“Tenho Quebrado Copos” no Teatro Poeirinha

por Waleria de Carvalho
Tenho Quebrado Copos

Até 29 de junho as paredes do Poeirinha reverberarão a força do texto de uma das maiores poetas brasileiras da atualidade: a mineira Ana Martins Marques. Com direção de Isaac Bernat, música original e voz de Soraya Ravenle e atuação de Paula Furtado, o monólogo “Tenho Quebrado Copos” reúne poesias de três livros da autora. Graduada em Letras, doutora em Literatura comparada pela UFMG, Ana Martins Marques ganhou alguns dos mais prestigiados prêmios de literatura da língua portuguesa. O espetáculo faz parte da retomada das atividades do Teatro Poeira e será apresentado no Foyer do Poeirinha, às terças e quartas-feiras, às 20h.

A ideia da peça é levar ao teatro um texto poético de grande qualidade, capaz de encantar, divertir e fazer pensar. Com duração aproximada de 50 minutos, o espetáculo fala de amor, solidão, devaneios filosóficos, entre outros temas existenciais. São recortes de poemas contidos nos livros “Risque esta Palavra” (2021), “O livro das Semelhanças” (2015, terceiro lugar no prêmio Oceanos) e “Da Arte das Armadilhas” (2011, vencedor do prêmio da Biblioteca Nacional), todos de Ana e editados pela Companhia das Letras.

A ideia do monólogo surgiu do próprio Isaac, que conheceu a obra da poeta por acaso. “Estava ouvindo o podcast Foro de Teresina. No final, eles sempre dão uma dica cultural. Eles falaram tão bem e com tanto entusiasmo dela, que fiquei curioso e comprei o livro. Foi um impacto indescritível”, contou o diretor. “O encontro com o texto de Ana acendeu dentro de mim o desejo de partilhar com o público a sutileza, a beleza e o frescor de sua obra. Aí pensei imediatamente na Paula Furtado, que incorpora essa mesma força visceral”, afirmou o diretor.

Apresentação de teatro e poesia a partir da obra de Ana Martins Marques, revelação da literatura brasileira. Com direção de Isaac Bernat e música e voz de Soraya Ravenle, a atriz Paula Furtado diz poemas da premiada poeta, que escreve sobre a vida, o amor e a solidão, com uma combinação rara de leveza e intensidade. Um espetáculo para encantar, divertir e fazer pensar.

QUEM SÃO

Isaac Bernat – DIRETOR

Carioca, 61 anos, Isaac é formado em Jornalismo e Doutor em Teatro pela Unirio. É professor de interpretação da Faculdade CAL de Artes Cênicas e do curso de pós-graduação lato senso “Literatura e Pensamento Contemporâneo na PUC-Rio. Publicou em 2013 o livro “Encontros com o griot Sotigui Kouyaté” pela editora Pallas. Dirigiu cerca de 60 peças de teatro, estando entre as mais recentes “Cora do Rio Vermelho”, de Leonardo Simões, em cartaz no Poeira; O Encontro – Malcolm X e Martin Luter King JR” de Jeff Stetson, “Deixa Clarear”, de Marcia Zanelatto; “Rosa e a Semente”, grupo Pedras e Isaac Bernat; “Por Amor ao Mundo, um Encontro com Hanna Arendt” de Marcia Zanelatto; “Desalinho”, de Marcia Zanelatto”; “Lili – uma história de circo” de Licia Manzo; “Deixa Clarear”, de Marcia Zanelatto; “Calango Deu – Os Causos de Dona Zaninha” de Suzana Nascimento; entre outras. Como ator em teatro, destacam-se suas atuações em: “Pá de Cal”, de Jô Bilac, direção Paulo Verlings, CCBB; “Agosto”, de Tracy Letts, direção de Andre Paes Leme, Oi Futuro Flamengo; “Incêndios”, de Wajdi Mouawad, direção de Aderbal Freire Filho; “Jantando com Isabel”, de Furio Lonza, direção de Henrique Tavares; “Mulheres Sonharam Cavalos”, de Daniela Veronesi, direção de Ivan Sugahara; “Mão na Luva, de Vianinha, direção de Rubens Camelo; “A Arte de ter Razão”, de Manoel Prazeres, direção de Vitor Lemos; “Cine-Teatro Limite, de Pedro Brício; “A Falecida”, de Nelson Rodrigues, direção de João Fonseca. Atuou também em TV, minisséries e cinema. Entre prêmios destacam-se: Prêmio Coca-Cola de Melhor Ator (1995) por “As Aventuras de Pedro Malazartes”; Prêmio Botequim Cultural de 2014 de Melhor Ator por “Incêndios”; Prêmio Zilka Salaberry de 2014 de Melhor Direção por “Lili, Uma História de Circo”; Prêmio Aplauso de Melhor Elenco de 2014 por “Incêndios”; e Prêmio Zilka Salaberry de Melhor Texto 2018; entre outros.

