Corinthians vence Vasco e conquista tetra da Copa do Brasil após 16 anos

Timão bateu o Cruz-Maltino por 2 a 1 no Maracanã lotado e encerrou longo jejum na competição nacional

por Redação
Corinthians Tetra da Copa do Brasil 2025 | Vence Vasco 2-1

O Corinthians voltou a erguer a taça da Copa do Brasil após uma espera de 16 anos. Em um Maracanã apinhado de torcedores neste domingo (21), o Timão venceu o Vasco por 2 a 1 e conquistou seu quarto título na história da competição. A vitória na casa do adversário garantiu não apenas o troféu, mas também vaga direta na fase de grupos da Libertadores 2026 e uma premiação que ultrapassa os R$ 97 milhões.

Como chegaram à decisão

Após empate sem gols na Neo Química Arena, no primeiro confronto da final disputado em 17 de dezembro, as equipes chegaram ao Rio de Janeiro em pé de igualdade absoluta. Qualquer placar de vitória garantiria o troféu, enquanto novo empate levaria a disputa para as penalidades máximas.

O duelo colocou frente a frente dois comandantes experientes do futebol brasileiro: Dorival Júnior, do Corinthians, buscando seu quarto troféu da Copa do Brasil, e Fernando Diniz, do Vasco, que havia neutralizado o adversário no jogo inicial com estratégia impecável.

Primeiro duelo: domínio tático vascaíno

Na partida de ida em São Paulo, o Vasco mostrou superioridade tática e anulou completamente as principais armas ofensivas corintianas. Com marcação pressão intensa no meio de campo, a equipe de Diniz limitou os espaços e forçou o Corinthians a buscar alternativas pelas beiradas do campo.

O Timão sequer conseguiu finalizar no gol adversário durante toda a etapa inicial e terminou o confronto com apenas sete tentativas contra 12 do Cruz-Maltino. Andrés Gómez brilhou como melhor jogador da partida, atormentando a defesa paulista com velocidade e movimentação constante.

A grande decisão no templo do futebol

Com público de 67.339 torcedores e ingressos esgotados dias antes do apito inicial, o Maracanã viveu uma das atmosferas mais eletrizantes da temporada. A partida começou às 18h e foi transmitida por TV Globo, SporTV, Premiere e Amazon Prime Video.

Escalações das equipes

Vasco: Léo Jardim; Paulo Henrique, Carlos Cuesta, Robert Renan e Pumita Rodríguez; Thiago Mendes, Cauan Barros e Philippe Coutinho; Nuno Moreira, Andrés Gómez e Rayan. Técnico: Fernando Diniz.

Corinthians: Hugo Souza; Matheuzinho, André Ramalho, Gustavo Henrique e Matheus Bidu; Raniele, José Martínez, Maycon e Breno Bidon; Memphis Depay e Yuri Alberto. Técnico: Dorival Júnior.

A principal alteração tática de Dorival foi substituir Rodrigo Garro por Maycon, privilegiando solidez defensiva em detrimento da criatividade no meio de campo.

Primeiro tempo: equilíbrio e dois gols

O Corinthians abriu o marcador aos 16 minutos em jogada que se tornaria padrão durante toda a partida: lançamento preciso de Matheuzinho encontrando Yuri Alberto em velocidade. O camisa 9 dominou com classe e tocou na saída do goleiro Léo Jardim para colocar o Timão na frente.

Nove minutos depois, Yuri Alberto desperdiçou oportunidade clara de ampliar a vantagem. Após falha na saída de bola vascaína, o atacante ficou cara a cara com o arqueiro adversário, mas finalizou por cima da meta, perdendo chance valiosa.

O Vasco reagiu e empatou aos 40 minutos em lance de brilhantismo individual de Andrés Gómez. O colombiano roubou a bola de Raniele, avançou pela esquerda, driblou André Ramalho e cruzou com precisão para Nuno Moreira, que subiu na segunda trave e cabeceou firme para as redes: 1 a 1.

