografia, que chega às livrarias “Rio, o Ori”. A obra retrata uma cidade arrastada por dores e delícias, pela complexidade dos interesses que a constituíram e que tem nos seus modos uma psicologia das ruas. Dessa forma, faz ecoar vozes oprimidas, com suas memórias sobre o lugar que temos e aquele que almejamos ter, na busca de uma paisagem mais inclusiva e humana.
Para tanto, traz histórias inspiradas em figuras como Marielle Franco, Seu Ubirany e mestre Monarco, que desfilam por textos com densidades e levezas extraídas de vivências de pessoas tidas como menos importantes, mas que modelam o Ori desta cidade, que em iorubá significa “cabeça”. Se referindo a um destino ou intuição espiritual, Ori é a persona, com toda a sua força e grandeza. Logo, a psicologia da cidade se lê em quem a compõe e na forma como se organiza.
De autoria da escritora Valesca Lins, “Rio, o Ori” é um livro de reconhecimento e reflexão. Carioca, dramaturga, pedagoga da rede pública de ensino e psicanalista, Valesca Lins.
“No pensamento de uma das personagens de um dos contos do livro, faço alusão ao que penso ser o Rio de Janeiro. Um lugar despedaçado que se mantém vivo e pulsante, pois a cultura é a gira que faz tudo rodar. As histórias trazem este e outros aspectos formadores da cidade, além de encontros, memórias ancestrais, críticas, violências, o abandono estatal que acaba por fazer as pessoas buscarem auxílio em algo que pode suscitar ódios”, explica.
“Ao mesmo tempo que é um canto de amor ao Rio, é um clamor para que a gente se revisite como povo. Apesar de uma geografia específica, os textos podem se comunicar com qualquer um, pois os sentimentos, situações vivenciadas pelas personagens tocam o solo comum a todas e todos”, completou a autora.
Serviço:
Lançamento do livro “Rio, o Ori”
Data: 19/08/2023
Horário: 14h
Local: Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB)
Endereço: Rua Pedro Ernesto, nº 80, Gamboa.