Texto inédito, “A Barca” estreia no Teatro Correios Léa Garcia

A Barca - Foto de Dalton Valério

No meio de transporte mais comum para realizar a travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, o encontro. No meio da baía que separa as cidades fluminenses, Ivo (André Ramiro) e Douglas (Paulo Giannini) inevitavelmente se aproximam. Em condições diametralmente opostas, os personagens, que foram criados juntos, praticamente partilhando pai e mãe, mas não podem se chamar de irmãos graças à cultura que os formou, buscam resolver suas pendências agora que o convívio se tornou ainda mais difícil. Este é o ponto de partida do espetáculo inédito “A Barca”, texto de Alvaro Campos dirigido por Luiz Antônio Pilar, que estreia temporada dia 05 de setembro, às 19h, no Teatro Correios Léa Garcia, no Centro Cultural Correios.

 Ora para ajustar contas, ora para costurar memórias, ora para reclamar o futuro incerto, ora para saltar o abismo que afastam Ivo e Douglas, o espetáculo lida com uma temática importante: a relação inter-racial e seus pilares temporais: passado, presente e futuro. E o espectador é convidado a uma discussão demasiadamente humana sobre as origens dos pré-conceitos na representação dos corpos. A montagem acontece graças aos recursos do Edital LPG – Apoio ao Teatro – Evoé RJ. Nos dias 9 e 10 de outubro, às 15h, a montagem fará apresentações gratuitas no Teatro Alcione Araújo, na Biblioteca Parque Estadual. Ambas serão seguidas de debate com a presença da equipe de criação e elenco.

 O pensamento decolonial e a inclusão definem o projeto. As personagens evocam as complexas heranças culturais de suas árvores biológicas somadas ao abismo que corta suas realidades sociais para revelar o quanto de irmandade e desamor tecem o vínculo entre eles. “Embora o racismo estrutural brasileiro esteja presente em qualquer lugar, em qualquer tipo de relação, a peça fala mais sobre a impossibilidade de comunicação entre dois homens que tiveram, podemos assim afirmar, o mesmo porto de afeto que foi o amor da mulher, empregada doméstica, pelo seu filho biológico e o outro menino, filho dos patrões. Mesmo assim, os dois, vivenciando memórias e prazeres juvenis, são incapazes de se auxiliarem por conta do abismo social”, pontua o diretor Luiz Antônio Pilar.

 A decisão de construção de texto foi, para Alvaro Campos, uma maneira de sanar uma questão afetiva através de uma metáfora artística. “Quis transformar em arte um período complexo da minha vida particular, em que perdi dois entes queridos. Queria falar sobre como o afeto familiar é a única barca possível quando o mar é revolto demais para navegar. E sobre como às vezes todos nós, de forma orgulhosa e estúpida, temos medo de confiar nessa embarcação. A barca leva de um ponto ao outro. É sinônimo de mudança. E quando a barca está no mar, você está preso com a companhia dos demais passageiros.  É preciso lidar com o que se sente por eles”, pondera o autor.

Pilar complementa, considerando que o texto aborda a questão socioeconômica e afetiva entre dois homens. “Embora convivendo durante muitos anos no mesmo ambiente, eles tiveram uma vivência social contrária neste mesmo espaço: um cresce como homem de classe média, quase rico, com formação universitária e filho dos patrões. E o outro como pobre, com uma educação básica, filho da empregada, um adulto com poucas possibilidades de exercer uma atividade que lhe dê prazer. O grande diferencial na nossa montagem é que, contrariando a realidade e expectativa racista e social vivida no Brasil, o homem com os pais ricos, universitário e filho dos patrões, é PRETO. O outro, é BRANCO”, antecipa o diretor.

Um dos desafios da montagem foi cuidar para que o personagem negro, que na cena está em superioridade social, mas num lugar de dívida, não fosse inserido num lugar de algoz, como costuma comumente e equivocadamente ser relacionado na sociedade, sobretudo mediante tal cenário. “Esta é uma questão muito inteligente e sensível. Mas reconheço que hoje, depois de anos de luta e de um trabalho constante de afirmação da condição do ser preto/preta através de movimentos sociais e de letramento racial no processo de educação, o cidadão e a cidadã, preto e preta, já sabe que pode ir para além deste limite. As pessoas já chegam com uma consciência crítica e questionadora sobre este papel, ainda que muitos ainda queiram colocar os negros no lugar de algoz ou vítima passiva de um sistema feito para anulá-lo”, aposta o diretor Luiz Antônio Pilar.

