Tereza Seiblitz no Teatro Poeirinha, ‘Carangueja’

por Redação
Carangueja

O manguezal, bioma de transição entre os ambientes terrestre, fluvial e marinho, e berço de variadas espécies, é a metáfora escolhida para falar da força criadora vital da Terra. 

O primeiro encontro de Tereza Seiblitz com o manguezal aconteceu durante as gravações da novela “Renascer”, quando interpretou a icônica Joaninha, e viu naquele lugar uma espécie de “útero do mundo, onde a vida está em vertiginoso movimento de criação”.

Através da figura de uma andarilha capaz de proezas para surpreender e vencer um inimigo, a peça revê, de forma poética e bem-humorada, noções de feminino, maternidade, antropocentrismo e desigualdade social.  

A peça Carangueja, escrita e codirigida por Tereza Seiblitz (recentemente no ar como Doralice na novela das 19h “Volta Por Cima”, TV Globo) e pela piauiense Fernanda Silva, fala da força criadora do planeta Terra. O manguezal, formação vegetal de grande biodiversidade situada na transição entre os ambientes terrestre, fluvial e marinho, é a imagem escolhida pelas artistas para falar do que está em permanente transformação.

Em tempos de catástrofes ambientais e crises políticas e econômicas, tornou-se urgente para a atriz e autora falar da importância da preservação deste bioma, bem como de todas as outras formas de vida, hoje ameaçadas pelo comportamento humano. CARANGUEJA fala da necessidade tomar para si a responsabilidade pela preservação e defesa deste bioma e a sua relação direta com a qualidade de vida sobre a Terra.

“Quando estive num manguezal pela primeira vez, na Bahia, andei e afundei na lama por muitas horas. Tive a maravilhosa sensação de sentir a pulsação da fertilidade daquele lugar e pensei: ‘isso aqui é o útero do mundo.’ Era de manhã cedo, muitos filhotinhos de caranguejo brilhavam na luz do sol. A lama era uma espécie de colo alegre e vital.” (Tereza Seiblitz, idealizadora, autora, atriz e codiretora)

SINOPSE

Uma mulher, que não sabemos de onde vem ou a que tempo pertence, é atravessada por múltiplas vozes, que ouvimos como se estivéssemos dentro de sua cabeça. Entre elas há desde uma voz de locução de aeroporto até alguém que lê uma notícia de jornal ou um radialista que ensina uma receita de moqueca. As vozes falam de diferentes formas através do corpo da mulher e vão desenhando pistas do que está acontecendo. Uma espécie de metamorfose vai se dando ao longo da ação, levando essa mulher a viver num limiar entre humano e crustáceo, entre mulher e carangueja.

A MONTAGEM

A peça propõe uma experiência sensorial de um manguezal e seus símbolos. Pelas mãos e pelos múltiplos estados/vozes vividos pela atriz, variados materiais como tecidos, madeira, metais e argila vão sendo continuamente ressignificados ao longo da ação.

A ORIGEM DA PEÇA

A experiência de Tereza Seiblitz com este bioma se deu pela primeira vez em 1993, durante as gravações da novela “Renascer”, da TV Globo, quando interpretou a icônica Joaninha, despertando na atriz e autora o desejo de compartilhar sua percepção de que o manguezal seria uma espécie de útero do mundo, um lugar onde a vida está em vertiginoso movimento de criação.

O texto de CARANGUEJA foi escrito por Tereza Seiblitz em 2015 sob a influência de leituras teóricas e literárias em sua graduação em Letras, na PUC-Rio. Numa oficina a atriz se perguntou: “Como seria Samuel Beckett escrevendo sob o sol do Equador e as marés do Piauí? Como seria a busca pelo fim da angústia de Sarah Kane se estivesse grávida e morasse nos trópicos? Como se poderia levar uma plateia de teatro a experimentar o contato com um manguezal?”. O dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989) e seus personagens de “lugar nenhum”, perdidos no tempo e no espaço, são fonte de inspiração para o nascimento desta andarilha, em cruzamento com a nossa brasilidade. A ideia é transportar o público do aqui-e-agora urbano ao ambiente selvagem de um manguezal.

HISTÓRICO DA PEÇA

“Carangueja” estreou em 2023 no Sesc Copacabana, seguindo para temporada no Teatro Ipanema (RJ) e apresentações no Festival Solos Férteis em Brasília, Teatro da CAIXA – DF, e na Casa do Tá na Rua (RJ). Em 2024 participou do Festival Movimentos de Solo, no Teatro Domingos de Oliveira (RJ), e fez temporada no Sesc Ipiranga (SP), além de apresentações no Teatro Oficina (SP) e na Tenda do Design, na PUC-Rio.

