Uma das obras mais conhecidas do Padre Antônio Vieira, o Sermão de Santo Antônio aos Peixes ganha montagem teatral sob a concepção e direção do premiado Moacir Chaves, com estreia no dia 28 de agosto no Mezanino do Sesc Copacabana. Protagonizado por Marcio Vito e Ricardo Kosovski, a montagem ganha música ao vivo com o seu diretor musical e guitarrista, Gustavo Corsi, que acompanha os atores no palco. Sermão de Santo Antônio aos Peixes, que foi contemplado com o Edital Sesc RJ Pulsar, cumpre curta temporada, de quinta-feira a domingo, a preços populares, até 21 de setembro.
Neste projeto, Moacir revisita a obra do Padre Antônio Vieira 30 anos depois de sua primeira incursão pela obra do Padre, quando encenou o Sermão da Quarta-feira de Cinza, espetáculo estrelado por Pedro Paulo Rangel (1948-2022), que permaneceu em circulação por oito anos, recebeu excelentes críticas, diversos prêmios e indicações. Desde então, o dramaturgo tem sido reconhecido pela encenação de textos não-convencionais.
“Padre Antônio Vieira escreveu textos para serem ditos, com o fluxo do corpo como parâmetro, o fôlego, o ritmo da fala e da possibilidade do fluxo sonoro. E o Sermão de Santo Antônio aos Peixes é para sentir o texto que explode com a música, com a alegria da forma, da ironia. É ousado, abusado e violento. Uma obra de arte”, reflete Moacir Chaves
No palco, os atores Marcio Vito e Ricardo Kosovski dividem a cena se dirigindo ao público com humor, clareza e recursos técnicos para compartilhar um dos mais belos e instigantes textos concebidos na Língua Portuguesa. Responsável pela direção musical do espetáculo e também pela música ao vivo, que acompanha a dupla no palco, está o produtor musical Gustavo Corsi, renomado guitarrista que já trabalhou com Moacir em “O Menino é Pai do Homem”, em 2023.
A escolha do Sermão de Santo Antônio aos Peixes vem ao encontro da necessidade de falar sobre a injustiça social, a exploração de seres humanos, a transformação digital que assola o país, entre outros temas tão atuais. O texto se utiliza da alegoria dos peixes para criticar a exploração do homem pelo homem e para condenar a escravidão dos povos.
As principais questões se apresentam na ganância humana e na corrupção da sociedade, assuntos mais do que presentes em nosso cotidiano. Por meio de uma linguagem finamente elaborada, comunicativa e bem-humorada, o texto nos faz refletir sobre os desafios da sociedade de seu tempo, nos ajudando também a pensar sobre a nossa realidade. “São temas que, infelizmente, continuam atuais e devem sempre ser discutidos e combatidos, como propõe o texto de Vieira, datado do século XVII, que traz para nós uma inquietante contemporaneidade”, salienta Moacir Chaves. “Este projeto traz o Padre Antônio Vieira de novo às plateias, pois é um tesouro alijado à população brasileira”, complementa o diretor.
Sermão de Santo Antônio aos Peixes:
Pregado em São Luís do Maranhão no dia 13 de junho de 1654, dia de Santo Antônio no calendário litúrgico católico, o Sermão surgiu na sequência de litígios que começou a existir entre colonos brasileiros e Jesuítas (ordem religiosa a que pertencia Vieira), que contestavam a escravidão dos povos originários. Três dias depois de o pregar, Antônio Vieira embarcou ocultamente para Lisboa, para tentar conseguir obter junto do rei, D. João IV, leis que garantissem direitos básicos aos indígenas brasileiros, que os protegessem da exploração dos colonos brancos. Vieira conseguiu atingir os seus objetivos a contragosto dos colonos que assim perdiam parte da sua mão-de-obra barata, que eles exploravam impiedosamente.
Sermão de Santo Antônio aos Peixes constitui um documento da surpreendente imaginação, habilidade oratória e poder satírico do Padre Antônio Vieira, que toma vários peixes como símbolos de algumas virtudes humanas e, principalmente dos vícios daqueles colonos, que são censurados com severidade. Todo o Sermão é, portanto, uma alegoria, porque os peixes são uma metáfora dos homens.
Sinopse Sermão de Santo Antônio aos Peixes:
Considerado por Fernando Pessoa como o Imperador da língua portuguesa, Vieira concebeu no “Sermão de Santo Antônio aos Peixes” um texto que revela a sua surpreendente imaginação, habilidade oratória e poder satírico, utilizando os peixes como símbolos de virtudes e vícios humanos. Neste espetáculo, dois atores e um músico se dirigem ao público, com muito humor, clareza e recursos técnicos, para compartilhar um dos mais belos e instigantes textos concebidos na nossa língua.
