Uma Linda Mulher

Uma Linda Mulher nos palcos

por Waleria de Carvalho

É oficial! Chega ao Brasil pela primeira vez uma das maiores produções do teatro musical: o espetáculo “Uma Linda Mulher – O Musical”. Baseado no icônico filme dos anos 90, a montagem ficará em cartaz no Teatro Santander, no Complexo JK Iguatemi, em São Paulo, de 01 de setembro até 17 de dezembro deste ano.

O longa que inspirou o espetáculo foi lançado em 1990, com um elenco estrelado por Richard Gere e, a então iniciante, Julia Roberts, que recebeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia ou Musical, tornando-se uma das maiores artistas do mundo por conta do sucesso do filme. Dirigido por Garry Marshall, com roteiro de J.F. Lawton e com uma trilha sonora memorável, incluindo a canção “Oh, Pretty Woman”, de Roy Orbison, o filme arrecadou no mundo todo mais de 463 milhões de dólares em bilheteria.

Os ingressos já estão à venda na internet e pela bilheteria oficial do próprio Teatro Santander (sem taxa de conveniência – Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041). As apresentações ocorrem todas as quintas e sextas-feiras, às 20h; sábados e domingos às 16h e 20h. A realização do espetáculo “Uma Linda Mulher – O Musical” no Brasil é feita pela IMM e EGG Entretenimento, da empresária Stephanie Mayorkis, e conta com apresentação do Ministério da Cultura e Santander Seguros e Previdência, patrocínio B3, Comgás, EMS, Lorenzetti, Santander, Sem Parar e apoio Mobilize Financial Services.

“Uma Linda Mulher – O Musical” conta a história de Vivian Ward, uma prostituta de Hollywood, que é contratada por Edward Lewis, um empresário bem sucedido, para ser sua acompanhante durante uma semana. O que era para ser apenas um acordo comercial se transforma em uma história de amor inesperada.

A  adaptação deste clássico do cinema para o teatro estreou em 2018, com Bryan Adams, o renomado cantor, compositor e produtor musical, assinando as músicas e letras, com seu parceiro de longa data, Jim Vallance. Natural do Canadá, Bryan é dono de uma carreira internacional sólida, conhecido por sua voz distinta e diversos hits memoráveis que embalaram gerações, como “Summer of ’69”, “Heaven” e “(Everything I Do) I Do It for You”. Sua música e talento artístico o solidificaram como um ícone da música e um dos artistas mais bem-sucedidos de sua geração.

Inicialmente em cartaz em Chicago, logo acabou sendo transferido para a Broadway, em Nova York. Depois de encerrar sua temporada na Broadway, o espetáculo seguiu para Hamburgo, na Alemanha, em 2019. Em 2020, chegou a vez de Londres receber o musical no West End, que teve que ser interrompido devido à pandemia, mas retornou aos palcos em 2021, com um enorme sucesso, onde continua em cartaz. No mesmo ano, embarcou em uma turnê pelos Estados Unidos, passando por 32 cidades. Além disso, Milão, na Itália, e Barcelona, na Espanha, também tiveram a oportunidade de receber a montagem. Agora, “Uma Linda Mulher – O Musical” estará em turnê por todo o Reino Unido e Irlanda, a partir de outubro de 2023.

No Brasil, o musical chega pela primeira vez no segundo semestre de 2023, com o papel de Edward Lewis sendo protagonizado por Jarbas Homem de Mello, que conta com diversos espetáculos em sua extensa trajetória no teatro. O ator, cantor e dançarino viverá o milionário que fará par romântico com Thais Piza, atriz com ampla carreira musical, que será a responsável por interpretar a icônica Vivian Ward, seu primeiro papel de protagonista em grandes musicais.