Em cena durante todo o tempo, os dois atores são apoiados por uma trilha sonora que sublinha os diversos sentimentos expressos e a história da peça. De maneira a afirmar o jogo cênico diante do público, os atores vão transformando os seus figurinos, estabelecendo novos climas dramáticos para a narrativa e em suas interpretações, revelando ao público o espaço e cenário onde estão contracenando. Criado a serviço do texto, o espetáculo foi respeitando todas as suas indicações emocionais, psicológicas e físicas.

“Queremos mostrar como o afeto é o único catalisador para qualquer transformação positiva. A luta de classes. O preconceito geográfico. A construção da consciência antirracista. Todas as causas são vitais, mas em suas complexidades e desafios, esquecemos que é o afeto que permite a escuta sincera. É o acolhimento afetivo que desarma as tensões e permite a aproximação. Vivemos um tempo estúpido não pela falta de informação ou capacidade cognitiva, mas porque negligenciamos a construção do afeto entre diferentes, como se não estivéssemos vivendo na mesma cidade, no mesmo país, no mesmo planeta, no mesmo tempo. ‘A Barca’ é a história de uma família que não se aceita como tal por preconceito, mesmo que seus integrantes precisem desesperadamente do apoio familiar”, encerra o autor Alvaro Campos.

FICHA TÉCNICA:

  • Autor: Alvaro Campos
  • Diretor: Luiz Antônio Pilar
  • Diretora Assistente: Lorena Lima
  • Elenco: André Ramiro e Paulo Giannini
  • Iluminadora: Elisa Tandeta
  • Cenógrafa: Lorena Lima
  • Figurinista: Rute Alves
  • Diretora Musical: Maíra Freitas
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Comunicação
  • Designer Gráfico: Rita Ariani
  • Fotógrafo: Dalton Valério
  • Gestão em Mídias Sociais: Rafael Teixeira
  • Supervisão Dramatúrgica: Eliane Alves Cruz
  • Direção de Produção: Kadu Garcia e Paulo Giannini
  • Assistente de Produção: Nino Batista
  • Realização: Saravá Cacilda Projetos Culturais

SERVIÇO:

“ A BARCA”

  • Temporada: 5 de setembro a 5 de outubro de 2024*
  • Dias e horários: Quinta-feira a sábado, às 19h
  • Local: Teatro Correios Léa Garcia / Centro Cultural Correios
  • Endereço: R. Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – Rio de Janeiro
  • Telefone: (21) 3088-3001
  • Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada)                         
  • Link para compra de ingressos antecipadoshttps://riocultura.eleventickets.com/
  • Duração: 65 minutos
  • Classificação Indicativa: 14 anos
  • Instagram: @sarava.cacilda

*Nas sessões dos dias 20, 21, 27 e 28 de setembro e 4 e 5 de outubro haverá Libras e audiodescrição.

Apresentações gratuitas com libras, audiodescrição e seguidas de debate:
Dias e horários: 9 e 10 de outubro (quarta e quinta-feira, às 15h)
Local: Teatro Alcione Araújo / Biblioteca Parque Estadual
Endereço: Av. Pres. Vargas, 1261 – Centro – Rio de Janeiro

Entrada Gratuita
Duração: 65 minutos
Classificação Indicativa: 14 anos
Instagram: @sarava.cacilda

Banco do Brasil patrocina e apresenta “Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo”, com Tuca Andrada

Espetáculo que celebra a vida e a obra de Torquato Neto, no CCBB Rio

Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo – Foto: Matheus José Maria

Passados 52 anos da partida de Torquato Neto (1944/1972), poeta, letrista da música popular brasileira e experimentador ligado à contracultura, o espetáculo “Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo” celebra sua vida e obra, com o ator Tuca Andrada no centro da cena. A ideia para o espetáculo surgiu a partir do encontro do ator com a edição de “Torquatália”, de Paulo Roberto Pires, que em seus dois volumes, apresenta uma antologia do Torquato Neto, tanto de sua obra poética quanto em prosa, além de inéditos, correspondências, escritos de sua coluna no jornal Última Hora, em publicações diversas e, por isso, desconhecidos. Daí Tuca partiu para a criação do espetáculo, atuando e dirigindo em parceria com a também pernambucana Maria Paula Costa Rêgo. No palco, o ator está em companhia dos músicos Caio Cezar (que assina a direção musical) e Pierre Leite, além do público que também é parte da encenação. A temporada carioca de “Let´s Play That ou Vamos Brincar Daquilo” vai até 15 de setembro de 2024, , no Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, com apresentações de quinta a sábado às 19h e domingo às 18h, até 15 de setembro. As sessões com intérprete de Libras acontecem nos dias 24 e 31 de agosto. O patrocínio é do Banco do Brasil.

