Três Mulheres Altas retorna ao Rio de Janeiro  

O enconro de gerações é um dos motes da peça - Foto de Pino Gomes

Escrita por Edward Albee (1928-2016) no início da década de 90, ‘Três Mulheres Altas’ logo se tornou um clássico da dramaturgia contemporânea. Perversamente engraçada – como é a marca do autor –, a peça recebeu o Prêmio Pulitzer e ganhou bem-sucedidas montagens pelo mundo, ao trazer o embate de três mulheres em diferentes fases da vida: juventude, maturidade e velhice. Após passar por sete cidades e ter quase 40 mil espectadores na plateia, a peça retorna ao Rio de Janeiro a partir de 4 de julho, no Teatro Copacabana Palace, onde estreou em 2022 e teve a temporada completa com lotação esgotada, assim como aconteceu na passagem por São Paulo. De lá para cá, Deborah Evelyn ganhou o Prêmio APTR de Melhor Atriz e o espetáculo somou indicações a prêmios como o Cesgranrio, Bibi Ferreira e Cenym.

Dirigida por Fernando Philbert, a nova versão da peça traz no elenco Suely Franco, Deborah Evelyn e Fernanda Nobre, tem tradução de Gustavo Pinheiro e produção da WB Produções, de Bruna Dornellas e Wesley Telles.O espetáculo é apresentado por Bradesco Seguros, através da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Em cena, as atrizes interpretam três mulheres, batizadas pelo autor apenas pelas letras A, B e C. A mais velha (Suely Franco), que já passou dos 90, está doente e embaralha memórias e acontecimentos, enquanto repassa a sua vida para a personagem B (Deborah Evelyn), apresentada como uma espécie de cuidadora ou dama de companhia. A mais jovem, C (Fernanda Nobre), é uma advogada responsável por administrar os bens e recursos da idosa, que não consegue mais lidar com as questões financeiras e burocráticas.

Entre os muitos embates travados pelas três, a grande protagonista do espetáculo é a passagem do tempo e também a forma com que lidamos com o envelhecimento. ‘O texto do Albee nos faz refletir sobre ‘qual é a melhor fase da vida?’, além de questões sobre o olhar da juventude para a velhice, sobre a pessoa de 50 anos que também já acha que sabe tudo e, fundamentalmente, sobre o que nós fazemos com o tempo que nos resta. Apesar dos temas profundos, a peça é uma comédia em que rimos de nós mesmos’, analisa o diretor Fernando Philbert.

A última e até então única encenação do texto no Brasil foi logo após a estreia em Nova York, em 1994. Philbert e as atrizes da atual montagem acreditam que a nova versão traz uma visão atualizada com todas as mudanças comportamentais e políticas que aconteceram no mundo de lá para cá, especialmente nas questões femininas, presentes durante os dois atos da peça. Sexo, casamento, desejo, pressões e machismo são temas que aparecem nos diálogos e comprovam a extrema atualidade do texto de Albee.

A estreia marca ainda os 17 anos de atuação dos produtores Bruna Dornellas e Wesley Telles, que celebram mais de quinze produções próprias e mais de 500 espetáculos em que assumiram a coprodução em Vitória (ES). Neste período, foram mais de 2000 sessões e a incrível média de mais de um milhão de espectadores.

Trajetória de um clássico instantâneo

Escrita em 1991 e lançada em 1994, ‘Três Mulheres Altas’ representou uma virada na trajetória de Edward Albee, que recebeu as suas melhores críticas e viu renascer o interesse por sua obra. Aos 60 anos, ele ganhou o terceiro Prêmio Pulitzer, além de dois Tony Awards e uma série de outros troféus em premiações mundo afora.

A peça tem características autobiográficas e foi escrita pouquíssimo tempo depois da morte da mãe adotiva do autor, que teria inspirado a personagem mais velha. Após abandoná-la aos 18 anos, Albee voltou a ter contato com a mãe em seus últimos dias, quando já estava doente de Alzheimer. No entanto, alguns especialistas em sua obra defendem que a peça não pode ser reduzida a este fato.

