1,2,3. M*RDA. É o meu TOC estreia no Teatro Municipal Ziembinski

Depois de se apresentarem no Edinburgh Fringe e no Brigthon Fringe, o espetáculo português “1,2,3. M*RDA. É o meu TOC”; inicia turnê internacional pelo Brasil, em fevereiro de 2025, pelas mãos de Ricardo Schöpke, produtor e diretor artístico da Cia Boto-Vermelho 30 ANOS + 3

por Jorge Rodrigues
Ricardo Schöpke

Monólogo tragicômico aborda o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e a Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT), causados por violência e abuso sexual, baseada nas estatísticas de Portugal.

Depois de representarem Portugal nos festivais Edinburgh Fringe e Brighton Fringe, o espetáculo “1,2,3. M*RDA. É o meu TOC, com texto e atuação da atriz portuguesa Bibi Couceiro, e adaptação e encenação da guionista Ana Bel Golim; a Cia Boto-Vermelho 30 ANOS + 3 e o seu diretor artístico Ricardo Schöpke, são os responsáveis pela turnê da peça em todo o Brasil; iniciando pelo estado do Rio de Janeiro. A estreia oficial será no dia 11 de fevereiro, às 20h no Teatro Municipal Ziembinski, na Tijuca.

Em seguida, haverá  mais uma apresentação no dia 12 de fevereiro, no mesmo local. No Cine Teatro Joia, em Copacabana, no dia 15 de fevereiro, às 20h e na Sede da Cia dos Atores, nos dias 21, 22 e 23 de fevereiro, às 20h.  

Através de uma narrativa que alterna entre verso e prosa, a obra “1,2,3. M*RDA. É o meu TOC, desmistifica o TOC e os desafios psicológicos que acompanham os traumas, abordando com sensibilidade, humor e profundidade temas muitas vezes estigmatizados. A peça é baseada em histórias reais, da plataforma AMUART (uma plataforma anônima onde pessoas escrevem as suas histórias relacionadas ao trauma/violência sexual), ao mesmo tempo que convida o público a rir e a sentir empatia pela protagonista.

“1, 2, 3. M*RDA. É o meu TOC.” é uma meditação divertida e comovente sobre a vida com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Neste monólogo, Bibi Couceiro utiliza uma combinação de comédia e tragédia para retratar as dificuldades de viver com TOC, dando vida aos desafios muitas vezes negligenciados que acompanham esta condição. Através de uma mistura de verso e prosa, Couceiro ilustra criativamente as manias, frustrações e momentos de humor negro que caracterizam a sua experiência com o TOC, e contando também para isso, com as participações especiais, em voz em off., das atrizes/atores Guida Vianna, Carolina Virgüez, Theodora Duvivier, Valen Bandeira e António Terra. 

O espetáculo é uma reflexão envolvente e perspicaz sobre a saúde mental, usando o humor para abordar temas sérios e oferecendo uma perspectiva única sobre o que significa “não se sentir normal”. 

A peça semi-autobiográfica transporta o público através das medidas, por vezes devastadoras, por vezes hilariantes, que a personagem tomou para lidar e esconder as suas compulsões. O espetáculo traça o caminho que percorreu para aceitar o seu diagnóstico num mundo obcecado por rotular qualquer sinal de diferença, e como, apesar dos seus esforços, o seu transtorno acabou por infiltrar-se nas suas relações amorosas. Assim, a peça cria uma intimidade direta entre a atriz e o público, permitindo uma imersão profunda nos conflitos internos da protagonista. A linguagem cênica combina humor com momentos dramáticos (incluindo as vozes em offs das histórias reais), enquanto o uso de iluminação e som serve para sublinhar as transições emocionais e psicológicas da personagem.

Este é um trabalho muito ousado e audacioso. Fiquei impressionado que a escritora (Bibi Couceiro) e a diretora (Ana Bel Golim) estavam dispostas a ir fundo nesse transtorno para trazer suas entranhas à tona. É incrivelmente contundente e ousa levar o público a um lugar sombrio. Foi difícil e me fez sentir muito pesado em certos pontos da peça. Alguns dos pensamentos e momentos intrusivos que a personagem principal vivenciou na peça foram muito relacionáveis. Uma vez que eu estava com ela empaticamente, eu me senti preso com ela nos ciclos. As partes em que ela não “parecia normal” também pareciam relacionáveis ​​e me fizeram ter empatia profunda com a personagem. No final da peça, eu saí sentindo todo o peso do que eu tinha acabado de ver e eu senti esse peso muito depois que a peça terminou. Vulnerável, corajoso e ousado. Esta é uma peça desconfortável que mergulha o público na experiência de passar pelo TOC – Fringe Review. Daring Work. Por Bem Aarons. 10.8.24. 

O TOC da personagem também foi agravado quando experienciou trauma em segunda mão. Como referência a isso, Bibi Couceiro ao escrever fez uma parceria com a AM•UAЯT, uma plataforma que defende as vozes de sobreviventes de agressão sexual: histórias reais estão entrelaçadas na narrativa, lançando luz sobre as repercussões psicológicas e às vezes inesperadas, deste tipo de trauma. 

