Muitas memórias em peça sobre primeira mulher pajé no CCBB-RJ

Azira'i
Azira'i - Foto: Leo Aversa

“Azira’i” é, antes de tudo, um espetáculo sobre a relação entre uma filha e sua mãe. Com a dramaturgia construída a partir das memórias da atriz Zahy Tentehar, este solo autobiográfico vai justamente resgatar a sua vivência com a mãe, Azira’i, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, onde ambas nasceram. Com direção de Denise Stutz e Duda Rios, o espetáculo estreia dia 12 de outubro no Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil. A produção é da Sarau Cultura Brasileira, de Andréa Alves, e o espetáculo é apresentado pela Eletrobras.

Azira’i foi uma mulher muito sábia e herdeira de saberes ancestrais, com vasto conhecimento sobre o mundo espiritual. Como pajé suprema, ela usava três ferramentas tecnológicas para curar: as plantas, a mão e o canto. Ao gerar e criar Zahy nesta mesma aldeia, deixou para ela seu legado espiritual.

Ao longo da jornada como artista, Zahy fez do canto uma de suas expressões, o que poderá ser visto no espetáculo, em que ela cantará lamentos ensinados por sua mãe e canções originais compostas por ela com Duda Rios sob a direção musical de Elísio Freitas, produtor responsável pelo premiado álbum ‘Nordeste Ficção’, de Juliana Linhares, que também divide a autoria de algumas composições com a atriz e o diretor.

É neste verdadeiro ‘musical de memórias’ que se apresentam Azira’i e Zahy, mãe e filha, mulheres nucleares, distintas, diversas e espelhadas:

‘Eu sou a filha caçula da minha mãe. A nossa relação, como muitas de nossos brasis, foi diversa: cheia de semelhanças e diferenças, com muitos afetos e composições importantes para nossa trajetória. A presença de minha mãe é tão viva, que a nossa relação se faz continuamente importante. Quando pensei em trazê-la ao teatro, não foi para falar apenas dos meus sentimentos, foi para dialogarmos nossos reflexos enquanto sujeitos coletivos. Gosto de nos ver, humanos, como espelhos, pois nossas histórias se entrelaçam e se compõem’, analisa Zahy.

Azira’i faleceu em 2021, ao longo do processo de criação da montagem, que começa em 2019, quando Zahy e Duda Rios se conhecem no elenco da montagem de ‘Macunaíma’, dirigida por Bia Lessa e encenada pela companhia Barca dos Corações Partidos, também um projeto da Sarau. Nas conversas de camarim, Duda se surpreendia com o que Zahy contava – ela mesmo se define como uma contadora de histórias – e surgiu ali mesmo a semente de criar um espetáculo a partir daquela vivência em um contexto tão próximo, mas também tão distante.

Duda formatou a dramaturgia junto com a atriz, em uma estrutura narrativa que percorre a história por diversos pontos de vista, como os da própria Zahy, mas também o de sua mãe e de uma narradora. No último ano, Denise Stutz se juntou à dupla de amigos criadores e a encenação propriamente dita começou a ganhar uma forma.

‘O nosso maior desafio foi selecionar, entre tantas histórias que ela havia me contado ao longo de quatro anos, quais iriam compor a dramaturgia da peça. Às vezes queremos abordar muitas coisas num espetáculo e terminamos perdendo o fio da meada. Mas se temos um eixo narrativo claro, a chance do público se envolver é maior. Nesse aspecto a chegada de Denise foi fundamental, pois ela entrou no projeto pouco antes do início dos ensaios, com um olhar fresco que nos ajudou a identificar o que era essencial pra nossa narrativa’, conta Duda Rios.

Zahy, Denise e Duda conceberam então um espetáculo focado na performance, com apenas uma cadeira e uma cortina de corda crua como elementos de cena, além das projeções do multiartista Batman Zavareze (direção de arte e design gráfico), os figurinos de Carol Lobato e a iluminação de Ana Luzia de Simoni.

