O homem é capaz de viver sem seus sonhos? Esta pergunta sai em busca de uma resposta no musical “Dom Quixote de Lugar Nenhum”, de Ruy Guerra, que, na visão de Jorge Farjalla, ganha nova montagem, a partir do dia 1º de junho, no Teatro Casa Grande, com patrocínio do Instituto Cultural Vale. Imerso em nossa brasilidade, o espetáculo — inspirado pela clássica obra de Cervantes — canta a saga do herói Queixada (Lucas Leto) agora pelo interior do Nordeste e coloca pela primeira vez um ator preto como Dom Quixote. Lá — ou em lugar nenhum, como sugere o título —, ele inicia uma batalha a fim de transformar seu próprio mundo em um espaço menos triste e ainda encontrar a musa Dulcineia (Dani Fontan) que nunca conheceu.
A alma de Dom Quixote, tão utópica e idealista na literatura, vai mexer com os desejos dos espectadores, segundo o diretor. “‘E aí, você continua acreditando no sonho mesmo quando tudo parece ser do contra?’ Você é ou não é um sonhador?’ Esses são questionamentos que estão dentro de todos nós”, diz Farjalla, que coloca Cláudia Ohana no papel de um inquieto diabo. “Ela representa o feminino libertador. Desmembrei a personagem do Sancho, que na obra do Ruy era o diabo, para trazer uma dualidade ainda maior para a história. Essa personagem atua num lugar de consciência para o Dom Quixote. E é também uma homenagem a ela, musa do Ruy dentro e fora da ficção”, explica Farjalla.
Claudia Ohana não trabalhava com Ruy desde 1989 e confessa que está vivendo uma experiência singular no palco. “É incrível voltar a trabalhar em um texto dele – já faz anos, desde o filme ‘Kuarup’. E ter as músicas do Zeca Baleiro, que eu também adoro, é demais. Eu queria trabalhar com o Farjalla já há algum tempo. Tem me trazido muita alegria o processo dele nos ensaios. Fazemos tudo em grupo. É a primeira vez que estou em cena o tempo todo, que toco instrumento, mudo de personagem. Está sendo bastante especial e transformador”, diz ela.
Interpretado por Lucas Leto, o herói Queixada enfrenta um caminho de pedras neste universo árido e já chega rompendo barreiras. “Fazer o primeiro Dom Quixote preto me pegou de surpresa e ao mesmo tempo em estado de alerta. Serve para todo mundo pensar que a sociedade está mudando, mas não estamos nem perto do que seria ideal num contexto racial. Agora, a gente vê um grande clássico como o Dom Quixote, que os artistas pretos nunca conseguiam acessar, sendo vivido por mim. É uma responsabilidade grande porque ele é icônico e agora vai ser interpretado por um jovem ator preto de Salvador. A cada ensaio tenho certeza que esse espetáculo vai surpreender quem for assistir e vai emocionar muito”, diz o ator.
A montagem, idealizada por Simone Kontraluz, marca a estreia de Farjalla no teatro musical. “Sempre tive uma ligação muito forte com música. Ela sempre norteou meus trabalhos, mas agora, pela primeira vez, de forma total. Quando recebi o convite da Simone, pensei muito em trazer para o palco a nossa brasilidade, gente preta no protagonismo. Em termos de linguagem, eu retorno ao estilo barroco, assino o figurino inclusive. Nesta montagem, o coro ganha uma força maior e está presente em toda a ação. Fui em busca também da completude das obras do Ruy Guerra, um desejo dele de ouvi-las no espetáculo”, conta Farjalla, que atualmente dirige os shows “Ana Carolina Canta Cássia Eller”, e “Vem Doce”, de Vanessa da Mata.
Nesta adaptação de Ruy Guerra, esse Dom Quixote Queixada representa a singularidade de cada um de nós nessa eterna busca para amenizar a dureza do cotidiano e transcender ao caos. Os contadores dessa história são materializados no palco como uma trupe de saltimbancos, com 10 atores que cantam e tocam instrumentos se desdobrando em vários personagens, para num grande e fabuloso cordel, narrarem as aventuras e desventuras do protagonista e seu fiel escudeiro, Sancho Pança (Danilo Moura). Eles são incansáveis na tentativa de tornar a fantasia possível de se acreditar.
