Coroa de penas

“Tesouros Ancestrais do Peru” transporta visitante do CCBB Rio ao mundo andino

por Redação

Com entrada gratuita, público do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro poderá conhecer, a partir de 11/10, a história das antigas civilizações de nosso continente por meio de 162 peças elaboradas em cerâmica, cobre, ouro, prata e têxteis;

Exposição é parte das atividades de celebração pelos 34 anos do CCBB Rio

Entre 11 de outubro e 29 de janeiro de 2024, o visitante do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro poderá conferir a exposição Tesouros Ancestrais do Peru. As 162 peças apresentadas – em cerâmica, cobre, ouro, prata e têxteis – permitem uma viagem pelas antigas civilizações andinas até a cristalização do Império Inca.  A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados na bilheteria ou pela internet (bb.com.br/cultura).

Tumi ou faca cerimonial, com uma representação antropomórfica do deus Lambayeque chamado Naylamp. Ouro, crisocola.

Tumi ou faca cerimonial, com uma representação antropomórfica do deus Lambayeque chamado Naylamp. Ouro, crisocola – Cultura Lambayeque
Costa Norte do Peru
900-1450 d.C

Reconhecido como patrimônio pelo Ministério da Cultura do Peru, o conjunto raro de objetos descobertos em diversas expedições arqueológicas pertence à Fundação Mujica Gallo e faz parte do catálogo do Museo Oro del Perú y Armas del Mundo. Com curadoria de Patricia Arana e Rodolfo de Athayde, a mostra é dividida em cinco blocos temáticos – Linha do tempoMineraçãoDivindades e RituaisCerâmica e Têxteis e Colonização – e apresenta ao público um dos mais importantes acervos da história das civilizações.

“A escolha dessa exposição no aniversário de 34 anos do CCBB Rio estimula um importante debate sobre a memória latino-americana e seus processos de colonização”, afirma Sueli Voltarelli, Gerente Geral do CCBB Rio de Janeiro.  “É uma oportunidade tanto de conferir a complexidade de técnicas e saberes de civilizações que habitaram a região quanto de reconhecer o apagamento do legado desses povos em decorrência da ação de colonizadores”, completa.

Após a temporada na capital fluminense, Tesouros Ancestrais do Peru segue para os Centros Culturais Banco do Brasil Belo Horizonte (21 de fevereiro a 6 de maio), Brasília (28 de maio a 11 de agosto) e São Paulo (4 de setembro a 26 de novembro). A exibição no Rio tem início com um debate entre os curadores e Camila Pérez Palacio Mujica, diretora do Museo Oro del Perú y Armas del Mundo, em 12 de outubro, às 15h. A exposição foi selecionada no Edital de Patrocínio CCBB 2023-2025, sendo a primeira dentre as aprovadas a serem realizadas pelos Centros Culturais Banco do Brasil. A mostra é patrocinada pelo Banco do Brasil e BB Asset Management, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. A organização é da Arte A Produções.

Para Mário Perrone, Diretor Comercial e de Produtos da BB Asset, o apoio da gestora à exposição demonstra o compromisso em valorizar a arte e a cultura como pilares para uma sociedade mais inclusiva e participativa. “Essa iniciativa evidencia não apenas nossa contínua dedicação à difusão de atividades culturais e artísticas, mas também reforça nossa convicção no valor intrínseco que essas atividades conferem à sociedade. Vamos além do nosso core business, pois entendemos que iniciativas como esta são essenciais para a valorização da diversidade e da história de diferentes povos”, destaca o diretor.

Uma história contada pelos objetos 

Também conhecido como Tahuantinsuyo, ou “Terra de Quatro Regiões”, na língua quechua, o Império Inca foi a maior e mais importante reunião de culturas da América antiga. Com base em Cusco, sede política localizada no atual Peru, era formado por diversos povos e atingiu, no auge, cerca de 12 milhões de habitantes. Politeístas, os incas conseguiram, entre 1438 e 1532, unificar, seja pela força ou alianças, sociedades da região costeira do Oceano Pacífico e da cordilheira dos Andes.

Espalhados por um território estimado em 4 mil quilômetros, que ia do sul da Colômbia até partes do Chile e da Argentina, passando por todo o Equador, Peru e Bolívia, os povos da região tinham em comum o domínio de técnicas sofisticadas de administração, mineração, irrigação, agricultura, cerâmica, produção têxtil e arquitetura. O mais conhecido e visitado desses territórios é Machu Picchu, um dos poucos não destruídos completamente durante o processo de colonização.

