- Instituições interessadas podem se inscrever de 5 de maio a 5 de junho
- Apoio financeiro varia de R$ 50 mil a R$ 500 mil por instituição
- Selecionados receberão treinamento para aperfeiçoar sua gestão
Com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) lançou, nesta segunda-feira, 5, o edital da iniciativa Viva Pequena África – BNDES Fundo Cultural, que destina até R$ 5 milhões para o fortalecimento de instituições e coletivos culturais atuantes na região histórica do Centro do Rio de Janeiro. As instituições podem se inscrever até o dia 5 de junho.
A chamada pública da iniciativa Viva Pequena África oferece apoio financeiro entre R$ 50 mil a R$ 500 mil para projetos que preservem e promovam a cultura afro-brasileira e ciclo formativo exclusivo para potencializar a gestão institucional das iniciativas contempladas.
As organizações selecionadas participarão de um ciclo formativo baseado na metodologia Feira Preta Cria. Serão 16 encontros presenciais abordando temas essenciais para o fortalecimento institucional, como gestão, captação de recursos, comunicação e governança.
O Programa Feira Preta Cria para Organizações Sociais (OSC) é uma metodologia criada pelo Instituto Feira Preta em parceria com o Conselho Britânico e a Universidade de Coventry, no Reino Unido. O objetivo da metodologia é fortalecer e desenvolver lideranças e organizações sociais negras, expandindo suas capacidades produtivas alinhadas ao fortalecimento institucional.
As propostas serão selecionadas por um parceiro gestor formado pela associação de três instituições da comunidade negra. Participam do consórcio o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), que apresentou proposta conjunta com a Diáspora Experience Turismo Ltda. (Diáspora.Black) e o Instituto Feira Preta (Feira Preta).
O edital surge como resposta à necessidade histórica de investimento direto em organizações negras e à urgência de preservar a identidade e a memória afro-brasileira nesse território emblemático, que inclui o Cais do Valongo, reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade. As instituições interessadas podem acessar mais informações e realizar suas inscrições pelo site www.vivapequenaafrica.
“Com esse edital, queremos selecionar projetos que fortaleçam as instituições que preservam a memória da Pequena África, consolidam suas raízes e disseminem a cultura fundamental que ajudou a formar o Brasil. É mais um passo para reconhecer e reparar parte da dívida histórica com os povos escravizados”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.
“A Pequena África é um marco da nossa história, um espaço de resistência, ancestralidade e criação cultural negra. Este edital é uma oportunidade de garantir que os coletivos e organizações negras que atuam nesse território possam continuar a desenvolver seus projetos com autonomia, fortalecendo suas estruturas e ampliando seu impacto. Este investimento é um compromisso com a memória, mas também com o futuro”, destaca Adriana Barbosa, idealizadora da Feira Preta.
“O Edital Viva Pequena África fortalece e dá continuidade ao legado que vem sendo construído pelas pessoas desse território”, disse Ivanir dos Santos, babalawô, conselheiro estratégico do CEAP e professor no PPGHC/UFRJ. Para Ivanir, o lançamento do edital “representa e é resultado de uma conquista coletiva bem como a reafirmação do compromisso dos realizadores e patrocinadores em fortalecer iniciativas que preservam e valorizam a nossa história e identidade.”
“Para nós, da Diáspora Black, iniciativas como essa são fundamentais para impulsionar o afroturismo, consolidando a Pequena África, que já está entre os destinos mais visitados no Rio de Janeiro, como referência mundial, sempre priorizando a prosperidade da comunidade local neste fluxo. Estamos muito animados em seguir construindo esse caminho”, reforça Antonio Pita, cofundador e COO da Diáspora.Black.
O BNDES e a Pequena África – A iniciativa Viva Pequena África é uma das frentes da Iniciativa Valongo, lançada em maio de 2023. Seu objetivo é requalificar o território do sítio arqueológico Cais do Valongo, reconhecido como Patrimônio Cultural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A Iniciativa Valongo tem por objetivo promover o Cais do Valongo e a região da Pequena África por meio das seguintes ações: estruturar o distrito cultural da Pequena África e desenvolver instrumentos para a sustentabilidade do território; restaurar, fazer intervenções urbanas e implantar equipamentos culturais naquela região; e fortalecer e estruturar rede de instituições e territórios representantes da memória e herança africanas no País – iniciativa Viva Pequena África.
Recentemente, o BNDES lançou o edital do Concurso BNDES Pequena África. O concurso faz parte de projeto de estruturação do Distrito Cultural Pequena África, coordenado pelo Consórcio Valongo Patrimônio Vivo. O certame visa reunir propostas de intervenções urbanísticas para a região, elaboradas por equipes lideradas por um arquiteto urbanista negro.
Viva Pequena África – O Viva Pequena África é uma iniciativa que reúne, pela primeira vez, uma coalizão de organizações negras para atuar no fortalecimento da Pequena África, na região central do Rio de Janeiro, composta pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP), a Diáspora.Black e a Feira Preta. Com o patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Open Society Foundations, Ford Foundation, Ibirapitanga e Fundação Itaú, o Viva Pequena África é um projeto de desenvolvimento local, que preserva e fortalece a herança afro-brasileira, por meio de ações culturais, capacitação técnica e criativa de afroempreendedores, e turismo de base comunitária, conectando a historicidade do território com um futuro mais próspero.
“Nos orgulhamos de apoiar esse projeto. O lançamento do edital é um passo concreto na participação do estado brasileiro e das organizações da sociedade civil na preservação da cultura e da memória negra no país. O projeto Viva Pequena África vai contribuir para o reconhecimento do papel essencial da população afro-brasileira e destacar sua influência na história, no desenvolvimento econômico e na formação do país, a partir de uma perspectiva reparadora. É um apoio que irá fortalecer a atuação de organizações, produtores culturais, artistas e o comércio local, que juntos impulsionam a vida cultural e econômica da Pequena África. A democracia avança quando Estado e sociedade civil trabalham juntos”, afirma Heloisa Griggs, diretora de Aberturas Democráticas na América Latina e Caribe e líder para América Latina e Caribe na Open Society Foundations.
“Estar ao lado do BNDES e de outras organizações da sociedade civil neste projeto é muito importante para colocar em ação o que acreditamos sobre a construção de um futuro de igualdade e justiça social. O projeto Viva Pequena África faz parte de um esforço de reparação e restauração da memória negra, marcada pela violência, mas também por sabedorias e aprendizagens que resistem e determinam profundamente o que somos como civilização brasileira,” destaca Atila Roque, diretor da Fundação Ford no Brasil.
“A iniciativa Viva Pequena África é uma ação estratégica de reconhecimento do papel histórico do Cais do Valongo e sua relação indissociável com as raízes da desigualdade racial no nosso país. O apoio do Ibirapitanga tem como premissas a preservação desse território e seu significado, bem como o fortalecimento de organizações da sociedade civil ali presentes capazes de sustentar e salvaguardar essa memória. Este é um momento de celebração, mas sobretudo, de chamado de toda a sociedade para o envolvimento em ações consistentes de reparação do legado perverso da escravidão” disse Iara Rolnik, diretora de programas do Instituto Ibirapitanga.