Ex-aluna de Ruy Guerra, a fotógrafa Simone Kontraluz mantém uma grande amizade com o cineasta há 20 anos. Foi durante a pandemia, ainda mais conectados, que surgiu a ideia de fazer uma nova montagem de “Dom Quixote de Lugar Nenhum”. “Ele fez 90 anos. Então, perguntei o que ele queria de homenagem. Ele me falou deste espetáculo, que havia sido feito pelo Edson Celulari anos atrás, e que não tinha saído exatamente como ele gostaria. Falou da vontade de ver o Quixote como musical no palco, e essa se transformou na minha missão”, conta ela, que convidou Zeca Baleiro para também trabalhar nessas canções
“Zeca ficou encantado pelas músicas e pela ideia. Eu também achei que só o Farjalla faria como o Ruy gostaria. E ele também se apaixonou de cara. Ficamos nessa corrida louca com o Ruy dizendo que poderia morrer com 90 e ele já está fazendo 92 este ano. Agora, estamos com o Quixote montado e todo mundo está muito feliz, num amor profundo”, celebra Simone.
Ficha técnica
- Idealização: Simone Kontraluz
- Texto: Ruy Guerra
- Direção e encenação: Jorge Farjalla
- Assistente de direção: Andrea Dantas
- Músicas: Ruy Guerra e Zeca Baleiro
- Direção Musical: Lui Coimbra
- Elenco: Lucas Leto, Danilo Moura, Claudia Ohana, Dani Fontan, Jana Figarella, André Rosa, Daniel Carneiro, Du Machado, Paloma Ronai, Caio Menck
- Cenário: João Uchoa
- Figurinos e adereços: Jorge Farjalla
- Assistente de figurino: Joana Seibel
- Desenho de luz: Samuel Betz e Eduardo Dantas
- Preparação Vocal: Suely Mesquita
- Preparação corporal: Jorge Farjalla
- Som: Gabriel D’angelo
- Caracterização: Joana Seibel
- Ilustrações: Pally Siqueira
- Design gráfico e mídias sociais: Christoffer Pesce
- Fotos: Simone Kontraluz
- Assessoria de imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa
- Direção de Produção: Valéria Macedo
- Realização: Graviola Produções
- Curadoria: Simone Kontraluz
Serviço
- Data: 01/06 até 23/07/2023
- Local: Teatro Casa Grande
- Endereço: Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 – Loja A- Leblon — Rio de Janeiro/RJ
- Horário: Quinta a Sábado às 20h | Domingo às 18h
- Abertura da casa: 1h antes do evento
- Classificação: 12 anos. Menores a partir de 10 anos entram acompanhados dos pais ou responsáveis. Crianças de até 1 ano e 11 meses possuem gratuidade permanecendo no colo do responsável.
O Bem Amado Musicado reestreia em junho no Teatro FAAP
Criado no contexto das comemorações aos 100 anos do autor baiano Dias Gomes (1922-1999), o premiado O Bem Amado Musicado, dirigido por Ricardo Grasson, reestreia no dia 3 de junho no Teatro FAAP. O espetáculo segue em cartaz até 30 de julho, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h. Com produção de Rodrigo Velloni, o trabalho estreou em 2022 e recebeu os prêmios Arcanjo de Cultura (destaque em teatro) e Prêmio DID (destaque em direção).
Escrita em 1962, “Odorico, o Bem Amado, ou Os Mistérios do Amor e da Morte” é considerada um clássico do teatro moderno brasileiro e ficou muito conhecida pelo grande público ao ser adaptada na primeira telanovela exibida em cores no Brasil e a ser exportada. A versão, exibida pela TV Globo em 1973, era dirigida por Régis Cardoso e estrelada por Paulo Gracindo, Lima Duarte, Jardel Filho, Sandra Bréa, Ida Gomes e outros grandes atores.
“O Bem Amado é um marco do realismo fantástico brasileiro. Dias Gomes toca com o sincretismo, peculiaridade e maestria, em temas mais que atuais e fundamentais para a informação e a formação de gerações, como a crítica contestadora, o tom sarcástico e demagogo, a política, os costumes moralistas, a diversidade religiosa, a relação entre homens e o poder subversivo e todas as suas consequências”, reflete o diretor Ricardo Grasson.