Segundo tempo: Memphis Depay define o título

O Cruz-Maltino voltou melhor do intervalo e pressionou a defesa corintiana nos minutos iniciais, mas sem converter a superioridade em finalizações perigosas. Aos 17 minutos, veio o lance decisivo que garantiu o tetracampeonato.

Breno Bidon roubou a bola no meio de campo e protagonizou uma das jogadas mais marcantes da temporada: em alta velocidade, aplicou drible desconcertante em Cauan Barros, deixando o volante vascaíno sentado no gramado. Na sequência, acionou Matheuzinho pela direita, que encontrou Yuri Alberto em profundidade. O centroavante invadiu a área e cruzou rasteiro para Memphis Depay, completamente livre, apenas empurrar para o gol: 2 a 1.

A jogada do jovem meio-campista de 19 anos viralizou nas redes sociais e recebeu elogios generalizados de comentaristas e especialistas. Bidon demonstrou maturidade impressionante no momento mais decisivo da temporada.

Tentativa de reação vascaína

Fernando Diniz promoveu alterações ofensivas colocando Vegetti e outros atacantes, mas a equipe não conseguiu superar a defesa corintiana. A melhor oportunidade veio em cobrança de falta de Rayan nos acréscimos, mas Hugo Souza fez defesa importante para confirmar o troféu.

O goleiro, que havia sido herói na semifinal contra o Cruzeiro ao defender duas penalidades, novamente se mostrou seguro no momento crucial. A arbitragem ficou sob comando de Wilton Pereira Sampaio (GO), auxiliado por Bruno Boschilia (PR) e Victor Hugo Imazu dos Santos (PR), com Marco Aurelio Fazekas (MG) no VAR.

As campanhas até a final

Corinthians: eliminando grandes rivais

O Timão teve trajetória impressionante, ingressando na competição apenas na terceira fase:

  • Terceira fase: Novorizontino (2 a 0 no agregado)
  • Oitavas de final: Palmeiras (3 a 0 no agregado)
  • Quartas de final: Athletico-PR (3 a 0 no agregado)
  • Semifinal: Cruzeiro (2 a 2 no agregado, vitória nos pênaltis por 5 a 4)

A eliminação do arquirrival Palmeiras foi especialmente celebrada pela Fiel. Contra o Cruzeiro, Hugo Souza foi decisivo ao defender duas cobranças na disputa de penalidades.

Vasco: trajetória de superação

O Cruz-Maltino disputou desde a primeira fase, acumulando sete partidas até a decisão:

  • Primeira fase: União Rondonópolis-MT (3 a 0)
  • Segunda fase: Nova Iguaçu (3 a 0)
  • Terceira fase: Operário (2 a 2 no agregado, vitória nos pênaltis)
  • Oitavas de final: CSA (3 a 1 no agregado)
  • Quartas de final: Botafogo (2 a 2 no agregado, vitória nos pênaltis)
  • Semifinal: Fluminense (2 a 2 no agregado, vitória nos pênaltis)

Léo Jardim foi fundamental na campanha vascaína, defendendo penalidades decisivas contra Botafogo e Fluminense e consolidando-se como um dos melhores especialistas do país.

Impacto financeiro e classificação continental

Premiação milionária

O Corinthians garantiu R$ 77,175 milhões pelo título, somando-se aos valores das fases anteriores para um total de R$ 97,791 milhões. A distribuição incluiu:

  • Terceira fase: R$ 2,315 milhões
  • Oitavas: R$ 3,638 milhões
  • Quartas: R$ 4,741 milhões
  • Semifinal: R$ 9,923 milhões
  • Campeão: R$ 77,175 milhões

O Vasco, vice-campeão, recebeu R$ 33,075 milhões pela final, totalizando aproximadamente R$ 57 milhões considerando toda a campanha.