Além deles, o espetáculo conta com 23 atores consagrados do teatro musical: César Mello (Homem Feliz/Sr. Thompson), Andrezza Massei (Kit De Luca), Julio Assad (Phillip Stuckey/Edward Lewis Cover), Sérgio Rufino (Sr. James Morse), Arthur Berges (Giulio), Amanda Vicente (Ensemble/Scarlett Cover), Caru Truzzi (Ensemble/Violetta Cover), Daruã Góes (Violetta/Ensemble), Lia Canineu (Ensemble/Vivian Ward Cover), Luci Salutes (Scarlett/Ensemble), Mari Saraiva (Ensemble), Moira Osório (Swing), Nina Sato (Swing/Dance Captain), Vannessa Mello (Ensemble/Kit De Luca Cover), Abner Debret (Ensemble/Alfredo Cover), Bruno Albuquerque (Swing), Bruno Sigrist (Alfredo/Ensemble), Daniel Caldini (Swing), Eduardo Leão (Ensemble/Sr. James Morse Cover), Gui Leal (Homem Feliz Alternante/Sr. Thompson Alternante), Murilo Ohl (Ensemble/Giulio Cover), Pedro Navarro (Ensemble/Phillip Stuckey Cover) e Tiago Dias (Ensemble).

O elenco é ainda acompanhado por uma orquestra formada por 10 músicos, que tocam piano, guitarra, bateria, violino, viola, violoncelo, baixo e executam ao vivo toda a trilha sonora, incluindo a clássica “Pretty Woman”.

O espetáculo conta com texto de Garry Marshall & J. F. Lawtona, Música e Letras de Bryan Adams & Jim Vallance, e é baseado no filme da Touchstone Pictures escrito por J. F. Lawton. A montagem brasileira conta com a direção artística de Fred Hanson, Jorge de Godoy como diretor musical, Kátia Barros como coreógrafa e Stephanie Mayorkis como produtora geral.

EQUIPE CRIATIVA COMPLETA

  • Texto de GARRY MARSHALL & J. F. LAWTON
  • Música e Letras de BRYAN ADAMS & JIM VALLANCE
  • Baseado no filme da Touchstone Pictures escrito por J. F. Lawton
  • Versão brasileira por Victor Mühlethaler Direção Artística – Fred Hanson
  • Direção Musical – Jorge de Godoy Coreografia – Kátia Barros Cenografia – Adam Koch Figurino – Fabio Namatame
  • Designer de Luz – Cory Pattak
  • Designer de Som – Tocko Michelazzo
  • Designer de Peruca – Feliciano San Roman
  • Designer de Maquiagem – Carlos Pompeio
  • Produção geral – Stephanie Mayorkis
  • Realização: IMM e EGG Entretenimento

‘Um bonde chamado Teresa’ estreia 02 de setembro no Cine Teatro Joia, em Copacabana

Um bonde chamado Tereza

Um bonde chamado Tereza – Foto de Vitor Pastore

A ideia da peça surgiu da frase célebre extraída do filme Um Bonde Chamado Desejo: ‘sempre dependi da bondade de estranhos’. A partir dela, nasceu a personagem Teresa, uma criatura híbrida que se define como “nem homem nem mulher, e sim um mix de coisas, um apanhado, um pot-porri.” 

Teresa é um personagem que se autoinventa a partir dos filmes que assiste. O cinema como espelho de um mundo perfeito, distante, onde tudo quase sempre termina bem, e as personagens cantam nos momentos difíceis. Os homens são belos, as mulheres, sedutoras, os textos bem colocados, e nesse universo ultralírico – que Teresa chama de seu “escurinho” – o personagem gasta sua vida tentando manter-se afastada da claridade do real.

Extremamente solitária, Teresa faz do humor sarcástico uma válvula de escape para seus dramas reais, e usa a tela grande para projetar as suas frustrações que não são pequenas. Lá pelas tantas, depois de contar um pouco sobre sua vida, ela revela seu trauma – bastante inverossímil, apesar dos inúmeros detalhes que compõem o seu desdobramento. O quanto uma vida pode ser calcada em mentira e invenção? 

O espetáculo tem em torno de 50 minutos e, além de fazer referência a diversos títulos cinematográficos, homenageia musicais célebres como “Cabaret” e “Cantando na Chuva”.