Ele ainda conta como decidiu montar esta obra: “Foi em uma entrevista, em um canal na internet, que ouvi o Cassio (Scapin) contando da vontade de representar o personagem Odorico Paraguaçu, pela importância do autor e do texto na atual situação em que nós, como cidadãos e artistas, nos encontrávamos. Liguei para o Cassio, nos conhecemos há alguns anos e durante este período de pandemia fizemos alguns trabalhos juntos, então fiz o convite: O que você acha de montarmos O Bem Amado? Ele disse sim!”.
A comédia satiriza o cotidiano de Sucupira, uma cidade fictícia no litoral baiano, onde vive o político corrupto e demagogo Odorico Paraguaçu. Como não há um cemitério na cidade, o que obriga os moradores a enterrar seus mortos em municípios vizinhos, ele se elege prefeito com o slogan “Vote em um homem sério e ganhe um cemitério”.
O grande problema é que não morre ninguém em Sucupira para que o cemitério seja inaugurado. E, para resolver esse dilema e não perder o apoio de seus eleitores, ele se alia ao terrível pistoleiro Zeca Diabo, que foi expulso da cidade. O que ele não sabe é que o matador não pretende matar mais ninguém, pois deseja virar um homem de Deus.
Para trazer ao palco a pequena, seca, rude, litorânea e quente cidade de Sucupira, Grasson conta que procurou referências nas bases do realismo fantástico. “Somos inspirados pelos filmes de Federico Fellini, pela xilogravura nordestina moderna com influência de obras de artistas como Speto, pelo teatro popular brasileiro e pelos movimentos e desdobramentos da confecção dos livros ‘pop up’ (tipo de ilustrações em dobraduras de papel que saltavam dos livros)”, revela.
Ele ainda acrescenta que busca uma encenação de contornos populares, vibrantes, alegres e tipicamente brasileiros. “Queremos uma encenação enraizada na cultura nordestina brasileira, na interpretação e composição visceral dos atores e na linguagem de alcance direto, popular”.
E, sobre o processo de musicar a obra de Dias Gomes, o encenador comenta: “Incorporar na obra as músicas originais, somará nas nuances dramatúrgicas linguísticas típicas do autor, em brasilidades necessárias, transpondo para elementos e personagens da cultura nacional referências cotidianas e místicas, originárias nos personagens criados e descritos pelo autor”.
Ficha Técnica
- Autor: Dias Gomes
- Direção: Ricardo Grasson
- Produção: Rodrigo Velloni
- Letras e Músicas: Zeca Baleiro e Newton Moreno
- Arranjos: Zeca Baleiro e Marco França
- Direção Musical e Música Original (Instrumental): Marco França
- Cenário: Chris Aizner
- Desenho de Luz: Cesar Pivetti
- Figurino: Fábio Namatame
- Direção de Movimento e Coreografia: Katia Barros e Tutu Morasi
- Designer Gráfico e ilustrações: Ricardo Cammarota
- Fotografia: Ronaldo Gutierrez
- Preparação Vocal: Marco França
- Visagismo: Alisson Rodrigues
- Adereços: Kleber Montanheiro
- Diretor Assistente: Pedro Arrais
- Designer de Som: Fernando Wada
- Direção de Palco: Jones de Souza
- Camareira: Luciana Galvão
- Contrarregra: Eduardo Portella
- Assistente de Luz e Operador: Rodrigo Pivetti
- Cenotécnico: Alicio Silva
- Produção Executiva: Swan Prado
- Assistente de Produção: Adriana Souza
- Captação, Criação de Conteúdo e Mídias Sociais: GaTú Filmes
- Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
- Assessoria Jurídica: Martha Macruz de Sá
- Gestão Financeira: Vanessa Velloni
- Idealização: Ricardo Grasson, Heitor Garcia e Cassio Scapin
- Realização: Velloni Produções Artisticas
Elenco:
- Cassio Scapin
- Eduardo Semerjian
- Paulo de Pontes
- Luciana Ramanzini
- Kátia Daher
- Lola Fanucchi
- Ando Camargo
- Magno Argolo
- Heitor Garcia
- Roquildes Júnior
Músicos
- Dan Maia
- Bruno Menegatti
- Daniel Warschauer
- Roquildes Júnior
Serviço
O Bem Amado Musicado
- Temporada: 3 de junho a 30 de julho,
- Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
- Teatro FAAP – Rua Alagoas, 903 – Higienópolis, São Paulo
