No subsolo do mundo, onde a luz se apaga e o silêncio ecoa, nasce a inspiração da artista visual e mergulhadora. É das profundezas de cavernas alagadas e de regiões inóspitas – como o Ártico e a Antártica – que Schirato extrai vivências transformadas em arte. Guiada por sua experiência em expedições extremas, ela traduz medo, beleza e descoberta em obras que revelam tanto os limites da natureza quanto da própria mente humana.
A mostra reúne 18 obras selecionadas pelo curador Felipe Barros de Brito, que propõe ao público uma travessia sensorial por ambientes inexplorados. O percurso, formado por instalações, vídeos, pinturas, bordados, cerâmicas e objetos têxteis, é pensado como uma verdadeira jornada geológica e emocional, conduzindo o visitante por passagens estreitas, escuras cavernas e pelo branco hipnótico das geleiras.
“Me sinto profundamente honrada em ter minha exposição recebida no Rio de Janeiro. É uma cidade que respira arte e natureza, e essa conexão conversa diretamente com meu trabalho. Cada peça foi inspirada por expedições de mergulho, em que a beleza e a fragilidade da natureza se tornam palpáveis”, afirma Schirato.
De forma orgânica – como a própria natureza –, as obras ocupam não apenas as paredes, mas também o teto do espaço, em suportes e técnicas variadas: grafite sobre papel vegetal, bordado sobre algodão, crochê, óleo sobre tela, aquarela e cerâmica, revelando a complexidade de um trabalho que transita entre ciência, corpo e espiritualidade.
“O objetivo não é apenas mostrar a estética das cavernas, mas provocar reflexões sobre a conservação da natureza. A arte tem o poder de conectar as pessoas à realidade que nos cerca. Espero que, ao explorar a exposição, o público sinta a urgência de proteger nossos ecossistemas”, ressalta a artista. “Dialogar meu trabalho com a preservada arquitetura de 1922 enriquece ainda mais essa ideia de conservação. Preservar a história e a natureza é garantir um futuro sustentável. A arte como linguagem torna esse processo ainda mais instigante”, complementa.

Exposição Expedição, de Susanne Schirato
Para o curador, a força da mostra está na capacidade de transformar vivências extremas em poética visual:
“Expedição é um convite a atravessar experiências de corpo inteiro. O trabalho de Susanne Schirato nasce do confronto direto com a natureza e transforma sensação em forma, ciência em arte. Suas obras reconstroem ambientes extremos com leveza e precisão, revelando camadas invisíveis do mundo em que vivemos”, observa Felipe Barros de Brito.
Mais do que uma exposição, “Expedição” é um mergulho profundo nas entranhas da Terra e da existência. Cada obra é um portal que reflete não só o mundo físico, mas também dimensões invisíveis que sustentam a vida.

Exposição Expedição, de Susanne Schirato
A ARTISTA
Susanne Schirato (São Paulo, 1978) é artista visual com formação em Artes Visuais pela Escola Panamericana de Arte e Design e pós-graduação em Práticas Artísticas Contemporâneas pela FAAP. Sua produção transita entre arte, ciência e exploração do corpo em relação ao território, sendo fortemente atravessada por sua vivência como mergulhadora e pesquisadora de ambientes extremos, como cavernas submersas, geleiras do Ártico e paisagens isoladas da Antártica e do interior do Brasil.
Desenvolve um trabalho que investiga as tensões entre superfície e profundidade, luz e escuridão, visível e invisível, utilizando suportes como pintura, instalação, bordado, cerâmica, vídeo e objetos têxteis. Suas obras nascem de expedições reais, depois transmutadas em imagens e matérias que incorporam noções de risco, tempo, resistência e transformação.
Realizou exposições individuais como Águas Profundas (2024, Canteiro, SP) e O Sublime Temporal da Hiperprodutividade (2019, Galeria Ponder 70, SP), ambas com forte repercussão crítica no circuito independente. Participou de diversas coletivas em instituições e espaços relevantes, como Piracema (2024, SP), 29º Salão de Artes Plásticas de Praia Grande (2023), Entre a Estrela e a Serpente (2022, Galeria Leme), Sol a Sol (2022, ArteFASAM), Curva Ponto (2022, MAC Sorocaba), Nuances – Mulheres em Camadas (2021, BNP Paribas Cultural) e 16º Salão Nacional de Arte Contemporânea de Guarulhos (2020), onde recebeu Menção Honrosa.
Além do trabalho de ateliê, desenvolve projetos de campo cruzando práticas artísticas com ciências naturais e estudos ambientais, refletindo sobre os limites da percepção, os ciclos da matéria e os modos de habitar o planeta em tempos de colapso ecológico. Vive e trabalha em São Paulo.
O CURADOR
Felipe Barros de Brito (Salvador, BA, 1991) é curador e pesquisador com atuação destacada no cenário das artes visuais contemporâneas no Brasil. É pós-graduado em Curadoria em Arte pelo SENAC-SP e técnico em Museologia pela ETEC-SP. Foi Pesquisador Residente da Coleção Ivani e Jorge Yunes (2019–2020) e atuou como documentalista em instituições como o Museu da Diversidade Sexual e o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas.
Com experiência em mais de 30 exposições, colaborou com mostras como Movimento Armorial 50 Anos, Di Cavalcanti – 125 Anos, 50 Duetos, Magliani, Modernismo Expandido, entre outras. Como curador independente, assinou exposições em diversas regiões do país, como Vazios Incompletos, O Tempo no Verso do Avesso, Maré, Achego, Signos, Significados e Significantes e Chiaroscuro sob o sol.
EXPEDIÇÃO | Susanne Schirato
Curadoria: Felipe Barros de Brito
Período: 9 de julho a 30 de agosto de 2025
Local: Centro Cultural Correios RJ – Galerias I e II – 2º andar
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – Corredor Cultural
Horário de visitação: de terça-feira a sábado, das 12 às 19h.
Entrada franca.
