Cássia Eller, o Musical de volta ao Rio de Janeiro

Cassia Eller
Cassia Eller - Foto de Marcos Hermes

O espetáculo musical, visto por mais de 400 mil espectadores, retorna para uma curta temporada Teatro Claro, no Rio. Cássia Eller, o Musical percorreu todas as capitais brasileiras. São as seguintes as apresentações: Dia 21 de julho, sexta, 20 horas. Dia 22 de julho – sábado – sessão às 16hs e às 20hs. Dia 23 de julho – domingo – sessão às 18hs. Dia 27 de julho – quinta, e dia 28, sexta, às 20h. Dia 29 de julho – sábado – sessão às 16hs e às 20hs. Dia 30 de julho – domingo – sessão às 18hs.  A atriz Tacy Campos fará as sessões de sábado às 20hs. As sessões de sábado às 16hs serão feitas pela Jana Figarella. A encenação destaca a carreira de uma das vozes mais marcantes da MPB. “Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher.” Os versos de Renato Russo que Cássia Eller cantou por tantos anos falam muito sobre a personalidade da artista, uma verdadeira fera nos palcos, mas que podia ser um bicho arredio fora dele. Mulher de poucas palavras, cantora de infinitos sons e uma voz tamanha, doce e amiga na vida, foi forte e surpreendente na arte. Com menos de 40 anos de vida e 20 de carreira, Cássia Eller partiu no auge e deixou uma obra eterna.

O musical tem direção de João Fonseca e Viniciús Arneiro e foi idealizado por Gustavo Nunes. A direção musical é de Lan Lanh, que tocou anos com Cássia e tem total propriedade na obra da cantora. O texto original é de Patrícia Andrade, que flagra Cássia ainda antes do início da carreira e acompanha toda a sua trajetória musical – dos primeiros passos como cantora em Brasília a sua explosão nacional – sem deixar de lado seus amores, em especial Maria Eugênia, sua companheira com quem criou o filho Chicão. A autora fez um amplo mergulho na obra de Cássia e entrevistou familiares e amigos que a ajudaram a construir um mosaico fiel sobre a história da cantora. A codireção musical é de Fernando Nunes, baixista da banda de Cássia Eller. A produção é da Turbilhão de Ideias e Andarilho Filmes, apresentado por Volkswagen Financial Services.

O roteiro passeia desde uma criação autoral, como Flor do Sol, até canções que ficaram imortalizadas por ela, como Malandragem (Cazuza/Frejat), Socorro (Arnaldo Antunes/Alice Ruiz) e Por Enquanto (Renato Russo). O amigo Nando Reis, que é também personagem do espetáculo, comparece com várias composições no repertório, como All StarO Segundo SolRelicárioLuz dos Olhos e E.C.T., entre outras. O papel-título é interpretado por TACY, atriz e cantora de Curitiba que foi escolhida entre mais de 1000 candidatas que se inscreveram para as audições, quando foi definido também todo o elenco, que conta ainda com seis atores/cantores e cinco músicos.

Os diretores João Fonseca e Viniciús Arneiro não poupam elogios à protagonista: “Tacy é sensacional, muito inteligente e intuitiva, além de ter uma voz incrível”, exalta João. “Ela surpreendeu a todos e, antes mesmo dela cantar, já estávamos magnetizados pela figura tímida e doce que ela é. Ao final da primeira música, ficamos um pouco em silêncio, admirados com o que estava diante de nós. Existem algumas semelhanças entre ela e a Cássia e foi essa pureza de estado que nos arrebatou”, complementa Viniciús. Para João Fonseca, esse é um espetáculo diferente dos musicais biográficos que ele dirigiu anteriormente (sobre Tim Maia e Cazuza). “É focado no essencial, simples e teatral como a própria Cássia. Apenas cadeiras, os atores e os músicos. A Márcia Rubin elaborou uma coreografia diferente, não é uma dança convencional, mas uma movimentação coreográfica”, acrescenta. A ficha técnica do espetáculo completa-se com os figurinos de Marília Carneiro e Lydia Quintaes, iluminação de Maneco Quinderé, cenários de Nello Marrese e Natália Lana e direção de movimento de Márcia Rubin.

