A música brasileira tem uma ampla tradição de refinamento instrumental. São vários os exemplos históricos. Temos os maxixes de Chiquinha Gonzaga; os choros harmonicamente complexos de Pixinguinha; os improvisos explosivos de Jacob do Bandolim; a revolução da Bossa Nova de Tom Jobim; e o Samba-Jazz de Moacir Santos. É dentro dessa linhagem que o músico Fred Chamone se aproxima com seu disco instrumental “Enigma”.
Chamone já tem experiência na música como guitarrista da banda Glitch, que paga tributo aos grandes nomes do movimento Grunge. Mas com seu álbum solo ele se distancia das propostas de Seattle. “Enigma” pode ser mais caracterizado como um disco de jazz fusion influenciado pela tradição harmônica brasileira. “É um trabalho bastante harmônico/melódico, sinfônico em muitos momentos, misterioso em outros, épico, às vezes, e obscuro em alguns contextos. É um trabalho bem emotivo, eu valorizo muito a textura e a harmonia, algo que vá te tocar profundamente”, detalha Chamone sobre seu projeto.
Quanto às influências, Chamone deixa claro que busca inspiração na música mineira, conhecida pela sua sofisticação e criatividade envolvendo a harmonia. Em especial, no que referencia ao Clube da Esquina, o grupo de nomes como Milton Nascimento e Lô Borges. Também menciona o guitarrista Toninho Horta, o multi-instrumentista Hermeto Pascoal e o compositor Tavinho Moura como outros nomes que o influenciaram.
“Gosto de compor harmonias que me surpreendem, gosto do acaso, do incomum, do inesperado, gosto da surpresa também no processo de criação melódica e na produção da música. Gosto da aventura de não saber como a música vai concluir, o resultado final”, comenta Chamone sobre seu caminho com a música. Por esse motivo que a ligação com sua terra natal qualifica a sua música como um Jazz Mineiro. O artista sente que através de suas composições pinta, assim, uma paisagem musical sobre a natureza de Minas Gerais.