Sucesso retumbante de público e crítica em cinco cidades “A Aforista” retorna ao Rio de Janeiro

A Aforista - Foto; Renato Mangolin

“A Aforista” é um exemplar de um teatro vigoroso, contemporâneo, vivo, feito com arte, poesia, profundidade, domínio técnico, emoção, versatilidade, ou seja, um grande espetáculo. Uma marca da curitibana Cia.Stavis-Damaceno, fundada há 20 anos por Rosana Stavis e Marcos Damaceno, e que vem trabalhando com uma proposta estética bem singular. Rosana Stavis é uma “entidade”, quando a gente a vê no palco, não é só ela, ela é a humanidade inteira, tudo que somos, tudo que já fomos, tudo que um dia poderemos ser; por isso, muito frequentemente é apontada pela crítica especializada como uma das melhores atrizes do teatro brasileiro na atualidade. Marcos Damaceno é um dos principais nomes do teatro de Curitiba, com vários prêmios recebidos e trabalhos de formação voltados para a dramaturgia contemporânea.

Em janeiro deste ano “A Aforista” estreou nacionalmente em temporada no Teatro I do CCBB Rio de Janeiro, de lá para cá fez mais de 120 apresentações em temporadas pelo CCBB Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, além de Curitiba. Com o sucesso de público, crítica e as primeiras indicações à premições, o CCBB Rio convidou a produção para uma nova temporada, desta vez no Teatro II, a partir de 8 de novembro, de quarta à sábado às 19h e domingo às 18h, até 3 de dezembro. Assim “A Aforista” abriu e agora encerra a temporada teatral do CCBB Rio.

O espetáculo traz à cena uma mulher (Rosana Stavis) andandando sem parar em direção ao enterro de um antigo amigo da faculdade de música. Enquanto anda, lhe vêm pensamentos acerca de sua própria vida, os caminhos escolhidos por ela e seus antigos amigos, todos “promessas da música”. Caminhos que vão da plenitude da realização ao fracasso fatal. A peça abre ao público a mente dessa mulher, a aforista, na qual se sobressaem a confusão como linguagem, o ritmo vertiginoso, o excesso de informações, as digressões, além de boas doses de ansiedade e perturbação, mas frequentemente hilariante.

A narradora verbaliza em um estado próximo ao devaneio – ou, melhor, da loucura – onde seus pensamentos, lembranças e imaginação fluem líricos em certos momentos, pesarosos em outros, tornam-se pouco imaginativos e medianos em certos trechos, para logo em seguida flertarem com a filosofia e o sublime, tornando-se expansivos, contraditórios e, principalmente, com confusões e associações próprias da mente humana em nossos dias. É uma arquitetura mental em espiral, de pensamentos entrecortados por outros pensamentos que se interrompem e são retomados em um looping sem fim. São narrativas densas e sôfregas que ficam risonhas. Pensamentos sublimes e elevados que escorregam para o grotesco, assim como é a vida da gente.

– É uma peça sobre as decisões que tomamos. Sobre as nossas escolhas, os caminhos que seguimos e onde nos levam. É também uma peça sobre nossos sonhos, principalmente da juventude, de como lidamos com eles, com nossas frustrações e insatisfações –, comenta o diretor Marcos Damaceno.

A peça apresenta como um dos personagens centrais o famoso pianista John Marcos Martins. Outro pianista, Polacoviski, tem um destino trágico. A narrativa desenvolve-se a partir das lembranças, pensamentos e imaginação da terceira personagem, a narradora, amiga de John Marcos Martins e de Polacoviski, e por eles apelidada de aforista. A narradora, que está sempre andando e enquanto anda, pensa em como se deu tudo. Sua relação com seus antigos amigos de faculdade, o caminho que cada um seguiu, onde esses caminhos os levaram e o quanto esses caminhos tomados influenciaram, inclusive, na vida uns dos outros.

Segundo o diretor, o texto da peça é uma conversa com argumentações postas por Thomas Bernhard respondendo e contrapondo questões colocadas pelo autor austríaco em sua extensa obra, permitindo-se desviar para outros assuntos, outras situações, outros lugares. Um mergulho na memória e nas possibilidades que cabem numa vida. A mente como protagonista ou lugar de ação e o impacto quase que exclusivamente pela força do elenco e das palavras são marcas das encenações da Cia.Stavis-Damaceno.

– O pensamento é o lugar onde se passa a peça: “andando vamos resolvendo as perturbações do pensamento”, diz a aforista enquanto anda e pensa –, conclui Damaceno.

A música cumpre papel de destaque no espetáculo, sendo a atriz Rosana Stavis acompanhada por 2 pianos tocados ao vivo pelos músicos Sérgio Justen e Rodrigo Henrique, que duelam no palco e dão o tom da narrativa com a trilha original criada pelo compositor Gilson Fukushima.

Serviço

A Aforista

  • De 8 novembro a 3 de dezembro de 2023.
  • Quarta à sábado às 19h e domingo às 18h.
  • Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro II
  • Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro
  • Valor do ingresso: R$ 30 (inteira) e R$15 (meia)
  • Classificação: 14 anos
  • Duração: 110 minutos
  • Drama hilariante

Ficha técnica

“A Aforista”

  • Texto e direção: Marcos Damaceno
  • Com Rosana Stavis e os pianistas Sérgio Justen e Rodrigo Henrique
  • Composição e Direção Musical: Gilson Fukushima
  • Iluminação: Beto Bruel
  • Figurinos: Karen Brusttolin
  • Cenário: Marcos Damaceno
  • Produção Executiva: Bia Reiner
  • Produção de Cenário: Carla Berri
  • Cenotécnico: Marco Souza – TB Mirabolante
  • Pintor de arte: Itamar Cordeiro
  • Assessoria de Imprensa: Ney Motta
  • Fotos do espetáculo: Renato Mangolin
  • Produção Local: Bárbara Montes Claros
  • Um espetáculo da Cia.Stavis-Damaceno

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