Músicas

  1. Do Lado Do Avesso (Cássia Eller)
  2. Lanterna dos Afogados (Herbert Vianna)
  3. Eu Queria Ser Cássia Eller (Péricles Cavalcante)
  4. Come Together (Lennon/Mc Cartney)
  5. Vinheta: Noturno (Graco/Caio Sílvio)
  6. Que País é Este (Renato Russo)
  7. Flor do Sol (Cássia Eller/Simone Saback)
  8. Noite do Meu Bem (Dolores Duran)
  9. Mercedez-Benz (Janis Joplin with the posts Michael McClure and Bob Neuwirt)
  10. Pra longe do Paranoá (Oswaldo Montenegro)
  11. Ne me Quitte Pas (Jacques Brel)
  12. Vinheta: Eu Queria Ser Cássia Eller
  13. Eleanor Rigby (Lennon/Mc Cartney)
  14. Socorro (Arnaldo Antunes/Alice Ruiz)
  15. Vinheta: Stairway to Heaven (Page/Plant)
  16. Juventude Transviada (Luis Melodia)
  17. Rubens (Mario Manga)
  18. De Esquina (Xis)
  19. Palavras ao Vento (Moraes Moreira/Marisa Monte)
  20. Top Top (Mutantes/Arnolpho Lima)
  21. Um Branco, Um Xis e Um Zero (Marisa/Pepeu/Arnaldo)
  22. Vinheta: Infernal (Nando Reis)
  23. Por Enquanto (Renato Russo)
  24. Vinheta: Partido Alto (Chico Buarque)
  25. Com Você Meu Mundo Ficaria Completo (Nando Reis)
  26. Coroné Antonio Bento (João do Valle/Luiz Wanderley)
  27. Cocorocó (Marcio Mello)
  28. 1º de Julho (Renato Russo)
  29. Todo Amor que Houver nessa Vida (Cazuza/Frejat)
  30. Malandragem (Cazuza/Frejat)
  31. ECT (Nando Reis/Carlinhos Brown/Marisa Monte)
  32. Luz dos Olhos (Nando Reis)
  33. Nós (Tião Carvalho)
  34. Soy Gitano (J. Monje/José Fernandes Torres/Vicente Amigo)
  35. Relicário (Nando Reis)
  36. All Star (Nando Reis)
  37. Smells Like Teen Spirit (Nirvana)
  38. Non, Je Ne Regrette Rien (Michel Vaucaire/Charles Dumont)
  39. O Segundo Sol (Nando Reis)

Ficha Técnica

  • Texto: Patrícia Andrade
  • Direção: João Fonseca e Viniciús Arneiro
  • Idealização e Direção De Produção: Gustavo Nunes
  • Direção Musical: Lan Lanh
  • Codireção Musical: Fernando Nunes
  • Direção De Movimento: Márcia Rubin
  • Figurinista: Marília Carneiro e Lydia Quintaes
  • Cenógrafo: Nello Marrese e Natália Lana
  • Visagismo: Beto Carramanhos
  • Design De Luz: Maneco Quinderé
  • Cenotécnico: André Salles e Equipe
  • Designer e Engenheiro de Som: João Paulo Pereira
  • Operação de som: João Paulo Pereira
  • Preparador Elenco (Tacy De Campos): Ana Paula Bouzas
  • Produtora de Elenco: Cibele Santa Cruz
  • Pesquisadora: Barbara Duvivier
  • Fotógrafo: Marcos Hermes
  • Assistência de Direção: João Pedro Madureira
  • Assistência de Direção de Movimento: Luar Maria
  • Representante do Espólio da Família da Cássia Eller: Rodrigo Garcia
  • Preparação Vocal: Marco Dantonio
  • Pianista Ensaiador: Felipe Caneca
  • Designer: Julliana Della Costa
  • Coordenação de Produção: Heldi Bazotti
  • Estagiaria de Produção: Giulia Smidth
  • Assessoria de imprensa: Arte Plural
  • Produção: Turbilhão de Ideias
  • Realização: Andarilho Filmes
  • Apresentado por Volkswagen Financial Services
  • www.vwfs.com.br
  • www.instagram.com.br/vwfsbrasil
  • https://www.facebook.com/vwfsbrasil