‘Três Mulheres Altas’ vai além de ser um retrato de sua mãe. O texto traz o olhar mordaz e perverso – por que não dizer cômico – de Albee para a classe média alta americana e toda a sua hipocrisia, ao falar sobre status, sucesso, sexo e abordar a visão preconceituosa da sociedade e as relações que as três mulheres travam com o mundo, sempre atravessadas pelo filtro machista.

‘Três Mulheres Altas’ estreou na Broadway em 1994, no Vineyard Theatre, e no mesmo ano chegou ao West End, em Londres, no Wyndham’s Theatre, além de iniciar uma turnê pelos Estados Unidos com a montagem americana e render versões na Espanha (‘Tres mujeres altas’) e Portugal. Em 2018, o texto foi remontado na Broadway, com direção de Joe Mantello (‘Wicked’, ‘Take me out’, ‘Assassins’) e estrelado por Glenda Jackson, Laurie Metcalf e Alison Pill.

No Brasil, a peça foi dirigida por José Possi Neto, em 1995, e recebeu os prêmios APCA e Mambembe de Melhor Espetáculo.

 FICHA TÉCNICA

TRÊS MULHERES ALTAS

  • Texto: Edward Albee
  • Direção: Fernando Philbert
  • Com Suely Franco, Deborah Evelyn e Fernanda Nobre
  •  Tradução: Gustavo Pinheiro
  • Direção de produção: Bruna Dornellas e Wesley Telles
  •  Produtora Executiva: Clarice Coelho
  •  Participação especial: João Sena
  •  Desenho De Luz: Vilmar Olos
  • Cenografia: Natália Lana
  • Trilha Sonora: Maíra Freitas
  • Figurino e Visagismo: Tiago Ribeiro
  • Assistência de Direção: João Sena
  •  Fotos: Pino Gomes
  • Criação da Arte: Nós Comunicação
  • Vídeos: Stone Art Films
  • Assistente de interpretação: Gutenberg Rocha
  • Cenógrafa assistente: Marieta Spada
  • Assistente de cenografia: Malu Guimarães
  • Cenotécnico: André Salles e equipe
  • Costura de cenário: Nice Tramontin
  • Produção de arte: Natália Lana
  • Efeitos especiais: Mona Magalhães / Carlos Alberto Nunes
  • Costura: Ateliê das Meninas
  • Beleza: Cinthia Rocha
  • Peruqueira: Emi Sato
  • Assistentes de beleza: Deborah Zisman e Blackjess
  • Técnico de Som: Bernardo Aragão
  • Técnico de Luz: Bernardo Amorim
  • Diretora de palco: Lucia Martinusso
  • Camareira: Silvia Siqueira
  •  Designer Gráfico: Jhon Lucas Paes
  • Mídias sociais e Marketing Digital: Ismara Cardoso
  • Gestão de Tráfego: Válvula Marketing
  • Intérprete de Libras: ENCANTARTE / Kátia Alves Libras
  • Assistente de Produção: Lays Mattos
  • Produção: Arte Estudio Entretenimento
  •  Coordenação Administrativa: Vianapole Design e Comunicação
  • Gestão de Projetos: Deivid Andrade
  • Assessoria Jurídica: Maia, Benincá & Miranda Advocacia
  • Assessoria Contábil ES: Gavacon Contabilidade
    Assessoria Contábil SP: Real Time Contabilidade
  •  Apresentado por: Ministério da Cultura e Bradesco Seguros
  • Produção: Arte Estúdio Entretenimento
  • Realização: WB Entretenimento

SERVIÇO:
TRÊS MULHERES ALTAS, de Edward Albee
Temporada no Rio de Janeiro/RJ
Teatro Copacabana Palace- Av. Nossa Sra. de Copacabana, 261 
04 de julho a 29 de setembro*
Quintas, sextas e sábados, às 19h30. Domingos, às 17h.

