Solo inédito com Marcelo Olinto, “A Construção” estreia em 9 de outubro, na Sala Multiuso do Sesc Copacabana

Com direção de Beto Brown, peça é uma adaptação feita pelo dramaturgo Pedro Emanuel da obra homônima de Franz Kafka

por Jorge Rodrigues
A Construção Foto: Nil Caniné

Escrita por Franz Kafka (1883-1924) seis meses antes de sua morte e publicada postumamente em 1931, a novela inacabada “A Construção” ganha uma montagem teatral com o ator Marcelo Olinto. Com direção de Beto Brown, adaptação de Pedro Emanuel (vencedor do Shell de melhor dramaturgia por “Língua”) e realização de Flávia Portela, do Estúdio F, a peça estreia em 9 de outubro na Sala Multiuso do Sesc Copacabana, com sessões de quinta a domingo, às 19h, até 2 de novembro. O projeto foi contemplado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar 2024/2025.

Em cena, o narrador-protagonista interpretado por Marcelo Olinto é um animal mamífero, um texugo que se dedica obsessivamente à criação e manutenção de sua toca subterrânea, um refúgio seguro criado para sua proteção. Cercado por uma atmosfera claustrofóbica, o personagem oscila entre o orgulho de seu trabalho e o medo paranoico de ter a sua toca invadida por inimigos, sejam reais ou imaginários. Ao encenar a história desse animal envolvido na construção de sua moradia-fortaleza, a obra aborda metaforicamente os sentimentos que acompanham o ser humano durante toda a sua vida: a necessidade de um teto e o medo da morte.

A narrativa suscita reflexões sobre a luta pela sobrevivência em um ambiente hostil. Quando Kafka escreveu a obra, na primeira metade da década de 1920, a Europa assistia à ascensão do fascismo. Hoje, um século depois, o mundo assiste, perplexo, à repetição da história não somente no continente europeu, mas também em países da América do Sul, da Ásia e da África.

Idealizador do projeto, Marcelo Olinto alimenta há anos a vontade levar essa obra de Kafka para o teatro. “Sempre me chamou atenção o fato de esse texto ser uma crítica à burguesia, desse lugar da pessoa nunca querer partilhar e dividir, desse lugar da loucura da pessoa autocentrada”, conta Olinto. Diretor da peça, Beto Brown volta ao universo kafkiano depois de dirigir e adaptar outra obra do autor checo, “Macaco — Relatório a uma academia”. “Esse burguês da peça é egoísta ao máximo, mas não diria que é um ser infeliz porque ele ama a propriedade dele”, diz Brown.

Criado por Olinto em parceria com o estilista Almir França, o figurino é um terno preto com textura que remete a um animal. A equipe de criação conta ainda com a direção de movimento da coreógrafa Lavínia Bizzotto, cenário de Teca Fichinski, trilha sonora original de Mario Olinto e iluminação de Adriana Ortiz, premiada este ano com o Shell de melhor iluminação por “Um Filme Argentino.

Marcelo Olinto

Com 43 anos de carreira, Marcelo Olinto é ator figurinista e produtor. É membro fundador da Cia. dos Atores, grupo com o qual já realizou inúmeros espetáculos como “Rua Cordelier”, “Tempo e morte de Jean Paul Marat”, “A Bao A Qu”, “Um lance de dados”, “A morta”, “Melodrama”, “O enfermeiro”, “Cobaias de Satã”, “O rei da vela”, “Notícias Cariocas”, “Insetos”, “Ensaio.HAMLET”, “Bait Man”, “Conselho de Classe”, entre outros.

Já trabalhou com diretores premiados como Aderbal Freire Filho, Enrique Diaz, Gerald Thomas, Gilberto Gawronski, João Saldanha, Nehle Franke, Rodrigo Portella e Rubens Corrêa. Com mais de 40 peças no currículo atuou nos sucessos “O Bem-Amado”, com Marco Nanini, e “Conselho de Classe”, que lhe rendeu o prêmio APTR de melhor ator. Encenou obras de autores brasileiros como Filipe Miguez, Jô Bilac, Nelson Rodrigues (Suzana Flag) e Oswald de Andrade.

