Um projeto de dança, voltado para o público infantil e que conta a história de uma heroína da pátria: Maria Felipa. Este é o pano de fundo de “A Menina Dança”, espetáculo de dança afro em ritmos como maracatu, jongo, maculelê, samba de roda e outros, sempre conectado ao corpo e enredo histórico. A peça teatral, contemplada no Edital Corpo Negro, do SESC Pulsar, estará em cartaz no SESC Tijuca, com apresentações gratuitas, entre os dias 18 e 26 de maio. No dia 24 de maio haverá sessão com intérprete de libras e audiodescrição. O projeto integra a programação do Festival de Dança Corpo Negro do Sesc RJ.
A peça apresenta uma personagem acessível ao espectador mirim, que percebe a importância do tema. Através da dança são reveladas histórias que precisam ser multiplicadas. Durante a apresentação, a personagem trará sua história, sua amizade com os peixes – que estarão em cena também – e como conseguiu afundar, juntamente com seus amigos locais, mais de 40 navios na Ilha de Itaparica (BA), durante a independência do Brasil. A peça tem uma linguagem específica para crianças da pré-infância à infância, com cantigas conhecidas em seu dia-a-dia, trazendo conexão com as cenas retratadas no palco.
De acordo com a crítica teatral e dramaturga, é necessário ter um olhar de admiração e afeto com relação à história dos negros brasileiros. Segundo ela, os artistas farão este papel através do lúdico para a pré-infância e infância, sendo essa a linguagem abordada na obra. “Contar essa história com beleza é nosso foco. A importância de Maria Felipa é imensa. Falamos da luta de uma mulher negra, líder e empoderada, para crianças que são multiplicadoras de ideias. Falar de uma pessoa apagada pela história, por sua cor e gênero, é um movimento imponente”, analisa Paty.
A diretora artística do espetáculo é Flavia Souza, multiartista premiada e bacharela em dança pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com 21 anos de carreira na área artístico cultural. Ela assina o trabalho coreográfico-corporal do elenco. Ano passado, a profissional foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante no prêmio internacional Los Angeles Brazilian Film Festival (LABRFF), nos EUA, pelo filme “Nosso Sonho”, cinebiografia de Claudinho e Buchecha. Também é coordenadora do grupo Cultural Afrolaje e titular do Fórum de Mulheres do Hip Hop pelo Ministério das Mulheres. “Apesar de minha vasta experiência profissional, essa é minha estreia na direção de um espetáculo de dança infantil. É uma responsabilidade sem tamanho, principalmente por se tratar de um tema antirracista para a infância”, diz Flávia.
A atriz e dançarina Gabriela Luiz é a protagonista. A artista foi indicada ao Prêmio de Melhor Atriz no Centro Brasileiro Teatro para a Infância e Juventude (CBTIJ), além de fazer a direção de movimento do espetáculo “Nem Todo Filho Vinga”, que levou o Prêmio Shell, em 2022, como Melhor Direção Artística.
Na peça, cinco bailarinos em cena trazem conceitos afro-brasileiros. A estética visual do espetáculo também estará voltada à cultura africana, desenhada pelo figurinista Ricardo Rocha, vencedor do Prêmio CBTIJ como Melhor Figurinista.
Sinopse
Através dos ritmos e danças africanas as crianças conhecem a história de Maria Felipa, uma personagem que se depara com quarenta navios portugueses, prontos a tirar sua liberdade. Com muita ludicidade, a peça retrata sua procura para proteger o Brasil e expulsar a esquadra portuguesa de nosso país. O espetáculo tem uma linguagem específica para crianças da pré-infância à infância, com cantigas que elas conhecem, trazendo conexão com a história que será contada.
Quem foi Maria Felipa
Maria Felipa foi uma marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal que participou da luta pela Independência da Bahia. Ela foi declarada Heroína da Pátria Brasileira e teve seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que se encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, situado em Brasília/DF. No entanto, Maria Felipa não faz parte da história nos livros escolares brasileiros, uma invisibilidade que a cultura trabalha para reverter revivendo essas memórias, principalmente para o público infantil, ainda em formação e multiplicador de ideias.
