Silvero Pereira estreia ‘Pequeno Monstro”, solo inédito que investiga histórias de infâncias LGBTQIA+

Pequeno Monstro - Foto: Priscila Prade

O teatro de Silvero Pereira sempre foi um lugar de questionamento e provocação social. A semente inicial de ‘Pequeno Monstro’ surgiu há sete anos, quando ele começou a acompanhar algumas histórias de crianças LGBTQIA+ e identificou semelhanças com episódios vividos na sua própria infância. Após uma longa pesquisa, ele retornou à sala de ensaio — depois de 12 anos da criação de seu último sucesso no teatro -, para iniciar o processo de criação da peça em parceria com a diretora Andreia Pires, sua colega na faculdade de artes cênicas, nos anos 2000, em Fortaleza.’Pequeno Monstro’ estreia no dia 30 de maio no Teatro Poeira com produção da Quintal Produções.

Em cena, Silvero embaralha suas referências literárias e musicais com matérias jornalísticas e memórias pessoais e de pessoas diversas, quando passeia por lembranças da infância no interior do Ceará e por uma juventude turbulenta. Ao resgatar vivências relacionadas à sexualidade e gênero, ele ironiza e denuncia práticas relacionadas ao machismo estrutural e à homofobia, duas condutas comportamentais normalizadas socialmente que agridem, traumatizam e condenam destinos.

‘Uso a minha história como fio condutor e ponta de um iceberg, e me coloco como escudo para outras histórias aqui relatadas. Essa fragmentação de histórias pessoais, ficcionais e de terceiros serve justamente para enfatizar que não se trata de exceção, de classe ou de um lugar, é um problema social grave e que precisa de ações efetivas’, reflete o ator e autor.

‘Pequeno Monstro’ segue a mesma estrutura dramatúrgica adotada por Silvero em seus trabalhos passados como dramaturgo, em que também observava um panorama composto por diversas referências e influências. O intérprete ressalta ainda que a intenção é justamente provocar reflexões através da potência artística da montagem: ‘Estamos fazendo uma peça de teatro, uma obra artística, não necessariamente um manifesto. Nossa função, como artistas, é trazer o tema com seriedade e a responsabilidade que ele exige, mas também atentar ao potencial estético e narrativo que servirão como alegorias para que a aproximação com o público ocorra dentro da liturgia do teatro’, conta Silvero, cuja performance em ‘Pequeno Monstro’ incluirá números musicais como a canção ‘Fera Ferida’, de Roberto e Erasmo Carlos. 

O projeto reflete sobre a realidade brasileira no que diz respeito à violência contra as populações LGBTQIA+ e todos os trágicos recordes de assassinatos que o Brasil acumula. ‘Estamos mais violentos, mas isso não se localiza somente neste tempo do agora, é mais profundo, se trata de um país historicamente violento desde sempre e que precisa de atenção, denúncia e busca por soluções’, analisa.

O espetáculo marca a volta de Silvero Pereira ao teatro desde a estreia de ‘BR Trans’, em 2012. Neste hiato de tempo, ele foi catapultado para o sucesso em diversos projetos audiovisuais e experimentou diversas temporadas bem-sucedidas do monólogo. Recentemente, ele enfileirou hits, com suas participações em novelas (‘A Força do Querer’, ‘Pantanal’), longas-metragens (‘Bacurau’) e programas como o ‘The Masked Singer Brasil’, em que foi o vencedor da última temporada. No entanto, ele não abandonou os palcos por completo e estreou recentemente um show com a obra de Belchior.

‘Voltei ao teatro um tanto preocupado se ainda me sentia um ator de teatro. Sou formado em artes cênicas e com 25 anos de carreira dedicados aos palcos, mas por conta da demanda audiovisual me senti um tanto “enferrujado” e com a certeza de que nenhum ofício se vale pelo talento, mas sim pelo estudo e dedicação. Foi necessário recusar novos trabalhos no audiovisual para uma dedicação quase que totalmente exclusiva para o ‘Pequeno Monstro’, refazer treinos de corpo, voz e imaginação para construir um processo criativo que muito exigia de mim como ator, autor e artista’, conta Silvero.

