Depois de um lançamento marcante na Vila Olímpica do Complexo do Alemão, no último dia 12 de julho, A Cor da Lei, de Márcio Nepomuceno, chega à Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), carregando reflexões sobre justiça, poder e desigualdade social.
Publicado pela Kotter Editorial, o livro nasceu de um processo de reconstrução silenciosa, em que a vivência se transforma em palavra e a palavra, em ponte. É um romance que revela as cicatrizes de uma sociedade atravessada pelo racismo estrutural e pela seletividade penal um sistema que, muitas vezes, condena mais pela cor da pele e pelo local de origem do que por qualquer conceito real de justiça.
Em poucas semanas, a obra conquistou grande repercussão e superou a média nacional de vendas no mercado editorial. Com uma linguagem direta e sensível, tem sido amplamente recomendada por educadores, juristas, movimentos sociais e leitores atentos à urgência de um país mais igual.
Ao narrar a trajetória de Eduardo, um jovem negro que enfrenta os estigmas herdados e tenta romper os ciclos impostos pela sociedade, o autor compartilha também sua própria travessia. Márcio transformou a cela em espaço de resistência e aprendizado, fazendo dos livros sua principal ferramenta de libertação: “a única arma que nenhum ser humano deve temer”
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Hoje, é membro da Academia Brasileira de Letras do Cárcere (ABLC), onde ocupa a cadeira n°1, que homenageia Graciliano Ramos. Fundada há pouco mais de um ano, a ABLC tem como missão estimular a leitura e a escrita entre pessoas privadas de liberdade ou egressas do sistema prisional, valorizando a literatura como instrumento de transformação e reintegração social.
A FLIP, uma das mais importantes celebrações literárias da América Latina, este ano homenageia a poetisa Dalila Teves Veras, reforçando o compromisso com a
bibliodiversidade e a ampliação das vozes na literatura brasileira.
A Cor da Lei será apresentado ao público da FLIP 2025 na Casa Gueto, a partir de 1º de agosto. No sábado, dia 2, às 12h, acontece uma roda de conversa especial com o desembargador aposentado Siro Darlan, vice-presidente da ABLC. O encontro vai abordar a presença negra no sistema prisional e a força da escrita como forma de resistência.
“Falar de justiça no Brasil é falar de cor, de classe, de território. A Cor da Lei não apenas denuncia, mas propõe caminhos possíveis”, afirma Siro Darlan.
Todo o valor arrecadado com a venda do livro será destinado ao Fundo Municipal para Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente do Rio de Janeiro, reforçando o compromisso do autor com a construção de um futuro mais justo e solidário.