‘Eu fui conhecendo as memórias de Zahy durante esses meses de ensaio e fui me impressionando a cada dia pela potência das histórias de vida que ela contava e as narrativas sobre a mãe.  Quando recebi o convite do Duda para me juntar a ele na direção desta montagem, tivemos  conversas quase infinitas e  o trabalho não faria sentido se a gente não escutasse primeiro os desejos de  Zahy , afinal, é a história dela e  são muitas memórias junto com sua mãe. A partir dessa escuta e dos textos que ela e Duda escreviam começamos a tecer esse musical de memórias . O mundo da Zahy está no seu corpo,  no seu canto, na sua presença, nas suas histórias, no que é único nela e que é também o outro’, reflete Denise Stutz.

O espetáculo faz parte dos projetos que celebram o aniversário do CCBB RJ. Em 12 de outubro, o centro cultural faz 34 anos e tradicionalmente programa estreias teatrais, abertura de exposição e de mostras de cinema para celebrar a data. Atividades para crianças também ocorrem na ocasião. A programação completa pode ser conferida no site bb.com.br/cultura

AZIRA’I

  • Um solo de Zahy Tentehar
  • Dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios
  • Direção: Denise Stutz e Duda Rios
  • Direção de arte e design gráfico: Batman Zavareze
  • Figurinos: Carol Lobato
  • Iluminação: Ana Luzia de Simoni
  • Trilha sonora: Elísio Freitas
  • Produção: Sarau Cultura Brasileira.

SERVIÇO

Espetáculo: Azira’i
Temporada: de 12 de outubro a 05 de novembro de 2023
Dias e horário: Quarta a sábado, às 19h, e domingo, às 18h
Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Teatro 1
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro , Rio de Janeiro– RJ
Informações: (21) 3808-2020 | ccbbrio@bb.com.br
Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia)
Sessão gratuita no dia 12 de outubro
Estudantes, maiores de 65 anos e Clientes Ourocard pagam meia-entrada
Ingressos na bilheteria física: de quarta a segunda, das 9h às 20h e no site bb.com.br/cultura
Capacidade Teatro 1: 170 lugares
Classificação: 12 anos
Duração: 90 minutos

Comédia ‘Alegria de Náufragos’ estreia dia 14 no Teatro Firjan SESI Centro

Alegria de Náufragos
Alegria de Náufragos

Quem gosta daquele humor ácido e inteligente, que leva a gente a rir da vida, tem uma opção aos sábados e domingos no Teatro Firjan Sesi, no Centro do Rio, a partir de 14 de outubro.  Inspirada na literatura do russo Anton Tchekhov (1860-1904), “Alegria de Náufragos” é uma peça consagrada como Melhor Texto do Prêmio PRIO de Humor (2023) e a indicação a Melhor Espetáculo do Prêmio Cesgranrio (2022).  A adaptação e interpretação do intrépido Grupo Ser Tão Teatro permite ao público estabelecer pontes entre o discurso literário de mais de um século e meio com questões atuais. As apresentações no espaço vão até dia 5 de novembro.

 – Uma frase que simboliza o espetáculo é de Aton Tchekhov: “nesse espetáculo o que importa não é a glória, mas a capacidade de suportar” – disse Rafa Guedes, ator e produtor do espetáculo.

Para o ator Thardelly Lima, “Alegria dos Náufragos é um espetáculo pra rir do “fracasso” e questionar sobre o real valor do que se conquista ao longo da vida”. 

– O público vai se divertir e testemunhar a construção das cenas através do jogo teatral – explicou o ator de Bacurau (2019), um dos mais recentes clássicos do cinema nacional. 

Com a direção de César Ferrario e Giordano Castro, a comédia traz ainda no elenco o ator Thardelly Lima, o prefeito do longa Bacurau,e o Vespertino da novela “Mar do Sertão”, Cely Farias e Rafa Guedes. Durante 60 minutos, o Grupo Ser Tão Teatro busca estímulos e desafios na própria vida, transformando a original “Uma história enfadonha”, de Anton Tchekhov, em agradável entretenimento. A direção musical e a música original estão sob a responsabilidade de Marco França.

– Alegria de náufragos, é uma peça que passeia muito bem no pensamento antropofágico da cultura brasileira, quando mastiga a ironia melancólica do Tchekov e mistura com a realidade do fazer teatral de um grupo de artistas paraibanos – disse o diretor Giordano Castro.