Para a empreitada, ele se reuniu novamente com Andréia Pires, sua colega na faculdade de Artes Cênicas, com quem chegou a participar de um grupo de teatro juntos. Não à toa, eles ensaiaram todo o solo em Fortaleza, onde chegaram a fazer alguns ensaios abertos para o público. 

‘No processo de criação, foi muito bonito ver o corpo do Silvero na sala de ensaio porque ele é um ator que potencializa tudo que já está ali no corpo dele. Ele já tinha uma dramaturgia erguida, organizada ali num texto escrito, mas isso foi se moldando e se modificando. Eu estou ali com o Silvero no trabalho dele. É como se eu estivesse entrando numa casa que não é minha, mas eu fui entrando e fui me sentindo em casa. Então eu fui acompanhando, fui observando, fui gerando perguntas… Acho que a gente conseguiu chegar num trabalho que conversa com a linguagem do Silvero, uma dramaturgia fragmentada, atravessada de muitas questões, e também pela minha dramaturgia cênica, onde eu observo ali composições com materialidades e com o corpo’, conta Andreia.

Este olhar amigo, confiante e extremamente responsável da diretora foi fundamental neste projeto que obrigou o ator a fazer uma busca por sua ancestralidade e ir fundo atrás de histórias familiares nem sempre muito confortáveis: “As conversas com meus familiares me causaram uma nova percepção de mundo e renderam diversas justificativas para os caminhos que tomei hoje como adulto. Esse processo foi um resgate e uma renovação na minha formação pessoal e profissional’, reflete o ator, cuja percepção é reforçada pela diretora: “A gente viu também nascer ali na sala de ensaio um espetáculo que traz para o centro da discussão a infância, a paixão, a magia e, ao mesmo tempo, a violência. Como que o amor e a violência fazem parte do mesmo trabalho, do mesmo lugar, do mesmo jeito que a gente vê a vida. E, através do Silvero, a gente vê inúmeras outras coisas’. 

‘Pequeno Monstro’ estreia dia 30 de maio no Teatro Poeira para uma temporada de dois meses. A produção é da Quintal Produções, de Valencia Losada e Verônica Prates, produtora que há 15 anos atua nas áreas do teatro, dança e humanidades na cidade do Rio de Janeiro, e que tem em seu portfólio espetáculos como Lady Tempestade, Nara, Teoria King Kong, Cérebro_Coração e BR-Trans.

Sinopse

Pequeno Monstro adentra o universo das violências reais e simbólicas marcadas nas existências de pessoas homossexuais. Neste solo, Silvero Pereira nos coloca diante da nossa própria inabilidade ao relatar episódios de homofobia e bullying sofridos, desde a infância, pelas pessoas com comportamentos consideradas desviantes da norma. O título da peça, inspirada num conto do escritor Caio Fernando Abreu, indica o estranhamento, as misérias cotidianas, mas também nos aponta caminhos de liberdade, superação e amor.

PEQUENO MONSTRO | Ficha Técnica
Direção: Andreia Pires
Dramaturgia e atuação: Silvero Pereira
Cenografia: Dina Salem Levy
Desenho de luz: Sarah Salgado e Ricardo Vivian
Desenho de som: Arthur Ferreira
Criação audiovisual : Alice Cruz                                                                            
Trilha sonora original: Wallace Lopes
Figurinista: Kallil Nepomuceno
Assistência da cena: Tina Reinstrings e Juracy Oliveira
Assistente de operação: Gabriel Salsi
Operador de luz: Walace Furtado
Operadora de som e projeção: Luana Della Crist
Coordenador de palco: Iuri Wander
Cenotécnica: Michele Souza e Walquer Sobral | MW Serviços Cenotécnicos Ltda
Consultoria de acessibilidade: Cristiane Muñoz 
Assessoria de comunicação: Pedro Neves
Social media: Ricardo Oliveira
Designer gráfico: Karin Palhano
Fotos: Tainá Cavalcante 
Quintal Produções
Direção de produção: Verônica Prates
Coordenação de projetos: Valencia Losada
Produção executiva: Camila Camuso
Assistente de produção: Dandara Lima

Serviço

PEQUENO MONSTRO
Temporada: de 30 de maio a 28 de julho
Teatro Poeira | Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2537-8053
Horário: quinta a sábado, às 20h | Domingo, às 19h
Ingressos: 80,00 (inteira) | 40,00 (meia)
Capacidade: 171 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos

Bilheteria: terça a sábado, das 15h às 20h | domingo, das 15h às 19h
Início das vendas pela plataforma Sympla em 20 de maio
Vendas na bilheteria do Teatro Poeira a partir do dia 21 de maio
https://www.teatropoeira.com.br/

“Constituição: O ovo ou a galinha?” estreia no SESC Copacabana

CONSTITUIÇÃO o ovo ou a galinha – Foto de Renato Mangolin

“E quando a galinha é sua, mas bota ovo no terreno do vizinho? De quem é o ovo?”. A pergunta que abre “CONSTITUIÇÃO: o ovo ou a galinha?” já insinua os questionamentos aos quais a peça se propõe. Texto inédito de Cecilia Ripoll a partir de uma longa pesquisa de Natasha Corbelino, o espetáculo dirigido por Juliana França leva à cena 20 atrizes plurais a partir do dia 30 de maio às 20h na Arena do SESC Copacabana. A peça leva ao palco uma discussão sobre direitos e deveres de modo divertido e fluido, unindo o documento histórico com o saber fazer de artistas da cena.

No palco, muitos Brasis. Uma dramaturgia nacional inédita, escrita e dirigida por pessoas jovens e com percursos consistentes. Em cena, com maioria não-branca, estão atrizes negras, indígenas e brancas, não-bináries, transgêneras e cisgêneras. Na trama, só uma cerca separa os terrenos vizinhos, e um personagem adquire uma galinha bem peculiar: ela só consegue colocar ovos no terreno do vizinho. E aí, de quem são os ovos? Essa é a pergunta chave que move a ficção por caminhos surpreendentes, no desejo de promover reflexão e debate. “Constituição: o ovo ou a galinha?”, é uma peça-debate-arena calorosa que traz para o centro da roda e para a boca do povo a Constituição Brasileira conversada com humor.

A peça teve sua origem em 2016 quando, no dia do golpe contra Dilma Rousseff, Natasha decidiu trabalhar com a Constituição Brasileira nos Arcos da Lapa. Desde então, a artista passou a pesquisar a Constituição Brasileira e performar artisticamente sobre o tema em muitos projetos como, em 2020, passou 7h falando a palavra “constituição” no YouTube do Museu da Maré no dia 7 de setembro daquele ano. Em 2021, foram 8h ao vivo no Oi Futuro Flamengo lendo a Constituição Brasileira como parte do projeto “Boleto em Cena”, cuja proposta era que boletos de pessoas trabalhadoras da Cultura fossem pagos enquanto a ação performativa acontecia. Alguns editais com projetos coletivos, um Mestrado na UFRJ e muitas ações artísticas depois, realizadas da Maré, Jacarepaguá e Japeri a UNICAMP e Museu da Mulher, em Bonn (Alemanha), um espetáculo teatral totalmente inédito chega à cena.

“O que o teatro faz, e nossa peça celebra, é um ato precioso de dar a ver camadas de Brasis em luta com uma linguagem estética que ilumina e é iluminada pela ética coletiva que só a cena partilha com o público. Com a criação, as pessoas na plateia podem bordar mais possibilidades de lidar com o real e a expansão de estratégias de manutenção da pulsão de Vida. Nossa peça evidencia o que falta e o que sobra na nossa Constituição como sociedade democrática. Nossa cena causa conversa plural ao mostrar e estimular que muitos pontos de vista tomem a palavra, o corpo, tomem uma posição em relação a uma questão aparentemente simples: de quem é o ovo?”, pondera Natasha.

Imaginar a Constituição do Brasil como matéria essencial da cena foi algo fundante para elaborar a peça como uma prática plural com protagonismo de mulheres plurais, com representatividade. “A Constituição de 1988 é tida como exemplo mundial enquanto avanço de conquistas sobre direitos das minorias. Mas, talvez pelo linguajar mais formal e institucional, pelas letras miudinhas ou por uma soma de fatores, há algo na Constituição que faz com que guardemos dela uma certa distância. Através da ficção e do humor estabelecemos uma troca franca e direta com o público, quebrando a ideia prévia de ser algo muito complicado. E, quando nos damos conta, estamos construindo pensamentos por uma via não elitizada, despida de pompas e cerimônias”, acredita Cecilia Ripoll.

