‘Eu Capitu’ estreia no CCBB RJ e reflete sobre machismo, dores e silenciamentos de mulheres contemporâneas

por Waleria de Carvalho
Eu Capitu

Um dos mais conhecidos romances da Literatura Brasileira, ‘Dom Casmurro’ foi publicado em 1900, se tornou obrigatório em listas e leituras escolares, além de popularizar os personagens Bentinho e Capitu no inconsciente coletivo. A famosa história permaneceu no imaginário público e, após mais de um século, vai ser finalmente revista, refletida e retratada pelo olhar feminino no teatro. ‘Eu Capitu’ estreia no dia 12 de abril no Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro com texto inédito de Carla Faour, escrito a partir desta provocação sobre o original machadiano, e com direção de Miwa Yanagizawa. A força do coletivo feminino se expande para todas as esferas da montagem, com mulheres em cena (Flávia Pyramo e Marina Provenzzano) e na imensa maioria da equipe criativa.

No palco, as atrizes encenam uma história que se passa no Brasil de hoje, quando Ana, adolescente presa em um ambiente de tensão doméstica, presencia o fim de um relacionamento abusivo de sua mãe, Leninha, que começa a experimentar novas experiências com o término. A menina – cuja leitura obrigatória de ‘Dom Casmurro’ para o colégio segue incompreendida – costuma se isolar em um mundo imaginário para fugir de seus problemas. É neste refúgio que encontra uma mulher misteriosa e, aos poucos, descobrimos se tratar da própria Capitu.

‘Logo de início, entendi que não queria uma peça realista. Se o assunto era muito duro e pesado, eu queria falar de uma forma doce e lúdica, com a criação de um universo simbólico e metafórico’, resume Carla Faour, que chama a atenção pelo fato de a peça dar voz a mulheres em um mundo que tem a narrativa masculina, seja na política, nas artes, na história ou nas famílias.

‘No texto, o universo todo está na perspectiva desta menina, que sai da infância e entra na adolescência, um momento de extrema vulnerabilidade, e tenta entender as opções da mãe, o que é ser mulher e também o próprio livro de Machado de Assis’, comenta a autora.

A direção de Miwa Yanagizawa foi criada em um processo guiado pelo olhar, pelas múltiplas perspectivas e pela intensa troca com todas as artistas da equipe do espetáculo: ‘Nos interessa instigar o olhar da plateia, convidá-la a imaginar outras possibilidades narrativas, tomar consciência das coisas se valendo de mais de uma perspectiva. Portanto, juntas, levantamos questionamentos e nos apropriamos deles para desdobrá-los ao invés de buscar soluções definitivas: é mais sobre apreciar fazer mais perguntas e dar abertura para uma cena menos linear e acabada em que a pessoa que assiste também colabora, na medida em dialoga com o espetáculo fazendo uso de seus poderes de observação, raciocínio, imaginação e compreensão tornando-se também uma intérprete’, analisa a diretora, recentemente premiada com o APTR de Melhor Direção por ‘Em Nome da Mãe’ (2022) e ‘Nastácia’ (2019), que também venceu o Prêmio Shell de Teatro.

O convite a Miwa foi feito pelo produtor Felipe Valle, também idealizador do projeto, após testemunhar, indiretamente, um episódio de violência doméstica em que não conseguiu intervir e teve a denúncia recusada pela polícia. O sentimento de impotência o levou intuitivamente a pensar em ‘Dom Casmurro’ e, ao reler o livro, com os olhos de agora, percebeu toda a violência contida naquele clássico:

‘Somente em uma segunda leitura consegui entender que era preciso olhar para aquela história com outros olhos e isso só seria possível com esta equipe de criação majoritariamente feminina. Eu trabalhei este livro em sala de aula por anos e hoje consigo perceber como é necessário analisá-lo por outro prisma, tentar, de alguma forma, entender essa história do ponto de vista da Capitu e como isso se relaciona com a realidade de hoje, ainda em 2023’, conta o produtor.