INGRESSOS
Plateia, frisas e camarote: R$ 160,00 (inteira) e R$ 80,00 (meia-entrada).
Balcão: R$ 39,60 (inteira) e R$ 19,80 (meia-entrada) (visão parcial)

VENDAS
On-line pelo site ou app da Sympla
Na bilheteria do teatro durante a temporada, todos os dias de espetáculo 2h antes.

Gênero: Comédia Dramática
Classificação Indicativa: 12 anos
Duração: 100 minutos

*Não teremos espetáculo nos dias 3 e 4 de agosto e 5, 6 e 7 de setembro

 

Marco Nanini faz nova temporada de Traidor em  São Paulo

Há 18 anos, estreava ‘Um Circo de Rins e Fígados’, montagem que reuniu pela primeira vez os talentos de Marco Nanini e Gerald Thomas. O trabalho rendeu uma bem- sucedida trajetória, com direito aos principais prêmios da época e diversas temporadas. Quase duas décadas depois, o encontro desses dois ícones do teatro brasileiro resultou em mais um espetáculo: ‘Traidor’, que estreou em São Paulo com uma temporada de lotação máxima, feito que se repetiu em Belo Horizonte e com as sessões no 32º Festival de Curitiba, que esgotaram cinco mil lugares a mais de um mês das apresentações. ‘Traidor’ passou ainda pelo Rio de Janeiro em uma temporada de sucesso durante o mês de abril no Teatro Prio. Agora, em julho, reestreia em curta temporada no Teatro Sérgio Cardoso, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), a partir do dia 4 de julho. 

Produzido por Fernando Libonati, o novo trabalho foi sendo criado ao longo do último ano, a partir de uma intensa troca de mensagens entre o trio formado por Nanini, Gerald e Libonati. Entre as estreias de ‘Um Circo de Rins e Fígados’ e ‘Traidor’, o mundo sofreu transformações irreversíveis, como o trauma pós-pandêmico, a incontornável revolução digital com suas inteligências artificiais, o virtual substituindo o mundo real e a ruptura democrática sofrida em diversas escalas mundo afora. O texto da atual peça foi criado sob influência deste caldeirão contemporâneo, no estilo que consagrou Gerald Thomas.

E o ponto de partida foi justamente o espetáculo anterior, que é retomado e citado em algumas cenas, ainda que todo o mote agora seja outro. Desta vez, Nanini está isolado em uma ilha, é acusado de algo que ele não cometeu e dialoga com a própria consciência, com seus fantasmas e suas reflexões sobre o passado, o presente e o futuro. É como se toda a ação se passasse dentro de sua cabeça:

“Se houvesse um cruzamento entre Kafta e Shakespeare, então esse seria ‘Traidor’, uma espécie de híbrido entre o Joseph K, de ‘O Processo’, e Próspero, de ‘A Tempestade’, cuja mente renascentista olha para o futuro da civilização, perdoa seus detratores e os absolve”, resume o diretor.

Entre a tragédia e o humor, o otimismo e o pessimismo, Nanini conversa consigo mesmo e com as suas indagações, materializadas no elenco formado por Cadu Libonati, Hugo Lobo, Ricardo Oliveira e Wallace Lau.A montagem traz a concepção visual do próprio Gerald Thomas, com figurinos deAntoni o Guedes, iluminação de Wagner Pinto e a cenografia de Fernando Passett.