Segundo a atriz Cely Farias, o espetáculo tem o poder de elevar o espírito através do riso, ainda que tratando de temas complexos. 

– A nossa via principal é a gargalhada, a brincadeira, o jogo de cena que diverte e alegra – garante a atriz.

– Há sete anos Alegria de Náufragos me faz refletir sobre meu lugar no mundo, meu lugar de artista, meu lugar de professora, meu lugar de gente. Em quase uma centena de apresentações, eu me deparo quase uma centena de vezes com um gigantesco espelho, de lente aumentada, que revela os veios dos caminhos que escolhi trilhar, cada desvio, cada  fuga, cada atalho e rua sem saída – completa Cely Farias.

SERVIÇO

  • Teatro Firjan SESI Centro
  • Av. Graça Aranha, 1 – Centro, Rio de Janeiro – RJ, 20030-001
  • Estreia: 14 de outubro (sábado)
  • Telefone: (21) 2563-4163
  • Sábados e domingos, às 18h
  • Duração: 60 min
  • Classificação: 12 anos
  • Ingressos: R$40 (inteira) e R$20 (meia)
  • Sympla: ALEGRIA DE NÁUFRAGOS. – ALEGRIA DE NAUFRAGOS. – Sympla Bileto – Compre seu ingresso online

Comédia ‘Presentes’ prorrogada a temporada no Rio

Presentes
Presentes – Foto de Leila Meirelles

Após um mês de sucesso no Rio, o espetáculo ‘Presentes’ faz mais três apresentações no Teatro Vanucci, sempre aos sábados, de 14 a 28 de outubro. Dois atores em cena e o público. Desse encontro, nasce um novo espetáculo a cada noite. ‘Presentes’ é uma peça de improviso em sua forma longa. Sem jogos ou competição, ela apresenta a criação de um roteiro contínuo, espontâneo e único a partir de respostas da plateia no início de cada apresentação. O espetáculo tem produção de Joana Motta.

Com os atores improvisadores, Rafael Saraiva e Samuel Valladares, que constroem toda a narrativa e diversos personagens, o espetáculo também conta com a trilha improvisada de Noé Ribeiro diretamente do palco, e da cabine, a improvisação na luz de Peder Salles. Com este conjunto, treinado e dirigido por Tuila Jost e Theo Jost, ‘Presentes’ convida o público para uma experiência divertida e inesperada, contando uma história diferente a cada apresentação.

“A peça parte completamente do improviso. Pela troca com a plateia, criamos uma história totalmente espontânea e sem estrutura pré-definida, podendo ser um romance, um mistério, uma aventura, uma ficção científica, um pouco de cada; pode ser uma história que se passa em 24h, em uma semana, em 10 anos ou mesmo ao longo dos séculos”, explica Samuel Valladares.

A  ideia de fazer o espetáculo de improviso surgiu durante a pandemia de Covid-19. “A vontade era fazer uma peça na qual fôssemos apenas os dois em cena, pela nossa amizade de mais de 14 anos e amor ao improviso e à comédia”, exalta Rafael Saraiva.  A gestação final veio com a participação de Tuila Jost e do Theo Jost, que assinam a direção do espetáculo.

Mais sobre os atores

 Samuel Valladares

Ator, diretor, roteirista e palhaço. Aos 16 anos dirigiu, filmou e editou o documentário ‘Storm Video’, disponível no Globoplay. Trabalhou no roteiro do filme ‘Todo Mundo Tem Problemas Com Amor’ (a ser lançado esse ano), de Renata Paschoal, a partir da obra de Domingos Oliveira, além de protagonizar uma das histórias do longa. É roteirisita e co-diretor do programa ‘Na Tela da Glô’, no canal de youtube da TV Globo.

  Rafael Saraiva

Integrante do Porta dos Fundos, como comediante é conhecido por desenvolver vídeos para internet que já ultrapassaram a marca de trinta milhões de visualizações.  Foi um dos protagonistas da peça ‘O Cálice’, criação coletiva inspirada no grupo de comédia inglês Monty Phyton. O espetáculo foi dirigido por Cacá Mourthé em 2022, que também dirigiu as produções infantis ‘Camaleão e as Batatas Mágicas’ e ‘O Boi e o Burro no Caminho de Belém’, ambas com o ator no elenco.