Let’s Play That é o nome de uma poesia do Torquato Neto que foi musicada pelo Jards Macalé, Vamos Brincar Daquilo é uma tradução livre para o título em inglês, e esse sentido de jogo, de brincar, é um chamamento para o público se relacionar comigo durante o espetáculo”, revela Tuca Andrada.

Em um palco em formato de semi-arena, Tuca Andrada recebe cada pessoa do público que vai chegando e se acomodando, bem próximo dele, para acompanhar e se relacionar com o ator revivendo no palco a vida e a obra do poeta e letrista tropicalista Torquato Neto. Em pouco mais de uma hora o ator esbanja energia, com sua fisicalidade intensa, performática – resultado de pesquisa que contou com apoio de Maria Paula Costa Rêgo –, ocupando todos os espaços da cena, interpretando um artista popular, em alguns momentos ele mesmo e em outros o próprio Torquato, contando, cantando, vivendo histórias e impressões suas, costurando a dramaturgia com canções de autoria do Torquato com parcerias diversas como: Mamãe Coragem (Caetano e Torquato), Minha Senhora (Gil e Torquato), Geléia Geral (Gil e Torquato), Lua Nova (Edu Lobo e Torquato), Pra dizer Adeus (Edu Lobo e Torquato), Destino (Macalé e Torquato), De cá pra lá de lá pra cá (Zeca Baleiro, Fagner e Torquato) e Marginália II (Gil e Torquato), cantadas em cena por Tuca Andrada, além de gravações de Ai de Mim, Copacabana, na voz de Gal Costa, Três da Madrugada, na voz de Caetano Veloso, Deus Vos Salve a Casa Santa e A Rua, essas duas como trilha sonora instrumental. Músicas que colocam em evidência o legado do artista para o Tropicalismo.

“Muita gente conhece Torquato sem saber, ouviu suas músicas, mas não sabe que são de sua autoria e, por isso, para mim foi tão importante trazê-las para a peça. Se prestarmos atenção na obra dele, é muito solar, cheia de movimento e dinâmica. Ele instiga uma perspectiva de reconstrução, de refazer, rever, reler o que está posto. Acredito que isso tem muito a ver com o momento que estamos vivenciando no país”, enfatiza o ator.

O espetáculo envolve poesia, stand-up show, performance, jogo e aula-espetáculo. Durante pouco mais de uma hora, o mundo e o tempo de Torquato Neto tomam conta do palco e do ator, que narra sua visão da história, com ajuda apenas de um banco, sonoplastia, música, dança e com um chão coberto com as poesias de Torquato. Assim, como numa roda de amigos, Tuca Andrada se encanta, canta e conta a história desse artista inclassificável e não enquadrável, sob qualquer aspecto. Mas ele quer falar sobre Torquato sem as amarras de uma narrativa biográfica tradicional, como já havia experimentado no aclamado musical sobre a vida do cantor Orlando Silva.

A ideia de Tuca, agora, é de retomar a simplicidade do contador de estórias, do repentista, do cantador de feira que apenas com a voz e o corpo conduz a audiência para fora do tempo presente, transportando-a para outros universos. Durante as apresentações o público é convidado a participar, opinando, criticando, sendo livre para falar o que quiser. Dessa maneira o espetáculo se reconstrói em cada récita, marcando assim uma característica fundamental na obra torquatiana que é o de se reconstruir a cada momento. E os universos de Torquato são muitos.

Poeta, jornalista, agitador cultural, compositor, cineasta, ator e um dos ideólogos do movimento mais importante na cultura brasileira, na segunda metade do século XX, a Tropicália. Torquato Neto era antes de tudo um apaixonado pelo Brasil e pelas diversas formas de comunicação. Apesar de uma vida curta – decidiu sair de cena aos 28 anos – mudou radicalmente a maneira de se fazer poesia e jornalismo no país. Nunca publicou um único livro em vida, mas sua obra continua reverberando em muitos artistas brasileiros até hoje, haja vista, o presente espetáculo.