Sinopse

Desde pequena, Ana tem por hábito se isolar em um mundo imaginário como forma de fugir dos problemas que enfrenta em casa. Sua mãe, Leninha, vive um relacionamento abusivo com o marido. A tensão doméstica acaba por refletir no rendimento escolar da menina que precisa tirar boas notas em Literatura para não repetir o ano. A prova final vai ser em cima da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. No entanto, a leitura afeta diretamente a menina que passa a enxergar pontos em comum entre o livro e sua vida.

Em seu refúgio fantástico, Ana começa a misturar ficção com realidade e recebe a visita de uma mulher misteriosa, que tem o rosto parecido ao de sua mãe. Aos poucos descobrimos que esta mulher é Capitu, a personagem ícone da obra Machadiana. Nesses encontros, Ana dá voz àquela mulher que só conhecemos através do olhar masculino. A improvável ligação entre elas serve à menina, que está entrando na adolescência, como um rito de passagem para o universo feminino adulto, em que ela começa a entender o que significa ser mulher num mundo narrado por homens.

Ficha Técnica

  • Direção Artística: Miwa Yanagizawa
  • Dramaturgia: Carla Faour
  • Diretora Assistente: Maria Lucas
  • Idealização e Direção Geral: Felipe Valle
  • Direção de Produção: Bárbara Galvão, Carolina Bellardi e Fernanda Pascoal (Pagu Produções Culturais)
  • Coordenação de Projeto: Trupe Produções Artísticas
  • Elenco: Flávia Pyramo e Marina Provenzzano
  • Direção Sonora, Trilha Original e Preparação Vocal: Azullllllll
  • Direção de arte: Teresa Abreu
  • Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni
  • Produção Executiva: Fernando Queiroz e Juliana Soares
  • Assistente de Produção: Miguel Ângelo
  • Design Gráfico e Fotografia: Daniel Barboza
  • Gestão de Comunicação: Incerta Comunicação
  • Assessoria de Comunicação: Pedro Neves (Clímax Comunicação e Conteúdo)
  • Gestão de Projeto e Prestação de Contas: Felipe Valle e Mariana Sobreira (Fomenta Soluções Culturais)
  • Produtora Associada: Pagu Produções Culturais
  • Correalização: Fomenta Soluções Culturais
  • Realização: Trupe Produções Artísticas e Singularte Produções

Serviço

Espetáculo: “Eu Capitu”
Temporada: de 12 de abril a 07 de maio de 2023
Dias e horários: Quarta a sábado, 19:30 e domingo, 18h
Classificação: 14 anos
Duração: 80 min.

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Teatro II
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – RJ
Informações: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br
Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)

Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia entrada.
Ingressos na bilheteria física: de quarta a segunda, das 9h às 21h (exceto aos domingos, cujo encerramento é às 20h) e no site bb.com.br/cultura

Siga o CCBB RJ nas redes sociais: twitter.com/ccbb_rj/ | facebook.com/ccbb.rj | Instagram: @ccbbrj

Atividade extra:

Roda de conversa – Interseccionalidade e afeto: atravessamentos sociais no contexto das relações

Participantes:

– Carol da Matta – professora de Língua Portuguesa e Literatura e pesquisadora da educação das relações étnico-raciais.
– Lian Tai – Doutora em Comunicação Social pela UFF, atriz e escritora.
– Maria Lucas – Atriz e escritora carioca, doutoranda em artes pela UERJ.

Data: 06/05 (sábado)
Horário: 16h
Local: Auditório – 4º andar
Gratuito

Ingressos disponíveis na bilheteria do CCBB 1h antes do início do evento.

Amor Bandido nos palcos de São Paulo

Bonnie & Clein

Bonnie & Clein – Foto de Stephan Solon

A história de amor bandido mais famosa de todos os tempos, vivida pelo casal que ficou conhecido por aterrorizar os EUA na década de 1930, pode ser vista no palco brasileiro com a montagem inédita de “Bonnie & Clyde”. Produzida pela Del Claro Produções (Sweeney Todd; Chaves – um tributo musical; Natasha, Pierre e o Grande Cometa de 1812) e H Produções Culturais (Nautopia – O Musical e Os Últimos 5 Anos), o musical é apresentado por Ministério da Cultura, com patrocínio de Esfera e Santander Seguros e Previdência, e estreou pela primeira vez na América Latina dia 10 de março no 033 Rooftop do Teatro Santander, localizado no Complexo JK Iguatemi, em São Paulo, sob a direção de João Fonseca, a direção musical de Thiago Gimenes e a coreografia de Keila Bueno, e pode ser vista até 14 de maio. 