‘Traidor’ marca ainda a volta de Nanini ao teatro, depois da pandemia e um período em que emendou trabalhos no audiovisual. Após ‘Ubu Rei’ (2017), seu último espetáculo, ele esteve em novelas, estrelou o premiado longa ‘Greta’, de Armando Praça, atuou nas séries ‘Sob Pressão’ e gravou ‘João Sem Deus’, que acaba de estrear no streaming. Ainda no período de isolamento, ele idealizou e produziu ‘As Cadeiras’ junto com Fernando Libonati, que também dirigiu a adaptação do clássico de Ionesco. Nesta temporada, o ator ainda lançou a biografia ‘O Avesso do Bordado’ (Companhia das Letras), escrita pela jornalista Mariana Filgueiras ao longo dos últimos cinco anos.

Reconhecido pela meticulosa construção de cada personagem e o apreço pelos ensaios, Nanini reconhece que o teatro segue sendo um oxigênio vital e indispensável, o que é reiterado por Gerald:“Nani ni é o ator mais intenso que conheço. Não tenho dúvidas do que estou dizendo. Digo isso como diretor, mas também como autor. Como eu dirijo em pé, a um metro de distância dele, ouço cada respiração. Chego no hotel e continuo ouvindo a sua voz. Volto a ler o texto, faço a revisão e a voz. A voz do Nanini. Lá está, a voz. Cada respiração dele. Que prazer é, mesmo que só de 18 em 18 anos, escrever pra ele e dirigi-lo, ter Marco Nanini pela frente é tudo”, celebra o diretor.

FICHA TÉCNICA

MARCO NANINI em ‘TRAIDOR’

  • Texto, direção e concepção visual GERALD THOMAS
  • Elenco CADU LIBONATI, HUGO LOBO, RICARDO OLIVEIRA E WALLACE LAU
  • Iluminação WAGNER PINTO
  • Cenografia FERNANDO PASSETTI Figurinos ANTONIO GUEDES
  • Direção Musical e Trilha Sonora ALÊ MARTINS
  • Direção de Movimento DANI LIMA
  • Assistente de Direção SAMUEL KAVALERSKI
  • Direção de Produção FERNANDO LIBONATI
  • Coordenação de Produção CAROLINA TAVARES
  • Produção Executiva ÁRTEMIS

Serviço: 

MARCO NANINI em ‘TRAIDOR’

Temporada: De 04 a 21 de julho, quinta-feira (sessão de estreia), às 20h30 sexta-feira, às 20h30, sábado, às 20h30, domingo, às 17h.

Ingressos:  Sympla
Central frente (fileira A a I – 123 lugares) – R$ 180,00 (inteira) R$90,00 (meia-entrada)
Central fundo (fileira J a Z – 184 lugares) – R$ 150,00 (inteira) R$75,00 (meia-entrada)
Lateral frente (fileira A a I – 88 lugares) – R$ 150,00(inteira) R$75,00 (meia-entrada)
Lateral fundo (fileira J a Z – 220 lugares) – R$ 120,00(inteira) R$60,00 (meia-entrada)
Balcão (240 lugares) – R$ 90,00(inteira) R$45,00 (meia-entrada)
Duração: 55 minutos – Classificação: 16 anos

Local: Sala Paschoal Carlos Magno | Teatro Sérgio Cardoso
Endereço: Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista – São Paulo/SP

Lotação: 143 lugares + 6 espaços de cadeirantes
Bilheteria do Teatro Sérgio Cardoso: De terça a sábado, das 14h às 19h | (11) 3288.0136

Estacionamentos próximos: Rua Rui Barbosa, 163 ou Rua Rui Barbosa, 44

Carol Duarte estreia A Visita, solo que expõe a decadência e o adoecimento do pensamento conservador

Em sua dramaturgia de estreia, Aline Klein apresenta ao público uma mulher solitária em seu minúsculo apartamento e nos faz refletir sobre o adoecimento psíquico coletivo e o avanço de movimentos ultraconservadores. A Visita, que estreou em novembro de 2023 no SESC Belenzinho com sessões esgotadas, em São Paulo, desembarca no Rio de Janeiro para uma nova temporada entre 1 de julho e 6 de agosto, com apresentações às segundas e terças-feiras, às 19h. O espetáculo conta com a direção de Murillo Basso, diretor de Agnes de Deus e assistente de direção de Lady Tempestade, e marca a estreia da atriz Carol Duarte em seu primeiro solo.

