Trajetória artística do compositor Fernando Pellon será contada em documentário

A ideia do diretor Fabio Giorgio é mostrar o itinerário biográfico e criativo percorrido pelo artista

por Redação
Fernando Pellon

A trajetória artística do compositor Fernando Pellon vai ser mostrada em documentário que registra a sua obra a partir do lançamento da sua primeira produção musical, no início dos anos 1980, período em que ele era um dos integrantes do coletivo de artistas Malta da Areia, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. A direção é do paulistano Fabio Giorgio.

Fabio é escritor, realizador audiovisual, pesquisador e foi quem viabilizou o show que Fernando Pellon realizou com repertório do disco “Cadáver pega fogo durante o velório”, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, em 2018.

Ele contou que está considerando todos os formatos audiovisuais nessa empreitada, “motivado por um ímpeto historiográfico e jornalístico”, na tentativa de reconstruir o itinerário biográfico e criativo percorrido pelo compositor “até a confecção do produto artístico, propriamente, que permanece fustigando sensibilidades e curiosidades, não apenas mórbidas, mesmo após quatro décadas ”.

“Precisamente, a efeméride das quatro décadas de carreira do Pellon coincide com o lançamento do disco ‘Cadáver pega fogo durante o velório’’, em 1984. E a minha proposta é dissecar os movimentos e ações decisivas para o disco ser viabilizado, afinal, sequer houve shows de lançamento, há poucos documentos de época que registrem os bastidores daquela mobilização e o disco é raramente tocado em rádio”, explicou Fabio.

Em sua pesquisa para a realização do filme Fabio vem reunindo material de diversas fontes. Conteúdos jornalísticos e entrevistas com antigos parceiros de Fernando Pellon que participaram da concepção e da produção do disco, textos e blogs da internet, com o objetivo de apurar a “recepção e a renovação” do público que a obra angariou nas duas últimas décadas.

“Pretendo abordar o grupo de trabalho Malta da Areia, nas figuras de antigos colaboradores como Fatinha Lannes e Tunico Frazão, a imersão musical desde as serestas na casa dos pais de Pellon no Grajaú (bairro da zona norte do Rio), o primeiro parceiro (Arlindo Carlos Silva da Paixão, o Mongol), outros cúmplices musicais, como Paulinho Lêmos e Roberto Bozzetti. E ampliar o olhar, digamos, para as outras facetas do Pellon e correlacioná-las ao trabalho artístico, propriamente. Os contrastes são muito interessantes”, afirmou o diretor.

Fabio conheceu a produção musical de Fernando Pellon na segunda metade da década de 1980. “Eu jurava que tinha sido em show do Língua de Trapo, mas o Laerte Sarrumor, do próprio Língua, corrigiu a imprecisão da minha memória asseverando que a música ‘Carne no jantar’, a primeira composição do Pellon que conheci, havia sido incluída em show solo dele (Laerte), no final dos (anos) 80”.

Em 1992, ao localizar o disco “Cadáver pega fogo durante o velório” no acervo da rádio USP-FM, Fabio passou a tocar a gravação da mesma música, com a interpretação do sambista Nadinho da Ilha, no programa “Risco no disco” que produzia e apresentava na emissora da universidade paulista com alguns amigos. Ele afirma que vê o trabalho de Fernando Pellon “como inovador na abordagem poética, na temática, política e esteticamente transgressor e clássico nas melodias e roupagem sonora”.

Fernando Pellon tem quatro discos lançados, mas é o seu primeiro trabalho registrado em estúdio que serviu de argumento e dá forma ao roteiro do documentário. “O ‘Cadáver’ é emblemático e registra a gênese de uma persona que Pellon forjou e coexiste com aspectos marcantes de sua vida ‘oficial’: a família, a geologia, a prática religiosa, a vida cultural no Rio”, disse Fabio, citando ainda que o álbum “já é um patrimônio cultural underground brasileiro”.

“Então, que o filme possa ao menos fustigar novos e mais variados públicos para a fruição, também, dos demais discos. Inegavelmente, potência é o que não falta na obra do Pellon”, declarou Fabio Giorgio.

A ideia do diretor é que o filme fique pronto até o início do segundo semestre. “Estamos na fase de captação dos depoimentos”.

Foto Fernando Pellon (sentado): Divulgação

Foto de Fabio Giorgio: Aline Greco

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