Novembro Azul alerta: casos de câncer de próstata devem dobrar até 2035 e mortalidade cresce entre brasileiros

Urologista reforça que o diagnóstico precoce eleva as chances de cura para até 98%, mas acesso à exames e tratamentos ainda é um desafio no Brasil

por Redação

Novembro é o mês de alerta para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata – é o tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros, depois do de pele não melanoma, e um dos maiores desafios de saúde pública do país. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil registra cerca de 71.730 novos casos por ano e aproximadamente 17 mil mortes anuais — o que representa 47 vidas perdidas por dia. E as projeções acendem o alerta: até 2035, os casos e as mortes devem praticamente dobrar, acompanhando a tendência global, especialmente em países de renda média como o Brasil. O acesso à exames e à consultas de prevenção é o maior entrave na redução do número de casos, uma vez que a detecção precoce aumenta em 98% das chances de cura.

Estudos indicam que o número de casos no mundo deve saltar de 1,4 milhão em 2020 para 2,9 milhões por ano até 2040. E o Brasil deve seguir essa tendência. O envelhecimento da população masculina, a obesidade e o histórico familiar aparecem entre os principais fatores relacionados a esse aumento.

“O envelhecimento é inevitável, mas a falta de prevenção ainda é o maior inimigo. O câncer de próstata pode ser controlado e até curado quando diagnosticado cedo”, explica o urologista Dr. Lucílio Medeiros Neto.

Mortalidade em alta

A mortalidade por câncer de próstata no Brasil segue em tendência de alta. Estima-se um crescimento de até 85% nas mortes nos próximos 20 anos, a menos que haja avanços significativos em diagnóstico precoce e tratamento. Enquanto países de alta renda vêm reduzindo o número de óbitos com políticas efetivas de rastreamento, o Brasil enfrenta desigualdade regional e acesso limitado à saúde pública, o que mantém os índices preocupantes.

“Infelizmente, muitos homens ainda procuram o médico somente quando apresentam sintomas, o que significa que a doença já está avançada. Por isso, é importante procurar o médico regularmente, a partir da idade recomendada”, alerta o especialista.

Segundo orientações da Sociedade Brasileira de Urologia, a recomendação para investigação com exames preventivos segue os seguintes critérios:
Sem histórico familiar ou fatores de risco: a partir dos 50 anos.

Com histórico familiar ou ascendência africana: a partir dos 45 anos.

Em situações de risco maior ou múltiplos casos familiares: possivelmente a partir dos 40 anos.

Esses exames incluem o PSA (antígeno prostático específico) e o toque retal, que são fundamentais para o diagnóstico precoce e podem incluir ainda exames de sangue complementares e ultrassonografia de próstata. “A detecção antes dos sintomas aumenta significativamente a chance de cura, já que o câncer de próstata em estágios iniciais tem tratamentos mais eficazes e melhor prognóstico”, reforça Lucílio Medeiros.

Fatores de risco e prevenção

Além da idade e da herança genética, obesidade, sedentarismo, tabagismo e má alimentação são fatores que aumentam a probabilidade de desenvolver a doença. Para reduzir os riscos, os especialistas recomendam:

  • Praticar atividades físicas regularmente;
  • Manter uma alimentação saudável, rica em frutas e verduras;
  • Evitar cigarro e álcool em excesso;
  • Controlar o peso;
  • Realizar check-ups anuais, especialmente após os 50 anos — ou a partir dos 45 para quem tem histórico familiar.

Um alerta para o futuro

O Novembro Azul 2025 reforça um ponto essencial: o Brasil enfrentará um aumento expressivo no número de casos e mortes por câncer de próstata se não investir em políticas públicas, campanhas educativas e ampliação do acesso aos exames e tratamentos modernos. “Temos tecnologia e conhecimento para mudar essa história. O que falta é atitude. O preconceito ainda é uma barreira. O exame é rápido, seguro e salva vidas. Precisamos mudar a cultura do medo e da vergonha. O diagnóstico precoce salva vidas — e é isso que o Novembro Azul precisa lembrar a cada homem brasileiro”, conclui o Dr. Lucílio Medeiros Neto.

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