SINOPSE

“Um Bonde Chamado Teresa” é uma comédia farsesca de Rodrigo Murat sobre um sujeito que passa os dias no cinema assistindo a filmes diversos e pautando sua existência por intermédio deles. Ele se define como nem homem, nem mulher, e sim “um mix de coisas, um apanhado, um pout pourri.” Interpretado pelo ator Álvaro Figueiredo, a peça é uma homenagem à sétima arte com diversas referências cinematográficas e musicais atreladas a ela -de “E.T.” a “Luzes da Cidade”, de Charles Chaplin, passando, naturalmente, por “Um Bonde Chamado Desejo”, que tornou célebre a frase “sempre dependi da bondade de estranhos.” 

Quem são:

Álvaro Figueiredo

Carioca, começou no teatro aos 22 anos, no Tablado, atuando também em projetos independentes. Voltou à carreira de forma mais constante e profissional em 1999, quando começou a participar como ator em campanhas publicitárias (foram mais de 10 comerciais para TV e algumas campanhas para revista e jornal). Entre 2012 e 2016 atuou como redator, produtor e apresentador do programa de rádio “Arte falada”, na Rádio Roquette Pinto. Em 2018 voltou ao teatro e, desde então, não parou mais. De lá para cá, participou de 8 peças/projetos teatrais, 3 cursos livres, mais de 10 curtas-metragens e 4 participações especiais em novelas (Novela Travessia e Vai na Fé, na Globo, e Novela Apocalipse, Record). Atualmente, cursa duas residências teatrais: na Cia dos Atores, pelo segundo ano consecutivo, e a Primeira Residência Teatral do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 2023, estreia  o monólogo “Um Bonde Chamado Teresa”, de Rodrigo Murat. 

Rodrigo Murat

Carioca, 57 anos, formado em Comunicação Social com habilitação em Cinema pela Universidade Federal Fluminense / UFF. Trabalhou como roteirista da TV GLOBO de 1994 a 2002, tendo participado da criação de diversos programas, entre eles, “Vida ao Vivo Show”, seriado de humor com Luiz Fernando Guimarães e Pedro Cardoso. É autor das peças “Três Homens Baixos”, “Até a próxima estação”, “A Máquina do Tempo”, “Soltando os Cachorros”, “Cabaré Lebrão” e “Tutti e a sua Turma”. Dirigiu e produziu o espetáculo “Psicopatas – Sit Down Drama” na casa de Cultura Laura Alvim com atores recém-formados pela CAL. “Um Bonde Chamado Desejo” é a sua terceira direção.

FICHA TÉCNICA 

  • “Um Bonde Chamado Teresa”.
  • Texto e Direção – Rodrigo Murat
  • Atuação – Álvaro Figueiredo
  • Assistente de Direção e mídias sociais – Vitor Pastore
  • Cenário e figurino – Rodrigo Murat e Álvaro Figueiredo
  • Luz e trilha sonora – Rodrigo Murat
  • Assessoria de Comunicação: Luiz Menna Barreto

SERVIÇO
Cine Teatro Joia 
Avenida Nossa Senhora de Copacabana 680, subsolo. 
De 02/09 (estreia) a 17 de setembro. 
Sábados às 20h e Domingos às 18h. 
R$ 40,00 inteira. R$ 20,00 a meia para estudantes, idosos e moradores de Copacabana. 

Gênero: Comédia
Duração: 50 minutos
Ingressos pela Sympla ou na bilheteria do teatro.
https://www.sympla.com.br/evento/um-bonde-chamado-teresa/2116942

Sigam: https://www.instagram.com/umbondechamadoteresa/

Antes que eu me esqueça aborda a memória em nossas vidas

Antes que eu me esqueça

Antes que eu me esqueça – Foto Victor Gustavo Almeida

O que você faria, se, de repente, sofresse um acidente e perdesse a memória? Esse  é o principal tormento que aflige o músico Walter, protagonizado pelo ator Renato Peres, no espetáculo ‘Antes que eu me esqueça’, que estreia no dia 2 de setembro, às 15 horas, no Teatro Ruth de Souza, no Centro Cultural Municipal Glória Maria (antigo Parque das Ruínas), em Santa Teresa, Rio de Janeiro. A dramaturgia é de Mariana Pantaleão, que também assina a direção e de Matheus Rodrigues. A temporada vai até 24 de setembro, sempre aos sábados e domingos, às 15 horas.

