Sem Palavras estreia no Sesc Pompeia

Sem Palavras - Foto: Nana Moraes

Novo espetáculo da companhia brasileira de teatro propõe uma reinvenção da linguagem cênica para contar histórias de diversos corpos; a temporada vai de 20 de janeiro a 20 de fevereiro de 2022 no Teatro da unidade.

A peça tem uma estrutura de crônicas individuais, uma colagem de diferentes personagens, vivendo situações cotidianas e que, pela palavra, ganham outros significados e tons por meio da dramaturgia.

Depois de estrear na França e Alemanha, Sem Palavras chega a São Paulo, no Teatro do Sesc Pompeia, no dia 20 de janeiro de 2022. As apresentações, presenciais, vão até 20 de fevereiro – quintas, sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 18h. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 40.

O novo espetáculo da companhia brasileira de teatro tem direção e texto de Marcio Abreu. Com música ao vivo executada por Felipe Storino, Sem Palavras tem em seu elenco Fábio Osório Monteiro, Giovana Soar, Kauê Persona, Kenia Dias, Key Sawao, Rafael Bacelar, Viní Ventanía Xtravaganza e Vitória Jovem Xtravaganza.

Sobre a dramaturgia, Marcio Abreu a localiza no tempo e espaço: “o texto de Sem Palavras foi escrito em um processo bastante singular, que foi atravessado por essa pandemia e pelo distanciamento da sala de ensaio. Essa experiência influencia bastante na linguagem do espetáculo e eu quis que isso acontecesse, assim o texto tem essa relação com o real. Ele responde também às condições do mundo e do país e é um gesto artístico de reação a tudo isso”, diz Marcio Abreu.

Sem Palavras flagra os deslocamentos e travessias que ocorrem durante um dia ao redor de um apartamento. Oito pessoas de diferentes corpos, imagens sociais, referências, histórias de vida e mundos imaginados passam por ali e são a base para reflexões sobre a palavra e também sua ausência, já que o espetáculo aposta em visualidades que comunicam ao público sem uso da linguagem textual. São múltiplas personalidades que podem (ou não) habitar um mesmo espaço, um mesmo corpo.

A criação do Sem Palavras evidencia um tempo em que as palavras não dão mais conta, quando elas são insuficientes para refletir os acontecimentos em sua velocidade desmedida, quando reivindicam sua dimensão política e poética, quando querem reverberar não como lugar de poder, mas como corpo íntegro e permeável na sociedade, quando querem ativar a escuta e conviver com outras palavras, com outros corpos.

“Fica evidente que a história do Brasil é criada também pelas palavras que não foram ditas ou que não são escutadas. A língua é um lugar que se habita, a linguagem é um território de existência. Entender um Brasil como um país formado por muitas histórias que não foram contadas mostra como reivindicar a palavra é algo urgente”, diz Marcio Abreu. Para ele, um dos maiores desafios impostos pela peça foi contextualizá-la neste lugar em que as cenas faladas e as sem palavras tivessem impacto e uma pesquisa dramatúrgica ampla. “Fazer essa separação de texto e dramaturgia foi muito importante no nosso processo. Trata-se de uma escolha ética, estética e política”, completa.

A atual montagem, junto com PROJETO BRASIL e PRETO, compõem uma espécie de trilogia feita pela cia. para refletir territórios em que palavra e corpo são elementos indissociáveis, que usam da dinâmica da interação entre linguagens diversas e abordam temas ligados aos pensamentos decoloniais e às urgentes e vertiginosas transformações das sociedades contemporâneas.

Sem Palavras fez duas sessões na Ocupação Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, do Sesc SP, na última semana de novembro de 2021. Antes, a peça esteve em turnê na França (no PASSAGES TransFestival, em Metz, e no Théâtre Dijon Bourgogne, em Dijon) e na Alemanha (no Künstlerhaus Mousonturm, em Frankfurt); e realizou uma série de atividades online e presenciais de seu processo no Centro Cultural Oi Futuro, Rio de Janeiro.

“A gente está com uma expectativa muito grande, felizes e conscientes de ocupar esse espaço nesse momento, com essa possibilidade. A temporada no Sesc Pompeia – um lugar de atravessamento, poroso, com uma arquitetura que dialoga com a cidade – está conectada diretamente com as questões da peça”, finaliza Marcio Abreu.

