O rei Eduardo II da Inglaterra (1284-1327) e seu amante Piers Gaveston, o Conde da Cornualha (1284-1312), viveram uma relação de amor proibido, poder e resistência que marcou a monarquia. Com o objetivo de ressignificar esses dramas centenários em um cenário que dialoga com os desafios da sociedade contemporânea, a premiada Renato Vieira Cia de Dança apresenta seu novo espetáculo, “Gaveston & Eduardo”, que estreia, dia 31 de outubro na Arena do Sesc Copacabana, para curta temporada de duas semanas. O projeto, contemplado pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar, terá sessões de quinta-feira a domingo, às 20h.
Com direção artística e coreografia de Renato Vieira e texto de Renato Vieira e Higor Campagnaro, “Gaveston & Eduardo” traz à tona as intrigas, repressões e preconceitos que, embora enraizados em outra época, refletem as sombras de nosso cotidiano social e político. Com cenas provocadoras e emocionantes, a obra alia a dança contemporânea com elementos brechtianos, oferecendo ao público uma experiência sensorial e reflexiva, que transcende o tempo e nos desafia a repensar nossas escolhas. Em cena, estão o bailarino Bruno Cezário, como Gaveston, o ator Higor Campagnaro, como Eduardo II, e os bailarinos Felipe Padilha, Hugo Lopes, Mônica Burity, Rafael Gomes e o músico, Rafael Kalil, que apresentam solos, duos, trios e conjuntos.
“O espetáculo, livremente inspirado na história de Gaveston e Eduardo, propõe uma reflexão sobre o momento de retrocesso pelo qual estamos passando. Toca em temas como padrão versus diversidade, liberdade versus opressão, poder versus traição, e como essas dualidades ressoaram ao longo do tempo”, explica o coreógrafo Renato Vieira. “Começamos com Gaveston voltando do exílio, mas não seguimos uma ordem cronológica. A obra é toda marcada pelo diálogo que fazemos com o presente, lembrando episódios de homofobia e intolerância”, completa.
Higor Campagnaro conta que a experiência é uma novidade e um desafio em sua carreira. “Tem sido um período muito fértil de trocas criativas. Nesta obra, dança e o teatro se reconhecem, se farejam numa coreografia intensa e vibrante; o que, certamente, toca e transforma o ator que sou. Também espero poder tocar meus parceiros em cena e as pessoas que nos assistirão”, comenta.
Bruno Cezário celebra a experiência de ser, ao mesmo tempo, bailarino e ator. “É algo incrivelmente prazeroso. Estar nesses dois lugares me proporciona novos estímulos, tirando-me do meu estado de conforto habitual. O ato de trocar experiências com outro ator como Higor Campagnaro me desafia e amplia minha visão sobre o palco, o corpo e a interpretação. Cada interação é um aprendizado, uma construção conjunta, quando a minha bagagem da dança encontra o universo da atuação. Essa troca é um processo vivo, que enriquece tanto o espetáculo quanto nossa própria trajetória artística”, acrescenta.
Renato Vieira dirige há mais de 30 anos a companhia de dança que leva seu nome, sempre movido pelo desejo de unir o erudito e o popular e pesquisar uma linguagem de movimentos que leve à cena o que conceituou como dramaticidade da condição humana. “Buscamos sempre mais do que uma narrativa dançada. Queremos proporcionar um mergulho nas complexidades da vida e nas questões universais da existência. Neste espetáculo, convidamos o público a refletir sobre a diversidade, a compreensão e o respeito por diferentes ideias e perspectivas, desafiando a linha entre o ser e o outro, revelando a essência de nossa humanidade”, acrescenta Renato Vieira.
Renato Vieira
Renato Vieira é figura importante em diversas áreas da cena contemporânea. Começou sua carreira com o lendário Lennie Dale, dançou com Dalal Achcar, fundou o Vacilou Dançou com Carlota Portella e, no final dos anos 80, criou a Renato Vieira Cia de Dança, com espetáculos de sucesso como “Terceira Margem”, “Ritornelo”, “No me digas que no”, “BLUE bonjour tristesse”, “Malditos” e “Suíte Rock – Para loucos e amantes”. Como coreógrafo convidado, assinou peças para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o Teatro Guaíra, o Teatro Municipal de Niterói, o Balé da Cidade de São Paulo e para a Cia de Dança de São José dos Campos, onde acumulou o cargo de diretor. Assinou mais de 40 espetáculos como diretor de movimento, em parcerias com Gustavo Gasparani, Pedro Brício, Claudio Botelho e Charles Moeller, Wolf Maya, entre outros. Assinou a coreografia de Abertura dos Jogos Pan Americanos. Pelo conjunto de sua obra recebeu, em 2004, o Prêmio Icatu Holding, com uma residência de seis meses na Cité des Arts, em Paris, França.
Ficha técnica:
- Direção Artística, Concepção e Coreografia: Renato Vieira
- Codireção e Figurino: Bruno Cezário
- Direção de Produção: Luciane Conrado
- Texto: Renato Vieira, Higor Campagnaro
- Elenco (em ordem alfabética): Bruno Cezário, Felipe Padilha, Higor Campagnaro, Hugo Lopes, Mônica Burity, Rafael Gomes e Rafael Kalil
- Iluminação: Eduardo Dantas Careca
- Cenografia: Adriana Lima
- Trilha Sonora: Rafael Kalil e Daniel Drummond
- Professora de Ballet Clássico: Manuela Cardoso
- Assessora de Comunicação: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
- Designer: Christianne Vassão
- Fotos de Divulgação: Robert Schwenck
- Making Of dos Ensaios (fotos e vídeos): Denise Mendes e Luciane Conrado
- Textos do Programa: Renato Vieira e Luciane Conrado
Serviço:
- Temporada: de 31 de outubro a 10 de novembro
- Arena do Sesc Copacabana: Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana, Rio de Janeiro – RJ
- Telefone: (21) 2547-0156
- Dias e horários: de quinta a domingo, às 20h
- Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia-entrada) e R$ 7,50 (credencial plena Sesc)
- Duração: 1h
- Lotação: 150 lugares
- Classificação: 18 anos
Venda de ingressos: na bilheteria. Horário de funcionamento: terça a sexta, das 9h às 20h; domingos, das 14h às 20h.