- Ingressos: R$80 (inteira), R$40 (meia-entrada)
- Duração: 110 minutos
- Classificação etária: 12 anos
- Gênero: Comédia musicada
- Acessibilidade: teatro acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
“Leopoldina” fica em cartaz até 30 de junho no youtube com acesso gratuito
Muito se sabe sobre os grandes nomes masculinos do período da independência, mas a história não nos deixa mentir que foi por influência de uma mulher que o Brasil se tornou uma Nação. Mais do que influenciar os bastidores da independência, Leopoldina foi a primeira mulher a ocupar um cargo executivo no Brasil, quando se tornou princesa regente, durante um afastamento de Dom Pedro I. A segunda mulher a ocupar o alto cargo executivo no Brasil só aconteceu quase 200 anos depois, com a chegada de Dilma Roussef ao Palácio do Planalto. Isso mostra quão vanguardista Leopoldina foi. Disponível para ser assistido no horário em que o espectador preferir, entre 31 de maio e 30 de junho de 2023, “Leopoldina” mostra as diferentes faces desta mulher à frente do seu tempo. A peça tem acesso gratuito pelo site https://linktr.ee/leopoldinateatro. O projeto foi contemplado no edital Retomada Cultural RJ 2, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Para construir o espetáculo, a equipe abriu o baú de cartas escritas e recebidas por Leopoldina e se debruçou sobre registros e pesquisas históricas que contam a vida atribulada e as realizações da imperatriz. A ideia é fazer um paralelo entre os debates e as conquistas feministas dos últimos 200 anos e a participação de significativa influência da imperatriz Leopoldina no processo de independência do Brasil. No elenco, estão Layla Paganini, atriz que dá vida à personagem-título, Ivo Gandra (Dom Pedro I) e Paula Frascari (Domitila).“Queremos, através de sua memória, celebrar as conquistas da história nacional ao longo de 200 anos e o papel da mulher na representatividade política do povo brasileiro.”, afirma o autor Pedro Henrique Lopes. “Buscamos dar uma roupagem moderna à história de Leopoldina. Nossa intenção nunca foi trazer uma narrativa épica e datada para o palco e para as telas, por isso toda encenação do espetáculo foi pensada para trazer contemporaneidade para a história do nosso país”, acrescenta o diretor Diego Morais.
Considerada por historiadores como a principal articuladora da Independência do Brasil, a Imperatriz austríaca deixou uma grande marca na história do país. “Para mim, como atriz, poder dar vida e voz a esta mulher que foi tão fundamental e que nos deixou tão jovem, quando ainda tinha tanto para ser feito pelo país, é uma honra e uma grande responsabilidade. Espero que temas sensíveis ao feminino toquem a cada um que assistir, como fui tocada ao interpretar Leopoldina”, pontua Layla Paganini.
Diego Morais
Nascido no Recife e radicado no Rio de Janeiro, o diretor Diego Morais tem uma carreira premiada no teatro e na televisão. No teatro, dirigiu “Vamp, O Musical” (2017 – indicado como Melhor Diretor de Teatro Musical no Botequim Cultural 2017), “Luiz e Nazinha – Luiz Gonzaga para Crianças” (2013), “O Menino das Marchinhas – Braguinha para Crianças” (2016, indicado como Melhor Diretor no Prêmio CBTIJ 2016 e no Botequim Cultural 2016), “Bituca – Milton Nascimento para Crianças” (2017 – premiado como Melhor Diretor no Botequim Cultural 2017), “Tropicalinha – Caetano e Gil para Crianças (2018 – premiado como Melhor Diretor no Botequim Cultural 2018), “Raulzito Beleza – Raul Seixas para Crianças” (2009), “Mojo Mickybo” (2009) e “O Meu Sangue Ferve Por Você” (2009 e 2020). É diretor de dramaturgia na TV Globo, onde dirigiu as novelas “Verão 90” (2019) e “Eta Mundo Bom!” (2016), e o programa de variedades “Simples Assim” (2020). Também integrou a equipe do filme “Os Normais 2”, dos seriados “Toma lá, Dá cá”, “A Vida Alheia” e “SOS Emergência” e das novelas “Malhação”, “Aquele Beijo”, “Guerra dos Sexos” e “Alto Astral”.