Paula Furtado – ATRIZ

Atriz brasiliense, bacharel em Artes Cênicas pela CAL (2018), formada com o espetáculo “Não Adianta Morrer”, dirigido por Diogo Liberano. Iniciou os estudos em artes cênicas, em 2012, pela Universidade de Brasília. Além de atriz, é pesquisadora de perna-de-pau, poesia, corpo-movimento e palhaçaria. Protagonizou o premiado curta-metragem universitário “Dani”. Atriz no filme “Nada de Bom Acontece Depois dos 30”, de Lucas Vasconcelos, selecionado para exibição no segmento “Short film corner”, do festival de Cannes 2021. Participante da Segunda Semana do Núcleo de Dramaturgia Firjan Sesi 2018, com o espetáculo “Parto”, de Isadora Krummenauer e direção de Mariah Valeiras, projeto do qual faz parte até hoje. Atriz e criadora do projeto Uma Película, que desde 2019 pesquisa a memória e o relato a partir de dispositivos analógicos, desenvolvendo experimentos cênicos, plásticos e audiovisuais, como curta-metragens, colagens e bordados. Atriz na programação do 7o FESTU – Festival de Teatro Universitário do RJ – com o espetáculo “E Agora, Aonde Vamos?”, dirigido por Eduardo Vaccari. Atriz nos espetáculos teatrais “Até a Próxima Estação”, de Nelson Yabeta; “O Caos Reina”, de Pedru Maia; e na peça de palhaçaria “Que Zeus Nos Acuda”, de Lígia Caboclo e Rafael Senna.

Ana Martins Marques – ESCRITORA

Ana Martins Marques nasceu em Belo Horizonte, em 1977. É formada em Letras e doutora em Literatura comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais. Publicou os livros de poemas “A vida submarina” (Scriptum, 2009, Companhia das Letras, 2021), “Da arte das armadilhas” (Companhia das Letras, 2011), “O livro das semelhanças” (Companhia das Letras, 2015), “O livro dos jardins” (Quelônio, 2019), “Risque esta palavra” (Companhia das Letras, 2021), entre outros. Recebeu vários prêmios, entre eles o Prêmio Cidade de Belo Horizonte, o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional e o 3º lugar do Prêmio Oceanos. Tem poemas traduzidos para o inglês, o espanhol, o italiano e o alemão. A editora Kriller71, sediada em Barcelona, lançou em 2019 uma tradução de “O livro das semelhanças” por Paula Abramo.

FICHA TÉCNICA

Texto: Poemas de Ana Martins Marques
Direção: Isaac Bernat
Atuação: Paula Furtado
Música Original e Voz: Soraya Ravenle
Voz Poema Prosa (I): Ana Martins Marques
Vozes em Off: Adelia Lachter, Júlia Bernat, Leticia Isnard, Louis Le Guerroué, Mateus Teixeira e Michel Gherman
Gravação e Mixagem da Trilha Sonora: Daniel Vasques
Operação de Som: Miguel Diniz
Fotos e Arte: Isabella Baptista e Paula Furtado
Assessoria de Imprensa: Júnia Azevedo (Escrita Comunicação)
Produção: Joyce Agacê

SERVIÇO

Espetáculo de teatro
Título: Tenho Quebrado Copos
Dias: 15, 21, 22, 28 e 29 de junho de 2022 (terças e quartas)
Local: Foyer Poeirinha
Hora: 20h
Rua São João Batista, 104, Botafogo, Rio de Janeiro
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia entrada)
Duração: 45 min.
Lotação: 30 pessoas
Classificação etária: 12 anos
Instagram: @tenhoquebradocopos

