Beà Ayòóla recebe sua terceira indicação ao Prêmio Shell na categoria ‘Música’ por espetáculo “Amor de Baile”

por Redação
Beà Ayòóla - Foto; Geovnna Luuz

Com apenas 29 anos, a compositora, cantora e diretora musical Beà Ayòóla celebra sua terceira indicação ao Prêmio Shell, um dos mais prestigiados do teatro brasileiro, na categoria ‘Música’ por “Amor de Baile”, espetáculo que resgata o movimento Black Rio para falar sobre afetividade e empoderamento racial. Mulher negra e lésbica, Beà constrói sua trajetória em um cenário onde o teatro negro resiste e se reinventa diante das desigualdades de acesso e financiamento.

A trajetória da artista dentro do teatro musical começou cedo. Aos 23 anos, recebeu sua primeira indicação ao Prêmio Shell pela trilha sonora do espetáculo “Esperança na Revolta”. Depois foi novamente indicada, dessa vez por “Meus Cabelos de Baobá”, espetáculo que também lhe rendeu uma nomeação ao Prêmio APTR. Hoje, quatro anos depois, Beà reconhece o impacto dessas premiações na construção de sua trajetória. “A arte, pra mim, é um lugar de missão, de movimento, de aprendizado. Tentar entender o que essas indicações representam tem muito a ver com processos coletivos. Afinal, o teatro é essencialmente coletivo, não se faz sozinho. São muitas pessoas reunidas para que uma obra aconteça. Essas indicações abriram caminhos para que eu pudesse contribuir com outros trabalhos, e eu, mesmo sendo muito nova, sempre estive atenta a essa relação sensível que a arte tem. Entender como a música pode estar presente na dramaturgia de um espetáculo é um aprendizado enorme”, ela ressalta.

Sua presença em espaços de prestígio como o Prêmio Shell é um símbolo da potência da arte negra e periférica. “Quando falamos de teatro periférico, teatro preto, sabemos que existe um recorte social muito forte. É sobre resistência. Quando você faz uma criação com recurso, é de um jeito. Quando faz sem, precisa de outra entrega, outras estratégias para que aconteça. A gente trabalha, muitas vezes, com o impossível, e ainda assim faz acontecer”, destaca.

Para Beà, um dos maiores desafios do processo criativo de “Amor de Baile” foi preparar o elenco musicalmente, já que, além de atuar, os artistas também precisavam tocar em cena. Como muitos não tinham experiência com instrumentos, coube a ela não apenas compor, mas também guiá-los nesse aprendizado. “Foi um processo pedagógico, de entrega muito grande, com confiança e reciprocidade. Tive que trabalhar com a escuta sensível, estar atenta sobre como cada corpo reage ao som, aos ritmos, aos instrumentos sonoros, observar como cada pessoa individualmente absorve aquela proposta para poder chegar ao resultado final”, conta Beà

Em “Amor de Baile” a trilha resgata a soul music para abordar a afetividade e o empoderamento racial que marcavam os bailes da década de 70, durante o movimento Black Rio. “Essa indicação representa essa luta coletiva. Para existir o agora, teve o ontem. Um ontem que fez acontecer. Nesse espetáculo, a gente fala sobre a imaginação radical negra e como essa imaginação reverbera na urgência dos dias de hoje”, reflete Beà Ayòóla, que torna-se parte essencial desse movimento.

Com sua terceira indicação ao Prêmio Shell, ela reafirma seu lugar na cena teatral como uma das vozes da nova geração da direção musical, colaborando para que narrativas pretas ocupem esse espaço.

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