TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA: Teatro Griot, Felipe M. Bragança e Catarina Wallenstein apresentam performance inédita que homenageia Ruy Guerra, dias 18 e 19 de julho, na Sala da Cinemateca do MAM-RJ

Pela primeira vez no Brasil, a companhia luso-angolana mostrará - de graça - a performance criada em parceria com o cineasta brasileiro Felipe M. Bragança e com a atriz portuguesa Catarina Wallenstein para homenagear o cineasta moçambicano

por Redação

Nos dias 18 e 19 de julho, sexta e sábado, às 19h, o público carioca poderá assistir, de graça, à performance inédita “TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA)”, na recém-reformada Sala da Cinemateca do MAM–RJ. A obra – uma criação conjunta do cineasta brasileiro Felipe M. Bragança, do grupo teatral luso-angolano Teatro Griot e da atriz portuguesa Catarina Wallenstein – homenageia o cineasta moçambicano-brasileiro Ruy Guerra, de 94 anos, unindo as linguagens do cinema e do teatro para reencenar, a partir de uma estética futurista, as memórias do massacre de Mueda, episódio central da história de independência de Moçambique, ocorrido em 1969.

Esta será a primeira vez que a companhia Teatro Griot se apresentará no Brasil. Fundado em 2005, o grupo é considerado o primeiro grupo de teatro negro em atividade contínua em Portugal. A performance foi criada em 2021, especialmente para a celebração dos 90 anos de Ruy Guerra e já foi apresentada em Lisboa e em Berlim. O cineasta, convidado de honra, estará presente.

Devíamos ao grande Ruy, hoje com 94 anos, uma apresentação no Brasil. Será muito forte poder mostrar a ele o que criamos e revisitar as memórias do ‘Massacre de Mueda’, que em 2025, completou 65 anos”, afirma o cineasta Felipe M. Bragança.

No palco e na tela, o público acompanhará um viajante do tempo que tenta retornar ao dia do massacre, mas se vê preso dentro das memórias de um filme. Com a ajuda de um ator esquecido, de uma mulher ciborgue e do fantasma de uma cantora, ele busca responder à seguinte pergunta: “para onde vai um futuro que nunca chega?”.

Com direção e texto final de Felipe M. Bragança, a performance tem no elenco Zia Soares, Daniel Martinho, Gio Lourenço, Matamba Joaquim e Catarina Wallenstein, além de trilha sonora original dos moçambicanos Selma Uamusse, Milton Gulli e 40D.

“TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA)” presta homenagem a Ruy Guerra que, aos 94 anos, continua sendo referência incontornável do cinema político e poético. Seu filme “Mueda – Memória e Massacre” (1979) foi o primeiro longa-metragem do Moçambique independente, que tem trechos incorporados à performance em palco.

O ponto de partida da performance veio por Bragança, que conheceu e se apaixonou pela história da independência moçambicana quando escrevia o roteiro de “Um Animal Amarelo”, seu longa de 2020, que se passava em território moçambicano:

Nas pesquisas, me deparei com o filme de Ruy Guerra, ‘Mueda’, e fiquei encantado com a ideia daquela comunidade que repetia, em um ritual teatral e catártico, o dia do massacre em que o exército de ocupação colonial português ceifou tantas vidas. A vontade de criar algo em torno desse episódio se concretizou quando conheci o trabalho fantástico do Teatro Griot em 2018, em uma temporada que passei em Lisboa”, relata o cineasta.

O trabalho do Teatro Griot casou muito bem com a o conceito inicial da performance. A companhia tem como foco a criação de obras que abordam a experiência negra, o passado colonial, a diáspora africana e as interseções entre memória, identidade e política hoje. A estética futurista vem para refletir sobre o idéia de memória e eternidade:

O massacre de Mueda figura como um dos maiores marcos históricos da formação do Moçambique independente. Sua memória, eternizada no tempo e no filme de Ruy Guerra, faz dele uma espécie de ferida aberta e de monolito incontornável. Essa ideia de eternidade, de um passado congelado, de um evento repetido até o infinito, foi nos inspirando a pensar uma performance que dialogasse com a memória colonial como uma ruína translúcida através da qual emergiria a projeção de futuros possíveis. O futuro como uma espécie de teatro da vida, que pudéssemos inventar para além da opacidade das cicatrizes. O teatro, e o cinema, como máquinas do tempo”, acrescenta Bragança.

Entre fantasmas do passado e visões do futuro, “TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA)” transforma a cena em ritual, o cinema em memória viva e o teatro em um gesto urgente de reinvenção do tempo.