Moacir Chaves:
Vencedor de vários prêmios teatrais, dentre eles o prestigiado Prêmio Shell e o Prêmio Governador do Estado (RJ), Moacir Chaves dirigiu mais de 60 espetáculos teatrais, com destaque para “Inutilezas”, com Bianca Ramoneda e Gabriel Braga Nunes; “Por Um Fio”, de Drauzio Varela, com Regina Braga e Rodolfo Vaz; “A Resistível Ascensão de Arturo Ui”, com Luiz Fernando Guimarães e Oswaldo Loureiro; “O Altar do Incenso”, com Marília Pera e Gracindo Junior; “Utopia”, com Maria Clara Gueiros e Alessandra Maestrini; “Bugiaria”, com Josie Antello e Orã Figueiredo; “O Jardim das Cerejeiras”, com Deborah Evelyn e Leandro Daniel Colombo; “Dom Juan”, com Edson Celulari e Cacá Carvalho; “Sermão da Quarta-Feira de Cinza”, com Pedro Paulo Rangel; e “Esperando Godot”, com Denise Fraga e Rogério Cardoso. Doutor em Teatro pela UniRio, instituição onde leciona no Departamento de Direção. Recentemente, encenou os espetáculos “O Menino é Pai do Homem”, com Monica Biel e José Mauro Brant; “Onde estão as mãos esta noite”, com Karen Coelho; “Maracanã”, com Ricardo Kosovski; “Utopia D”, com Josie Antello e Julio Adrião; e “Antígona”, com Celso Frateschi e Naruna Costa.
Márcio Vito:
Com experiência em Teatro, TV e Cinema, foi premiado por sua atuação nos longas “No Meu Lugar”, de Eduardo Valente, e “5x Favela”, com produção de Cacá Diegues, ambos exibidos na mostra principal do Festival de Cannes. Atuou em diversos espetáculos, entre os quais destacamos “Antes que tudo acabe”, co-produção NAI + National Theater of Scotland, direção de Renato Rocha, “Two Roses for Richard III”, co-produção da BufoMecânica, com a Royal Shakespeare Company, direção de Fábio Ferreira, “Incêndios” direção de Aderbal Freire Filho, “Macbeth”, direção de Moacir Chaves e “Claustrofobia”, direção de Cesar Augusto. Em TV, atuou nas novelas “Caminho das Índias”, “Cordel Encantado”, “Novo mundo” e “Orgulho & Paixão”. Recentemente, participou dos filmes “Nosso Sonho – cinebiografia de Claudinho e Buchecha”, de Eduardo Albergaria, “Minha Irmã e Eu”, direção de Susana Garcia, “Malu”, direção do Pedro Freire que será exibido em pré-estreia mundial no Festival Sundance, e de “A Festa de Léo”, de Luciana Bezerra.
Ricardo Kosovski:
Doutor em Comunicação e Cultura pela ECO/UFRJ e professor no Departamento de Direção da UniRio, tem vasta experiência profissional nas áreas de Teatro, Cinema e TV, tendo participado em mais de 100 montagens teatrais como ator e diretor, dezenas de filmes e programas para TV. Em teatro, destacamos“ Devora-me”, “Tripas” e “Cara de Cavalo” e “Terra Desce”, todos com direção de Pedro Kosovski, “Maracanã”, direção de Moacir Chaves”, “Boa Noite Professor”, direção de Lionel Fischer, “Doppelganger” e “Fundo do Lago Escuro”, ambos com direção de Domingos Oliveira, e “Estilhaços”, direção de Eduardo Wotzik. Em cinema, destacamos “Aconteceu na quarta-feira”, “Infância”, “Primeiro Dia de um Ano qualquer” e “Todo Mundo tem Problemas Sexuais”, todos com direção de Domingos Oliveira, “Pluft, O Fantasminha “, de Rosane Schwartzman, “Eike tudo ou Nada”, de Andradina Azevedo e Dida Andrade, e “Zuzu Angel”, de Sergio Resende. Em televisão atuou, entre outros, em “Rock Story”, “Sob Pressão”, “Os Homens São de Marte e é pra lá que eu vou”, “Doce de Mãe”, “O Rebu” e “Em Família”. Ricardo Kosovski recebeu diversos prêmios e indicações, entre os quais destacamos o Prêmio Shell de Melhor Ator pelo espetáculo “Maracanã”.
