Trupe do Mar comemora fim de 2024 com muitas apresentações e participação na Convenção Chilena de Circo e Arte

Criada nas areias de Santos, a Trupe do Mar une a arte e a educação em suas apresentações que aconteceram em 2014 no litoral de São Paulo. A companhia independente propaga a cultura por meio da integração do circo, dança, teatro e música com o espetáculo “Sobre as Ondas”, buscando trazer reflexões através das ferramentas circenses. O grupo se apresentou mês passado no Chile durante a Convenção Chilena de Circo e Arte. Ainda para este anos haverá duas apresentações, dias 14 e 21 de dezembro, às 15h, no Jardim Botânico Chico Mendes, em Santos. Em 2025 duas datas já estão confirmadas: 8 de janeiro às 18h no Teatro Rosinha Mastrangelo e o mesmo horário, no dia 10 de janeiro, no Teatro Municipal Brás Cuba, também em Santos e gratuitos.

Em entrevista ao site Sopa Cultural, a Trupe do Mar fala um pouco mais sobre o seu trabalho.

SOPA CULTURAL: Quais foram os maiores desafios enfrentados na trajetória da Trupe do Mar e como vocês os superaram?

TRUPE DO MAR: Um dos nossos maiores desafios foi abordar um tema tão sério quanto os impactos dos hábitos humanos nos animais marinhos de forma leve e lúdica para crianças. Além disso, conquistar espaço e reconhecimento no mercado cultural também exigiu esforço. Superamos esses obstáculos com muito diálogo coletivo, pesquisas aprofundadas e um olhar atento ao desenvolvimento de nossas habilidades e produções.

SOPA CULTURAL: Existe uma interação direta com o público para reforçar a mensagem educativa? Alguma ação específica para crianças e jovens?

TRUPE DO MAR: Durante o espetáculo, o público participa ativamente em várias cenas, o que enriquece a experiência e reforça a mensagem educativa. Além disso, ao final das apresentações, sempre promovemos um momento de acolhida e diálogo, criando uma conexão mais profunda com a plateia. No caso das crianças e jovens, o roteiro de Sobre as Ondas foi desenvolvido especialmente para estimular o diálogo e a reflexão no público infantojuvenil.”

SOPA CULTURAL: Como a Trupe do Mar garante a inclusão de pessoas com deficiência em seus espetáculos e eventos?

SOPA CULTURAL: Durante a circulação pelo Litoral Paulista, viabilizada pela Lei Paulo Gustavo, contamos com o apoio de nossa assessora de acessibilidade cultural, Bell Machado. Com ela, realizamos cursos e diálogos sobre as necessidades arquitetônicas, atitudinais e comunicacionais, preparando nossa equipe para cada apresentação. Tudo é pensado para proporcionar uma experiência inclusiva e agradável para pessoas com diferentes tipos de deficiência. Esse processo tem sido um grande aprendizado para nós.

SOPA CULTURAL: Quais feedbacks vocês já receberam do público sobre a experiência de acessibilidade proporcionada por vocês?

TRUPE DO MAR: Recebemos relatos muito emocionantes sobre a acessibilidade dos nossos espetáculos. Em Ilhabela, uma mãe e sua filha, ambas surdas, nos contaram que nunca tinham assistido a uma peça de circo-teatro e decidiram ir porque informamos na divulgação que haveria intérprete de Libras. Em São Sebastião, acolhemos um grupo de 25 jovens autistas, e a responsável pelo grupo nos agradeceu pela atenção em oferecer fones abafadores e pela oportunidade de assistir ao espetáculo com audiodescrição, algo ainda pouco comum em eventos culturais.”

SOPA CULTURAL: O que significa para vocês apresentar parte do espetáculo na Convenção Chilena de Circo?

TRUPE DO MAR: Apresentar parte do nosso espetáculo na Convenção Chilena de Circo foi uma oportunidade incrível! Participar de um evento que reúne artistas de referência mundial foi um marco grandioso em nossa trajetória e um reconhecimento do trabalho que realizamos com tanto amor e dedicação.”

SOPA CULTURAL: Quais expectativas vocês têm em relação ao impacto dessa apresentação na mensagem que a trupe deseja levar ao mundo?

TRUPE DO MAR: Nossa expectativa é que a mensagem sobre preservação ambiental não se limite às palavras, mas que as reflexões gerem ações concretas e positivas em relação à nossa grande mãe Terra.”

SOPA CULTURAL: De que maneira vocês acreditam que a arte circense pode tocar o público de uma forma que as campanhas tradicionais de conscientização ambiental talvez não consigam?

TRUPE DO MAR: Acreditamos que a arte circense pode ser um caminho onde a arte se une à ciência e à educação. Já conseguimos perceber isso em nossas parcerias com o Instituto Gremar, por exemplo, e também em nossas participações em eventos como o COLACMAR’2024 (Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar) e a São Paulo Ocean Week. Nessas ocasiões, mostramos como a arte tem o poder de sensibilizar o público de uma maneira que as campanhas tradicionais de conscientização ambiental muitas vezes não conseguem.”

SOPA CULTURAL: Quais elementos visuais ou narrativos no espetáculo foram pensados especificamente para representar a importância da preservação dos oceanos?

TRUPE DO MAR: A cenografia do espetáculo foi cuidadosamente pensada para representar a importância da preservação dos oceanos, utilizando vários elementos construídos com materiais recicláveis. Um exemplo marcante são as águas-vivas, que sempre chamam a atenção do público. Além disso, toda a narrativa e a trilha sonora foram elaboradas com esse propósito. Em um trecho de uma das músicas, os animais cantam: ‘Pode ser pequeno pra você; pode ser ruim pra mim’, referindo-se ao lixo deixado nas praias, reforçando a mensagem ambiental de maneira clara e emocional.”

SOPA CULTURAL: Vocês têm histórias de espectadores que foram inspirados a agir ou mudar hábitos após assistir a um dos espetáculos da Trupe do Mar?

TRUPE DO MAR: Recebemos relatos emocionantes de espectadores que, ao final dos espetáculos, nos contam sobre como o show os inspirou a mudar hábitos. Muitos mencionam a redução no consumo de alimentos de origem animal, a diminuição do uso de embalagens plásticas e a prática do descarte consciente. São escolhas individuais que, somadas, têm um grande impacto no meio ambiente, e saber que conseguimos inspirar essas mudanças é extremamente gratificante para nós.”

SOPA CULTURAL: A música e os elementos interativos do espetáculo desempenham um papel na educação ambiental? Como eles conectam o público com a mensagem?

TRUPE DO MAR: Sim, a música e os elementos interativos desempenham um papel fundamental na educação ambiental. Tanto as crianças quanto os adultos saem cantando as músicas, que são compostas com mensagens que reforçam a importância da preservação. Além disso, o impacto visual das cenas também contribui, pois o imagético das apresentações cria memórias duradouras no público, conectando-os de maneira mais profunda à mensagem ambiental.”

SOPA CULTURAL: A ODS 14 destaca a necessidade de conservar e usar os oceanos de forma sustentável. Como vocês integram essa mensagem no trabalho da Trupe do Mar?

TRUPE DO MAR: O espetáculo Sobre as Ondas se tornou um exemplo de diálogo lúdico sobre a importância da conservação dos oceanos, alinhado com a ODS 14. Desde a concepção da cenografia até as músicas e cenas, tudo foi pensado para abordar, de forma acessível, histórias reais sobre os impactos que ocorrem com os animais marinhos que habitam nossa costa. Através dessa abordagem, conseguimos integrar a mensagem de uso sustentável dos oceanos de maneira envolvente e educativa.”

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