Viagem poética no Sertão Nordestino

Cordel Viajante

Cordel Viajante – Foto: Caio Galucci

No mês que se celebram as festas juninas, uma das comemorações mais importantes da cultura popular, sobretudo para o povo nordestino, o Núcleo Artístico Forró do Candeeiro faz uma apresentação gratuita do espetáculo musical “Cordel Viajante”. A atividade acontece no CCSP Centro Cultural São Paulo no dia 25 de junho, às 19h, na Sala Adoniran Barbosa. Os ingressos são distribuídos com 1 hora de antecedência na bilheteria. Para conseguir o ticket, é preciso apresentar o comprovante de vacinação com pelo menos duas doses da vacina contra a Covid-19.

Trata-se de uma viagem poética ao sertão nordestino. Com texto do poeta e escritor baiano Marco Haurélio e direção de Raul Figueiredo, o trabalho une forró, baião, xaxado, galope, rastapé e canções juninas à poesia de cordel e à xilogravura. Nesse contexto, o repertório é formado de canções eternizadas por Gonzagão, Dominguinhos, Sivuca, Trio Nordestino, Gil, Zé Dantas, Antônio Barros, Assissão e Humberto Teixeira.

Na trama, o público conhece Juarez, o protagonista da história, interpretado pela atriz Rosa Piscioneri. Ele parte em uma jornada de volta ao sertão nordestino para reencontrar sua amada Maria, após tentar a vida na cidade grande.

Enquanto busca por suas raízes, o personagem conduz os espectadores por paisagens, sensações e particularidades dessa região. A viagem atinge o ápice quando ele, enfim, reencontra seu grande amor, durante uma linda Festa de São João em uma noite estrelada.

Juarez personifica o povo nordestino, muitas vezes impelido a migrar pelo Brasil em busca de novas oportunidades, a ponto de acabar castigado pela saudade de viver distante da terra natal.

Ao longo da narrativa repleta de rimas, desenvolvida por Marco Haurélio, estão expostas tanto questões sociais quanto de sabedoria da cultura nordestina. O autor também é pesquisador da literatura de cordel e do folclore brasileiro. 

“Todos os poemas foram compostos a partir das canções previamente escolhidas, costurando-as à jornada do protagonista. Esses textos precisavam ser curtos e incisivos, carregados de lirismo, mas sem pieguice. Escrevi tudo como se fosse um sonho de Juarez”, relata Marco.

Para completar toda essa atmosfera, o cenário, assinado por Dhiego Bueno, remete às estampas dos livretos de cordel, com ilustrações carregadas de símbolos sertanejos em xilogravuras criadas pelo artista Cadu Souza (Xilogravuras do Benedito).

O espetáculo estreou em uma temporada online em 2021, com direção de João Paulo Lorenzon. “Ele foi fundamental para fazer a conexão entre o protagonista e a banda. Há um diálogo entre Juarez e os instrumentos que evocam imagens e sensações. João também trouxe para a cena uma dimensão do sonho traduzido nas memórias e lembranças do personagem em sua viagem de volta ao sertão”, conta a cantora Julia King, que idealizou e produz o projeto. 

Atualmente, o “Cordel Viajante” conta com a direção de Raul Figueiredo. “O trabalho meticuloso dele e a forma lírica e lúdica com que o Forró de Candeeiro armou a latada completaram essa feliz junção de imaginários”, acrescenta Marco Haurélio.

Este projeto foi contemplado pela 5ª edição do Edital de Apoio à Música para a Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura. 

O espetáculo é uma viagem musical pela cultura popular brasileira, que une diversas manifestações artísticas, como forró, poesia de cordel e xilogravura. Cantado em clássicos do forró e contado em poesia de cordel, o trabalho narra a jornada de Juarez de volta para o sertão para reencontrar sua amada Maria. Memórias e sentimentos impulsionam sua caminhada pelos símbolos e paisagens desse lugar.