Vaga na Libertadores garantida

Além do prêmio financeiro, o troféu garantiu ao Corinthians classificação direta para a fase de grupos da Copa Libertadores 2026. Esta era a última oportunidade do Timão de se classificar ao torneio continental, já que a equipe terminou o Campeonato Brasileiro na 10ª colocação.

A vaga na Libertadores representa prestígio esportivo e novas receitas significativas com bilheteria e cotas da Conmebol. O clube havia sido eliminado na fase prévia da Libertadores 2025, tornando o retorno ainda mais relevante.

Protagonistas da conquista

Yuri Alberto: artilheiro e decisivo

O centroavante marcou seu 18º gol na temporada, consolidando-se como principal finalizador corintiano em 2025. Além do gol, participou ativamente da jogada do segundo tento e mostrou oportunismo característico.

Memphis Depay: investimento justificado

A contratação do holandês em setembro de 2024 foi recebida com ceticismo devido ao histórico de lesões e alto salário. Na final, o atacante demonstrou seu valor ao marcar o gol do título e participar das principais jogadas ofensivas.

Breno Bidon: revelação aos 19 anos

O jovem meio-campista protagonizou o lance mais marcante da decisão com sua jogada individual no segundo gol. O drible e a assistência precisa demonstraram maturidade impressionante para um jogador tão jovem em momento de tamanha pressão.

Hugo Souza: segurança decisiva

O goleiro chegou ao Corinthians com a responsabilidade de substituir o ídolo Cássio e elevou seu nível drasticamente. Pelo Timão, defendeu 10 de 29 penalidades, além de fazer defesas importantes na final.

Pablo Vegetti: artilheiro no banco

O argentino, artilheiro vascaíno da temporada com 27 gols, começou no banco de reservas e entrou apenas aos 21 minutos do segundo tempo. Apesar disso, manteve postura positiva e profissional durante toda a decisão.

Duelo tático entre treinadores consagrados

O confronto entre Dorival Júnior e Fernando Diniz representou embate entre duas interpretações da escola brasileira de treinadores. Ambos valorizam liberdade de movimentação e confiança nos jogadores, mas com abordagens distintas.

Dorival chegou à final com currículo consistente em competições eliminatórias, tendo conquistado títulos da Copa do Brasil por Santos (1995), Flamengo (2022) e agora Corinthians. Seu modelo prioriza organização defensiva, linhas compactas e adaptação conforme o adversário.

Fernando Diniz trabalha com conceitos mais definidos: valorização extrema da posse, aproximação constante dos jogadores e busca de superioridade numérica ao redor da bola. A estratégia prevaleceu no primeiro confronto, mas foi neutralizada no Maracanã.

Encerramento da temporada brasileira

A partida marcou o fim da temporada 2025 do futebol brasileiro com grande celebração. O Vasco amargou seu segundo vice-campeonato da Copa do Brasil – o primeiro foi em 2006, também no Maracanã, quando perdeu para o Flamengo. O único título do clube na competição veio em 2011.

Para o Corinthians, a conquista representou o fim de jejum de oito anos sem títulos nacionais – o último havia sido o Campeonato Brasileiro de 2017. O tetracampeonato (1995, 2002, 2009 e 2025) consolida o Timão como uma das forças dominantes da Copa do Brasil.

A vitória teve ampla repercussão nacional, com celebrações intensas da Fiel Torcida e reconhecimento da imprensa esportiva pela campanha sólida. Dorival Júnior, criticado após o empate no primeiro jogo, viu sua estratégia no Maracanã ser reconhecida como fundamental para o troféu.

Fernando Diniz, apesar da derrota, recebeu elogios pela reconstrução vascaína ao longo da temporada. O técnico transformou uma equipe que estava na 14ª posição do Brasileirão e brigando contra o rebaixamento em finalista da Copa do Brasil, garantindo ainda vaga na Sul-Americana 2026.

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