SINOPSE: Um viajante do tempo tenta retornar ao dia do “Massacre de Mueda” em 1969, onde mais de 300 moçambicanos foram mortos pelo exército português, mas se vê preso dentro das memórias de um filme. Com a ajuda de um ator esquecido, de uma mulher cyborg e do fantasma de uma cantora, o viajante do tempo tenta retomar o fio de suas memórias e responder à pergunta: para onde vai um futuro que nunca chega? Uma fábula futurista sobre as ruínas do tempo e do cinema.

FICHA TÉCNICA:

Criação: Felipe M. Bragança, Teatro Griot e Catarina Wallenstein

Texto final e direção: Felipe M. Bragança

Elenco: Zia Soares, Daniel Martinho, Gio Lourenço, Catarina Wallenstein e Matamba Joaquim

Música original: Selma Uamusse, Milton Gulli e 40D

Figurinos e adereços: Ana Carolina Lopes e Vitor Gonçalves

Artes gráficas: Luang Dacach

Assistência de encenação (Brasil): Felipe Dutra

Cenografia e adereços adicionais (Brasil): Tainá Medina

Com trechos do filme Mueda – Memória e Massacre, de Ruy Guerra

Financiamento: DGARTES – República Portuguesa

Apoio: Cinemateca do MAM – RJ e Duas Mariola Filmes

SERVIÇO:

TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA)

  • Datas: 18 e 19 de julho de 2025
  • Horário: 19h
  • Local: Sala da Cinemateca do MAM – RJ – Av. Infante Dom Henrique, 85, Flamengo
  • 58 minutos. 12 anos. Grátis
  • Retirada de ingressos em: https://mamrio.byinti.com/#/ticket/

SOBRE:

FELIPE M. BRAGANÇA – CRIAÇÃO E TEXTO: Felipe M. Bragança, 44 anos, carioca, cresceu entre o centro do Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense. Estudou cinema na UFF e desde 2003 realiza e escreve filmes. Seus filmes como diretor foram todos apresentados em festivais como Cannes, Locarno, Berlin, Rotterdam e Sundance. Colaborou como roteirista em filmes de cineastas como Karim Aïnouz, Marina Meliande, Helvécio Marins Jr. e José Henrique Fonseca. Teve retrospectiva de seus filmes em Berlin (Arsenal Institute e Wolf Kino), Paris (Jeu de Paume) e Los Angeles (CalArts). Seus últimos filmes “Não Devore Meu Coração” (2017) e “Um Animal Amarelo” (2020), estiveram em competição em Sundance, Berlinale e Rotterdam. Neste momento, filma uma nova adaptação para o cinema de “MACUNAÍMA”, o clássico modernista de Mário de Andrade.

TEATRO GRIOT – CO-CRIAÇÃO E ATUAÇÃO: O Teatro GRIOT, fundado em 2009 na cidade de Lisboa, é uma companhia de teatro cuja programação se organiza a partir de reflexões implicadas na construção e problematização da Europa contemporânea, decorrentes das vivências dos seus membros, que se relacionam com a condição do que é ser artista, negro, imigrante e estrangeiro em Portugal. A companhia aprofunda as tensões que se estabelecem entre corpos e territórios, entre memórias e imaginários coletivos e individuais, configurando e operando em espaços de interseções de geografias e simbologias, visando a depuração estética e discursiva necessária para a construção da Cena. Em TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA), Zia Soares, Daniel Martinho, Gio Lourenço e Matmaba Joaquim estarão em cena.

CATARINA WALLENSTEIN – CO-CRIAÇÃO E ATUAÇÃO: Catarina Wallenstein, 36 anos, é atriz com uma das mais sólidas carreiras em Portugal: no cinema, no teatro e na televisão. Estudou teatro na Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa e no Conservatoire National d’Art Dramatique em Paris. Atuou em filmes como Singularidades de uma Rapariga Loira de Manoel de Oliveira, Lobos de José Nascimento, Um Amor de Perdição de Mário Barroso, , Filme do Desassossego, Peregrinação, O Ano da Morte de Ricardo Reis (2020) de João Botelho, Um Animal Amarelo de Felipe M. Bragança (2020) e As Meninas Exemplares de João Botelho (2025 – inédito).

SELMA UAMUSSE, MILTON GULLI e 40D – TRILHA SONORA: Um trio de artistas moçambicanos assina a trilha sonora original da performance: a cantora e compositora Selma Uamuasse, o músico e compositor Milton Gulli e o produtor musical 40D.

LUANG DACACH – PAINÉIS VISUAIS: O artista visual carioca, com origens, senegalesas, assina o design dos cenários videográficos projetados durante a performance.

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