FICHA TÉCNICA

  • Voz: Julia King 
  • Sanfona e voz: Rodrigo Scarcello 
  • Baixo e voz: Daniel Doctors 
  • Violão e voz: Fábio Katz 
  • Zabumba: Ed Encarnação 
  • Percussão: Camilo Zorrilla 
  • Triângulo: Wellington Tibério 
  • Narração/ Atriz: Rosa Piscioneri 

Equipe Técnica: 

  • Idealização e produção: Julia King 
  • Direção Musical: Daniel Doctors e Rodrigo Scarcello 
  • Texto/Poesia de Cordel: Marco Haurélio Fernandes Faria 
  • Direção de cena: Raul Figueiredo 
  • Figurino: Vic Constantino 
  • Iluminação: Lúcia Galvão 
  • Técnico de som: Gabriel Gaucho 
  • Maquiagem: Kathia Laurindo 
  • Fotografia: Caio Galucci 
  • Cenografia: Dhiego Bueno
    Ilustrações: Cadu Souza (Xilogravuras do Benedito)

SERVIÇO

Cordel Viajante, do Núcleo Artístico Forró do Candeeiro

  • Apresentação: 25 de junho, às 19h
  • CCSP – Centro Cultural São Paulo – Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
  • Ingressos: gratuitos, a retirada é feita com 1 hora de antecedência na bilheteria do espaço | Para conseguir o ticket, é necessário apresentar o comprovante de vacinação da Covid-19 (físico ou digital), com no mínimo duas doses
  • Classificação: Livre
  • Duração: 60 minutos
  • Capacidade: 622 lugares
  • Siga o Forró do Candeeiro no Instagram: @forro_do_candeeiro

O Bebê de Tarlatana Rosa, da Coletiva Rainha Kong, discute questões de gênero

Bebê de Tarlatana Rosa

Bebê de Tarlatana Rosa – Foto: Karen Mezza

A Coletiva Rainha Kong faz temporada de “O Bebê de Tarlatana Rosa” no Sesc Pinheiros, entre os dias 16 e 25 de junho. As sessões acontecem no dia 16, às 19h, e nos dias 17, 18, 23, 24 e 25, às 20h30. Livremente inspirado no conto homônimo de João do Rio (1881-1921), o trabalho amplia o universo social construído pelo autor para discutir questões de gênero ao mesclar elementos da vida dos artistas, todes LGBTs, à narrativa.

A trama é ambientada no Rio de Janeiro do início do século 20, durante as noites de um Carnaval meio marginal. O grupo estava em busca de uma obra brasileira que pudesse ser explorada a partir de uma perspectiva queer, e o conto cumpriu esse requisito com maestria.

“Com o João do Rio, além de encontrarmos justamente esse ponto de vista queer, conseguimos falar de um Brasil em fase de transição. Aquele momento marcou o início de um processo de higienização no centro do Rio de Janeiro, com as pessoas sendo levadas para os morros. Ao mesmo tempo, construiu-se um ideal de cidade e de corpo que desprezava tudo o que não era europeu, branco e cisgênero”, comenta Jaoa de Mello, um dos integrantes do Rainha Kong.

Ao evocar essas questões, o grupo faz um paralelo com dois Brasis, o do passado e o do presente, revelando que certas discussões parecem eternas: por que ainda existem pessoas e corpos que são assassinados diariamente? Quem são essas pessoas hoje? Como são esses corpos?

“Nossa ideia não era atualizar o texto do João do Rio, por isso ele está integral. Na verdade, o espetáculo parte de recortes de elementos muito díspares que, juntos, produzem um potente efeito. Dessa maneira, a figura do bebê, que, na nossa leitura, não é uma pessoa cisgênero, serve como uma alavanca para debater os depoimentos”, conta Aleph antialeph, outro dos artistas do grupo.

No palco, todos esses aspectos se traduzem em um cenário enxuto, composto principalmente por uma caixa d’água. O simples objeto assume múltiplas representações, pois pode ser visto como um útero, uma tumba, o mar ou mesmo como um símbolo de limpeza.

Para os figurinos, como a peça discute o corpo, a proposta foi deixá-lo em evidência. A inspiração veio das roupas de banho antigas, comumente usadas nas praias e balneários. A Rainha Kong fez uma releitura desse tipo de vestimenta.