Para dar conta de uma encenação com elenco numeroso, o ponto de partida da diretora Juliana França, junto com a diretora assistente Jessyca Meyreles e Camila Rocha, responsável pela Direção de Movimento e Preparação Corporal, foi desenvolver características de um coletivo. “Bem como fora feito nas constituintes em 1987 e 1988, onde pessoas do Brasil inteiro pensaram, sonharam e idealizaram um futuro de Brasil. Assim, tivemos como base o sistema coringa proposto por Augusto Boal, entendendo que todas seriam as coringas-protagonistas responsáveis por contar essa fábula proposta pela Cecília. Uma história tramada e contada por 20 mulheres em plenária: apresentam-se propostas e reconstituem-se fatos, evidencia-se contradições e apontam caminhos. Na plenária, através da fábula, imagens surgem e fazem com que a teatralidade transborde”, finaliza Juliana.

SERVIÇO:

“CONSTITUIÇÃO: O OVO OU A GALINHA?”

  • Temporada: 30 de Maio a 23 de Junho
  • Dias da semana: Quinta-feira a Domingo
  • Horário: 20h
  • Local: Arena do Sesc Copacabana
  • Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro
  • Informações: (21) 2547-0156
  • Ingressos: R$ 7,50 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada), R$ 30 (inteira)
  • Bilheteria – Horário de funcionamento:
  • Terça a sexta-feira – 9h às 20h / Sábados, domingos e feriados – 14h às 20h
  • Classificação indicativa: 10 anos
  • Duração: 80 minutos
  • Lotação: 245 lugares (sujeito à lotação)

FICHA TÉCNICA:

  • Idealização, Pesquisa e Gestão de Projeto: Natasha Corbelino
  • Direção Artística: Juliana França
  • Dramaturgia: Cecilia Ripoll

Elenco: Bárbara Assis, Carol França, Carolina Godinho, Clarisse Dessaune, Débora Crusy, Emili Lemos, Geandra Nobre, Larissa Siqueira, Leah, Leona Kali, Lívia Laso, Marcia do Valle, Marilene Oliveira, Milena Monteiro, Milu Almeida, Monique Vaillé, Natasha Corbelino, Nil Mendonça, Raynna, Renata Tavares.

  • Direção Assistente: Jessyca Meyreles
  • Direção de Movimento e Preparação Corporal: Camila Rocha
  • Direção Musical e Trilha Sonora Original: Marta Supernova
  • Direção de Arte: Daniele Geammal
  • Assistência de Arte: Bea Simões e Lore Araújo
  • Iluminação: Lara Cunha
  • Assistência de Iluminação e Operação de Luz: Tayná Maciel
  • Montagem de Luz: Juquinha
  • Acessibilidade Libras: JDL Traduções
  • Memorial Crítico: Gisa Monte
  • Orientação da Pesquisa (Mestrado Natasha PPGAC da UFRJ): Adriana Schneider
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação
  • Foto e Vídeo: Renato Mangolin
  • Mídias Sociais: Patrick Lima
  • Programação Visual: Lucas Moratelli
  • Assessoria Jurídica: Silvia da Cunha Vieira _ Humana Arte diálogo e convivência
  • Alimentação: Malu Berlinck
  • Estágio de Produção: Clara Berlinck
  • Estagiários de Direção de Arte: Thácio SantAnna e Thiago Manzotti
  • Produção Executiva: Nuala Brandão
  • Direção de Produção: Aliny Ulbricht e Raissa Imani _ Kawaida Cultural
  • Parcerias institucionais: Fórum de Cultura UFRJ, FUTUROS – Arte e Tecnologia, Instituto Martim Gonçalves, Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM), Museu da Maré, Coletivona e Grupo Código
  • Realização: Corbelino Cultural

ÂNIMA: Novo espetáculo da filósofa Lúcia Helena Galvão estreia dia 31 de maio, no Teatro Fashion Mall

ÂNIMA – Foto de Marcelo

Os pensamentos, a coragem e as lutas de Joana d’Arc, Hipátia de Alexandria, Marguerite Porete, Helena Blavatsky, Harriet Tubman e Simone Weil são o fio condutor de “ÂNIMA”, novo texto para teatro da escritora e filósofa Lúcia Helena Galvão, que estreia dia 31 de maio, às 20h, no Teatro Fashion Mall. No monólogo, uma tecelã, interpretada por Beth Zalcman, entrelaça fios em busca da sua ancestralidade feminina, por meio das vozes destas grandes idealistas e pensadoras da humanidade. Cada fio revela histórias e conquistas dessas mulheres.