Pedro Henrique Lopes
Mestre em Comportamento do Consumidor pela FGV, Especialista em Narrativas Audiovisuais pela PUC Rio e bacharel em Artes Cênicas pela UNIRIO e em Turismo com ênfase em Gestão do Entretenimento pela UFF, Pedro tem se dedicado à carreira artística desde os 14 anos. Autor, ator e diretor de produção do musical “O Meu Sangue Ferve Por Você” (2009 a 2020) e do projeto “Grandes Músicos para Pequenos” que conta com sete espetáculos premiados e foi assistido por mais de 200 mil pessoas. É autor dos espetáculos infantis “Detetives do Prédio Azul – O Mistério do Teatro” (2019), da sequência de livros “Gêmeos?!” (2020), e assina a adaptação da versão brasileira do espetáculo irlandês “Mojo Mickybo” (2019). Integrou o elenco dos musicais brasileiros “Chacrinha – O Musical” (2014) como Aberlado Barbosa (jovem) e Benito de Paula, “Vamp – O Musical” (2017) como Gerald Lamas, “Esta é a Nossa Canção” (2009), “Baby” (2011) e, ainda, da versão americana de “Guys and Dolls” (2006). Foi performer da Disney no Brasil (2008) e nos EUA (2005 e 2006). Protagonizou os espetáculos infantis “Luiz e Nazinha – Luiz Gonzaga para Crianças” (2013), “O Menino das Marchinhas – Braguinha para Crianças” (2016) e “Tropicalinha – Caetano e Gil para Crianças” (2018). Na TV Globo, viveu Wanderlei em “Aquele Beijo” (2011), Padre Francisco em “Eta Mundo Bom!” (2016) e Ari em “Verão 90” (2019).
Ficha Técnica:
- Roteiro: Pedro Henrique Lopes
- Direção: Diego Morais
- Elenco: Layla Paganini (Leopoldina), Ivo Gandra (Dom Pedro I) e Paula Frascari (Domitila)
- Captação de Imagens e Áudio: Charlotte Produções
- Edição e programação Visual: Mini Entre
- Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
- Assistente de Produção: Heder Braga
- Produção Executiva: Betina Viegas
- Produtora Associada: Entre Entretenimento
- Serviço:
- Leopoldina
- Temporada: até 30 de junho de 2023
- Dias e horários: Disponível 24h por dia
- Ingressos: Acesso Gratuito (https://linktr.ee/leopoldinateatro)
- Tempo de duração: 35 minutos
- Classificação etária: 18 anos
“TRINTA ANOS ESTA NOITE OU O ESPELHO NEGATIVO” ABORDA AS DORES FEMININAS A PARTIR DAS EXPERIÊNCIAS DE UMA ATRIZ
Você já parou para pensar em quais são as dores femininas? Após ser diagnosticada com Síndrome de Fibromialgia, a atriz Dulce Muniz começou a refletir sobre o assunto. E as suas vivências se transformaram no solo teatral “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo”, que estreia dia 2 de junho no Teatro Studio Heleny Guariba e fica em cartaz até 6 de agosto, de sexta a domingo, com ingressos gratuitos.
A fibromialgia provoca dores intensas nos músculos, tendões e ligamentos. Além disso, pode causar sintomas como fadiga, insônia e depressão. De difícil diagnóstico, a síndrome costuma acometer, em 90% dos casos, mulheres entre 35 e 50 anos.
Foi em 2005 que Dulce descobriu essa condição. Na época, ela conheceu a psiquiatra Dra. Neuza Steiner, que coordenava um grupo de pacientes e se tornou consultora do espetáculo.
