YouTube bane canais de trailers falsos e remove vídeos da Disney após pressão

O YouTube encerrou permanentemente nesta semana as contas dos canais Screen Culture e KH Studio, conhecidos pela produção massiva de trailers cinematográficos falsos gerados por inteligência artificial. A medida drástica ocorre simultaneamente a uma ação mais ampla de remoção de vídeos, em resposta direta às ameaças jurídicas de estúdios de Hollywood.

Segundo o site Deadline, os canais acumulavam juntos mais de 2 milhões de inscritos e 1 bilhão de visualizações. Ao tentar acessar o conteúdo, usuários encontram a mensagem de erro: “Esta página não está disponível”.

Um porta-voz do YouTube afirmou ao The Verge que a suspensão foi motivada por violações reincidentes das políticas de spam e práticas enganosas. Os administradores haviam recuperado o acesso ao Programa de Parcerias concordando em rotular os vídeos como “trailers de fãs”, mas removeram os avisos logo após retomarem a monetização.

Manipulação de algoritmo

O Screen Culture, sediado na Índia, operava uma redação industrial para criar dezenas de versões de trailers falsos, visando saturar a busca do Google. O canal chegou a publicar 23 versões de um suposto trailer para “O Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”, muitas vezes superando o material oficial da Marvel nos rankings. Nikhil P. Chaudhari, fundador do canal, minimizou a prática em entrevista anterior, questionando: “Qual é o problema?”.

Ação direta: O ‘expurgo’ de vídeos da Disney

Além do banimento dos grandes canais, o Google iniciou silenciosamente uma remoção manual de vídeos específicos que utilizam propriedade intelectual da Disney. A medida é uma resposta imediata à notificação extrajudicial enviada pela The Walt Disney Company em 11 de dezembro.

Desde a última sexta-feira, usuários relatam o desaparecimento de centenas de vídeos curtos e animações de IA que utilizavam personagens como Mickey Mouse, Deadpool, Elsa (Frozen) e figuras de Star Wars. Ao acessar esses links, a plataforma exibe o aviso: “Este vídeo não está mais disponível devido a uma reivindicação de direitos autorais da Disney”.

Segundo apuração da Variety e do Deadline, muitos desses vídeos foram criados utilizando a própria ferramenta de IA do Google, o modelo Veo. Em comunicado, o Google afirmou que está “cooperando com detentores de direitos”, mas reiterou que o treinamento de seus modelos utiliza dados públicos da web aberta, evitando admitir violação sistêmica de copyright.

Contexto Jurídico

A Disney acusa o Google de violação “em escala massiva” e exige que a empresa pare de treinar seus modelos com personagens protegidos. Paradoxalmente, a ação ocorre na mesma semana em que a Disney anunciou um acordo de US$ 1 bilhão com a OpenAI para uso licenciado da plataforma Sora, sinalizando que a guerra não é contra a IA, mas contra o uso não remunerado de sua propriedade intelectual.

A reportagem não localizou manifestação da defesa dos canais Screen Culture e KH Studio até a publicação deste texto.

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