Serviço

Cássia Eller – o musical

  • Estreia dia 21 de julho sexta-feira 20 horas no Teatro Claro 
  • Dia 22 de julho – sábado – sessão às 16hs e às 20hs 
  • Dia 23 de julho – domingo – sessão às 18hs 
  • Dia 27 de julho – quinta, e dia 28, sexta, às 20h
  • Dia 29  de julho – sábado – sessão às 16hs e às 20hs
  • Dia 30 de julho – domingo – sessão às 18hs 

Teatro Claro – Rua Siqueira Campos, 143 – 2º Piso – Copacabana, Rio de Janeiro – RJ,
CEP 22031-071. Em seguida, temporada estreia em São Paulo no dia 4 de agosto, no
Teatro Opus Frei Caneca. Classificação: 14 anos. Duração: 2h10min

Tacy Campos fará as sessões de sábado às 20hs .
As sessões de sábado às 16hs serão feitas pela Jana Figarella .

 “Manifesto Transpofágico” retorna ao Teatro Firjan SESI Centro

Manifesto Transpofágico - Renata de Cervalh
Manifesto Transpofágico – Renata de Cervalho – Trema Festival – Foto Danilo Galvão

Depois de formar filas enormes no Teatro Firjan Sesi Centro às segundas e terças-feiras de abril e maio e inúmeros pedidos para uma extensão da temporada, o espetáculo “Manifesto Transpofágico” retorna ao Rio de Janeiro no horário nobre. Desde o  dia 06 de julho às 19h, Renata Carvalho encena seu solo às quintas e sextas-feiras até o dia 21 de Julho, realizando a continuidade de sua pesquisa cênica sobre o corpo travesti. Responsável também pela dramaturgia, Renata sobe ao palco dirigida por Luiz Fernando Marques (Lubi) falando direto com a plateia, como um depoimento, mas também a envolvendo neste jogo cênico. Um verdadeiro sucesso de público e crítica e reconhecida como um

 grande auxílio contra a transfobia, a montagem estreou em São Paulo em 2019 e realizou temporadas de sucesso em países como Itália, França, Espanha, Irlanda e Holanda, além de Uruguai, Chile e Estados Unidos.

A transpofagia de Renata consiste em se alimentar das suas e dos seus – da sua transcestralidade – as digerindo e devolvendo em arte, literatura e/ou educação – Carvalho é graduanda em Ciências Sociais e estuda os corpos trans desde 2007. Neste manifesto, Carvalho convida o público a olhar incansavelmente para o seu corpo travesti e lhe apresenta a historicidade dele. Para isso, pensou em cada detalhe para que a plateia se sinta acolhida em absoluto – do título da montagem à narrativa, passando pela iluminação e o volume do som.

“A peça inicialmente teria o nome de ‘Eu travesti’, mas quando a escrevi estava sendo muito atacada por representar Jesus em ‘O evangelho segundo Jesus, Rainha do céu’ e também pelo lançamento do MONART (Movimento Nacional de Artistas Trans) e do ‘Manifesto Representatividade Trans’, com a luta pela pausa na prática do transfake”, relembra Renata sobre seus projetos. “Existia – e existe – uma dificuldade das pessoas em pronunciar a palavra travesti, e acreditei que a peça teria dificuldade para entrar em cartaz e ser noticiada. Então resolvi dar um nome mais teatral, mais digestivo, que soasse confortável aos ouvidos”, ironiza Carvalho, que também fundou o Coletivo T – primeiro coletivo artístico formado integralmente por artistas trans.

A ideia da também diretora e ativista dos direitos humanos e LGBTQIAPN+, com foco nas pessoas trans e travestis, é despertar a consciência do nosso grau de transfobia em 2023. “Qual é a imagem da travesti que todes nós ainda precisamos desconstruir? Onde cada um de nós estamos nessa estrutura transfóbica? A narrativa é construída para que nada abale a fragilidade cisgênera e desvie do tema. A música não é alta, as luzes na plateia acendem gradualmente. Estou microfonada, não grito para não colocarem esse corpo como violento. Falo de forma calma e pausadamente, entre 6 e 8 hertz – volume agradável aos ouvidos. As palavras são bem escolhidas, não podem ser impositivas ou acusatórias. Estudei comunicação não-violenta para conseguir me comunicar melhor, valorizando assim as minhas ideias/texto/palavras/arte, e aprendendo a controlar melhor a minha raiva”, adianta Renata.