Sinopse:

Num mundo repleto de feiura, desespero e pessoas que te tocam com mãos sujas, o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) tornou-se um mecanismo de defesa. Mas não é o típico TOC do dia-a-dia; é aquele que se torce no estômago e aparece, sem convite, na mente. “Ela” tenta esconder os seus sintomas, como tocar em coisas três vezes, mas isso está no seu DNA. Para seu desconforto, o mundo começa a notar. Mas calma. É uma comédia. Bem, uma tragicomédia. Um monólogo cheio de 1, 2, 3’s, que alterna entre verso e prosa, desconstruindo as razões de como e por que “Ela” vive com essa condição. Esta curta peça aborda a Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT), causado por violência e/ou abuso sexual, que agravou o TOC desta jovem, levando-a a não se sentir “normal”. Baseada em histórias reais.

Sobre Bibi Couceiro: atriz e produtora portuguesa. Após estudar Teatro na Universidade de Warwick e na American Academy of Dramatic Arts em Nova Iorque, interpretou Liz em Just One Question? Pode ser vista também nos cinemas portugueses, no papel de Leonor em Chuva de Verão. Também produziu e participou o documentário One Week ‘Till Doomsday, que acompanha uma equipa de cineastas numa viagem pelo país nos dias que antecederam as eleições presidenciais americanas de 2020 (com a participação de Bob The Drag Queen, Henry Rollins e Christian Walker). 

Sobre Ana Bel Golim: guionista, escritora e encenadora, com participações em guiões de cinema e televisão e publicidade. Licenciada em Comunicação Social e Cultural pela Universidade Católica de Lisboa e pós-graduada em Storytelling pela Escola Superior de Comunicação Social, também em Lisboa. Com participação em guiões de séries para OPTO  como “Azul” e “Santiago”, e programas de entretenimento para SIC e TVI. Autora do livro “Quando a Vida Acontece” e host e criadora do podcast “E Agora?”. Recentemente estreou-se como encenadora no festival Fringe de Edimburgo e de Brighton com a peça “1.2.3. Shit. That´s my OCD”.

Repleta de verdades que desafiam mitos e de anedotas sinceras, este espetáculo funde-se num monólogo que vai fazer questionar tudo o que se pensa saber sobre o TOC. 

Baseada em histórias reais de Portugal

A peça é baseada em histórias reais e toca em questões de extrema relevância no cenário atual. Dados da Associação de Apoio à Vítima (APAV) revelam que, em 2022, foram registrados cerca de 2.000 casos de crimes sexuais em Portugal. No entanto, estima-se que o número real seja muito maior, já que muitas vítimas não denunciam o abuso devido ao medo, vergonha ou falta de apoio. Entre as crianças e jovens, o Estudo Nacional sobre a Violência Sexual contra Crianças e Jovens de 2020 aponta que cerca de 20% deles já foram vítimas de algum tipo de abuso sexual.

Esses números evidenciam a urgência de se abordar o tema do abuso sexual e do trauma associado a ele. A violência sexual continua a ser um tema de difícil discussão na sociedade, e muitas vítimas convivem em silêncio com as consequências psicológicas desse trauma. Esta peça tem como objetivo criar um espaço de diálogo e reflexão, proporcionando ao público uma nova perspectiva sobre a saúde mental e o impacto do trauma.

No cérebro de uma pessoa com TOC, há uma combinação de hiperatividade cerebral, desequilíbrios neuroquímicos e respostas exageradas a ameaças percebidas, o que torna os pensamentos obsessivos e os comportamentos compulsivos difíceis de controlar. A compreensão dessas mudanças neurofisiológicas reforça a necessidade de empatia e cuidado no tratamento do TOC, o que será refletido na obra.

Acreditamos que este projeto tem o potencial de tocar e transformar, ao mesmo tempo que provoca risos e reflexões. O teatro, como espaço de troca, é uma ferramenta poderosa para abordar questões difíceis, e esta peça oferece a oportunidade de discutir traumas e transtornos de uma maneira inovadora e acessível. 

Ficha Técnica:

  • Texto e atuação Bibi Couceiro
  • Adaptação e direção Ana Bel Golim
  • Produção Brasil Ricardo Schöpke – Cia Boto-Vermelho 30 ANOS + 3
  • Figurino Milhanas
  • Iluminação Ana Bel Golim
  • Trailer Custard Club Studios (dirigido por Sofia Couceiro)
  • Fotografia poster Joana Calejo Pires
  • Fotografia de cena Christopher Fernandez
  • Artes gráficas Joana Bruno
  • Parceria ONG Catarina Couceiro 
  • Produção AM•UART e Bibi Couceiro 
  • Histórias reais AM•UART e Elizabeth Wakefield
  • Assessoria de imprensa e mídia Boto-Vermelho Assessoria

Serviço: 

  • Dias 11 e 12 de fevereiro de 2025. 
  • Horário: 20h
  • Local: Teatro Municipal Ziembinski 
  • Endereço: Rua Heitor Beltrão, s/n. Tijuca.
  • Classificação: 12 Anos 
  • Valor: R$ 60,00 inteira e R$ 30,00 meia.
  • Duração: 50 min.
  • Lotação: 141 lugares
  • Instagram: @123.shit.thatsmyocd 
  • Vendas: RIO Cultura – Ingressos

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