“Para contar a história de Maria Felipa nos dias de hoje, não necessitamos mais da busca estética colonizadora como referência iconográfica. Hoje, já temos nossas cores e elas são bem mais vivas e reais do que as aquarelas relatadas pelos registros das escolas europeias”, registra Paty Lopes, dramaturga e idealizadora do espetáculo.
O produtor cultural e jornalista Edison Corrêa, Diretor-Executivo do projeto, acredita que a dança, aliada à música, proporciona infinitas perspectivas às crianças, de uma forma prazerosa e divertida, além de educativa. “Sempre somos atropelados pelo protagonismo dos heróis estrangeiros justamente na infância, como os norte-americanos e japoneses. Plantar uma semente sobre „quem somos‟ tem grande importância para o futuro desses pequenos e pequenas”, afirma.
Edison crê que as propostas das ações afirmativas de “A Menina Dança” para o público infantil incluem a representação de personagens que promovem um conhecimento necessário na atualidade. “A representatividade e protagonismo de uma heroína negra, as questões relacionadas ao antirracismo e suas ações educativas atendem a linguagem infantil de uma forma positiva, desconstruindo estereótipos que não cabem mais na sociedade contemporânea”, justifica.
Musicalização
O projeto defende a ideia das cantigas de roda, sem música mecânica, com palmas através da percussão corporal. A meta é levar pertencimento e protagonismo do público ao qual o espetáculo se apresenta. O objetivo é reverberar a história do Brasil, os feitos da Maria Felipa e também entrar nas brincadeiras de roda, com base nos corpos dos bailarinos. A musicalização acontece através de cantigas e brincadeiras infantis.
Sustentabilidade e Meio Ambiente
O ano de 2024 é marcado pela realização da reunião da Cúpula do G20 – nações mais ricas do mundo – na cidade do Rio de Janeiro e uma das pautas mais discutidas nas reuniões preliminares é referente às mudanças climáticas. Pensando nisso, o espetáculo também preza pela defesa e conservação do meio ambiente a partir do lúdico. A ludicidade na amizade de Maria Felipa com os seres marinhos abre caminhos para plantar cuidados necessários dos pequenos com o meio ambiente e a sustentabilidade.
Serviço: A Menina Dança
- De 18 a 26/05 (Dia 24/05: sessão acessível com libras e audiodescrição) De sexta a domingo
- Horário: Sextas, 11 e 15 h; sábados e domingos, às 16 h
- Local: Teatro I do SESC Tijuca (Acessibilidade: local com rampas e elevadores) Ingressos: Gratuitos
- Endereço: Rua Barão de Mesquita, 539, Rio de Janeiro – RJ
- Horário de funcionamento da bilheteria: Terça a sexta – de 7h às 19h30; Sábados – de 9h às 19h; Domingos – de 9h às 18h.
- Classificação indicativa: Livre – a partir de 04 anos
- Duração: 45 minutos
- Lotação: Sujeito à lotação
- Gênero: Infantil
Ficha Técnica:
- Texto, Idealização e Direção de Produção: Paty Lopes
- Direção Artística e Coreografia: Flávia Souza
- Elenco: Bellas da Silveira, Dani Gomes, Gabriela Luiz, Marcos Bandeira e Tatiana Reis Percussão: Ivan Karu e Vitor Ligeiro
- Figurino: Ricardo Rocha
- Desenho de Luz: Valmyr Ferreira
- Visagismo: Keila Santos
- Direção Executiva: Edison Corrêa
- Filmagem: A4 Filmes
- Técnica de Luz: Brisa Lima
- Técnica de Som: Cynthia Rachel Esperança
- Fotografia: Valmyr Ferreira
- Programação Visual: André Barroso
- Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
- Realização: Eu, Rio! E SESC