O espetáculo é dividido em duas partes: na primeira, um corpo apenas de calcinha no palco narrando, dentre outras coisas, o devir travesti daquele corpo denunciando a construção social, criminal, patológica, sexualizada, religiosa e moral que permeia o imagético do senso comum sobre o que é ser uma travesti / ter um corpo travesti. Na segunda parte, a proposta provoca uma conversa ética e sincera com o público de e em 2023. “O que o meu corpo travesti ainda carrega do que foi mostrado no palco? O que todes nós que estamos nesse teatro/espaço ainda carregamos daquela época? Por que ainda carregamos? É aberto ao público fazer qualquer pergunta, comentário, depoimento. Se quisermos juntes, este será o lugar onde podemos errar, e com isso, aprender”, acredita Carvalho.

Renata nomeia seu estudo: “Transpologia”, que denuncia a construção social, midiática, patológica, religiosa, criminal e hipersexualizante que permeia o imaginário do senso comum sobre pessoas trans/travestis. O imagético construído com o auxílio das artes com suas narrativas viciadas, estereotipadas e cheias de arquétipos com conteúdo transfóbico em suas apresentações e representações, a transfobia recreativa e o corpo risível das pessoas trans/travesti na arte e no humor, e por fim, a prática do transfake, que exclui corpos trans/travestis dos espaços de atuação e criação artística.

Falar de transfobia no país que mais mata transexuais e travestis pode ser desafiador, mas Renata Carvalho entende que sua missão em cena também é educacional. “Acho que o meu maior desafio é transformar essas pautas em arte, dar luz a algo que possa causar reflexão em quem assiste. Esta luta também é pedagógica. Como também estou no processo de aprendizagem, tento acolher toda pergunta/ comentário/depoimento não interrompendo para corrigir, por exemplo, e sem julgar a fala. O espetáculo propõe um diálogo ético e sincero sobre o tema, então preciso acolher essas falas, senão eu travo o jogo, as pessoas não abrem mais a boca e vão para casa com tudo internalizado”, considera.

Dedicada à escrita de textos, roteiros e livro, Renata segue em pesquisa para “Diáspora“, peça que, sob sua direção e dramaturgia, vai narrar a histórias de travestis e mulheres trans que saíram do Brasil sonhando com uma vida melhor na Europa. Está também escrevendo e dirigindo alunos da Universidade de Lille, na França, e ampliando o MONART para a Itália e Portugal. No streaming, poderá ser vista nas séries do Globoplay “As Five” (3º temporada) e “FIM”. E no cinema, no curta-metragem “Dinho”, de Leo Tabosa, e no longa-metragem “Salomé”, de André Antônio.

“Acredito que tenha conseguido tornar o debate público sobre a presença de corpos trans nas artes por estar nela há 27 anos. Por ter conseguido permanecer, produzir, errar, repetir, de ter a prática do fazer artístico e, dentro desse fazer, nasce a pesquisadora e transpóloga que verticaliza o tema. E na busca do meu eu, do meu ser travesti, encontrei meu coletivo, minha transcestralidade, meu ser político. Essas junções possibilitaram a consciência e o despertar para conceituar essas ausências. É a arte cumprindo seu papel”, finaliza Renata Carvalho.

SINOPSE:

“Hoje eu resolvi me vestir com a minha própria pele. O meu corpo travesti”. Renata “se veste” com seu próprio corpo para narrar a historicidade da sua corporeidade. Renata se alimenta da sua “transcestralidade”. Come-a, digere-a. Uma transpofagia. O Corpo Travesti como um experimento, uma cobaia. Um manifesto de um Corpo Travesti. Letreiro pisca TRAVESTI. TRAVESTI. TRAVESTI.