As peças em exibição foram produzidas entre 900 a.C e 1600 d.C. Traços culturais dos povos andinos são revelados em utensílios como depiladores, bolsas, penachos, máscaras funerárias e coroas feitas de ouro. Há também blocos dedicados à cerâmica e aos objetos têxteis, como jaquetas, gorros e sapatos. No catálogo estão ainda cinco Tumis, espécies de facas ornamentais usadas durante cerimônias de sacrifícios de animais e, em casos excepcionais, de humanos.

“O desenvolvimento de todas essas culturas revela um acúmulo histórico notável de conhecimentos e a maestria em diversas técnicas e ofícios, refletidos na elegância e complexidade das peças apresentadas. A habilidade na mineração e na confecção de objetos feitos de ouro, prata, cobre e outros minerais atinge um nível de sofisticação excepcional, mesmo nas civilizações mais antigas”, explicam os curadores.

Se destaca ainda que essas sociedades não faziam uso do dinheiro como instrumento de intercâmbio econômico, em contraste com a valorização do ouro e da prata acumuladas como reservas de capital pelos europeus.

Para essas culturas, os metais possuíam valor simbólico e ritualístico, além de conferir distinção social, evidenciada na arte meticulosamente elaborada nas peças da exposição. “Cada objeto contém em seu feitio informações preciosas sobre religiosidade, rituais, cotidianidade e técnicas empregadas. Eles revelam também estruturas sociais complexas e uma vasta gama de conhecimentos, representados em itens como tigelas, copos, ornamentos, machados, cerâmicas e têxteis que compõem a mostra”, comenta Athayde.

Os curadores da mostra apontam que, apesar de essas civilizações não terem um sistema de escrita alfabética e desconhecerem os fundamentos da economia comercial e monetária no sentido dos europeus, desenvolveram noções sofisticadas de matemática e contabilidade. Usavam objetos como os Quipus, um complexo sistema de cordas e nós pelo qual faziam os registros, e as Yupanas, instrumentos de cálculo baseado no sistema decimal, que permitiam uma administração funcional da economia desse enorme império.

Da agricultura à colonização

No primeiro bloco, Linha do Tempo, são pontuados os momentos-chave de mais de 10 mil anos de história andina, desde os primeiros habitantes (pescadores e caçadores) até o surgimento da agricultura de irrigação. Essa evolução permitiu que essas populações desenvolvessem um alto nível tecnológico, dedicando-se à produção cerâmica, à metalurgia e têxteis, alcançando um notável desenvolvimento cultural.

Já o segundo bloco, Mineração, aborda o domínio sobre os metais, o controle sobre o ambiente natural e, consequentemente, seu impacto nas dinâmicas das estruturas do poder. Trata-se de um aspecto fundamental do desenvolvimento dos povos que utilizavam ferramentas diversas para extrair e utilizar cobre, ouro e prata, e produzir objetos de notável elaboração.

Na área Divindades e Rituais é possível conhecer de perto peças em ouro e prata, cerâmica e frisos de personagens divinos e semidivinos que orientavam o sistema teocrático-militar operado a partir de complexas mitologias fundadoras das culturas andinas.

Os metais eram usados para decorar edifícios, adornar corpos e vestes reais em rituais e oferendas funerárias. Um detalhe é que só as pessoas pertencentes à elite podiam usar ouro. Nesta área são expostas máscaras e luvas feitas de ouro, além dos Tumis e dos recipientes usados em rituais sagrados, como os utilizados para recolher o sangue dos seres sacrificados.

No quarto bloco, Cerâmicas e Têxteis, estão peças e informações sobre as técnicas utilizadas desde 1.800 a.C para produção de barro moldado e cozido em fornalha. Essas técnicas permitiram uma produção intensa de utensílios usados também para expressar ideias e representar estilos de vida e tradições. Também é mostrada a importância da domesticação de animais como lhamas e alpacas para a produção têxtil e artística.

Por fim, Colonização trata da história da colonização do império Inca pelos espanhóis e a fundação do Vice-reinado do Peru. Esse bloco expositivo pretende mostrar a assimetria desse violento encontro de civilizações, que funda uma nova identidade sincrética e mestiça, sobre as ruínas do império Inca.

Caráter reflexivo

Cada bloco reúne uma série de representações e painéis informativos que permitem entender com maior profundidade os conteúdos das salas expositivas. “Adicionamos uma série de conteúdos de caráter reflexivo e ampliações de fotografias dedicadas aos lugares religiosos e sagrados dessas culturas, como templos e pirâmides ricamente decorados e que eram chamados de huacas”, explica Athayde.

A produção da exposição também conta com o Projeto Panaca que divulga, por meio de vídeos de desenhos animados, a história das culturas antigas do Peru. A série de filmes será exibida ao público e é parte do conteúdo educativo da mostra.