“O importante, para ele, era comunicar. Com esse trabalho, o que eu desejo é poder instigar as pessoas a pensarem com ele. Acho que é uma figura muito interessante e importante para refletirmos sobre nossa sociedade”, conclui Tuca.

“Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo” estreou nacionalmente em março de 2023, em Recife/PE, com temporada no Teatro Hermilo Borba Filho, em 2024 cumpriu temporada no Sesc Pompéia, em abril e maio. A circulação pelo Centro Cultural Banco do Brasil teve início no CCBB Belo Horizonte, em maio e junho. Após a temporada no CCBB Rio de Janeiro a peça será apresentada no CCBB Brasília, em novembro e dezembro.

Ficha técnica

“Let´s Play That ou Vamos Brincar Daquilo”

  • Criação e Atuação: Tuca Andrada, a partir da obra e vida de Torquato Neto
  • Direção, Cenário e Figurino: Tuca Andrada e Maria Paula Costa Rêgo
  • Direção Musical: Caio Cezar Sitonio
  • Músicos: Caio Cezar Sitonio e Pierre Leite
  • Direção de Movimento: Maria Paula Costa Rêgo
  • Iluminação: Caetano Vilela
  • Assistência e Programação de Luz: Nicolas Caratori
  • Operação de Luz: Wladimir Alves Fernandes
  • Operação de Som: Raquel Brandi
  • Parangolé: Izabel Carvalho
  • Intérprete de Libras: Diana Dantas e Lorena Sousa
  • Assessoria Contábil: Confiare
  • Assessoria de Imprensa: Ney Motta
  • Fotografia: Matheus José Maria, Ronald Nascimento e Ashlley Melo
  • Criação de Vinhetas: Daniel Barros
  • Projeto Gráfico: Humberto Costa
  • Produção Executiva: Tuca Andrada e Adriana Teles
  • Realização: Iluminata Produções Artísticas

Serviço

“Let’s Play That ou Vamos Brincar Daquilo”

  • Direção: Tuca Andrada e Maria Paula Costa Rêgo
  • Elenco: Tuca Andrada
  • Temporada: 15 de agosto a 15 de setembro de 2024
  • Dias e horários: Quinta à sábado às 19h e domingo às 18h
  • Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro III
  • Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro
  • Informações: 21 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br
  • Valor do ingresso: R$ 30 (inteira) e R$15 (meia)
  • Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada.
  • Ingressos adquiridos na bilheteria do CCBB ou antecipadamente pelo site https://ccbb.com.br/rio-de-janeiro 
  • Funcionamento do CCBB Rio: de quarta a domingo, das 9h às 20h (fecha às terças).
  • Duração: 75 minutos
  • Classificação: 16 anos

O Pássaro na Gaiola reflete sobre racismo e patriarcado 

Pássaro na Gaiola – Foto de Renato Mangolin

Dirigida e produzida por Arlindo Lopes, com dramaturgia de César Mello e protagonizada por Renata Vilela, O Pássaro na Gaiola estreia no dia 31 de agosto, sábado, às 20h, no Teatro Estúdio. A temporada segue até 22 de setembro, com sessões aos sábados, às 20h, e domingos às 17h. A pesquisa para O Pássaro na Gaiola tem como foco Ruby, uma personagem fictícia inspirada em Ruby Bridges. Através dessa personagem, o público é conduzido pelas histórias da atriz protagonista, Renata Vilela, e de Maya Angelou. Ao combinar elementos fictícios com fatos reais, o objetivo do espetáculo é mergulhar no subconsciente de diversas mulheres que, mesmo enfrentando a dor, conseguiram superar seus traumas. 

 “Essa peça nasceu de uma vontade de contar histórias próximas às minhas experiências de vida. Sempre penso que a inquietação do artista é uma abertura para portais que criam um novo olhar para o mundo, e claro juntamente com histórias de mulheres que provocaram mudanças sociais, políticas e ideológicas só me faz vislumbrar um mundo de mais justiça, cura e redenção. Precisamos nos orgulhar e nos encontrar com histórias que elevam o nível da humanidade”, relata Renata Vilela.

 O espetáculo narra a trajetória de Ruby, uma escritora que visita seu passado, enfrentando as memórias que a moldaram. Ela revive momentos cruciais de sua vida, com a oportunidade de reescrever sua própria história. Em um cenário dominado pelo racismo e patriarcado, Ruby se une a outras mulheres na busca por afirmar-se como uma figura forte e independente.