FICHA TÉCNICA:

  • Dramaturgia e Atuação: Renata Carvalho
  • Direção: Luiz Fernando Marques (Lubi)
  • Luz: Wagner Antônio
  • Video Art: Cecília Lucchesi
  • Operação e adaptação de luz: Juliana Augusta
  • Produção: Corpo Rastreado
  • Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Assessoria
  • Co-produção: Risco Festival, MITsp e Corpo Rastreado.
  • Difusão: Corpo a Fora e FarOFFa

SERVIÇO:

“MANIFESTO TRANSPOFÁGICO”

  • Temporada: até  21 de julho
  • Dias da semana: Quintas e sextas-feiras, às 19h
  • Ingressos: R$ 40 (inteira) / R$ 20 (meia-entrada)
  • Link de vendashttps://bileto.sympla.com.br/event/81149
  • Local: Teatro Firjan SESI
  • Endereço: Av. Graça Aranha, nº 1 – Centro
  • Informações: (21) 2563-4163
  • Lotação: 338 lugares
  • Classificação Indicativa: 16 anos

Série de espetáculos sobre transição de gênero

Foto de André Stefano
Foto de André Stefano


Após ter participado da criação da performance 
Feminino Abjeto, de Janaina Leite, o artista cênico transmasculino Oliver Olívia criou uma série de espetáculos cênicos que partem de discussões sobre sua transição de gênero. Para Oliver, a ideia era mirar em lugares que trouxessem contradições. Foi dessa forma que nasceram Não ela: o que é bom está sempre sendo destruído, Ele e Culpa, os três componentes do Tríptico: Não ela, Ele e Culpa, que estreia dia 6 de julho, com sessões até 22 de julho, na Oficina Cultural Oswald de Andrade (Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo; de 10 a 27 de agosto a temporada é no Teatro Arthur de Azevedo (Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo).

Após as sessões da temporada do Tríptico serão feitas conversas com convidadas que são artistas e pensadoras do teatro. São elas Dodi Leal (6, 7 e 8 de julho), Helena Vieira (13, 14 e 15 de julho) e Janaina Leite (20, 21 e 22 de julho). Após as apresentações, as convidadas conduzirão um ambiente de conversa entre elas, os artistas e o público. O intuito é a troca e reflexão entre todes, com a provocação do olhar das convidadas.

Oliver conta que o início do processo de criação que culminou na obra Não ela: o que é bom está sempre sendo destruído foi feito a partir de um dispositivo de escrita automática, um material criado a partir de textos feitos por Lucas Miyazaki, escritor e namorado de Oliver, sobre como ele estava lidando com o corpo de seu parceiro no momento da transição de gênero. A proposta foi convidar Lucas para o palco, criando cinco cenas que partiram das discussões e reflexões do casal, composto por um homem cisgênero e uma pessoa transmasculina.

Na sequência, já em uma etapa de transição marcada por mudanças expressivas em seu corpo por conta do uso de testosterona, Oliver criou Ele, uma peça sem texto composta por cinco imagens coletadas da convivência do artista com seu namorado Lucas. Nelas, ambos fazem a barba um do outro, praticam jiu-jitsu e discutem, por meio de outras ações, questões que tangenciam discussões sobre sexualidade e gênero, compondo uma obra de forte apelo visual.

Pensando que as duas peças criavam um díptico, Oliver concluiu que ainda havia outro estudo cênico a ser criado e, dessa vez, decidiu trazer ao palco Rosana e Eugênio, seus pais. Culpa é uma obra composta por cenas inspiradas nos embates e nas vivências familiares do artista disparadas pela mastectomia masculinizadora (retirada plástica dos seios) realizada por Oliver, sem que seus pais soubessem.

O artista reforça que todas as obras – criadas tendo base o biodrama, termo cunhado pela diretora argentina chamada Vivi Tellas que consiste na fricção da realidade com a ficção -,  foram elaboradas em meio ao seu processo de transição de gênero e de hormonização, gerando assim trabalhos concebidos durante as mudanças aprofundadas que o processo de transição de gênero causou e causa em Oliver e nas pessoas ao seu redor, como sua família e seu companheiro.

“Há uma linha estética comum nos três espetáculos, como projeções de textos e jogos performativos que vão sendo executados de modos diferentes a cada sessão, e não por meio de cenas marcadas. Também não há uma trilha sonora num sentido muito convencional, de embalar alguma atmosfera. O que predomina também nos trabalhos é uma moldura teatral para algo não convencionalmente teatral”, conta Oliver, reforçando que um dos atravessamentos fundamentais nos trabalhos foi a leitura de Testo Junkie, obra do escritor e filósofo transmasculino espanhol Paul B. Preciado, que também foi concebido enquanto Paul fazia uso de testosterona.

