Um desafio a mais na carreira

Isis Pessino - Foto: HAG Estúdio

A atriz Isis Pessino está no elenco do filme “As Polacas”, que estreia dia 12 de dezembro nos cinemas.  Na produção nacional, ela vive Helena, uma polonesa traficada para o Brasil e submetida à prostituição. No próximo ano, a artista poderá ser vista no longa “A Vida de Cada Um”, sob a direção do premiado Murilo Salles, em que atua ao lado de Bianca Comparato, Caco Ciocler e Ivan Mendes. 

Atriz e escritora, Isis Pessino também tem experiência como assistente de direção de nomes como Deborah Lamm e Luiza Thiré e, em 2024, passou a investir em seu trabalho como diretora teatral.  Sua estreia aconteceu com “Ensaio Ir Embora”, que teve duas temporadas com sessões esgotadas no Rio e deve voltar aos palcos em 2025. Também para o próximo ano, a carioca planeja dirigir o espetáculo “Circo da Palhaça Socorro!”. O solo de palhaçaria de Lívia Feltre fala de maternidade através do olhar de palhaça Socorro, acreditando no humor como uma potência transformadora.

Com 27 anos e 21 de carreira artística, Isis Pessino estreou na TV na novela “Deus salve o rei”, na Globo. Depois, foi a vez de “Amor de mãe” onde vivia uma jovem ativista ambiental. Em seu currículo ainda constam várias peças de teatro, a série “Fim”, disponível no Globoplay, e o filme “Domingo À Noite”, em que contracena com Marieta Severo, Zécarlos Machado e Natália Lage.  

Atualmente estudando Estética e Teoria do Teatro, Isis Pessino já lançou “Parto”, um livro de poesias em 2019, e planeja seu primeiro romance para o próximo ano. Em entrevista ao site Sopa Cultural, Isis Pessino fala mais sobre sua carreira.

SOPA CULTURAL: Você  está no elenco do filme “As Polacas”, que estreia dia 12 nos cinemas. O que pode contar sobre essa produção, que retrata uma realidade de Guerra? Você já conhecia essa história?

ISIS PESSINO: Sabia da vinda de imigrantes europeus para o Brasil fugindo das condições da Guerra, mas não conhecia a história das Polacas. Foi uma surpresa quando o João (diretor) me contou a história do filme e disse que isso tudo tinha acontecido, na hora pensei “nossa, que bom que vamos fazer esse filme e falar sobre isso”. Acho que o que vocês podem esperar do filme são personagens fortes, e uma direção preocupada com os detalhes das interpretações. E uma fotografia imersiva, da Louise Botkay. 

SOPA CULTURAL: No filme, você dá vida a Helena, uma das jovens polonesas que foi traficada para o Brasil e aqui submetida à prostituição. Como foi o trabalho para compor a personagem que é fictícia?

ISIS PESSINO: Helena é uma personagem muito densa. Quando li o roteiro pensei que teria um desafio pela frente. Meu primeiro passo foi entender qual o contexto histórico dela, o livro “Bertha, Sophia e Rachel”, da Isabel Vincent, foi meu guia. Depois, busquei o que tinha de Helena em mim e em todas nós, e aí percebi que mesmo ela sendo uma personagem com muita dor – ela é traficada enquanto está grávida, é uma história muito triste – precisava existir um ponto de leveza na personagem. Construí a Helena assim, oscilando entre o horror e a esperança. 

SOPA CULTURAL: Prestes a entrarmos em 2025, como você, como artista, observa a importância de trazer para o público essa história que muita gente desconhece?

ISIS PESSINO: A arte é uma ferramenta de combate contra o esquecimento. O cinema, a literatura, os espaços de cultura são os guardiões da nossa memória. Por isso políticas de enfraquecimento da viabilização artística são sempre postas por governos autoritários, porque a arte nos faz lembrar da nossa história, e olhar o passado através do presente possibilita a imaginação de um futuro. “As Polacas” é um filme histórico, baseado em histórias reais, que retrata os horrores que essas mulheres foram submetidas e sua organização política através da Sociedade da Verdade em busca de direitos. Contar essa história, que poucos conhecem, é honrar a memória dessas pessoas e sua luta. Para que nunca mais se repita. Para que possamos reconhecer nossas conquistas, avaliar o presente (o Brasil, por exemplo, ainda tem números assustadores de feminicídio) e poder imaginar um futuro onde sejamos livres do patriarcado.

SOPA CULTURAL: Além de atuar, você também tem um trabalho como diretora de teatro e já esteve em cartaz por duas temporadas (2023 e 2024) com a peça “Ensaio ir embora”. Pensa em levar o espetáculo, que teve sessões esgotadas, de volta aos palcos?

ISIS PESSINO: Sim. Estamos conciliando as agendas para voltar com a peça. É muito legal porque a peça pode ser feita em qualquer espaço, nossa primeira temporada foi no terraço da Sede da Cia dos Atores, por exemplo! Estou animada para experimentar em novos lugares. Dirigir é uma nova paixão e foi uma surpresa o sucesso com o público. Quando o Grupo Chão me convidou para dirigir Ensaio Ir Embora, não esperávamos que fosse sucesso tão grande. É muito poderoso um público engajado com teatro. 

 

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