Sinopse
A partir de corpos diversos, Sem Palavras propõe uma reinvenção da linguagem – misturando teatro, dança, música e performance – para dar conta dos velozes acontecimentos contemporâneos, com histórias de amor, de violência, de consumo, de corpos em transição, entre outros temas.

Serviço
Sem Palavras
De 20 de janeiro a 20 de fevereiro de 2022 – quintas, sextas e sábados, às 21h, domingo, às 18h
Teatro do Sesc Pompéia
Ingressos: R$20 (credencial plena/trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc e dependentes, pessoas com +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino); e R$40 (inteira).
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: 110 minutos
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93 – Pompeia – São Paulo/SP

Não há estacionamento.
Para informações sobre outras programações, acesse o portal: sescsp.org.br/pompeia
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twitter.com/sescpompeia
Para credenciamento, encaminhe pedidos para imprensa@pompeia.sescsp.org.br

Companhia Brasileira de Teatro
Fundado pelo diretor e dramaturgo Marcio Abreu em 2000, o coletivo pesquisa novas formas de escrita e linguagem e produziu espetáculos como PROJETO bRASIL e Preto, em torno de questões políticas e sociais do Brasil contemporâneo.

Para mais informações sobre a companhia:
www.companhiabrasileira.art.br
Ou acompanhe pelas redes
instagram.com/ciabrasileira
facebook.com/companhiabrasileira
youtube.com/c/CompanhiaBrasileiradeTeatro

Assista ao documentário “Travessias” de Clara Cavour e Marcio Abreu sobre a criação do espetáculo: https://www.youtube.com/watch?v=BW8Tbsf6FUA&t=1163s

Assista ao documentário “Antes de Tudo” da companhia brasileira de teatro sobre o processo de criação dos 3 espetáculos: Projeto bRASIL, PRETO e Sem Palavras:
https://www.youtube.com/watch?v=OG2czAhxctM&t=151s

Trava Bruta de forma online

Lançadoo no mês da Visibilidade Trans, espetáculo sobre a transexualidade integra a 6ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos do CCSP e marca os 25 anos de carreira da artista que teve trabalhos apresentados em países da Europa e América Latina

Foto: Alessandra Haro

Estreia de maneira online dia 24 de janeiro às 21h, pelo Canal do YouTube do Centro Cultural São Paulo, o espetáculo TRAVA BRUTA, manifesto que parte da experiência transexual da autora Leonarda Glück para propor uma ponte e um embate entre o contexto artístico e a conjuntura política e social brasileira atuais no que se refere ao campo da sexualidade. O trabalho marca as comemorações de 25 anos de carreira da artista e também o seu reencontro com o diretor Gustavo Bitencourt.

O espetáculo fez temporada presencial de sucesso em dezembro de 2021, no palco da sala Jardel Filho, do CCSP, e possui forte relação com a criação imagética, refletida nas fotografias produzidas para o livreto distribuído ao público na temporada presencial, em suas imagens de divulgação e na própria cena. Seguindo esta proposta, articulou-se a ideia de um registro audiovisual que fugisse das filmagens teatrais convencionais. Esta ideia lança um novo olhar a obra, que não se propõe a ‘ignorar’ a presença da câmera, mas ser o reflexo de uma experiência compartilhada entre o teatro e o audiovisual, como vem sendo recorrente desde o início da pandemia.

Com ampla trajetória no campo das artes cênicas brasileiras, Leonarda fundou importantes coletivos nacionais como a Companhia Silenciosa e a Selvática Ações Artísticas e apresentou seus trabalhos em diversos países da Europa e América Latina. Esta é a primeira vez que Leonarda aborda exclusivamente a questão da transexualidade em uma de suas criações. O espetáculo é uma espécie de vertiginoso poema cuja principal metáfora reúne o ato de bloquear e impedir a livre movimentação com a capacidade de brutalidade da natureza humana, sua violência e sua incivilidade. “Como é experimentar um corpo que provoca um misto de repulsa e desejo a um só tempo? O que tem a cultura a ver com a transexualidade? Como é ser uma artista trans no Brasil de 2021? Resposta não há, mas ainda há a poesia. E, mesmo que alquebrado, ainda há o teatro”, diz Leonarda.