Baseado na audácia e na absurdidade dos célebres gângsteres, a história originou o filme “Bonnie & Clyde – Uma Rajada de Balas”, dirigido por Arthur Penn em 1967, com Faye Dunaway e Warren Beatty, no qual foi inspirada a obra teatral com músicas de Frank Wildhorn (Jekyll & Hyde), letras de Don Black (Sunset Boulevard) e libreto de Ivan Menchell. A adaptação estreou em San Diego em 2009, chegando à Broadway em 2011, e conquistou duas indicações ao Tony Awards, além de três ao Outer Critics Circle Awards e cinco ao Drama Desk Awards, ambos incluindo Melhor Novo Musical. Em 2022 contou com uma temporada de ingressos esgotados no West End de Londres, onde reestreia em março, quase que simultaneamente com a montagem brasileira.

O MUSICAL

Movidos por paixão, ambição e adrenalina, as vidas de Bonnie Parker e Clyde Barrow se cruzam pela primeira vez em uma lanchonete, onde a garçonete conhece o “delinquente de berço”, por quem se vê seduzida a embarcar em um mundo de viagens e crimes, entre fugas e prisões, carros roubados, armas e charutos, assaltos a postos de gasolina, pequenos comerciantes e grandes bancos, sem imaginar que, pouco tempo depois, se tornariam um retrato histórico da Grande Depressão, período marcado pela crise econômica e social americana, que levou muitas pessoas a cometerem delitos em função do desespero e revolta, e a enxergar a dupla como figuras heróicas.

Enquanto Bonnie, vivida por Eline Porto, almeja alcançar o sucesso como artista e poetisa, Clyde, vivido por Beto Sargentelli, é um fissurado por carros que sonha viver sem se preocupar com dinheiro. Juntos eles somam forças em uma luta declarada contra o sistema, e instigados por um desejo de vingança, caem na estrada sem rumo, mas mantendo sempre o contato com parte da Gangue Barrow, formada também pelo irmão bandoleiro de Clyde, Buck, vivido por Claudio Lins, e a cunhada Blanche, vivida por Adriana Del Claro – que faz deste o seu retorno aos holofotes.

Desafiando as autoridades, após dois anos de aventuras na contramão da polícia, o banditismo romântico só chega ao fim no dia 23 de maio de 1934, após serem delatados por um infiltrado na gangue. O casal fora da lei, que nunca demonstrou receio de apertar gatilhos e disparar contra quem cruzasse seu caminho, acaba capturado em uma emboscada armada na estrada de Louisiana, sul dos EUA, e executado com dezenas de tiros, o mesmo acontece com o carro, atingido por mais de 100 balas de diversos calibres, em uma operação comandada pelo capitão Frank Hamer, um Texas Ranger aposentado vivido por Renato Caetano, e que retorna ao posto como um reforço da caçada.

O elenco se completa com um time talentoso, que mescla nomes já conhecidos dos palcos com novos rostos que despontam na cena teatral: Aline Cunha (Eleanore), Aurora Dias (Cumie Barrow), Bruna Estevam (jovem Bonnie), Davi Novaes (John), Elá Marinho (Governadora Ferguson), Gui Giannetto (Pastor), Lara Suleiman (Mary), Mariana Gallindo (Emma Parker), Oscar Fabião (Xerife Schmidt), Pedro Navarro (Ted), Rafael de Castro (Henry Barrow), Thiago Perticarrari (Delegado Johnson) e Yudchi Taniguti (jovem Clyde).

Com uma equipe de criativos renomada e conhecida das grandes premiações do gênero, os figurinos levam a assinatura de João Pimenta, o design de som de Tocko Michelazzo e o design de luz de Paulo Cesar Medeiros. Já a cenografia é de Cesar Costa e o visagismo de Marcos Padilha. A produção conta ainda com versões assinadas pelo indicado ao Prêmio Bibi Ferreira 2022, Rafael Oliveira (Musical em bom português), responsável por traduzir o texto e as 22 canções, repletas de elementos do country, western, blues e pop da Broadway.

