Você teria coragem de nomear o que te aprisiona? Na instalação ‘Cubocela’, o artista plástico Eduardo Ribeiro transforma o espectador em coautor de sua própria libertação. A obra convida o público a escrever — com sinceridade — o que o prende: medos, silêncios, culpas, angústias. Esses escritos são depositados dentro de uma cela metálica, onde, ao olhar para o fundo, os visitantes encontram cacos de espelho. O reflexo fragmentado devolve perguntas, não respostas.
A instalação estará em exibição até 23 de agosto de 2025 na exposição Sem/100 Artistas – Imaginário Periférico, no Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. A mostra reúne mais de 100 artistas ligados às periferias brasileiras, propondo novas formas de ocupar o centro com o pensamento das margens.
Nesta edição, os sete artistas fundadores do coletivo Imaginário Periférico — Raimundo Rodriguez, Deneir, Júlio Ferreira Sekiguchi, Ronald Duarte, Roberto Tavares, Jorge Duarte e Mirela Luz — convidam artistas que, ao longo dos anos, contribuíram com ações e exposições do grupo, como Suely Farhi, Rosana Ricalde, Felipe Barbosa, Martha Niklaus, Marcos Cardoso, Edmilson e Jorge Fonseca, entre outros. As obras apresentadas ocupam múltiplos suportes, como vídeo, pintura, escultura, fotografia, desenho e objeto.
Eduardo Ribeiro — que desde os anos 2000 atua como artista e agitador cultural na Baixada Fluminense — já expôs obras que fundem palavra e matéria reciclada em poéticas visuais sobre literatura, identidade e ecologia. Agora, com ‘Cubocela’, ele mira o interior de cada visitante e propõe: olhe para dentro, escreva o que dói e libere.
‘Cubocela’ não se contempla à distância. Exige aproximação, exposição, entrega. É cela e espelho. Corpo e denúncia. Memória e gesto coletivo.
O público poderá acompanhar quais foram os “males” confiados a essa experiência artística coletiva pelo site. Os participantes não serão identificados.
Ao longo do período da exposição, a programação inclui visitas mediadas, rodas de conversa com os artistas e atividades integradas ao programa educativo do Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica.
Esta edição conta com o apoio do Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica e da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Serviço:
Exposição: Sem/100 Artistas – Imaginário Periférico
Artista: Eduardo Ribeiro
Obra: Cubocela
Período: 7 de junho a 23 de agosto de 2025
Local: Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica
Endereço: Rua Luís de Camões, 68 – Centro – Rio de Janeiro/RJ
Visitação: Segunda a sábado, das 10h às 18h
Entrada: Gratuita
Classificação: Livre
Visita mediada e roda de conversa com artistas da exposição
Datas: 15 de julho e 5 de agosto, às 15h
Local: Galeria 10 – Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica
Sobre o artista
Eduardo Ribeiro é artista plástico e produtor cultural. Iniciou sua trajetória artística em 1986, com a criação da antologia Arrulho, reunindo poetas independentes da Baixada Fluminense. Membro ativo do coletivo Imaginário Periférico, já participou de mais de 30 exposições de arte. Entre elas, destacam-se A realidade é quase abstração – Centro Cultural dos Correios (2025); Parada 7 – Levante Floresta – Centro Cultural da Justiça Federal e Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica (2024); MAC Vazio – Museu de Arte Contemporânea de Niterói (2007); Migrações – Galeria 90 (2006); Projéteis – Imaginário Periférico/MINC (2005); A Poética da Miscigenação – UFF (2005); Vestível – Centro Cultural de Friburgo (2004); Periférico convida Periférico – Galeria Maria Tereza Vieira (2004); Ecos da Baixada – Secretaria de Estado de Cultura (2001), entre outras. Foi membro do Conselho de Cultura de Duque de Caxias e recebeu o Prêmio Baixada em 2011.
Sobre o Imaginário Periférico
Surgido no início dos anos 2000 como resposta à ausência de políticas culturais para além dos eixos Centro e Zona Sul do Rio de Janeiro, o coletivo Imaginário Periférico articula artistas da Baixada Fluminense e de outros territórios brasileiros. Sua atuação é pautada na construção de redes e na valorização das produções culturais fora dos grandes centros. Por meio de pesquisas, intervenções e práticas colaborativas, o grupo fortalece as expressões artísticas dessas regiões e tensiona a lógica centralizadora dos circuitos institucionais. Mais do que romper fronteiras geográficas ou comerciais, o coletivo tem como princípio a colaboração, cultivando vínculos, afetos e partilhas. Ao longo dos anos, suas ações reuniram centenas de artistas e públicos diversos, consolidando um espaço de criação, resistência e circulação de múltiplas vozes e narrativas.