Gustavo Corsi:
Guitarrista e produtor musical, é um dos fundadores da banda Picassos Falsos, considerada como uma das pioneiras na geração dos anos 1980 com a fusão de rock, soul, funk a ritmos brasileiros como baião, afoxé, maracatu e samba. A banda gravou quatro discos, entre eles o seminal Supercarioca, considerado grande influenciador de artistas e bandas das gerações seguintes. Gustavo iniciou sua carreira aos 20 anos e depois dos Picassos, passou a trabalhar com diversos artistas, de várias vertentes. É o mentor da banda Rio Sound Machine, especializada em disco-funk dos anos 1970. Gravou e excursionou com diversos nomes da música brasileira, entre eles Marina Lima, Cláudio Zoli, Gabriel, o Pensador, Leoni, Léo Jaime, Paula Toller, Frejat, Ana Carolina, Kleiton & Kledir, Erasmo Carlos, Fernanda Abreu, Ivo Meirelles, Cris Braun, Andrea Dutra, Rogê, Dulce Quental e Katia B. Em teatro, destaca-se por “Puro Ney”, musical sobre a obra de Ney Matogrosso, com direção de Luiz Felipe de Lima, com Soraya Ravenle e Marcos Sacramento; e “O Menino é Pai do Homem”, dirigido por Moacir Chaves, com Elisa Pinheiro, Monica Biel e outros.
BB Produções Artísticas:
A BB Produções Artísticas foi responsável pela direção de produção e realização de diversos projetos e espetáculos, entre eles, “A Língua Mãe” e “Isabel das Santas Virgens e sua Carta à Rainha Louca”, patrocínio Edital FOCA/SMCRJ, “Maracanã”, patrocínio SESC/RJ, “Glauce para Todos”, patrocínio Funarte, “10º Niterói em Cena – Festival Nacional de Teatro”, patrocínio Caixa Cultural, “Imagina esse Palco que se Mexe”, patrocínio SESC/RJ, “Ocupação para Todos”, patrocínio Funarte, “2.500 por Hora”, patrocínio Oi Futuro, “O Retorno ao Deserto”, patrocínio Eletrobras, “The Cachorro Manco Show”, patrocínio Funarte e Instituto Camões – Portugal e “O Jardim das Cerejeiras”, patrocínio Prêmio Myriam Muniz / Funarte, além de diversos espetáculos infantis da BB Companhia de Teatro, com as atrizes Ana Barroso e Monica Biel. A empresa também foi responsável por vários projetos de circulação como BR Distribuidora, Caixa Cultural, SESI RJ, SESI SP, SESC RJ e SESC SP, entre outros, e participou de inúmeros festivais de teatro, entre eles, 15º Festival Mondial des Arts pour la Jeunesse (Montreal), FILO, FITA e Festival de Curitiba.
Mídias digitais Sermão de Santo Antônio aos Peixes:
@bbciadeteatro
Serviço:
Sermão de Santo Antônio aos Peixes, de Moacir Chaves
- Com Marcio Vito, Ricardo Kosovski e o músico Gustavo Corsi
- Temporada: de 28 de agosto e 21 de setembro de 2025
- Dias da semana: de quinta a domingo
- Horário: 20h30
- Local: Mezanino do Sesc Copacabana
- Ingressos: R$ 10 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
- Capacidade: 150 pessoas
- Tempo: 70 minutos
- Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
- Informações: (21) 31805226
- Bilheteria – Horário de funcionamento:
- Terça a sexta – das 9h às 20h;
- Sábados, domingos e feriados – das 14h às 20h
- Classificação indicativa: 14 anos
Ficha Técnica:
- Direção, concepção e dramaturgia: Moacir Chaves
- Elenco: Márcio Vito e Ricardo Kosovski
- Direção musical e música ao vivo: Gustavo Corsi
- Figurino: Inês Salgado
- Cenário: Sergio Marimba
- Iluminação: Aurélio de Simoni
- Assistentes de direção: Maria Clara Schwerdtner e Isis Pessino
- Fotos: Nil Caniné
- Programação visual: Maurício Grecco
- Assessoria de imprensa: Silvana Cardoso (Passarim Comunicação e Sustentabilidade) e Marcelo Bartolomei
- Gestão e conteúdo de mídias: Sarah Marques
- Direção de produção: Ana Barroso e Monica Biel
- Realização: BB Produções Artísticas Ltda