DETALHES DE PRODUÇÃO

O trio de atores-produtores que se divide em dupla função à frente desta superprodução, é composto por Adriana Del Claro, Beto Sargentelli e Eline Porto, que se uniram no desafio de fazer dessa uma montagem única, considerando toda a sua concepção diferenciada e imersiva, já conhecida do local de apresentação, que vai desde a acomodação da plateia até o cardápio temático, oferecido pelo serviço de Bar assinado pelo Chef exclusivo do 033 Rooftop do Teatro Santander, Mario Azevedo.

E visando proporcionar uma experiência ainda mais completa, para além do palco, em 2022, o trio viajou até Curitiba em busca da carcaça original de um Ford V8, igual aos utilizados pelos personagens reais da história. O carro foi restaurado para ficar idêntico ao modelo original – em situação de pós captura -, hoje exposto em Las Vegas. O V8 será uma réplica exclusiva, recriada especialmente para o espetáculo, e estará exposta, de forma acessível ao público, em um espaço instagramável.

SERVIÇO:

“BONNIE & CLYDE”

  • Local: 033 Rooftop do Teatro Santander (cobertura)
  • Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 – Vila Olímpia – São Paulo
  • Temporada: 10 de março a 14 de maio de 2023
  • Sessões: Sextas-feiras às 20hs | Sábados às 15h30 e às 20hs | Domingos às 15h30 e às 20hs.
  • Duração do espetáculo: 2:10 hs (com 15 minutos de intervalo)
  • Capacidade: 380 lugares
  • Setores e preços:  Setor VIP R$ 250,00 | Setor 1 R$ 220,00 |Setor 2: R$ 75,00
  • Classificação indicativa: 16 anos
  • ** Clientes Santander possuem 15% de desconto nas compras no bar do 033 Rooftop.

CANAIS DE VENDAS OFICIAIS 

Internet (com taxa de serviço): https://www.sympla.com.br/

Bilheteria física (sem taxa de serviço):

Atendimento Presencial: Todos os dias 12h às 18h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação. Não é possível o parcelamento em ingressos adquiridos na bilheteria.

Autoatendimento: A bilheteria do Teatro Santander possui um totem de autoatendimento para compras de ingressos sem taxa de conveniência 24h por dia.

Formas de pagamento: Dinheiro, Cartão de débito e Cartão de crédito.

Coletivo Comum estreia espetáculo Universo no SESC Belenzinho

Universo

Universo – foto de Lienio Medeiros

Com o objetivo de investigar formas de indagação da realidade e as possibilidades de emancipação social, e assim estimular uma reflexão a respeito do nosso futuro como civilização, o Coletivo Comum estreia o espetáculo UNIVERSO, no dia 14 de abril. A peça aborda questões científicas e sociais contemporâneas, como a emergência climática, o especismo e as fake news, e segue em temporada até 7 de maio na Sala Espetáculos I do Sesc Belenzinho, com sessões às sextas e sábados, às 21h30, e aos domingos e feriados, às 18h30.

Há quase três décadas, o Coletivo Comum pesquisa estratégias cênicas e dramatúrgicas documentais e não psicológicas, neste trabalho partiu de textos considerados não teatrais, especialmente uma conferência proferida em 1994 pelo físico, astrônomo e astrofísico Carl Sagan (1934-1996). No processo criativo, o coletivo estabeleceu relações entre os temas tratados por esse material com obras como “A vida de Galileu”, peça escrita e reescrita por Bertolt Brecht entre os anos 1930 e 1950, e “Os irredutíveis”, do filósofo e ativista político Daniel Bensaïd, publicada em 2008.

“Galileu, embora atravessado por contradições – vários dos seus biógrafos e o próprio Brecht salientaram suas ambiguidades e fraquezas muito humanas – é um representante da luta contra a intolerância e a perseguição ao conhecimento livre. Ele, assim como Carl Sagan, três séculos e meio depois, são melhor compreendidos a partir do embate com a igreja e com outras tentativas de domesticação do pensamento. Já Bensaïd, filósofo e militante internacionalista, profundo conhecedor do Brasil, onde esteve por diversas vezes, é uma referência do movimento socialista desde sua participação nos eventos de maio de 1968, na França”, comenta o diretor Fernando Kinas.