O espetáculo conta com encenação de Luiz Antônio Rocha que, ao lado de Beth, repete a parceria de sucesso iniciada com o aclamado “Helena Blavatsky, A Voz do Silêncio”, visto por cerca de 50 mil pessoas, que rendeu o Prêmio Cenym de Melhor Atriz 2023. 

Antes da estreia, no dia 31 de maio, a autora Lúcia Helena Galvão estará no Teatro Fashion Mall para o lançamento e sessão de autógrafos de seu novo livro, “Helena Blavatsky: A Voz do Silêncio” (Hanoi Editora), que traz o texto da peça homônima.

“ÂNIMA” segue em cartaz até 30 de junho, sexta e sábado, às 20h; e domingo, às 19h. Nos dias 7, 8 e 9 de junho, segunda semana, não haverá espetáculo.

Espetáculo quer retratar o poder transformador das mulheres

“ÂNIMA” surgiu a partir de uma frase da filósofa Delia Steinberg Guzmán: “Desde sempre e para sempre toda mulher tem parentesco com a primeira estrela brilhante que levou luz ao azul profundo do céu”. Deste fragmento, a pensadora Lúcia Helena Galvão extraiu a inspiração para levar aos palcos a existência e a história de mulheres que sacrificaram suas próprias vidas em prol de um ideal.

“A coragem e a resistência à adversidade são características inerentes a muitas mulheres, especialmente quando o amor e a compaixão estão em jogo”, afirma a autora, que completa: “Este é um belo ‘arsenal’ de habilidades femininas. Embora não pretendamos esgotar todo o potencial feminino com essa breve reflexão, queremos destacar o poder transformador que as mulheres trazem consigo. Elas preenchem muitos dos ‘vazios’ que tanto afligem a humanidade, e é fundamental reconhecer e valorizar suas contribuições”.

Não somente as mulheres citadas no espetáculo, mas muitas outras também exerceram imenso poder e transformação ao longo da história.

“Cada mulher escolhida pela autora Lúcia Helena Galvão é uma semente deixada, de alguma forma, no tempo e no espaço que carregamos na nossa existência. ‘Ânima’ é o feminino em sua máxima expressão. Cabe agora a mim, atriz, girar a roda do tear e dar vida a elas!”, enfatiza Beth Zalcman.

Pensadoras citadas no espetáculo deixaram suas marcas na história

“ÂNIMA” quer contribuir para a compreensão da condição feminina em seus diferentes aspectos culturais, inclusive determinando as imagens do feminino no mundo contemporâneo. 

A primeira mulher escolhida pela autora é a filósofa e matemática Hipátia de Alexandria, uma culta investigadora que foi vítima do fanatismo de seu tempo. Depois, está Marguerite Porete, a grande pensadora e mística do século XII, que nos legou a reconhecida obra “Espelho das Almas Simples e Aniquiladas que Permanecem Somente na Vontade e no Desejo do Amor”, que lhe rendeu uma condenação à morte na fogueira.

A inesquecível guerreira e idealista Joana D’Arc, condenada à fogueira, também compõe a narrativa no espetáculo. Além dela, a escritora Helena Blavatsky, duramente condenada por seus contemporâneos por sua ousadia e originalidade; a brilhante Harriet Tubman, escrava foragida que libertou da escravidão muitos outros companheiros; e, por fim, a corajosa e autêntica filósofa francesa Simone Weil, dotada de uma capacidade ímpar de ver simbolicamente a vida e aprofundar-se em seus segredos mais íntimos.

“‘ÂNIMA’ é uma peça que fala da alma feminina. Beth é uma atriz incrível que mergulha e responde às propostas com muita rapidez e o texto da Lúcia vem imbuído de camadas. Sinto-me um diretor que entende a alma feminina, trabalhando com duas super mulheres em busca da ancestralidade”, completa Luiz Antônio Rocha, festejando sua terceira parceria com Beth e Lúcia Helena Galvão. 