Ecos até os dias atuais

O impacto da colonização pelos europeus também é abordado em cópias autorizadas de obras originais pertencentes à coleção do Museo Pedro de Osma. Nesta sala haverá um monitor exibindo ilustrações das obras do Frei Martín de Murúa realizadas entre 1580 e 1610.

As peças da exposição são raras em diversos sentidos. Quase tudo o que havia em território inca foi destruído, roubado ou derretido. Posteriormente, também foi saqueado por assaltantes de monumentos arqueológicos, conhecidos no Peru como huaqueiros, que reviraram tumbas e centros cerimoniais em busca de peças a serem vendidas ilegalmente a colecionadores.

Dos poucos objetos que sobreviveram, os mais comuns são oferendas funerárias compostas por pequenas figuras de ouro e prata de mulheres e homens. Essas figuras parecem representar os jovens que acompanhavam os mortos em seus processos funerais: em geral, ficam de pé, têm as mãos sobre o peito ou seguram objetos como leque ou espiga de milho. Algumas dessas imagens foram encontradas em sítios arqueológicos vestidas com tecidos e penas.

“As peças que resistiram ao período da voracidade dos colonizadores e dos huaqueiros foram encontradas posteriormente em escavações arqueológicas. Não temos ideia do que se perdeu. Até as construções espanholas foram edificadas sobre monumentos e locais incas, uma amostra clara da necessidade de legitimar o seu poder”, explica o curador. “A história dessas peças é a história viva do desenvolvimento das civilizações andinas até o império inca, o mais importante que já se formou nas Américas”, completa.

A mostra é complementada por intervenções de artistas contemporâneos, os peruanos Iván Sikic e Alexandra Grau e a brasileira Bete Esteves.

A obra de Iván Sikic, “Saqueo” (Pilhagem), toma como referência diferentes momentos da história em que a extração compulsiva do ouro gerou um significativo impacto cultural ou ecológico, em uma instalação que questiona o legado colonial e os efeitos da mineração ilegal do ouro até à atualidade.

Alexandra Grau assina a obra do espaço da rotunda com enormes recriações de quipus coloridos, que aludem a esses instrumentos de registros e contabilidade dos Incas. Os diferentes nós feitos nas cordas criam uma linguagem que guarda a história dessa cultura.

O videoarte de Bete Esteves e Beth Franco utiliza imagens das técnicas de mineração e trabalho nos metais para criar uma relação com os métodos violentos narrados pelos protagonistas.

Essas inserções de arte contemporânea propõem um olhar que amplia a leitura do acervo da exposição em uma visão crítica e reflexiva sobre a representatividade das peças.

Aniversário do CCBB RJ

Para comemorar o Dia das Crianças e o aniversário de 34 anos do CCBB Rio, no dia 12 de outubro de 2023 o público de todas as idades está convidado a participar de diversas atividades. Nesse dia de celebração, toda a programação é gratuita e as crianças ainda recebem um lanche especial. Estarão em cartaz a exposição “Tesouros Ancestrais do Peru”, que ocupa todo o 1º andar, e continuam em exibição as mostras “Evandro Teixeira, Chile 1973”, nas galerias do 2º andar, e “Um Certo Brasil – na visão de cinco fotojornalistas”, em exibição no 4° andar, junto ao Museu Banco do Brasil.

No teatro, a grande estreia que marca a data é “Azira’i”, sobre Azira’i Guajajara, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, a partir da relação com sua filha. Em temporada, a aclamada montagem do clássico de Nelson Rodrigues “Vestido de Noiva” e o Festival Internacional Intercâmbio de Linguagens (FIL 2023), que comemora 20 anos de existência com diversos espetáculos e vivências para todas as idades.

No cinema, “A magia dos pixels: espelhos animados da realidade” exibe animações de sucesso dos estúdios Pixar e conta com a participação de personagens surpresa (cosplay) para interagir com o público. O Programa CCBB Educativo participa da programação com diversas atividades no Ateliê Aberto e visitas mediadas. Confira a agenda completa dessa data no site do CCBB – bb.com.br/cultura. Nossos restaurantes, cafeterias e loja oferecem ainda mais descontos para clientes Banco do Brasil (verifique as condições no local).

SERVIÇO

Tesouros Ancestrais do Peru

De 11 de outubro de 2023 a 29 de janeiro de 2024

De quarta a segunda, das 9h às 20h (fecha às terças)

Entrada gratuita

Ingressos disponibilizados na bilheteria do CCBB RJ ou em www.bb.com.br/cultura 

Centro Cultural Banco do Brasil  

Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro, RJ

Contato: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br

Mais informações: bb.com.br/cultura

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