Após um acidente de carro, o músico Walter é diagnosticado com ALZHEIMER. Na experiência de um iminente desaparecimento de suas lembranças, ele tenta registrar e recuperar suas memórias através de áudios, fotos e vídeos.

A peça é um monólogo com reflexões sobre o cérebro antes do acidente, sem que o músico houvesse dado o devido valor, mas que agora, com sua nova condição, vêm à tona! E isso acontece há tempo!…Seria possível a (re) construção das memórias? Quais os mistérios dessa “simples” massa muscular rosa de apenas um quilo e meio? Somente ela nos tornaria humanos? E se não mais humanos… O que SOMOS, o que FOMOS e quem poderíamos SER?

São muitos os questionamentos de Walter na busca de uma identidade, a sua, depois que sua vida se transformou com a perda da memória. De acordo com Luiz Buñuell (1900 – 1983), cineasta espanhol, naturalizado mexicano:

“É preciso perder a memória mesmo das pequenas coisas, para que percebamos que a memória faz a nossa vida. Vida sem memória não é vida (…). Nossa memória é nossa coerência, nossa razão, nosso sentimento, até mesmo nossa ação. Sem ela somos nada (…) e só posso esperar pela amnésia final”. – Citação de Bruñuel pelo neurologista e escritor inglês Oliver Sacks (1933 -2015) no livro ‘O homem que confundiu sua mulher com chapéu’ – Editora Companhia das Letras, 1ª edição (14 agosto 1997)

Podemos dizer que viver sem memória é apenas vegetar? É não desfrutar de tudo de melhor do que a vida pode oferecer, ou até mesmo, que ela, na acepção da palavra, não existe em sua completude? O tema é mais do que atual e, certamente, habita as mentes e vidas de muitas pessoas, atormentando-as em reflexões intermináveis a procura de respostas e soluções. Na peça ‘Antes que eu me esqueça’, além de possíveis respostas, a garantia de um entretenimento que prende e diverte ao mesmo tempo por tocar no âmago do público, assim como o ator Renato Peres foi tocado:

“Vivemos um momento muito complexo. Guerras. Maldades. Doenças… O espetáculo ‘Antes que eu me esqueça’ faz uma reflexão sobre o tempo, a memória, a vida. Que o público possa ser arrebatado por essa intrigante história, assim como eu fui.” – fala Renato Peres.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que existam 35,6 milhões de pessoas com Doença de Alzheimer (DA) no mundo, sendo que o número tende a dobrar até o ano de 2030 e triplicar até 2050. No Brasil, há possibilidade é de que tenhamos cerca de 1,2 milhões de pessoas com esta enfermidade. Ressalta-se que a maior parte dos indivíduos com Alzheimer ainda não recebeu o diagnóstico médico e/ou tratamento necessário.

Qual o papel do Teatro e da Cultura dentro das experiências de adoecimento causadas pelo Alzheimer? De quais formas é possível representar, sensibilizar e nos questionarmos em relação às vivências das pessoas portadoras dessa doença? É mais do que como o cérebro processa a arte, e sim, como a arte pode processar o cérebro. Na busca por refletir essas perguntas, as relevâncias, conceitual e temática, se apresentam não só apenas no âmbito da conscientização, mas das aproximações entre as artes e as ciências. Matheus  Rodrigues, que divide a dramaturgia com Mariana Pantaleão e faz a produção executiva de ‘Antes que eu me esqueça’, conta o motivo da escolha:

“Eu penso que o grande diferencial desse espetáculo não são os efeitos visuais, nem a música ou a dramaturgia em si; penso que a grande potência está na experiência da alteridade. Mais do que informar sobre um respectivo tema, o que importa é o exercício de empatia que propomos ao público, não para se colocar e solidarizar com o nosso personagem, mas sim com as pessoas da vida real, que muitas vezes podem ser nossos avós, tios, amigos” – explica Matheus.