Sinopses 

Não ela: o que é bom está sempre sendo destruído – Um casal começa a morar junto ao mesmo tempo que um deles começa seu processo de  transição de gênero. O namorado cisgênero então escreve um texto sobre suas questões  que emergem no convívio com seu namorado trans. Esse texto é materializado no palco pelo casal em cena, através de cinco programas performativos. 

Ele – Dois “eles”, um cisgênero e um transgênero, casados na vida real, se colocam num palco para  juntos realizarem algumas ações e jogos performativos. São criadas imagens que remetem  direta ou indiretamente a questões de sexualidade, gênero, existência e essência. Nesse  percurso, surgem reflexões acerca do que é um  homem, um “ele”, ou o próprio masculino. Essa peça foi criada quando o autor começou a usar testosterona.

Culpa – Uma pessoa transgênera e seus pais fazem uma peça de teatro no qual eles rememoram  momentos de sua vida juntos, antes da pessoa transgênera fazer uma mastectomia  masculinizadora (retirada plástica dos seios). Através de uma série de imagens, eles  refletem sobre as tensões que habitam o relacionamento dos três frente às decisões  estéticas e identitárias do filho trans. 

Fichas Técnicas – Tríptico: Não Ela, Ele e Culpa

Não ela: o que é bom está sempre sendo destruído

  • Direção e performance: Oliver Olívia 
  • Dramaturgia e performance: Lucas Miyazaki 
  • Dramaturgismo: Antonio Salviano
  • Provocação: Ave Terrena, Kenia Dias, Janaína Leite e Monica Montenegro
  • Iluminação: Harth Brito
  • Operação cênica: Marco Antonio Oliveira

Ele

  • Direção, dramaturgia e performance: Oliver Olívia
  • Performance: Lucas Miyazaki
  • Dramaturgismo: Antonio Salviano
  • Provocação de movimento: Letícia Sekito
  • Desenho de luz: GIVVA
  • Execução de luz: Harth Brito

Culpa

Direção, dramaturgia e performance: Oliver Olívia

Performance e contribuição para a dramaturgia: Eugênio Fernandes e Rosana Lagua

  • Dramaturgismo: Antonio Salviano
  • Provocação cênica: Lucas Miyazaki
  • Iluminação: Harth Brito
  • Identidade Visual e Design: Veni Barbosa
  • Mídias Sociais: Fernando Pivotto
  • Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
  • Produção: Corpo Rastreado – Leo Devitto

“Este projeto foi contemplado pela 16ª Edição do Prêmio Zé Renato — Secretaria Municipal de Cultura”

SERVIÇO

Tríptico: Não Ela, Ele e Culpa
Duração de cada peça: 60 minutos | Classificação indicativa: 18 anos

6 a 22 de julho de 2023, quinta a sábado – quintas e sextas às 19h30, sábados às18h
Local: Oficina Cultural Oswald de Andrade (Sala 11)
Endereço: Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro, São Paulo – SP, 01123-001

Quintas: Não Ela  – 6, 13 e 20 de julho
Sextas: Ele – 7, 14 e 21 de julho
Sábados: Culpa – 8, 15 e 22 de julho

Ingressos: ENTRADA GRATUITA – retirada de ingressos 1 hora antes de cada sessão
Capacidade: 30 lugares

10 a 27 de agosto de 2023, quinta a domingo – quinta á sábado ás 20h, domingo às 18h
Local: Teatro Arthur de Azevedo (Sala Multiuso).
Endereço:  Av. Paes de Barros, 955 – Alto da Mooca, São Paulo – SP, 03115-020

Não Ela – 10, 11, 17 e 24 de agosto
Ele – 12, 18, 19 e 25 de agosto
Culpa – 13, 20, 26 e 27 de agosto 

Ingressos: ENTRADA GRATUITA – retirada de ingressos 1 hora antes de cada sessão

Capacidade: 30 lugares

Noites Brancas, envolvente história de Fiódor Dostoiévski adaptada para o teatro, chega ao Teatro Itália-Bandeirantes no dia 14 de julho

Noites Brancas
Noites Brancas – Foto de Allan Bravos

A Cia Bípede de Teatro Rupestre apresenta Noites Brancas, uma adaptação teatral do romance de Fiódor Dostoiévski. O espetáculo mantém a poética original do autor, proporcionando uma experiência única que combina literatura e realidade.