SINOPSE: “ÂNIMA” é uma história sobre mulheres que mudaram o curso da história da humanidade contada por uma tecelã. Ela entrelaça os fios da vida em busca de sua ancestralidade feminina dando voz a mulheres idealistas e pensadoras, como: Joana d’Arc, Hipátia de Alexandria, Marguerite Porete, Helena Blavatsky, Harriet Tubman e Simone Weil. Cada fio conta uma história, que escrito nas estrelas, ecoa através dos séculos.

FICHA TÉCNICA:

  • Argumento e texto original: Lúcia Helena Galvão
  • Interpretação: Beth Zalcman
  • Encenação: Luiz Antônio Rocha
  • Projeto de luz: Ricardo Fujii
  • Figurino: Thanara Shornadie
  • Trilha sonora e preparação vocal: Breno Pezurno
  • Preparação corporal : Miriam Weitzman
  • Fotos: Marcelo Estevão – Modus Focus
  • Mídias sociais: Felipe Pirillo
  • Assessoria de Comunicação: Mario Camelo – Prisma Colab
  • Visagismo: Neandro
  • Direção de Produção: Luiz Antônio Rocha
  • Produção executiva: Zilene Vieira
  • Parceria: Nova Acrópole
  • Realização: Espaço Cênico, Mímica em Trânsito e Teatro em Conserva


SERVIÇO:

ÂNIMA

  • Estreia: 31 de maio de 2024
  • Temporada: de 31 de maio de 2024 a 30 de junho de 2024
  • Horários: sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h
  • Local: Teatro Fashion Mall (Estrada da Gávea 899, 2 piso, São Conrado)
  • Ingressos: R$120 (inteira), R$60 (meia-entrada) e R$70 (Vivo Valoriza)
  • Informações: (21) 99857-8677
  • 430 lugares. 60 minutos. 12 anos.

Vendas antecipadas: https://bileto.sympla.com.br/event/92852/d/250164/s/1707505 

Quase Infinito pode ser visto até 7 de junho no Sesc Pompeia, em SP

Quase infinito – Foto: Maurizio Manciolli

O ator e dramaturgo João Paulo Lorenzon e o diretor Elcio Nogueira Seixas se reencontram para montar mais uma peça inspirada no universo do renomado escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Trata-se do solo Quase Infinito, que estreia no dia 21 de maio no espaço cênico do Sesc Pompeia e fica em cartaz até 7 de junho, com apresentações de terça a sexta-feira, às 20h30. 

A primeira parceria entre os dois criadores aconteceu em 2008, quando eles montaram “Memória do Mundo”, peça fundação de uma amizade lírica animada pelo sopro poético de Borges. A cegueira do gênio argentino guiou a dupla por labirintos da experiência teatral que iluminaram a trajetória de ambos os artistas. 

O espetáculo surgido deste encontro carregava uma torrente de afetos e desafios sensoriais que viriam a tornar-se o veio criativo de Lorenzon, donde brotariam todos os seus inquietantes trabalhos. Ao longo dos últimos 15 anos de amizade, além da admiração mútua, Lorenzon e Seixas não viam a hora de voltar a visitar a obra de Borges. E a oportunidade surgiu durante a pandemia de Covid-19, quando Lorenzon começou a escrever a dramaturgia de Quase Infinito e convidou o amigo para dirigi-lo em cena novamente. 

Escrita em cinco atos, Quase Infinito nasceu das inquietações vividas pela humanidade – e pelos próprios alunos de teatro de Lorenzon – em meio ao isolamento social e à impiedosa quantidade de vidas perdidas nesse período. A peça representa alguns dos grandes enfrentamentos da condição humana inspirados pelo universo de Borges. 

São eles: os confrontos com a tentação do ódio; com o nada e o esquecimento, como ameaças de esvaziamento de si próprio e do mundo; com a incomunicabilidade; e com as chances de renascimento disponíveis para agarrarmos a cada novo dia. 

Em cada ato humano – e do próprio solo – há um corpo em luta, lançado à busca de realizar a própria existência, e ao mesmo tempo, à beira de se entregar ao gozo da própria miséria. E, sob essa perspectiva, um corpo pode ser condição de partida, mas não garante que existimos. 

A dramaturgia é construída a partir de uma série de situações que revelam esses enfrentamentos. Em um dos atos, um matador corre sobre um trem em movimento, buscando alguém por entre os vagões para derramar seu ódio, como um ser torturado pela máquina de seus desejos, manias e vícios.