Coube a Kinas olhar para todas essas contribuições e desenvolver o roteiro de UNIVERSO. A ideia nunca foi fazer uma biografia de figuras historicamente relevantes, mas apresentar processos sociais decantados em experiências concretas. O espetáculo se tornou um tratado cênico que utiliza e também reflete sobre o método científico, os obscurantismos e o projeto universalista. Para isso, justapõe, com bastante ironia, um Demiurgo irritado (com direito à túnica branca, barba branca e sandálias) e uma cientista-artista-filósofa.

Para o Coletivo Comum, é urgente mostrar as conexões entre a ciência e a vida cotidiana, procurando evitar a confusão entre opinião (doxa) e conhecimento (episteme), bem como a disseminação de informações do que Sagan chama de “pensamentos imperfeitos”. Em tempos de negacionismo sobre o Holocausto, a escravidão, o aquecimento global e a eficácia das vacinas, e de circulação massiva de teorias conspiratórias, isso é ainda mais importante.

“Usando um belo exemplo sobre os !Kung do deserto do Kalahari, mostramos como, em praticamente cada momento da vida das pessoas, a ciência está presente. A observação dos astros, por exemplo, é algo que existe desde as primeiras civilizações. É um exemplo de deslumbramento com o desconhecido, mas também de estudo sobre as estações do ano, com implicações diretas sobre a sobrevivência”, explica a atriz Fernanda Azevedo.

Sobre a encenação

Em cena, Fernanda Azevedo e Beatriz Calló – que também assina a pesquisa dramatúrgica e a assistência de direção – expõem e contrapõem argumentos sobre a necessidade do debate baseado em fatos e valores para a construção de conhecimentos mais sólidos sobre a realidade.

Para reforçar o caráter documental do trabalho, o público entra em contato com projeções de documentos históricos e imagens ficcionais, além de fotografias recentes produzidas por satélites e sondas espaciais. Artistas audiovisuais como Luiz Cruz (na primeira etapa de pesquisas) e Gabriela Miranda estão na origem destas propostas.

Outra grande referência para a composição imagética da peça é o cineasta Harun Farocki (1944-2014). Ao retratar o mundo do trabalho e suas consequências na organização da sociedade, o diretor questiona em que medida as máquinas são responsáveis pelo controle dos corpos e o cerceamento da imaginação.

Por todos esses elementos, o cenário de UNIVERSO apresenta um ambiente curiosamente neutro. Pode ser a superfície de Marte, mas também o ateliê de um mundo ainda em construção. Julio Dojcsar, cenógrafo e artista urbano, usou como referência o filme “Stalker” (1979), mas subverteu o mundo onírico de Andrei Tarkovski.

Já a iluminação assinada por Clébio Ferreira mescla o tom farsesco, com o de um show de variedades, com a sobriedade de um laboratório de ciências. O figurino é concebido por Madalena Machado, que tem vasta experiência com vestimentas para a dança contemporânea.

Ficha Técnica

  • Roteiro e direção: Fernando Kinas
  • Texto livremente inspirado na obra de Carl Sagan, Bertolt Brecht e Daniel Bensaïd
  • Assistência de direção e pesquisa dramatúrgica: Beatriz Calló
  • Elenco: Beatriz Calló e Fernanda Azevedo
  • Produção: Patricia Borin
  • Iluminação: Clébio Ferreira (Dedê)
  • Pesquisa de imagens e vídeo (primeira fase): Luiz Cruz
  • Vídeo final: Fernando Kinas e Gabriela Miranda
  • Cenário: Julio Dojcsar
  • Figurino: Madalena Machado
  • Programação visual: Camila Lisboa (Casa 36)
  • Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques
  • Realização: Coletivo Comum

Serviço

UNIVERSO
14 de abril a 7 de maio de 2023, às sextas e sábados, às 21h30, e, aos domingos e feriados, às 18h30
Local: Sesc Belenzinho – Sala Espetáculos I – Rua Padre Adelino, 1000 – Belenzinho – São Paulo – SP
Ingressos: R$ 30,00 (inteira), R$ 15,00 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública com comprovante) e R$ 10,00 (trabalhador do comércio de bens, serviço e turismo credenciado no Sesc e dependentes)
Duração: 90 minutos | Classificação: 14 anos