 A história se passa vinte anos após a morte do Reverendo Martin Luther King, em 1987, onde Ruby recebe a notícia do falecimento de James Baldwin, mentor de Maya Angelou, desencadeando nela uma onda de lembranças e nostalgia. Essa perda faz a protagonista retomar sua trajetória e refletir sobre a vida de Maya Angelou, sua maior mentora e referência.

Com isso, vemos uma prisão metafórica que aprisiona mulheres negras desde a infância, marcada pelo medo, pela rejeição e pela crença de que a cor da pele é um obstáculo à felicidade. No entanto, também retrata o processo de enfrentamento e superação desses medos, a reconstrução pessoal, as conquistas e a possibilidade de recomeçar.

“O texto reflete as histórias que ouço de Renata, seu início no balé clássico, suas experiências na dança contemporânea, sua vida de atriz, suas lembranças da infância, sua relação e experiências como filha, esposa, amiga e suas batalhas como mulher negra dentro dessa estrutura social racista, branca e excludente. É um exercício de tentar entender as diversas violências a que ela foi e está sujeita, mas também seu poder de resiliência, suas vitórias e sua garra em continuar evoluindo como mulher e artista”, conclui César Mello.

Ficha Técnica:

Dramaturgia: César Mello. Direção e produção: Arlindo Lopes. Elenco: Renata Vilela. Assistência de Direção e Preparação Corporal: Vanessa Pascale. Figurinos: Tereza Nabuco. Cenário: Teca Fichinski. Iluminação: Danielle Meireles. Direção Musical e Trilha Sonora: Gui Leal. Bonequeiro eArtes plásticas: Dante. Design Gráfico: Gilberto Filho. Visagismo e Coreografias de Balé: Marcos Andrade. Fotografia: Renato Mangolin. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produção: Pássaro Azul Produções em parceria com Capitão Castanho Produções. Realização: Cemear Produções Artísticas.

Serviço:

Espetáculo Pássaro na Gaiola

Teatro Estúdio
Endereço: Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos.
Capacidade: 113 lugares.

Inspirado na cultura boliviana grupo Sobrevento estreia espetáculo Para Mariela

Para Mariela – Foto de Lauro Medeiros

Abordando o sonho de uma vida simples e o mundo da imigração, a nova peça do Grupo Sobrevento, Para Mariela, celebra os 38 anos de atividade do coletivo. A temporada de estreia acontece entre os dias 6 de setembro e 14 de outubro, com sessões de sexta a segunda, às 20h, no Espaço Sobrevento, no Belenzinho. 

Com direção de Luiz André Cherubini e Sandra Vargas, o espetáculo trata da busca de um mar utópico a partir do trabalho e do sonho de uma vida mais simples. Ao longo de 18 meses, o Sobrevento visitou escolas, Centros de Imigrantes, ONGs e diversas organizações vizinhas à sua sede – tudo para se abrir para a população do entorno e descobrir as histórias encerradas nos poucos objetos de afeição que essas pessoas guardam.  

A maioria das narrativas foi contada pelas crianças da vizinhança, muitas delas imigrantes bolivianas. Por meio desses relatos, o grupo pôde entender um pouco melhor a realidade e os sonhos que os envolvem. E, ao mesmo tempo, conseguiu reconhecer e compreender melhor a si mesmo. 

“Entramos em contato com uma população em situação de vulnerabilidade social. Por isso, quisemos fazer da nossa sede um ponto de encontro. Esses imigrantes vivem temerosos e não têm uma vida muito fora de casa. Quando nos aproximamos das crianças, elas começaram a insistir que queriam ir ao teatro. E elas e as suas famílias passaram a ir frequentemente ao Sobrevento”, conta Sandra, que também assina a dramaturgia.   

Sobre a encenação

Para representar essa realidade, o coletivo explorou músicas e sonoridades de diferentes regiões da multicultural Bolívia: a andina, a aimara, a chaquenha. Esses elementos revelam, aos poucos, o próprio ambiente do espetáculo e a busca do mar perdido, que simboliza tanto os sonhos de um futuro mágico quanto a infância deixada para trás.

A dramaturgia da peça não é linear. No elenco estão Sandra Vargas, Luiz André Cherubini, Maurício Santana, Agnaldo Souza, Liana Yuri e Daniel Viana.

“No início, falamos da nossa infância. Depois, abordamos a busca pelo sol, que foi muito falada pelas crianças, e, por fim, chegamos aos relatos dessa população do bairro. É como se nós, adultos, conseguíssemos nos reencontrar com a nossa infância. E, a todo o momento, o mar está presente.”, comenta Sandra.