O conto que inspirou a peça foi escrito durante a pandemia e condensa de maneira crítica e bem-humorada o reacionarismo que deu tom ao cenário político brasileiro nos últimos anos. Para além do já conhecido ódio às diferenças, os artistas se viram invadidos por uma avalanche das mais diversas retóricas intolerantes, até então restritas aos círculos mais radicalizados. 

As mídias digitais, com a disseminação de correntes de mensagens e ausência de filtros, deram voz e poder de coesão aos execradores da pluralidade e produziram visões ensimesmadas e conspiratórias da realidade. “É muito complexo elaborar os fatos históricos que estamos vivenciando, e parece que caímos todos num estado de consternação e incredulidade diante do absurdo”, comenta Aline Klein sobre o contexto que inspirou a criação da peça.

Dialogando criticamente com esse quadro, o espetáculo metaforiza o processo de “saída do armário” de personagens ultraconservadores, situando a ação num pequeno e caótico apartamento, cuja conexão com o mundo se dá, sobretudo, por meio do aparelho celular.

No espetáculo, a mulher confinada recebe uma visita inesperada do trabalho. Ao tentar justificar sua situação, e atormentada por uma estranha presença, ela começa a falar ininterruptamente e se deixa levar por uma torrente de pensamentos até romper com a realidade e mergulhar num discurso ressentido, persecutório e delirante de superioridade. O público se depara a princípio com uma figura complexa, multifacetada, carismática e abjeta, difícil de capturar, difícil de definir, mas que pouco a pouco descortina um pensamento radical e conservador.

“A peça traz para a cena uma figura que embarca num processo de radicalização e fanatismo, levando sua narrativa ao limite entre ficção e realidade. A protagonista vai pouco a pouco vomitando um ressentimento típico da elite decadente paulista, que sonha, pateticamente, ser algo que não é”, diz Carol Duarte sobre a personagem que interpreta.

A direção de Murillo Basso aposta numa imagem-síntese ao enraizar a figura no palco, limitando suas possibilidades de movimento. Desse modo, ele desloca a atenção da plateia para o trabalho minucioso da atriz Carol Duarte, que mobiliza seus recursos para navegar o sofisticado labirinto dramatúrgico criado pela autora. O espetáculo aposta no humor como chave para lidar com a aridez e a violência do discurso da figura central, deixando o público o tempo todo em estado de atenção.

“Sabemos da complexidade e da densidade dos temas que estamos abordando neste espetáculo, mas acreditamos plenamente no potencial da arte e do teatro como plataforma para se discutir a realidade e imaginar novos futuros. Depois destes últimos anos sob ameaça constante, celebremos a liberdade democrática de fazer arte e sigamos em frente com olhos e ouvidos bem abertos!”, diz o diretor da montagem.

FICHA TÉCNICA

  • Atuação: Carol Duarte
  • Direção: Murillo Basso
  • Dramaturgia:  Aline Klein
  • Assistência de Direção: João Victor Toledo
  • Direção de Produção: Canafístula 
  • Assistência de Produção: Gabs Ambròzia
  • Iluminação: Dimitri Luppi
  • Assistência de Iluminação: Felipe Fly
  • Cenografia: Stéphanie Fretin
  • Composição/Trilha Sonora: Muep Etmo
  • Técnica de áudio: Viviane Barbosa
  • Técnico de palco: Iuri Wander 
  • Operador de Luz: Tiago D’Avila 
  • Operação de Som: Gabriel Reis
  • Figurino: Vive Almeida
  • Assistência de Figurino/Acervo: Cay Minutti
  • Designer/Identidade Visual: Fernanda Zotovici
  • Assessoria de Imprensa: Pombo Correio

