As Ervas na Umbanda e Candomblé: Sabedoria Ancestral por Pai Marcelo D’agodo

por Marcos Michalak

Desde tempos imemoriais, as ervas têm desempenhado um papel crucial tanto na medicina física quanto espiritual. No Brasil, a rica tapeçaria cultural formada pelos povos indígenas e pelos africanos trouxe consigo um profundo conhecimento sobre o poder das plantas. Esse conhecimento foi passado através de gerações e ainda hoje é vital nas práticas de cura natural e nas religiões afro-brasileiras, como a Umbanda e o Candomblé.

Neste contexto, Pai Marcelo D’agodo, respeitado líder religioso, compartilha a importância das ervas dentro dessas tradições espirituais. Segundo ele, as ervas não são apenas componentes de rituais, elas são entidades vivas com essências próprias, capazes de purificar, proteger e energizar aqueles que as utilizam corretamente.

No panteão africano, o orixá Ossãe é o guardião do segredo das folhas. Ele conhece a utilidade e o significado espiritual de cada planta em sua floresta. Em uma lenda contada por Pai Marcelo, os outros orixás, invejosos do conhecimento de Ossãe, pediram a Oyá, a senhora dos ventos, que espalhasse as folhas de Ossãe, na esperança de que pudessem aprender seus segredos. No entanto, sem o conhecimento adequado, descobriram que possuir as folhas não era suficiente; eles precisavam da sabedoria de Ossãe para utilizá-las adequadamente.

Hoje, as práticas com ervas dentro das religiões de matriz africana vão além do aspecto curativo, atuando como pontes para o equilíbrio espiritual e emocional. Os banhos de folhas, por exemplo, são rituais de purificação que, segundo Pai Marcelo, devem ser preparados com respeito e conhecimento. Ele aconselha contra a fervura das ervas frescas, sugerindo que sejam amassadas à mão para preservar suas propriedades e vitalidade.

Pai Marcelo enfatiza a importância da fé e da intenção ao usar as ervas. Acredita que, com respeito e entendimento, as plantas têm um poder transformador, capaz de renovar energias e trazer mudanças positivas para a vida das pessoas.

Assim, as ervas na Umbanda e no Candomblé representam mais do que simples remédios naturais; elas são uma conexão com o sagrado, uma forma de manter viva a sabedoria ancestral, e um caminho para a harmonia e bem-estar em nosso cotidiano.

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