A artista conta que começou a escrever o texto para a peça em 2018 em Curitiba, sua cidade natal, antes de se radicar em São Paulo. “Me veio uma possível angústia repentina: a de talvez não ter conseguido em outro momento antes escrever tão intimamente sobre o assunto da transexualidade, e seus efeitos na minha mente e na vida social da qual faço parte”, diz Leonarda, que arrastou por meses a tarefa de terminar o texto.

Já em 2019, a montagem foi premiada pelo Centro Cultural São Paulo, integrando a 6ª Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos da instituição. Após ter sua estreia suspensa por conta da pandemia, o trabalho foi retomado em 2021 e estreou presencialmente na Sala Jardel Filho. Sobre a pandemia, Glück faz questão de frisar: “A gente entrou no modo catástrofe que meio que está até agora. As pessoas trans ficaram ainda mais vulneráveis do que já eram antes. E elas eram muito. São, no Brasil. Física e psicologicamente.”

A direção da obra, que é produzida pela Pomeiro Gestão Cultural, produtora que realiza a gestão dos projetos de Leonarda, ficou a cargo de Gustavo Bitencourt, parceiro de Glück há mais de 20 anos. Juntos os dois já desenvolveram criações em performance, dança e teatro, com destaque para Valsa Nº 6, montagem do texto de Nelson Rodrigues premiada pela Funarte, feita em 2012 na ocasião do centenário do autor.

Quando foi convidado para dirigir o espetáculo, Gustavo Bitencourt ficou com um pouco de medo. “Porque era um texto que falava muito da experiência dela como mulher trans no Brasil. Onde é que eu ia poder contribuir nisso? O que é que eu sei disso? Mas lendo e relendo, e conversando com ela, fui vendo o quanto esse texto também fala de muitas coisas que dizem respeito a todo mundo, e que era importante que a gente olhasse tanto pro que tem de específico nesse contexto do qual ela fala, quanto pra onde essa história se conecta com outras tantas”. Partindo daí, ele conta que foram entendendo o texto de Trava Bruta como um jeito de falar de coisas que são reais e concretas e nem por isso menos ficcionais.

Leonarda e Gustavo, então, se encontraram na ideia de ficção, como nos diz o diretor: “Ficção que é o que eu pesquiso, é a minha profissão  – como drag queen, que é o que eu faço da vida faz 12 anos – e é uma necessidade básica de qualquer ser humano. Básica como fazer xixi, cocô, comer, tomar água, dormir. Humano prescinde de ficção pra viver, e em diferentes medidas, com diferentes graus de comprometimento e de risco, todo mundo vai dando um jeito de concretizar”. 

A ideia de ficção que move a criação reflete-se, em todos os recursos técnicos utilizados na montagem: seja na criação em videoprojeções de Ricardo Kenji ou na trilha original desenvolvida por Jo Mistinguett, estas camadas ficcionais são construídas e destruídas em cena. O mesmo acontece nos figurinos assinados por Fabianna Pescara e Renata Skrobot e no desenho de luz de Wagner Antônio, que cumprem a função de revelar e ocultar alguns dos signos explorados na montagem. 

Para Gustavo, o ponto chave da ideia de ficção explorada no trabalho encontra-se no fato de que “algumas ficções são permitidas e outras não. Quando se trata de gênero, as pessoas tendem a ficar muito assustadas”. TRAVA BRUTA desloca o seu olhar para um dos principais dilemas culturais, políticos e sociais de hoje: a ideia da diversidade. Neste caso, ela se refere muito mais ao lugar ocupado pelas pessoas trans na sociedade brasileira e mundial. Leonarda é enfática: “Chego aqui com a certeza de que o herói macho branco, heterossexual, cristão e suas ideias precisam urgentemente ser substituídos, trocados ou mesmo revisitados por outros ângulos. Estão chatos. De alguns eu ainda gosto muito, mas estão chatos.