Ainda no teatro Rafael protagonizou ‘Anísio e a Devoradora de Livros’, projeto teatral baseado na vida do educador Anísio Teixeira, com texto de Leila Meirelles e João Sant’ana, que também assinou a direção. No audiovisual, atuou na série ‘A Vida Pela Frente’, com direção de Leandra Leal e Bruno Safadi, para o Globoplay. Os longas-metragens ‘Ciclo’, com direção de Ian SBF, lançado em 2022 no Festival de Cinema do Rio; ‘Doidas e Santas’, com direção de Paulo Thiago (2016), e ‘Desculpe o Transtorno’, com direção de Tomás Portella (2015), contaram com a presença do ator, assim como no curta-metragem infantil ‘Souvernirs de Verão’, dirigido por Luiza Carneiro e Marina Erlanger (2013).

Direção:  Tuila Jost e Theo Jost
Trilha de improviso: Noé Ribeiro
Luz de improviso: Peder Salles
Produção: Joana Motta

 SERVIÇO:
 Local: TEATRO VANUCCI – SHOPPING DA GÁVEA

 Datas:
14, 21 e 28 de outubro (sempre aos sábados)

 Horário: 21h

 Preços:
R$ 60,00 (inteira) / R$ 30,00 (meia)

‘Pierrô do Méier’ na Casa de Cultura Laura Alvim

Pierrô do Méier
Foto de Renato Neto

Eu sou um romântico. Um pierrô do Méier. Sou um homem que acredita no amor eterno […]. Sou um homem que chora. […] A minha sensibilidade, o meu sentimentalismo, chega a ser ridículo.

(Nelson Rodrigues)

Conhecido por seu estilo provocador e polêmico, Nelson Rodrigues se dizia um romântico. Apostando nesse lado pouco visitado da personalidade do escritor, Pierrô do Méier é uma adaptação teatral inédita de três crônicas da série “A vida como ela é…”: “A troca”, “O monstro” e “Flor de laranjeira”. O monólogo, com atuação de Paulo Trajano e direção de Elena Gaissionok, estreou em março, no Rio de Janeiro (Espaço ABU), onde ficou em cartaz por onze semanas, e retorna agora aos palcos cariocas para uma breve temporada.

Pierrô do Méier aborda questões retratadas por Nelson Rodrigues nos anos 50 que continuam em evidência nos dias de hoje, tais como a pretensa superioridade do sexo masculino, desvalorização do desejo feminino, a violência contra a mulher e a criminalização do aborto. As três crônicas têm um fio narrativo único, praticamente sem intervenções sonoras, em uma encenação camerística com poucos elementos cênicos. Nas palavras da pesquisadora Carmem Gadelha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, “o espetáculo    cria a sensação no espectador de olhar pelo buraco da fechadura, mas é também exuberante e transborda em teatralidade”.
 
O espaço intimista do Teatro Rogério Cardoso da Casa de Cultura Laura Alvim será um atrativo a mais para Pierrô do Méier reforçar a proximidade entre ator e plateia, essencial à valorização da fala cênica e da atmosfera rodrigueana.

Ficha Técnica
autor: Nelson Rodrigues
direção: Elena Gaissionok
atuação: Paulo Trajano
cenografia e figurino: Elena Gaissionok e Paulo Trajano
iluminação: Thales Paradela
programação visual: Aline Assumpção
fotografia: Renato Neto
produção executiva: Cláudio Calixto

Serviço
Casa de Cultura Laura Alvim – Teatro Rogério Cardoso Av. Vieira Souto 176 – Ipanema
Telefone da bilheteria: 2332-2016
De 11 a 26 de outubro
Quartas e quintas, às 19h
Capacidade: 50 lugares
Duração: 70 minutos
Classificação etária: 16 anos
Ingressos: R$ 50,00 (inteira)
Site para venda de ingressos: funarj.eleventickets.com imply.com    

Contato da produção: Claudio Calixto, (21) 99665-8178
E-mail: contato.calixtoproducoes@gmail.com
Outras informações:
@Pierrodomeier / @calixtoproducoesrj / @casadeculturalauraalvim