Em outro, um palhaço enroscado numa corrente é sugado para dentro do buraco negro do nada, como um Prometeu acorrentado à rocha de seu crânio, e luta contra o esvaecimento do mundo. 

Um prisioneiro acuado em uma jaula tenta fugir dos inúmeros olhos implacáveis que clamam por seu fuzilamento, como um cão arrastado pela coleira de seus medos, como um rato no experimento à espera de um castigo, ou como uma abelha paralisada no âmbar de seu próprio mel.

Um amante está preso na repetição vazia de seu erotismo enquanto é invadido pelo esquecimento, como um escafandrista mergulhado no abismo de suas memorias, um astronauta congelado vagando solto pelo universo. E, por fim, um homem renasce no próprio jardim, a partir de novas angulações, como todos nós, todos os dias. 

João Paulo Lorenzon

João Paulo Lorenzon, nascido em São Paulo no dia 17 de julho de 1979, é um ator e diretor teatral brasileiro. Em 2002, Lorenzon funda sua própria escola de teatro, o Espaço Mágico Escola de Teatro, ao lado de seu amigo de infância Daniel de Luccia, que depois torna-se seu patrocinador oficial desde o seu segundo espetáculo: “O Funâmbulo”, de Jean Genet (2009). Em 2008, atuou no monólogo centrado no universo de Jorge Luis Borges, “Memória do Mundo”, dirigido por Élcio Nogueira Seixas. Desde então, sua carreira no teatro decolou.

Alguns desses trabalhos foram “De Verdade” (2010), adaptação do livro homônimo de Sándor Márai, sob a direção de Antonio Januzelli; “Água” (2011), espetáculo-performance criado em parceria com o fotógrafo e artista plástico Maurizio Mancioli; “Eu Vi o Sol Brilhar em Toda a Sua Glória” (2012), também inspirado em Borges e pelo qual foi indicado ao prêmio Shell de Teatro; “NIJINSKY – Minha Loucura é o Amor da Humanidade” (2014), dirigido em parceria com Gabriela Mellão; “Todos os Sonhos do Mundo” (2018); e “Van Gogh – A Sombra do Invisível” (2019), dirigido por Helena Fraga.

Na televisão, Lorenzon atuou na minissérie “A Vida Secreta dos Casais” (2017-2019); e, no cinema, participou do longa-metragem “De Cara Limpa” (2000), dirigido por Sérgio Daniel Lerner, e do curta “Cheque de Terceiro” (2003), de Thiago Villas Boas.

Ficha Técnica

  • Inspirado no universo de Jorge Luis Borges
  • Direção: Elcio Nogueira Seixas
  • Dramaturgia e atuação: João Paulo Lorenzon
  • Cenografia: Márcia Moon
  • Desenho de luz: Lúcia Chedieck
  • Composição musical original: Marcelo Pellegrini
  • Direção de vídeo e Videomapping: André Grynwask e Pri Argoud – Um Cafofo
  • Direção de movimento: Debora Veneziani
  • Preparação circense: Kiko Caldas
  • Preparação corporal: Mayara Sanches
  • Preparação física: Leandro Marques
  • Assistência de cenografia e direção de palco: Espirro – Marcio Zunhiga
  • Operação de som e vídeo: Marcelo Pellegrini/ Dugg Mont
  • Suporte técnico: Jorge Leal
  • Direção de produção: Raul Mahfuz
  • Produção executiva: Martha Lozano
  • Fotografia e identidade visual: Maurizio Mancioli
  • Consultoria identidade visual: Lilian Vidigal
  • Gerenciamento Redes Sociais: Lukas Cordeiro
  • Assessoria de Imprensa: Pombo Correio Assessoria de Comunicação

Serviço

Quase Infinito, de João Paulo Lorenzon

  • Temporada: Até 7 de junho, de terça a sexta-feira, às 20h30. Somente dia 30/05 (feriado de Corpus Christi), o horário será às 17h30. 
  • Sesc Pompeia – Espaço Cênico – Rua Clélia, 93, Água Branca
  • Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (estudante), R$ 12 (credencial)
  • Venda online em sescsp.org.br 
  • Classificação: 14 anos
  • Duração: 75 minutos
  • Capacidade: 40 lugares
  • Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida

 

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