SERVIÇO:
TRAVA BRUTA
Temporada online]
De 24 a 30 de janeiro
Horário – 20h
Grátis, pelo YouTube do Centro Cultural São Paulo.
Reserva de ingressos pelo link sympla.com.br/pomeiro
Classificação: 18 anos
Duração – 60 minutos

Brilha Luna estreia no Teatro Liberdade

Brilha Luna

O musical, que fez uma temporada de sucesso em 2019 no Rio de Janeiro (Teatro Prudential), é  uma produção da Lab Cultural, tem texto de Juliano Marceano, direção original de Pedro Rothe (Elis – A Musical), direção musical e arranjos de Tony Lucchesi (Bibi – Uma Vida em Musical) e coreografias de Victor Maia (Meu Destino é Ser Star). Os figurinos são assinados por Ana Elisa Schumacher (Noite de Patroa). A ideia, segundo os idealizadores, nasceu antes mesmo da volta do grupo em 2013.

A ideia surgiu faz tempo. Uma das minhas melhores amigas, que é atriz e estava fazendo novela comigo na época, viveu em uma comunidade hippie até seus 16 anos sem acesso algum à tecnologia ou à cultura pop. Aquela história ficou tanto na minha cabeça que comecei a rascunhar a ideia de uma peça sobre essa garota que passa uma vida em uma aldeia afastada da cidade e cai de paraquedas no mundo frenético da televisão. No café onde eu escrevia o nome das primeiras personagens tocou Ragatanga. Foi ali que me ocorreu que “Aserejé” é um nome ótimo para uma comunidade alternativa e que esse tal ‘Diego’ que vira a esquina podia ser um mochileiro que apresenta todo esse universo a essa garota. Me juntei com o Juliano (Marceano, autor do texto) e começamos a desenvolver a dramaturgia em cima do repertório que a gente conhecia de cor: éramos fãs da banda de dormir na porta do estádio para ir no 

show”, diz Diego Montez, um dos idealizados do espetáculo.

Brilha la Luna acontece no Teatro Liberdade, às segundas (20h), a partir de 24 de janeiro. Os ingressos da curta temporada custam a partir de R$40 e estão disponíveis para venda pela Sympla – https://bileto.sympla.com.br/event/70833/d/120868 – e bilheteria do teatro. Mais informações no serviço.

A história tem como base a personagem Luna, que dá nome ao espetáculo, uma jovem que viveu toda sua vida na Comunidade de Arerejé, um refúgio hippie criado por seus pais e escondido das grandes metrópoles. Ela vive uma vida tranquila, mas ao completar 18 anos, se vê órfã e sente que falta algo em toda aquela perfeição. É aí que ele vira a esquina, vê Diego e toda a história começa. O espetáculo passou pelo aval das integrantes do Rouge em 2017 e foi aprovado de cara.

Foi um dos momentos mais tocantes da trajetória da peça. Apresentamos, em 2017, uma leitura para elas e foi um momento muito lindo de troca. Elas se emocionaram, agradeceram o carinho e homenagem e se demonstraram muito abertas na época. Ter a bênção das cinco seria essencial”, completa Diego.   

Uma das razões do Rouge ser a escolha para o espetáculo foi que, além de ser um dos maiores grupos pop do Brasil, é também o motivo que torna tão fácil escrever uma dramaturgia sobre, elas falavam para todos e por todos.

O espetáculo tem como premissa convidar a família toda, fãs do grupo e fãs de musicais a refletirem de maneira leve sobre sonoridade, diversidade e o poder dos sonhos. Tudo que as meninas passaram em suas músicas e a que são causas tão urgentes hoje em dia. A maioria dos hits do Rouge estará presente em 1h30 de espetáculo.

O elenco de Brilha la Luna é composto por nomes conhecidos de teatro musical em seu elenco protagonista e jovens talentos estreantes que ajudam a contar a peça. A protagonista, Marcella Bartholo, foi selecionada por meio de um reality show, assim como as Rouge, entre quase 700 garotas.

A história tem como base a personagem Luna, que dá nome ao espetáculo, uma jovem que viveu toda sua vida na Comunidade de Arerejé, um refúgio hippie criado por seus pais escondido das grandes metrópoles. Ela vive uma vida tranquila, mas ao completar 18 anos, se vê órfã e sente que falta algo em toda aquela perfeição. É aí que ele vira a esquina…

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