Contemplado pelo Programa de Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro (FOCA), o monólogo ‘Antes que eu me esqueça’ é cria da periferia do Rio de Janeiro. O espetáculo teve sua estreia no ano de 2023 ao ganhar o edital. Com a circulação em diversos espaços de cultura da Zona Norte como:  Teatro Armando Gonzaga, em Marechal Hermes,  Museu da Maré, No Complexo da Maré, Arena Carioca Dicró, na Penha, Arena Carioca Fernando Torres, em Madureira, Arena Carioca Jovelina Pérola Negra, na Pavuna, Lona Cultural Carlos Zéfiro, em Anchieta, e Teatro Gonzaguinha, no Centro, para alcançar outros aparelhos pela cidade. E agora volta com todo o gás para o Teatro Ruth de Souza, no Centro Cultural Municipal Glória Maria.

Ficha Técnica:

  • Atuação: Renato Peres
  • Voz Off / participação (médico): Pedro Milman
  • Voz Off / participação  (Lúcia): Amanda Laversveiler
  • Dramaturgia: Matheus Rodrigues e Mariana Pantaleão
  • Direção Geral: Mariana Pantaleão
  • Produção Executiva: Matheus Rodrigues
  • Orientação Dramatúrgica: Karen Acioly
  • Cenografia: Lina Da Hora
  • Direção de Movimento: Amanda Laversveiler
  • Iluminação: Anna Padilha
  • Direção Musical: Raphael Muniz
  • Edição de Vídeoarte: Dora Abreu
  • Designer Sonoro: Caio Guiesta
  • Fotografia: Victor Gustavo Almeida
  • Designer: Jefferson Santi
  • Mídias Sociais: Rafaela Lopes
  • Assessoria de Imprensa: Christine Keller Comunicação & Produção
  • Realização: M2 Produções – Instagram: @m2_coletivo_producoes

 SERVIÇO

  • Local: Teatro Ruth de Souza (Centro Cultural Municipal Glória Maria, antigo Parque das Ruínas)
  • Endereço: Rua Murtinho Nobre, Nº 169 – Santa Teresa
  • Temporada: de 02 a 24 de setembro (sábados e domingos)
  • Horário: 15h
  • Ingressos: R$ 30 (Inteira) e R$ 15 (Meia-entrada)
  • Link para compra:  https://riocultura.eleventickets.com/#!/evento/47ebaaea82bd5d84c3eb217a4173493671e6ad9a
  • Duração: 60 minutos
  • Classificação: 12 anos (menores de 18 anos acompanhados de um responsável)
  • Gênero: Drama
  • Lotação: 75 lugares

Espetáculo Terra Desce, da Aquela Cia, segue até 17 de setembro no Futuros – Arte e Tecnologia

Terra Desce

Terra Desce – Foto: FJoão Julio Mello

Segue até dia 17 de setembro, no Futuros – Arte e Tecnologia, o espetáculo Terra Desce, que traz à cena a fábula do “primeiro carioca”, o primeiro registro de um personagem fruto da miscigenação entre um homem branco europeu e uma mulher indígena, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro. O espetáculo celebra o encontro entre Guida Vianna e Ricardo Kosovski e, ao mesmo tempo, através da performance de Raynna reverbera e denuncia o apagamento indígena. A peça tem patrocínio da Oi e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, e apoio cultural do Oi Futuro.

Segundo o diretor da peça, Marco André Nunes, a ideia surgiu a partir do estudo de outro espetáculo da Cia, Guanabara Canibal, de 2017, e que continha uma história de João Lopes, um marinheiro, piloto português, degredado no Brasil como punição por traficar machados para indígenas, sendo considerado um traidor dos europeus. Ele estabelece contato com a aldeia Maracajá, na Ilha do Governador, quando acaba por se relacionar com uma indígena com a qual tem um filho.

“Estamos muito satisfeitos em receber no Futuros – Arte e Tecnologia um espetáculo que conta um pouco da história do nosso país de maneira tão singular. Terra Desce se insere de forma muito orgânica na programação diversa do centro cultural, que apoia a criação e a pesquisa de linguagem. Temos certeza que será um encontro instigante entre obra, público e artistas”, declara Felipe de Assis, diretor artístico do Futuros – Arte e Tecnologia. 

