O Rio de Janeiro recebe, entre os dias 7 e 14 de dezembro, a oitava edição do Cine Diversidade, festival que amplia seu alcance nesta temporada ao reunir produções brasileiras e latino-americanas em formato de curtas-metragens. Itinerante e atento às questões contemporâneas, o evento passa pelo Museu de Arte do Rio, Arena Carioca Dicró, Cine Bela Maré e Casa Bosque, criando um circuito que ultrapassa a exibição e se posiciona como espaço de análise crítica sobre gênero, sexualidade e modos de existir no mundo.
A expansão temática do festival é resultado direto da atuação das diretoras Karina de Abreu e Karla Suarez, cofundadoras da ColetivA DELAS e responsáveis pela idealização e produção que moldou a identidade do Cine Diversidade desde sua criação. Com trajetórias que combinam inovação, produção cultural e formação comunitária, ambas afirmam que a edição deste ano responde a urgências contemporâneas.
“A gente entende que o festival não é só uma mostra de curtas”, afirma Karina. “Ele se firmou como um espaço estratégico para discutir crise climática, raça, território, diversidade sexual e modos contemporâneos de existir. É um lugar de encontro, de debate público e de construção simbólica.”
Karla acrescenta que essa ampliação acompanha o próprio movimento da cultura no estado. “A cultura tem sido uma plataforma essencial de educação, cidadania e transformação. Por isso, nossa curadoria busca abraçar complexidades que atravessam o Brasil de hoje, especialmente as que quase nunca chegam ao circuito comercial”, diz a diretora.
Prólogo de atividades
Antes da programação oficial, o festival inicia seu movimento de circulação com uma etapa formativa. Nos dias 26 e 27 de novembro, ocorre a oficina online de roteiro e criação de personagens diversos conduzida por Germana Belo. A proposta funciona como aquecimento e abre o caminho para a agenda de dezembro, reforçando o compromisso do Cine Diversidade em estimular processos criativos desde a base.
Programação oficial
As atividades presenciais ganham força a partir de 7 de dezembro no Museu de Arte do Rio. A abertura ficará por conta da atriz e apresentadora Mariana Xavier, com o tema ‘Vozes de Verniz: Narrativas de Corpo, Saúde e Representação no Audiovisual’. Em seguida, a sessão Territórios Diversos recebe a multiartista Hiura Fernandes, que propõe reflexão sobre audiovisual, corpo, periferia e ancestralidade. A noite termina com a presença da artista Preta Queen B Hull em performance seguida de pocket show.
O dia 10 marca a chegada do festival à Casa Bosque com a oficina de práticas poéticas audiovisuais conduzida por Catu Rizo. A atividade se estende até a exibição de uma seleção especial de curtas, criando uma imersão que combina formação e fruição estética.
Nos dias 11 e 12, o Cine Diversidade segue para a Arena Carioca Dicró e para o Cine Bela Maré. A presença nesses espaços reforça a circulação do projeto por territórios que concentram grande potência criativa, mas que historicamente recebem poucos eventos estruturados do setor. As exibições nesses locais reafirmam a importância de ampliar o acesso e valorizar narrativas vindas das periferias.
MAR recebe programação de debates audiovisuais
A programação retorna ao Museu de Arte do Rio no dia 14 para o encerramento. A atriz e cineasta Julia Katharine conduz a conversa Representatividade em Movimento, que aborda a construção de narrativas trans e os impactos de ocupar posições diante e atrás das câmeras. Logo depois, a sessão Reflexos do Feminino destaca a participação da pesquisadora e roteirista Luana Rocha, que discute como mulheres negras vêm reposicionando suas imagens e protagonismos no audiovisual brasileiro.
O encerramento do VIII Festival Cine Diversidade será com o Prêmio Tibira – um reconhecimento às trajetórias que têm marcado a história do audiovisual brasileiro com coragem, representatividade e transformação. E as homenageadas deste ano estão a atriz Renata Carvalho, a roteirista e diretora Denise Saraceni e a atriz e produtora Wescla Vasconcelos.
Mais do que um festival, o Cine Diversidade se coloca como um dispositivo de circulação de saberes, construção de conhecimento e ampliação do acesso. A ColetivA DELAS já realizou mais de 150 ações culturais desde 2016, alcançando mais de 3 milhões de pessoas e gerando milhares de postos de trabalho. Em um cenário em que a cultura precisa ser tratada como política pública e instrumento de desenvolvimento, o festival se reafirma como força motriz de memória, presença e resistência no estado.
Da formação à exibição, das oficinas às performances, o evento fortalece o papel do cinema independente como expressão fundamental da América Latina contemporânea. Ao criar pontes entre territórios, corpos dissidentes, juventudes criativas e profissionais experientes, o Cine Diversidade reafirma que a produção simbólica continua sendo um dos pilares mais pulsantes do Rio de Janeiro. E que, no encontro entre arte e debate público, o cinema permanece como linguagem capaz de imaginar futuros possíveis.
O Festival Cine Diversidade é uma realização da ColetivA DELAS, com apoio da RIOFILME, Secretaria Municipal de Cultura e da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, e parceria com a plataforma de formação criativa co.liga. A programação completa será divulgada em breve nas redes da ColetivA e no site oficial do festival.
Serviço
MUSEU DE ARTE DO RIO
Data: 07 e 14 de dezembro
Horário: das 14h às 18h
Endereço: Praça Mauá, 5 – Centro do Rio de Janeiro
Onde se inscrever: https://www.
O que é a ColetivA Delas?
A ColetivA DELAS é um hub de impacto social que desenvolve soluções criativas para a promoção da agenda ESG, conectando pessoas e marcas a partir do olhar da diversidade, equidade e inclusão. Com uma equipe majoritariamente feminina e LGBTQIAPN+, a ColetivA atua nas áreas de cultura, comunicação, impacto socioambiental e educação com foco em fortalecer grupos minorizados e gerar transformações sociais através da economia criativa. Suas iniciativas são marcadas pela escuta ativa, pela formação gratuita e pelo compromisso com um audiovisual que reflita a pluralidade de experiências da sociedade brasileira.
À frente da ColetivA DELAS e do Cine Diversidade estão profissionais que acumulam diferentes trajetórias no audiovisual, na comunicação e na educação. As sócias combinam pesquisa, atuação comunitária, gestão cultural e olhar curatorial para construir um festival que se tornou referência em diversidade de narrativas e ampliação de oportunidades no setor. Suas experiências somadas atravessam cinema independente, projetos sociais, políticas públicas e a criação de espaços de encontro que valorizam a potência criativa de grupos historicamente sub-representados.