Serviço

ESTREIA: dia 08 de julho (3ªf) às 20h

ONDE: Teatro Poeirinha

– R. São João Batista, 104 – Botafogo / RJ    tel: (21) 2537-8053

HORÁRIOS: terças e quartas às 20h / INGRESSOS: R$80 e R$40 (meia) em www.sympla.com.br e na bilheteria de 3ª a sab das 15h às 20h e dom das 15h às 19h

GÊNERO: solo / DURAÇÃO: 60 min / CLASSIFICAÇÃO: 12 anos / CAPACIDADE: 67 espectadores / TEMPORADA: até 27 de agosto

FICHA TÉCNICA

  • Texto, Idealização, Atuação: Tereza Seiblitz
  • Direção: Fernanda Silva e Tereza Seiblitz
  • Direção de Movimento: Denise Stutz
  • Figurino: Fernanda Silva, Tereza Seiblitz e Maria Adélia
  • Visagismo: Maria Adélia
  • Iluminação: Adriana Ortiz
  • Programação Visual: André Senna
  • Fotos: Renato Mangolin
  • Instagram: Manuela Seiblitz @caranguejaespetaculo
  • Produção: Corpo Rastreado e Tereza Seiblitz
  • Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany

TEREZA SEIBLITZ – idealizadora, atriz, autora e codiretora

Esteve recentemente no ar na novela “Volta Por Cima”, de Claudia Souto, na TV Globo, e na segunda temporada da série “Justiça”, de Manuela Dias e direção artística de Gustavo Fernandez, no Globoplay. No teatro, além de “Carangueja”, na peça “Mutação de Apoteose”, no Teatro Oficina, com direção de Camila Mota.

Tereza Seiblitz é atriz, nascida no Rio de Janeiro. Começou nos palcos pela dança. Trabalhou no teatro com textos de Shakespeare, Molière, Ibsen, Eurípedes, García Lorca, Goethe, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina e Hilda Hilst, entre outros. Foi dirigida por Amir Haddad, Camilla Amado, Bernardo Jablonski, Orã Figueiredo e Cristina Flores.

Entre seus principais trabalhos na TV Globo, está a catadora de caranguejos Joana, da novela Renascer, dirigida por Luiz Fernando Carvalho; a ambiciosa Gabriela Ême, da minissérie Hilda Furacão, dirigida por Wolf Maya; e a cigana Dara, da novela Explode Coração, dirigida por Dennis Carvalho.

No cinema trabalhou Tizuka Yamasaki; passou um mês no Mali e em Burkina Faso com o artista griot Sotigui Kouyaté, da companhia do diretor inglês Peter Brook. Concluiu mestrado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade na PUC-Rio em 2019.

FERNANDA SILVA – codiretora

Atriz, diretora, dramaturga e coreógrafa trans. Nasceu em Parnaíba, litoral do Piauí, em 1977. No seu quintal foi criado um circo, liderado por seus irmãos mais velhos. Entre palhaços, mágicos e malabaristas se deu a formação de Fernanda.

Sua carreira inicia-se no Projeto Via-sacra, realizado pelo SESC Piauí, em 1992. Em 1994 funda o Grupo de Teatro Metáfora com a peça PARNAÍBA-TEMPO e, em 2005, inaugura o Espaço Cultural Metáfora, como sede da companhia.

Recentemente, vem atuando também no cinema com Camelia, curta-metragem em parceria com o músico e ator suíço Max Herrmann. Como intérprete, participa de Emaranhado, do Coletive Danças em Transições; Filme, de Marcelo Evelin e Danilo Carvalho; e Nó, longa-metragem dirigido por Lais Melo. Para a dança, cria o solo Trovoada, um corpo que deseja o céu, em 2021; e Antonia, uma luz que chora, em homenagem ao dançarino e coreógrafo japonês Kazuo Ohno (1906-2010). Integra o elenco de Uirapuru, nova criação do coreógrafo Marcelo Evelin.

Involuntários da Pátria é sua peça criada em parceria com Sonia Sobral, em 2016. Apresentou-se em diversas cidades brasileiras e inaugurou sua carreira internacional.

A pele trans que Fernanda habita é campo de luta e poder contra a violência aos dissidentes de gênero. Por isso, toda a sua produção artística desde de The Lady Macbeth, de 2015; Impossível estuprar esta mulher cheia de vícios, da obra de Virginie Despentes, de 2017; e Uma dança para Penélope e seu cachorro, de 2017 e recriada em 2023, investem na busca por uma estética de resistência.

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