O grupo acredita na ideia de “amadurecer rumo à infância” do escritor polonês-ucraniano Bruno Schulz que – como disse Francesco Cataluccio –, “descrente das possibilidades do conhecimento humano, havia dado livre curso à fantasia e à “mitificação” da realidade”, em busca da infância perdida, “daquele período em que tudo parecia – e era – possível”. 

Dessa forma, influenciado por sua pesquisa em Teatro para Bebês e Teatro de Objetos, o Sobrevento optou por utilizar uma linguagem simples e uma estética apoiada em elementos cotidianos, como mochilas, bichinhos de pelúcia e até uma garrafa d’água, que possibilitam entendimentos muito profundos do mundo. “Nós confiamos no caráter poético dos objetos que guardam afetos e nas histórias que deles emana”, acrescenta a diretora. 

O grupo tem o objetivo de promover a comunhão de adultos e crianças, cultivando encontros atrativos a todos. Essa, inclusive, foi uma lição aprendida com a própria história do Teatro de Bonecos e dos Teatros Populares. E, por esse motivo, Para Mariela é destinado a um público de idades variadas. 

Sinopse

“Para Mariela,” a nova peça do Grupo Sobrevento, comemora os 38 anos do coletivo com uma reflexão sobre os sonhos de uma vida simples e a complexidade da imigração. Dirigido por Luiz André Cherubini e Sandra Vargas, o espetáculo explora a busca por um mar utópico, símbolo da infância e dos sonhos perdidos. Baseada em histórias de crianças imigrantes bolivianas da comunidade local, a peça utiliza uma linguagem simples e objetos cotidianos para criar uma narrativa poética e envolvente. “Para Mariela” é uma celebração das memórias e afetos que unem adultos e crianças em um encontro artístico profundo e universal.

Sobre o Grupo Sobrevento

O Grupo Sobrevento realizará a sua temporada no Espaço Sobrevento, única sala da cidade dedicada especialmente ao Teatro de Animação que neste ano completa 15 anos . É um dos grupos teatrais mais destacados e atuantes do país. Desde sua fundação, em 1986, realizou mais de 6 mil apresentações – “Que é como se tivéssemos subido ao palco dia sim, dia não, por mais de 30 anos”, diz o diretor Luiz André Cherubini –, visitou em torno de 200 cidades do Brasil, outras 40 da Espanha e esteve em mais de 20 países de quatro continentes, representando o Brasil em lugares tão distantes quanto Irã, China e Estônia, e outros tão próximos como Argentina, Chile e Colômbia. “Criamos cerca de 30 espetáculos. Mantemos 20 em repertório.” Completa Sandra Vargas.

FICHA TÉCNICA

Criação: Grupo Sobrevento
Direção:  Luiz André Cherubini e Sandra Vargas 
Dramaturgia: Sandra Vargas 
Elenco: Sandra Vargas, Luiz André Cherubini, Maurício Santana, Agnaldo Souza, Liana Yuri e Daniel Viana
Músicos: Goyo (charango) e Lolo (violão e flautas)
Iluminação: Renato Machado
Figurino: João Pimenta
Assistente de Figurinos: Jaqueline Lima e Sofia Duarte
Cenografia, direção musical, letras e adaptação das canções: Luiz André Cherubini 
Cenotecnia: Agnaldo Souza 
Máscaras e adereços: Agnaldo Souza, Liana Yuri e Mandy
Bonecos: Agnaldo Souza e Luiz André Cherubini
Assistências confecção bonecos e máscaras: Mosaico Cultural e Giulliana Pellegrini
Supervisão Música Boliviana: Juan Cusicanki
Técnico de Iluminação: Marcelo Amaral
Programação visual: Ato gráfico
Fotografia: Lauro Medeiros
Registro Audiovisual e Teaser: Icarus Filmes
Assessoria de Imprensa: Canal Aberto – Márcia Marques, Daniele Valério e Carina Bordalo

SERVIÇO
Para Mariela
Data: 6 de setembro a 14 de outubro de 2024, de sexta a segunda, às 20h
Local: Espaço Sobrevento – Rua Coronel Albino Bairão, 42 – Belenzinho – a três quadras do Metrô Bresser
Ingressos grátis – reservas no email: info@sobrevento.com.br
Classificação: Livre | Duração: 60 minutos
Acessibilidade: sim

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