A ideia de criar uma nova montagem para essa obra icônica surgiu de uma inquietação do diretor Felipe Sales. “Na primeira leitura, me incomodou o caráter patético do ideal romântico que o livro retratava. E conforme o processo se estabeleceu, me chamou também a atenção que o próprio Dostoiévski satiriza esse ideal romântico no conto que escreveu. O que era então um trabalho subversivo, passou a ser um trabalho de escavar em Dostoiévski a sátira e a crítica que ele mesmo escondeu embaixo de camadas de romantismo”, conta o encenador.

O espetáculo narra a história de Sonhador e Nástienka, dois personagens ultrarromânticos que se encontram à beira do rio Nievá, em São PetersburgoSonhador busca algo significativo em sua vida solitária, enquanto Nástienka espera pelo retorno de seu grande amor prometido há um ano. Durante quatro noites, o público testemunhará o encontro desses personagens e a emergência de seus sentimentos iluminados pelas estrelas e pelo sol das noites brancas, um fenômeno que torna o céu claro na madrugada da primavera.

A peça traz uma abordagem mais moderna ao adaptar essa obra de Dostoiévski num espetáculo que transita entre momentos de narração e momentos em que os personagens ganham vida no palco. “A Companhia Bípede de Teatro Rupestre surge com a proposta de desconstruir a literalidade imposta ao palco pelas gerações mais novas. Resolve a grande quantidade de personagens com apenas dois atores que ficam em cena durante 80 minutos confinados dentro de uma área cênica delimitada. Entram na primeira vez em que aparecem e quando saem, não voltam mais. É uma peça difícil do ponto de vista da atuação e requer atores habilidosos e bem ensaiados. Dostoiévski é verborrágico e decidimos manter sua verborragia em cena. A encenação, neste sentido, foca no trabalho dos atores e em sua capacidade de criar imagens com poucos recursos cênicos e lidando com as dificuldades de uma escrita a lá Dostoiévski”.

“O jogo com a palhaçaria nos ajuda a grifar o sarcasmo e a ironia das cenas e das falas. O final da peça é romanticamente trágico e não é de nosso interesse torná-lo sofrido. Preferimos lidar com ele de forma leve e poética”, acrescenta o diretor.

Ficha Técnica 

Cia. Bípede de Teatro Rupestre

  • Direção: Felipe Sales
  • Elenco: Alana Oliveira e Thiago Winter.
  • Operador de Luz : Rafael Inácio e Junior Docini
  • Preparadora Corporal: Mariana Matanó
  • Cenografia e Figurinos: Cia. Bípede 
  • Diretora de Produção: Mili Slikta
  • Produtor Executivo: Arthur Maia 
  • Realização: Cia. Bípede 
  • Produção: AHCM ENTRETENIMENTO

A Companhia: 

Em 2020, estudantes do Célia Helena Centro de Artes e Educação se juntam para montar PEQUENOS BURGUESES de Máximo Gorki. Daí surge um grupo. O nome vem mais adiante a partir de uma proposta ética-estética. Bípede pois é formada por gente diversa e que não se contém em ficar em um só lugar. Bípede é dizer que somos andarilhos. O teatro rupestre é uma proposta estética e ética para o trabalho teatral. Significa buscar fazer teatro com o que se tem disponível. Distanciamo-nos do que é literal e desenvolve imaginativamente e ludicamente espetáculos teatrais. Enxergarmos tudo que é desnecessário, utilizarmos a imaginação para ver que toda a cidade de São Petersburgo pode ser um banco e uma escada. Um inquilino pode ser um paletó no cabide. Estrelas, apenas bolinhas penduradas ao teto.

Serviço 

  • Noites Brancas – Com Cia. Bípede de Teatro Rupestre
  • Teatro jovem 
  • Data: de 14 de julho a 27 de agosto, às 17h30, às sextas, sábados e domingos.
  • Sessão para convidados: dia 13 de julho, às 17h30.
  • Local: Teatro Itália-Bandeirantes: Av. Ipiranga, 344 – República. 
  • Classificação indicativa: 12 anos 
  • Ingressos: R$ 60 
  • Duração do espetáculo: 80min.