Cuidar da saúde mental, pensar no corpo físico e se cuidar em busca da longevidade com qualidade de vida está fazendo com que os brasileiros busquem algum tipo de esporte. A corrida de rua, por exemplo, conquista cada mais adeptos no país e já ocupa o 4º lugar das atividades físicas praticadas. Segundo estudo inédito no Brasil, realizado em 2024, que levou o nome de “Por dentro do Corre”, conduzido pela consultoria estratégica Box 1824, em parceria com a marca de esportes Olympikus, correr só perde para caminhada, musculação e futebol. A análise apontou ainda que aproximadamente 13 milhões de brasileiros praticam corrida, cifra que mostra como a modalidade está em plena expansão. Mais da metade dos corredores são homens – 58%, já as mulheres representam 42%. Sendo que 46% destas pessoas têm entre 25 e 45 anos, mas os praticantes acima de 45 anos também são bem expressivos, 42%.
Em 3 de agosto, o Rio de Janeiro sediará uma das provas que promete ser uma das mais emblemáticas do país: o Desafio da Ponte Rio-Niterói, 21 Km, com largada do Caminho do Niemeyer, em Niterói, e chegada na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro. Os participantes de todo o país vão passar por um trecho icônico da cidade: 13,9 km sobre a Ponte Rio-Niterói, que será parcialmente fechada para o evento. A prova contará com a participação de até 8 mil corredores, o mesmo número da última edição, realizada em 2013. Também no dia 3, acontecerá, em São Paulo, a Santander Track & Fields Run Series, sendo 5 Km e 10 Km, com largada no Shopping KJ Iguatemi. Ainda no dia 3, vai rolar a Meia Maratona de Juiz de Fora, em Minas Gerais. Em 24 de agosto, também em São Paulo, será realizada a Maratona Fila, com 10 Km, 21 Km e 42 Km, na Cidade Universitária. A 1ª Maratona de Capão da Canoa vai acontecer, em 3 de agosto, no Rio Grande do Sul, com provas de 10 Km, 21 km e 42 Km.
O Drº Herbert Lima Mendes, cardiologista e professor do IDOMED (Instituto de Educação Médica), informa que os principais benefícios da corrida são melhorar o condicionamento físico, prevenir doenças cardiovasculares, aumentar a disposição para realizar as atividades do dia a dia, diminuir o risco de diabetes e controlar a pressão arterial. O especialista elaborou as dicas valiosas, abaixo, para quem pretende participar de uma das corridas que vão acontecer ao longo de 2025 por todo o país.
“Antes de participar da prova, faça uma avalição médica, pois muitos de nós queremos e devemos fazer atividade física regular, mas é importante saber se nosso coração está bem, se a pressão arterial está controlada e se nosso organismo aguenta encarar o desafio/meia maratona. Devemos lembrar que temos que estar bem fisicamente para o exercício fazer bem; conheça seu corpo, pois nossa capacidade aeróbica vai declinando com a idade, mesmo nos indivíduos mais condicionados. Portanto, saiba seus limites para poder aproveitar melhor a prova; tente se preparar antes de uma atividade intensa como a maratona, treine adequadamente, faça uma boa alimentação e nunca se esqueça de se hidratar durante a corrida; e use um tênis apropriado para este tipo de prova”, explica o cardiologista.
Já Anete Mecenas – coordenadora do curso de nutrição da Estácio – explica a importância de se alimentar / se hidratar, adequadamente, antes, durante e depois das provas. “A alimentação desempenha papel fundamental no desempenho de atletas de endurance, como os corredores de maratona (42 km) e meia maratona (21 km). Uma estratégia nutricional bem planejada pode otimizar a performance, retardar a fadiga, manter a glicemia e prevenir distúrbios gastrointestinais. Durante os meses que antecedem a prova, o foco da alimentação deve ser fornecer energia suficiente para suportar o volume de treinos e promover a recuperação. Corredores de longa distância necessitam de um balanço energético positivo. A ingestão calórica deve cobrir o gasto energético total (GET), que inclui metabolismo basal, efeito térmico dos alimentos e gasto com a atividade física”, afirma Anete.
Segundo a nutricionista, no dia da prova, os participantes devem tomar café da manhã 3h ou 4 horas antes de começar a correr. Já a refeição deve ser rica em carboidratos, moderada em proteínas, pobre em gorduras e fibras. Para quem vai encarar uma maratona, 42 Km, é aconselhável a ingestão de carboidratos com fontes combinadas de glicose/frutose por meio de géis, bebidas isotônicas ou frutas secas. Na meia-maratona, 21 km, a suplementação pode ser menos intensa, dependendo do ritmo e duração da prova. Ela recomenda a ingestão de líquidos, que deve ser guiada pela sede, adaptando-se às condições climáticas, além de bebidas com eletrólitos, pois ajudam a prevenir hiponatremia. Para recuperação pós-prova, Anete Mecenas afirma que os atletas devem focar no restauro do glicogênio para reparar tecidos e reidratar, com líquidos e eletrólitos, sendo a reidratação com água, bebidas isotônicas ou água de coco.
A psicóloga Tarcya Lima, coordenadora do curso de psicologia da Wyden, destacou os desafios e como os competidores podem vencer seus medos. “Participar de provas longas como meia maratona e maratona exige não apenas preparo físico, mas também um trabalho psicológico consistente. Medos comuns, como não completar a prova, lesões ou julgamento externo, podem ser transformados em aliados ao serem bem gerenciados, com a autoconfiança desempenhando papel fundamental. Essa confiança se constrói durante o treinamento por meio de metas realistas, progresso visível e técnicas como visualização positiva, respiração consciente e autorregulação emocional. Além disso, é importante enfrentar autocríticas e pensamentos disfuncionais, substituindo o “não vou conseguir” por “estou preparado/a para dar o meu melhor”, o que reduz ansiedade e aumenta motivação. Vencer esses desafios requer mais do que condicionamento físico: é fundamental conhecer e cuidar do mundo interno, respeitar limites, reconhecer conquistas e manter o compromisso com o processo, focando no esforço mais do que no resultado final”, ressalta.
A psicóloga enfatiza ainda como os corredores devem lidar e superar a questão da autossabotagem. “A autossabotagem se manifesta por meio de procrastinação, autocrítica excessiva, comparações desmotivadoras e negligência com treinos, descanso e alimentação, estando relacionada a crenças limitantes, medo de falhar, perfeccionismo e percepções distorcidas de incapacidade. Para enfrentá-la, é fundamental desenvolver consciência emocional e autocompaixão, identificar gatilhos desses comportamentos, questionar pensamentos automáticos e criar rotinas que promovam o engajamento com o plano de treino. Superar a autossabotagem é essencial não apenas para completar provas, mas também para manter uma relação mais saudável consigo mesmo e com seu desempenho”, finaliza.