Entre os dias 23 de junho e 19 de julho, o Teatro Gláucio Gill, em Copacabana, recebe a exposição “BrasiLéa” que homenageia a vida e a obra da inesquecível atriz Léa Garcia, um dos grandes nomes das artes cênicas e audiovisuais brasileiras. Com idealização de Rafael Raposo e Marcelo Garcia, curadoria de César Oiticica Filho, arte interativa de Lea van Steen, produção executiva de Cleisson Vidal e produção de Raìssa Lobo e Renata Maria, a mostra apresenta uma linha do tempo da carreira da artista no teatro, cinema e televisão, dentro de um projeto artístico do teatro Gláucio Gill para homenagear grandes nomes das artes cênicas brasileira.
Desde o falecimento de Léa, Marcelo Garcia trabalha para manter esse legado vivo, e o teatro Glaucio Gill, já havia homenageado a atriz em um de seus camarins personalizados, onde ao lado de Rafael Raposo e suas equipes, buscavam uma maneira de potencializar essa homenagem, de modo que, com a estreia do espetáculo “Ruth e Lea”, dirigido por Luiz Antônio Pilar, essa oportunidade se concretizou e a exposição acontecerá enquanto o espetáculo está em cartaz, abrindo a série de homenagens para o segundo ano sem a atriz, que receberá tributo em agosto no RJ, mês de seu falecimento, e é enredo do carnaval de 2026 da Escola de Samba Mocidade Alegre, de São Paulo.
Para o curador César Oiticica Filho, “Léa Garcia tem sua história costurada, ao mesmo tempo, com a história do teatro, do cinema, da cultura e da luta de uma mulher negra em se afirmar em todos esses espaços, ainda no século passado, com uma altivez e elegância singulares. Tornar visível esse legado e seus desdobramentos é uma das mais importantes iniciativas para termos um futuro luminoso como foi a trajetória dessa artista.”
“A continuação desse legado nasceu no dia mais difícil da minha vida. No mesmo instante em que minha mãe partiu e não pôde receber o Troféu Oscarito. Eu subi naquele palco sozinho — sem ela, mas por ela — e desde então, venho lutando para que sua história não se apague. BrasiLéa é parte dessa luta: é memória, é afeto, é justiça. É o Brasil que ela desafiou, encantou e transformou com sua arte. É minha forma, e de todos que acreditaram, amaram e amam a dona Léa, de dizer: Léa Garcia vive!”, diz Marcelo Garcia, mantenedor do legado e empresário da atriz. Ele prossegue: “Agradeço a todos que compreendem a necessidade de mantermos a memória nacional e, em especial, à equipe do “Léa Garcia In Memoriam” que me ajuda na busca de formas para manter essa história viva”.
“O Teatro Gláucio Gill tem o compromisso institucional de divulgar a importância de Léa Garcia para as artes cênicas. Léa é referência na emancipação e posicionamento da presença de pessoas negras nos espaços de destaque na criação e produção artísticas, mas, sobretudo, por seu talento e coragem de se definir por sua vocação, a de ser atriz”, diz Rafael Raposo, diretor do Teatro Gláucio Gil.
A EXPOSIÇÃO
A exposição tem dois tempos: no primeiro, o público conhece a trajetória de Léa Garcia, através de fotografias em grande formato (60×90 cm), que capturam momentos emblemáticos de sua carreira, revelando sua força expressiva e a profundidade de sua atuação ao longo das décadas. As imagens expostas formam um painel que revela tanto o talento quanto o legado de uma mulher que rompeu barreiras e se tornou um ícone da representação artística no Brasil.
Um segundo espaço em destaque é a sala interativa assinada pela artista Lea van Steen. Nesse espaço, os visitantes são convidados a criar composições visuais a partir de imagens e textos que remetem à trajetória e ao imaginário de Léa Garcia. A proposta é gerar experiências afetivas e criativas que aproximem o público da dimensão simbólica, artística e política da atriz.
Sobre o conceito de criação da obra, Lea van Steen comenta que “A intenção com essa obra é que o público possa criar uma relação de potência ao manipular imagens, frases e ideias que forjaram a trajetória da Léa Garcia. Ao gerar essas composições e projetá-las, o público pode interagir com as projeções, fotografá-las e compartilhá-las nas redes, criando um campo ativo e potente de signos visuais que compõem os valores e legados que Léa Garcia representa”.
A exposição tem entrada gratuita e promete ser um importante ponto de encontro entre memória, arte e resistência, celebrando o talento e a presença de Léa Garcia na cultura brasileira, abrilhantando a trajetória iniciada ainda em 2023 com Marcelo Garcia, Renata Maria, Joel Vieira e Raíssa Lobo, que trabalham para democratizar a figura da artista, levando seu legado a cada espaço, e compreendem que exposições são formas de ocupação cultural urbanas e periféricas, potencializando o fomento e apoio à informação e formação para gerações vindouras que era o objetivo da premiada atriz .
A exposição BrasiLéa no Teatro Glaucio Gill, é uma realização da Guerrilha da Paz, RM Produções e Marcelo Garcia, com apoio da Funarj.
LÉA GARCIA
Léa Lucas Garcia de Aguiar nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de março de 1933, e faleceu em 15 de agosto de 2023, aos 90 anos. Ela foi uma atriz brasileira internacionalmente reconhecida, indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1959 por sua atuação em “Orfeu Negro”, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro.
Léa também recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Gramado em 2004, com “As Filhas do Vento”, e no Brazilian Film Festival of Toronto em 2013, com “Acalanto”. Na televisão, Léa estrelou 56 obras, incluindo “Escrava Isaura” e “Dona Beija”. No cinema, participou de 50 filmes e no teatro de mais de 60 peças. Além de ter recebido os maiores prêmios brasileiros como o Oscarito, Kikito, Leão de Ouro, foi homenageada In Memoriam no Oscar 2024.