A direção e a dramaturgia de “O Bebê de Tarlatana Rosa” são assinadas coletivamente pelo grupo. No elenco estão Aleph antialeph, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello, Vitinho Rodrigues.

Coletiva Rainha Kong

Grupo de teatro que investiga intersecções de diferentes linguagens artísticas a fim de discutir questões LGBTQ+ cenicamente. O coletivo oriundo do curso de Artes Cênicas da Unicamp permanece resistindo e aperfeiçoando seu trabalho artístico e seu discurso político após a universidade, participando de festivais de teatro, realizando temporadas, oficinas e apresentando-se em espaços de resistência e acolhimento LGBTQ+. 

A Rainha Kong se coloca em cena enquanto ato político de resistência, mas também questionando a construção de novas narrativas – a partir de histórias e corpos até então silenciados – na investigação e formatação de novas linguagens e formas de se pensar o fazer teatral, performático e artístico. 

Sinopse

A partir da obra homônima de João do Rio, passada no Rio de Janeiro do início do século 20, nas noites de carnaval, o grupo teatral Coletiva Rainha Kong busca ampliar o universo social construído pelo autor para a discussão das questões de gênero, com o recurso do biodrama, em que a vida dos artistas se mescla à narrativa.

Criada em 2016 e colocada em circulação em 2017, a peça já passou por três estados brasileiros (São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Norte) em mostras universitárias e pequenas temporadas.

Ficha Técnica

Direção: Rainha Kong
Dramaturgia: criação coletiva livremente inspirada em texto de João do Rio
Elenco: Aleph antialeph, Helena Agalenéa, Jaoa de Mello, Vitinho Rodrigues
Desenho e operação de luz: Felipe Tchaça
Sonoplastia: Rainha Kong e Nãovenhasemrosto
Operação de som: Nãovenhasemrosto
Arte: Aleph antialeph
Material fotográfico e videográfico: Karen Mezza, Natt Fejfar, Normélia Rodrigues, Thomas BF” e VM Filmes
Produção: RK Produção
Coordenação de produção: Iza Marie Miceli 

SERVIÇO
O Bebê de Tarlatana Rosa
De 16 a 25 de junho de 2022
No dia 16, às 19h, e nos dias 17, 18, 23, 24 e 25, às 20h30
Duração: 60 minutos
Classificação: 14 anos
Local: Sesc Pinheiros – Espaço Expositivo (2º andar) – R. Pais Leme, 195 – Pinheiros
Ingressos: R$30 (inteira), R$15 (meia-entrada) e R$9 (credencial plena), compre aqui ou direto nas bilheterias do Sesc

Manifesto Transpofágico, em curta temporada, no Centro Cultural São Paulo

Transpofagica

Transpofagica – Foto; Danilo Galvão

A atriz, diretora, dramaturga e ativista Renata Carvalho apresenta o espetáculo Manifesto Transpofágico no Centro Cultural São Paulo entre 15 e 19 de junho de 2022. Além da temporada, a artista também oferece uma oficina gratuita para corpos dissidentes nos dias 14, 15 e 16 de junho, das 14h às 17h, com inscrições pelo e-mail ​​contato@cororastreado.com; e leva ao espaço exemplares à venda do livro com a dramaturgia do espetáculo Manifesto Transpofágico.

Neste manifesto, Renata convida, em cena, o público a olhar o seu corpo travesti, incansavelmente, e apresenta a historicidade dele. “Meu corpo veio antes de mim, sem eu pedir”, diz Renata. “De certa forma, eu fiquei grávida de mim mesma. Eu me pari”. O solo aborda o “corpo etapa” dos hormônios, silicone industrial e próteses mamárias, o punitivismo, o encarceramento em massa, a censura, a patologia, a AIDS, a diáspora, as violências e assassinatos acometidos aos corpos trans/travestis: “Eu não me descobri travesti, me gritaram”, reforça a artista.

Renata fala baixo, pausada e ao microfone para “acalmar os olhos e os ouvidos cisgêneros” ao verem ou ouvirem a palavra travesti, repetida e iluminada diversas vezes, e pergunta: “Alguém quer me tocar?”.