Peça se inspira na realidade virtual 

Sonhejunto.com

Sonhejunto.com – Foto de Amanda Moraes

Com inspirações na realidade virtual, metaverso e aplicativos de relacionamento, Luccas Papp e Thaís Falcão protagonizam Sonhejunto.com, que estreia no dia 15 de abril, sábados, às 19h, no Teatro MorumbiShopping. Além de estar em cena, o ator também assina a dramaturgia e direção do espetáculo. A temporada vai até 28 de maio, com sessões sempre aos sábados e domingos, às 19h.

Na trama, Emma é uma jovem adulta com sonho de se tornar artista. Sua rígida criação e uma doença rara que limitou sua mobilidade a transformaram em uma mulher solitária e que praticamente não sai do quarto. Christian, por sua vez, trabalhou muito tempo como guia turístico no litoral e era profundamente ligado ao mundo externo até se isolar, por um motivo misterioso.

 Ambos têm o mesmo sonho: Ver o mar. Ela pela primeira, e ele pela última. Por meio de um revolucionário aplicativo de realidade virtual, eles se encontram em um píer de uma praia paradisíaca e conversam sobre a vida, escolhas, desejos, e acima de tudo: a vontade de ir além. Um romance nada convencional com um final surpreendente e um toque de distopia.

No universo dos personagens, Sonhejunto.com é o aplicativo do momento e promete ser totalmente diferente de qualquer outro, principalmente dos já saturados aplicativos de relacionamento. A ferramenta assegura encontrar duas pessoas com o mesmo sonho e juntá-las para que o realizem juntos.

“O espetáculo tem referência dos anos 80/90 com a cultura pop e traz uma história futurista que se passa em torno de 2040. A ideia da trama é mostrar uma espécie de evolução dos aplicativos de namoro, que proporciona uma experiência virtual e sensorial ao mesmo tempo. É uma reflexão pertinente, pois cada vez mais as pessoas se conhecem pelo mundo digital ao invés do real. A dramaturgia se inspira no estilo de histórias de amor de autores como John Green e filmes que fazem sucesso nos streamings”, conta Papp.

As concepções dos elementos cênicos têm o desafio de transportar o espectador ao píer de uma praia paradisíaca, apoiando-se em tons pasteis e em todas as sensações que o mar remete. O cenário busca reproduzir o local tão sonhado pelo casal, trazendo a tecnologia desse universo futurista. O pano de fundo artístico do espetáculo e a simplicidade natural da praia contrastam com o universo tecnológico e os seus limites que são discutidos na dramaturgia. 

Para o autor, “Em Sonhejunto.com, pode ser visto por diversos ângulos. A história de amor entre dois jovens parece ser corriqueira, mas a peça vai além de um simples retrato sobre a vida. A principal mensagem do texto é o recomeço. Os protagonistas buscam ali, acima de tudo, um apoio em um desconhecido para suprir seus desejos desenfreados por viverem e se tornarem relevantes no mundo. Anseios esses que são presentes na cabeça da maioria dos jovens adultos contemporâneos”.

FICHA TÉCNICA

Texto e direção: Luccas Papp. Elenco: Luccas Papp e Thaís Falcão. Voz em off: Fernanda Faustino. Assistência de direção: Letícia Monezi. Cenografia: Kleber Montanheiro. Desenho de luz: Cesar Pivetti. Figurinos e Visagismo:Vitória Micheloni. Trilha Sonora Original: Pedro Lemos. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli e Renato Fernandes. Produção Executiva: Giulia Martins e Guilherme Bernardino. Design Gráfico: Raphael Ruas. Fotos: Amanda Moraes. Produção: LPB Produções.

 

SERVIÇO

Teatro MorumbiShopping

https://sonhejunto.com/

Endereço: Av. Roque Petroni Júnior, 1089, Jardim das Acacias, São Paulo – SP

Temporada: De 15 de abril a 28 de maio. Sábados e domingos, às 19h. Capacidade: 250 pessoas. Classificação: 10 Anos.

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