Serviço

A Visita, de Aline Klein

  • Temporada: 1 de julho a 6 de agosto de 2024
  • Segundas e terças, às 19h. (12 apresentações)
  • Teatro Firjan SESI Centro – Av. Graça Aranha, 1 – Centro, Rio de Janeiro 
  • Ingresso: R$ 40,00 (inteira) e R$ 20,00 (meia)
  • Vendas online pelo Sympla e bilheteria local.
  • Capacidade: 338 lugares
  • Classificação: 14 anos 
  • Duração: 50 minutos

Jorge Farjalla dirige Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, na inauguração do Teatro Estúdio, novo teatro da capital paulista

Clássico do teatro brasileiro, que passou quase duas décadas interditado pela polícia, o texto teve papel decisivo para consolidar a reputação de “autor maldito” frequentemente associada a Nelson Rodrigues (1912-1980). Oitenta anos após sua turbulenta criação, a tragédia Álbum de Família ganha nova montagem na visão de Jorge Farjalla. O espetáculo estreia no dia 6 de julho, sábado, às 20h, e inaugura o Teatro Estúdio, localizado nos Campos Elíseos, zona central da cidade de São Paulo. A temporada vai até 18 de agosto com sessões sempre sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h.

O elenco é formado por Agmar Beirigo, Alexandre Galindo, Daniel Marano, Fernanda Gidali, Helena Cury, Iuri Saraiva, Jullia Leite, Lakís Farias, Lara Paulauskas, Lídia Engelberg, Mariana Barioni e Roberto Borenstein.

A história desvenda os segredos e as tensões de uma família aparentemente tradicional brasileira, no interior de Minas Gerais, na década de 1920. A trama gira em torno do patriarca Jonas (Alexandre Galindo) – um fazendeiro de convicções religiosas fervorosas -, sua esposa, Senhorinha (Mariana Barioni) e seus quatro filhos: Guilherme (Daniel Marano), Edmundo (Iuri Saraiva), Nonô (Agmar Beirigo) e Glória (Fernanda Gidali). Com o tumultuado retorno à casa dos pais, tem início uma série de revelações chocantes sobre a moralidade distorcida dos membros da família, conduzindo a um desfecho trágico e perturbador. A obra é um retrato visceral das disfunções familiares e das hipocrisias sociais, característica do provocador universo rodriguiano.

Para o diretor, uma das características principais da história são as relações humanas. O espetáculo é uma forma de denunciar o retrato de nossa sociedade e suas monstruosidades em evidência dos noticiários. “Este texto escrito por Nelson Rodrigues, talvez seja o que mais se aproxima do universo de Antonin Artaud (dramaturgo francês da década de 1930) e de seu teatro da crueldade, por desmistificar as relações de uma família e sua estrutura instituída pela Igreja. Os personagens desse teatro desagradável sempre querem mais, passam de seus limites para alcançar o que desejam revelando que estão ligados uns aos outros pela cumplicidade, todos sabem o que acontece e o que os espera”.

Além da direção, Jorge Farjalla também assina cenografia, figurinos e adereços. Os figurinos refletem o microcosmo de uma sociedade falida do interior de Minas Gerais dos anos 20, vinda da tradição do café, tanto nas cores quanto nas texturas. Na encenação, todo o elenco permanece em cena, onde um corredor de terra vermelha divide a plateia que fica de frente uma à outra, gerando um jogo de espelhos e proximidade com os atores. A música de Cartola marca a trilha sonora e pontua as cenas do texto de Nelson Rodrigues.

“Todos os personagens do Nelson ganham corpo em cena, inclusive os que estão mais à deriva. Eu trouxe à cena personagens que eram apenas citados na obra, como Nonô e Totinha – a mulher grávida interpretada por Lara Paulauskas. Os símbolos e signos da obra são aqui reforçados na encenação: a terra vermelha do cenário que representa o útero e ressignifica as mortes do texto, o ritual do banho e a água trazendo a purificação desse nicho familiar, tanto no âmbito do profano como no sagrado; quanto mais banho a família toma, mais sujos eles vão ficando”, enfatiza Farjalla.