Quatro anos depois, uma embarcação espanhola chega ao Brasil, rouba toda madeira (Pau-Brasil) e leva João Lopes com eles. O marinheiro volta para a Europa, não se sabe se a pedido dele próprio ou forçadamente, mas tenta voltar para o Brasil para rever o filho. “João consegue retornar nas caravelas de Fernão de Magalhães, uma vez que ele sabia que a expedição passaria pelo Brasil. Convence a expedição a parar no Rio de Janeiro para abastecer, pegar mantimentos, mesmo depois de ter parado em Salvador, e ficam por duas semanas na Cidade. Nessa parada, ele reencontra o filho e resolve levá-lo para a Europa”, explica. 

“Diferentemente do padrão reproduzido ao longo da colonização, no qual a mestiçagem originou-se do estupro e violência europeia, a trajetória de João Lopes aponta para excepcionalidade: para além das relações de dominação, o afeto entre pai e filho”, acrescenta. 

Este fato é considerado o primeiro registro de mestiçagem entre um homem europeu e uma mulher indígena. Não que não houvesse milhões de estupros antes disso, no entanto, esse é o primeiro registro de um “carioca”. “Mas o que quer dizer isso, o que encobre essa situação? A peça tenta abrir um pouco essa discussão. A peça nasceu junto com o Guanabara Canibal. É uma continuidade direta”, aponta Marco André.

Ainda de acordo com o diretor, a expedição de Magalhães tem um final bem trágico, quando, de todas as caravelas que saíram da Europa, apenas uma retorna e vários acontecimentos levam a isso. “O próprio Fernão de Magalhães morre no trajeto, alguns navios são afundados, tem motim, embarcações se perdem, uma grande parte da tripulação morre quando entram em embates geopolíticos na região, e acaba jogando um contra o outro, morrendo em batalhas”, conta. 

Em continuidade à “Trilogia Carioca”, Terra Desce tem texto de Pedro Kosovski, e é uma realização da Aquela Cia, companhia teatral com mais de quinze anos de atividades ininterruptas e reconhecimento nacional e internacional da crítica e público, tendo recebido os principais prêmios de teatro do Brasil.

“A criação tem como ponto de partida as narrativas da colonização do Brasil posicionando crítica e poeticamente personagens e acontecimentos históricos sob à luz da atualidade. Com uma dramaturgia tensionada entre a fabulação e a memória histórica e uma encenação onde a fisicalidade dos intérpretes, a performance musical e visual têm primazia”, revela Pedro Kosovski.

SERVIÇO

  • Até17 de setembro – De quinta a domingo – às 20:00
  • Teatro Oi Futuro Flamengo
  • Endereço: R. Dois de Dezembro, 63 – Flamengo, Rio de Janeiro
  • Ingressos: R$ 60 (inteira) / R$ 30,00 (meia)
  • Classificação: 12 anos / Duração: 75 minutos/ Lotação: 63 lugares

FICHA TÉCNICA

  • Espetáculo Terra Desce 
  • Direção: Marco André Nunes 
  • Texto: Pedro Kosovski 
  • Elenco: Guida Vianna Ricardo Kosovski, Raynna e Julia Tupinambá
  • Músicos: Xainã Tupinambá e Pedro Nego
  • Direção Musical: Felipe Storino 
  • Cenário: Aurora dos Campos e Marco André Nunes 
  • Figurino: Fernanda Garcia 
  • Iluminação: Renato Machado 
  • Diretora Assistente: Carolina Lavigne 
  • Direção de Movimento: Paula Águas e Toni Rodrigues 
  • Design Gráfico: Igor Gouvea 
  • Fotos: João Júlio Mello
  • Assessoria de Imprensa:  Alessandra Costa 
  • Produção Executiva: Thaís Venitt e Isadora Frucchi 
  • Direção de Produção: Gabi Gonçalves 
  • Realização: Aquela Cia e Corpo Rastreado

 

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