No trabalho, os relatos pessoais da atriz, desde a sua infância até os dias de hoje, se intercalam aos acontecimentos marcantes do Brasil, como a escravidão, a ditadura e a pandemia de Covid-19. Ao fazer essa costura, ela escancara alguns dos problemas estruturais do país, aproveitando a oportunidade para defender a escola pública e o SUS.
Dulce fala abertamente sobre as suas dores, permitindo uma forte conexão com a plateia. “Eu já tive dor de ouvido, endometriose e, agora, a fibromialgia. Isso sem contar nas dores da alma, como perder pessoas queridas durante a ditadura militar”, comenta a artista. Assim, a atriz integra a sua vida ao coletivo, mostrando como estamos todos interconectados. A peça, então, configura-se quase como uma conversa com o público, um momento de troca e reflexão.
Este Projeto foi contemplado pela 16ª edição do Prêmio Zé Renato- Secretaria Municipal de Cultura.
A encenação
Para dar um tom mais intimista, “Trinta Anos esta Noite ou O Espelho Negativo” conta com o violonista Beto Kpta tocando músicas ao vivo. Essas canções dividem espaço com outras executadas por uma vitrola. “Todas elas marcaram a minha vida e eu quero dividir isso com os espectadores”, conta Dulce.
Ao mesmo tempo, a atriz de 76 anos revive alguns de seus papéis icônicos no teatro. Ela reencena trechos de “Antígona”, de Sófocles, quando interpretou Tirésias e foi indicada ao Prêmio Shell; “Avatar”, de Paulo Afonso Grisolli; e “De Profundis”, de Oscar Wilde.
O cenário também foi pensado para reforçar o caráter memorialista e intimista da obra: o Núcleo do 184 desenvolveu uma ambientação composta por uma mesa pequena, uma cadeira e um cabideiro.
A trajetória de Dulce Muniz
A atriz fez do teatro sua luta. Nascida em São Joaquim da Barra (SP), teve os seus primeiros contatos com a literatura e as artes cênicas pelas experiências escolares e pela observação atenta àqueles que a cercavam, com seus gestos e manias.
Viveu o Golpe de 1964 ainda no interior, mas veio para São Paulo em 1968 para estudar – ainda mais – sobre teatro e participar da oposição aos militares pela arte e militância: “Foi isso que me levou ao teatro: lutar contra a ditadura”, afirma.
Quando chegou em terras paulistanas, participou do curso de interpretação do Teatro de Arena e foi aluna de Heleny Guariba, desaparecida até hoje após ser presa pela ditadura em 1971. Junto do grupo formado no Arena, apresentou a peça “Teatro-Jornal 1ª Edição”, com direção de Augusto Boal.
Após passar por outros palcos e trabalhar na televisão, Dulce inaugurou o Teatro Studio 184, em 1997. Em 2013, o espaço localizado na Praça Roosevelt ganhou o nome de sua ex-professora, tornando-se o atual Teatro Studio Heleny Guariba.
Ficha Técnica
- Autoria, direção e interpretação: Dulce Muniz
- Músico/ Violinista: Beto Kpta
- Cenários e figurinos: Núcleo do 184
- Iluminação: Renata Adriana
- Operadora de luz e som: Flávia Arantes
- Pesquisa/Produção Executiva: Fernanda Arantes
- Administradora geral do projeto: Flávia Arantes
- Consultoria médica: Dra. Neusa Steiner
- Assessoria de Imprensa: Canal Aberto Comunicação | Márcia Marques
- Gestão administrativa: Zé Renato/Cais Produção
- Concepção, coordenação e direção geral: Dulce Muniz
Serviço
TRINTA ANOS ESTA NOITE OU O ESPELHO NEGATIVO
Duração: 60 minutos | Classificação: 12 anos
TEATRO STUDIO HELENY GUARIBA
02 de junho a 06 de agosto, às sextas, às 20h30, e, aos sábados e domingos, às 18h
Endereço: Praça Franklin Roosevelt, 184 – República
Ingresso: Gratuito
Agosto
10 apresentações em “equipamentos culturais da cidade de São Paulo
Setembro
20 apresentações em CEUS da capital.