Manifesto Transpofágico questiona como as pessoas enxergam o corpo travesti e, por isso, Renata não precisa do rosto. Ela explica: “Nós conhecemos as travestis recortadas, de cima do ônibus, a pé, de bicicleta, na moto ou no carro – ninguém chega perto ou conversa, porque somos perigosas – e é dessa fração de segundos que nossas imagens são formadas”.

O espetáculo é dividido em dois momentos:  O primeiro é a apresentação do corpo travesti, suas historicidades, “transcestralidade” e as construções que rodeiam corpos trans/travestis. No segundo momento, Carvalho está na plateia e propõe uma conversa com o público expondo questionamentos pessoais e temas como cisgeneridade, passabilidade e perguntas de qualquer ordem.

Renata Carvalho estuda corpos trans/travesti desde 2007 – mesmo ano do seu percebimento travesti – com o seu trabalho como APV (agente de prevenção voluntária) em ISTs, HIV/AIDS, hepatites e tuberculose –  pela secretária municipal de saúde de Santos – trabalhando com travestis e mulheres trans na prostituição por 11 anos.

 Inicialmente o estudo era mais voltado para o campo da saúde e política – Carvalho é ativista dos direitos humanos e LGBTs, com foco nas pessoas trans e travestis – e aos poucos, como artista, passa a estudar e recolher histórias, biografias, reportagens, artigos, publicações acadêmicas e produções artísticas com a temática trans/travestis, assim como, temas interseccionais.

 No teatro desde 1996, Renata percebeu que a feminilidade do seu corpo dificultava sua presença nos palcos e isto fez com que atuasse na direção durante 10 anos. Em 2012, estreou como atriz no solo Dentro de mim mora outra, em que contava sua vida e travestilidade. Foi a primeira vez que a artista colocou seu corpo como objeto de pesquisa e passou a debatê-lo em cena. Em 2015, continuando esse processo, criou o solo Eu travesti

 A transpóloga nomeia seu estudo: “Transpologia”, que denuncia a construção social, midiática, patológica, religiosa, criminal e hiper sexualizante que permeia o imaginário do senso comum sobre pessoas trans/travestis. Imagético construído com o auxílio das artes com suas narrativas viciadas, estereotipadas e cheias de arquétipos com conteúdo transfóbico em suas apresentações e representações, a transfobia recreativa e o corpo risível das pessoas trans/travesti na arte e no humor, e por fim, a prática do transfake que exclui corpos trans/travestis dos espaços de atuação e criação artística.  

 Em março de 2017, Carvalho funda o MONART – Movimento Nacional de Artistas Trans, e dentro dele, o Manifesto Representatividade Trans – Diga SIM ao talento trans, que visa a representatividade, inclusão e permanência coletiva de artistas trans/travestis nos espaços artísticos, assim como, pedem uma pausa na prática do transfake. No mesmo ano funda o Coletivo T, primeiro coletivo artístico formado integralmente por artistas trans.

Manifesto Transpofágico é a continuidade desta pesquisa cênica. A transpofagia de Carvalho consiste em se alimentar das suas e dos seus – da sua transcestralidade – digere- as, devolvendo-as em arte, literatura e/ou educação. Carvalho também é graduanda em Ciências Sociais.

FICHA TÉCNICA

  • Dramaturgia e atuação: Renata Carvalho
  • Direção: Luiz Fernando Marques (Lubi)
  • Luz: Wagner Antônio
  • Video Art: Cecília Lucchesi
  • Operação e adaptação de luz: Juliana Augusta 
  • Produção: Rodrigo Fidelis / Corpo Rastreado
  • Co-produção: Risco Festival, MITsp e Corpo Rastreado.
  • Difusão: Corpo a Fora e FarOFFa

 SERVIÇO

Manifesto Transpofágico

  • Temporada: De 15 a 19 de junho de 2022
  • Quarta a sábado, 21h; e domingo, 20h
  • Ingressos: Grátis
  • Local: Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho
  • Rua Vergueiro, 1000 – Paraíso, São Paulo – SP
  • Capacidade: 321 lugares
  • Classificação indicativa: 16 anos
  • Informações: (11) 3397-4002

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