A franquia que definiu o conceito de “filme de criatura” no final da década de 1990 retorna aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (25) com uma premissa radicalmente distinta da obra original. O novo Anaconda (2025), dirigido por Tom Gormican (O Peso do Talento), abandona o terror linear para abraçar a metalinguagem, transformando a narrativa em uma sátira sobre a própria indústria cinematográfica. A produção ganha relevância adicional no mercado nacional com a estreia de Selton Mello em uma superprodução de Hollywood, consolidando uma semana de forte movimentação no circuito exibidor após a première realizada no Cine Odeon, no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (17).
A desconstrução do gênero através do roteiro de Gormican
Diferente das sequências produzidas para o canal Syfy nos anos 2000, que tentaram emular a seriedade da obra de 1997 sem o mesmo orçamento, o novo longa-metragem aposta na autoconsciência. O roteiro, coescrito por Gormican e Kevin Etten, acompanha um grupo de amigos em crise de meia-idade — interpretados por Jack Black e Paul Rudd — que decide viajar à Amazônia para refazer, de forma amadora, o seu filme favorito da juventude: o Anaconda original.
A trama opera em camadas: os personagens reconhecem a existência do filme de 1997 estrelado por Jennifer Lopez e Ice Cube, utilizando-o como mapa para sua própria produção. A tensão escala quando a equipe amadora se depara com uma sucuri gigante real, forçando a colisão entre a fantasia cinematográfica e a brutalidade da natureza. Esta abordagem reflete uma tendência de Hollywood em revitalizar propriedades intelectuais antigas através da ironia, permitindo que o filme critique os excessos dos estúdios enquanto entrega as sequências de ação esperadas pelo público de blockbusters.
O fator Selton Mello e a relevância para o mercado brasileiro
A escalação de Selton Mello como Carlos Santiago, um domador de animais e guia local, retira o ator da zona de conforto do cinema autoral brasileiro e o insere na engrenagem dos grandes estúdios norte-americanos (Columbia Pictures/Sony). Mello, que participou ativamente da campanha de divulgação e esteve presente na pré-estreia carioca na última semana, descreve o projeto como uma oportunidade de subverter estereótipos latinos, dado o tom cômico e a liberdade de improvisação permitida pelo diretor.
A presença de um ator do calibre de Mello, conhecido por O Auto da Compadecida e Sessão de Terapia, serve como âncora comercial para a Sony no Brasil. O filme não apenas explora a locação amazônica (recriada majoritariamente em estúdio e locações na Austrália e República Dominicana, seguindo o padrão da indústria), mas também busca dialogar diretamente com o público sul-americano, que historicamente consome o gênero de “eco-terror” com avidez.
A trajetória comercial da saga desde 1997
Para compreender a aposta da Sony, é necessário revisitar os números. O filme original de 1997, embora massacrado pela crítica na época (com 40% no Rotten Tomatoes), foi um fenômeno de bilheteria, arrecadando US$ 136 milhões globalmente contra um orçamento de US$ 45 milhões. A obra tornou-se um clássico cult da televisão a cabo e do mercado de home video, gerando sequências como Anacondas: The Hunt for the Blood Orchid (2004) e produções televisivas de baixo orçamento.
O reboot de 2025 tenta corrigir o desgaste da marca, que sofreu com a diluição de qualidade nas últimas duas décadas. Ao escalar nomes com forte apelo cômico como Black, Rudd e Steve Zahn, o estúdio sinaliza que o horror puro foi substituído pela aventura cômica, visando repetir o sucesso de reformulações recentes como Jumanji. A estratégia é clara: utilizar a nostalgia da Geração X e dos Millennials enquanto atrai a Geração Z através do absurdismo e da viralização nas redes sociais.
CENÁRIO A: Cultura, Entretenimento e Eventos
Ficha Técnica
-
Título Original: Anaconda
-
Direção: Tom Gormican
-
Roteiro: Tom Gormican e Kevin Etten
-
Elenco Principal: Jack Black, Paul Rudd, Selton Mello, Daniela Melchior, Thandiwe Newton, Steve Zahn.
-
Produção: Columbia Pictures / Fully Formed Entertainment
-
Distribuição: Sony Pictures Releasing
-
Duração: 1h 39min (estimado)
-
Gênero: Ação / Comédia / Terror
Serviço
-
Estreia Nacional: Quinta-feira, 25 de dezembro de 2025.
-
Status: Em pré-venda (ingressos disponíveis nas principais redes).
-
Locais de Exibição: Consulte a programação das redes Cinemark, UCI, Kinoplex, Cinépolis e salas independentes.
-
Classificação Indicativa: 14 anos (contém violência e linguagem imprópria).