Como figurinista, já recebeu seis prêmios, entre eles Shell RJ, Shell SP, APCA, Mambembe RJ e Cultura Inglesa. Assinou os figurinos do show “Universo Particular”, de Marisa Monte. Suas últimas criações: “Virgínia”, de Claudia Abreu; “A Falecida”, de Nelson Rodrigues; “Julius Caesar, Vidas paralelas”, de Gustavo Gasparani; e “Os Mambembes”, de Artur Azevedo.

Beto Brown

Começou a carreira em 1983 no Marxmellow como ator e figurinista de “Os Banhos”, de Maiakovsky; “Jogos de Guerra”, de Fernando Arrabal e Bertolt Brecht; Folias do Coração”, de Geraldo Carneiro. Dirigiu os infantis: “Morangos e Lunetas”, com Patrícia Pillar, coautoria com Denise Crispun (indicado ao Prêmio Mambembe diretor-revelação, 1985); “Pedro e o Lobo” (indicado ao Prêmio Mambembe melhor diretor), com Luiz Salem e Jonas Torres, 1986; “Tem Areia no Maiô” com As Marias da Graça, desde 1992, e ainda em rodando pelo Brasil; “O Lobo sem Chapéu”, de Denise Crispun; Palhaço Dudu e O Esquecimento Global”, “O Mundo Encantado de Buarque de Hollanda”, de Anna Markun.

No teatro adulto, Beto dirigiu “Zee”, de Fernando Pessoa, “O Grelo Falante em Conversa Privada”, com Claudia Ventura e Lucilia de Assis; “Amor Perfeito”, de Denise Crispun, com Rosane Gofman. Depois da pandemia, fez a adaptação e direção de “Macaco – Relatório a uma academia”, de Franz Kafka, com Eduardo Andrade no Rio; e sua versão uruguaia – “Mono – Informe a la academia”, em Montevidéu, com o ator Marcos Valls. Escreveu o texto de “O Prazer é Todo Nosso”, com Juliana Martins e direção de Bel Kutner.

Ficha Técnica 

  • Texto: Franz Kafka
  • Adaptação dramatúrgica: Pedro Emanuel
  • Direção: Beto Brown
  • Atuação: Marcelo Olinto
  • Direção de movimento e preparação corporal: Lavinia Bizzotto
  • Cenário: Teca Fichinski
  • Figurino: Almir França e Marcelo Olinto
  • Iluminação: Adriana Ortiz
  • Composição “A Construção – Suite Sinfônica”: Mario Olinto
  • Ateliê de costura: Empório Almir França
  • Estúdio: Mega
  • Produção executiva: Flávia Portela (Estúdio F)
  • Assessoria de imprensa: Catharina Rocha e Paula Catunda
  • Fotografia: Nil Caniné
  • Mídias sociais: Rafael Teixeira
  • Design gráfico: Maria Cristina dos Santos
  • Intérprete em Libras: Davi Vasconcelos
  • Audiodescrição: Locução – Sérgio Nostra | Estúdio –  Heleno Hauer
  • Filmagem e edição de vídeo: Bruna Baitelli
  • Produção: Beto Brown, Flávia Portela (Estúdio F), Marcelo Olinto e Sérgio Nostra
  • Realização: Estúdio F
  • Idealização: Marcelo Olinto

SERVIÇO

Espetáculo: “A Construção”

Temporada: 9/10 a 2/11 de 2025

Dias e horários: Quinta a domingo, às 19h

Local: Sala Multiuso do Sesc Copacabana

(Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana)

Ingressos:

R$ 10 (associado do Sesc), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira)

Informações: (21) 2547-0156

Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a sexta, das 9h às 20h. Sábados, domingos e feriados, das 14h às 20h.

Capacidade: 80 lugares
Classificação: 
14 anos.
Duração: 
55 min.

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