TRAJETÓRIA DE ÁLBUM DE FAMÍLIA

Escrita por Nelson Rodrigues há quase 80 anos, em 1945, Álbum de Família é reputada como uma das mais polêmicas e controversas peças da dramaturgia brasileira em todos os tempos. O texto veio à luz logo após sua consagração com Vestido de Noiva (1943), que desconcertou o meio intelectual da época com sua linguagem ousada e inovadora, estabelecendo um padrão de excelência inédito. No entanto, Álbum de Família subverteu todas as expectativas da opinião pública, que encampou uma intensa campanha difamatória contra o autor e a obra.  

A repercussão negativa rendeu a Nelson a reputação de “autor maldito”, que o acompanharia durante toda sua carreira. Apesar do desgaste, o dramaturgo não recuou e escreveu, em sequência, ainda nos anos 1940, outros três textos tão incendiários quanto Ábum de FamíliaAnjo Negro (1946), Senhora dos Afogados (1947) e Dorotéia (1949). 

O autor atribuiu a esse conjunto de quatro peças o rótulo de “teatro desagradável” – devido à sua abordagem direta e chocante de temas considerados tabus na sociedade brasileira. Já os estudiosos denominam esse ciclo temático de “peças míticas”, por serem textos marcados por uma profundidade psicológica e uma intensidade dramática que revelam as complexidades da condição humana em sua forma mais crua e visceral.

A primeira produção de Álbum de Família estreou em 1965, no Rio de Janeiro, trazendo no elenco, entre outros, José Wilker, no papel do filho Edmundo – que na montagem de Jorge Farjalla, será interpretado por Iuri Saraiva. O diretor tem uma relação forte com Nelson Rodrigues, em sua trajetória estão montagens de Doroteia (2017), Senhora dos Afogados (2018) e uma versão de Álbum de Família (2005), onde integrou o elenco e fez temporadas em lugares como Rio de Janeiro e Minas Gerais.

FICHA TÉCNICA

Texto: Nelson Rodrigues | Direção e Encenação: Jorge Farjalla | Elenco: Agmar Beirigo, Alexandre Galindo, Daniel Marano, Fernanda Gidali, Helena Cury, Iuri Saraiva, Jullia Leite, Lakís Farias, Lara Paulauskas, Lídia Engelberg, Mariana Barioni, Roberto Borenstein | Iluminação: Aline Santini |Cenografia, Figurinos e Adereços: Jorge Farjalla | Assistência de Figurino: Allan Ferc | Visagista: Eliseu Cabral | Assistentes de Visagismo: Camila Santos e Silvia Rocha | Costureira: Denise Evangelista | Direção de Arte: Jorge Farjalla e Mariana Barioni | Trilha sonora: Jorge Farjalla | Desenho de som: Raul Teixeira | Preparação vocal: Lara Córdulla | Operação de Som: May Manão | Cenotécnico: Alício Silva | Fotos: João Kehl | Teaser e Making off: May Manão |Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes | Produção Executiva: Lara Paulauskas e Gabi Manaia | Direção de Produção: Mariana Barioni e Alexandre Galindo |Realização: Teatro Estúdio. 

SERVIÇO:

Teatro Estúdio

  • Endereço: Rua Conselheiro Nébias, 891 – Campos Elíseos
  • Capacidade: 142 lugares
  • Temporada: De 6 de julho a 18 de agosto
  • Horário: sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h
  • Ingressos: Inteira R$ 80,00 | Meia R$ 40,00 
  • Vendas online: Sympla.com.br 
  • Classificação indicativa: 18 anos. Tempo de duração: 90 minutos.
  •  

 

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