‘Teoria King Kong’ chega a São Paulo para curta temporada

Teoria King Kong
Teoria King Kong - Foto de Igor Marotti

‘ Teoria King Kong ‘ foi escrita em 2006 pela francesa Virginie Despentes e se tornou um sucesso absoluto pela ousadia de narrar, em primeira pessoa, experiências que tangenciam temas como gênero, estereótipos e ativismo. Lançado no Brasil em 2017 e desde então um fenômeno de vendas, o livro ganhou uma versão para os palcos, com a estreia deste espetáculo homônimo, que chega a São Paulo após uma bem-sucedida temporada de estreia no Rio de Janeiro.

A partir de 17 de novembro, o Sesc Bom Retiro receberá ‘Teoria King Kong’, montagem criada a partir de uma das mais contidas escritas sobre os códigos comportamentais e padrões estruturais de impostos à condição feminina.

No palco, as atrizes Amanda Lyra, Ivy Souza e Verónica Valenttino atualizam o texto original a partir de suas escritasvências e subjetividades, ora se colocam como as tradutoras da obra, ora incorporando a própria Virginie Despentes e dando voz às reflexões que abarcam a complexa condição feminina exposta pela autora. O espetáculo reúne em sua ficha técnica uma equipe de mulheres que desponta em várias áreas do Teatro, o que fortalece esse pacto feminino e feminista em torno da encenação.

No Brasil, o livro foi lançado em 2017 pela N-1 e teve sua tradução assinada pela atriz, jornalista e escritora Marcia Bechara , que também assina a dramaturgia do espetáculo. Considerado um interesse em vendas, sua publicação encontra-se esgotada desde 2020 no Brasil e na América Latina.

Para a dramaturga, o grande desafio de transporte o original literário para os palcos é justamente encontrar sua atualização, após as inúmeras mudanças comportamentais e políticas que o mundo sofreu ao longo das quase duas décadas desde sua publicação inicial:

“Muita coisa mudou, da nossa compreensão interna do que seja o feminismo ou os feminismos e de como essas coisas se interpelam mutuamente na América Latina, na Europa e em vários outros contextos. Esse é o grande desafio, atualizar esse texto que é magnífico e magnânimo, para a realidade brasileira, para que ele converse com a gente também da maneira que o teatro sabe fazer. O teatro como essa grande ágora contemporânea, um espaço potente e propício para as discussões do nosso tempo”, afirma Marcia Bechara .

De acordo com a diretora Yara de Novaes , a aproximação de Marcia e das atrizes –– que também colaboram com a dramaturgia – facilita o processo de construção do texto. “São elas (as atrizes) que estão trazendo para a dramaturgia essas pessoaisidades, essas fricções”, conta a diretora sobre a adaptação , quando optou por não trazer apenas falas na primeira pessoa, mas escolheu a figura de três tradutoras transcritas para que fossem as cicerones, como experimentadoras cênicas do livro da Virginie .

“O teatro é uma matéria que é feita do corpo, a sua principal mídia é o corpo. E o corpo brasileiro está em cena com essas três atrizes. A presença delas em cena é extremamente revigorante desse novo Brasil que surge depois de seis anos de total loucura fascista e que tem muita coisa para dizer, inclusive em relação ao mundo, para o mundo. A gente vê no Brasil uma atualização dos feminismos, identidade das questões que a gente chama des, mas que vão muito além disso, que são coletivas também”, afirma a dramaturga.

Todo o processo ocorreu na total sinergia entre Yara de Novaes e as produtoras e idealizadoras do projeto, Verônica Prates e Valencia Losada , da Quintal Produções :

“Para marcar o fogo a radicalidade contemporânea do texto, convidamos as atrizes Amanda Lyra, Ivy Souza e Verónica Valenttino para compor o núcleo artístico do projeto. Atrizes múltiplas, plurais e com trajetórias pavimentadas em lugares muito singulares de classe, raça e gênero, além de serem atrizes pactuadas com o Teatro. Quando a gente coloca essas três atrizes em cena é a possibilidade que temos de alguma maneira deixar o livro mais plural. Para poder dialogar com a obra era preciso trazer personalidades e singularidades, e foi isso que elas trouxeram”, reflete Verônica Prates e Valencia Losada .

Os ensaios, que ocorreram em São Paulo durante os meses de maio a agosto de 2023, serviram de espaço para muitas experiências e diálogos transversais ao projeto: “Trouxemos para a sala de ensaio, nesse grande laboratório, algumas mulheres muito incríveis para trocarem com a gente, como a pensadora transfeminista Helena Vieira , a roteirista e dramaturga Silvia Gomez , a jornalista e comunicadora popular do Movimento das Mulheres Camponesas, Adriane Canan , essa equipe foi essencial para essa migração do livro para o palco”, conta Yara de Novaes .

FICHA TÉCNICA

  • Autora//Virginie Despentes
  • Direção// Yara de Novaes
  • Dramaturgia// Márcia Bechara
  • Elenco e colaboração dramatúrgica// Amanda Lyra, Ivy Souza e Verónica Valenttino
  • Direção de movimento e direção de direção// Murillo Basso
  • Cenografia// Dina Salem Levy
  • Desenho de luz// Sarah Salgado
  • Figurinos// Marichilene Artisevskis
  • Trilha sonora// Natalia Mallo
  • Coreografia voguing// Danna Lisboa
  • Assessoria de Comunicação// Pedro Neves
  • Identidade visual // Evee Ávila
  • Fotos // Igor Marotti
  • Idealização e produção // Quintal Produções
  • Diretora de produção// Verônica Prates
  • Coordenadora de projetos// Valencia Losada
  • Produtora executiva// Camila Camuso
  • Assistência de produção// Luana Della Cris e Ellen Miranda

SERVIÇO

TEORIA KING KONG
De 17 de novembro a 17 de dezembro
Sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h.
SESC BOM RETIRO Alameda Nothmann, 185, Bom Retiro.

Mestres da Empatia: contação de histórias + oficina criativa com entrada franca

Atores do projeto: Atores: Rodrigo Scheer, Alexandre Basttos, Dell Ferreira, Cacá Ottoni  e Jasmim Campello

Mestres da Empatia
Mestres da Empatia – Foto de Marcelo Nogueira

Apresentações teatrais e oficinas criativas! Em cena, atores e contadores de histórias transmitem valores como otimismo, esperança, senso de responsabilidade e sustentabilidade para as crianças e toda a família, jovens e também adultos em situação de vulnerabilidade.

A empatia anda fazendo falta no mundo moderno, começando pelo universo das crianças. Sem empatia, cria espaço para crueldades como intolerância, bullying e violência, em casa e na escola, fatos comprovados pelas notícias diárias.

O projeto inédito “Mestres da Empatia” tem curadoria da produtora cultural Ana Brites e direção do ator e roteirista Rodrigo Scheer. Sua programação chega aos espaços públicos do Rio de Janeiro para contribuir com a capacidade de cada indivíduo se identificar com a outra pessoa e compreender como ela está se sentindo.

As apresentações gratuitas que misturam teatro e contação de histórias, além de oficinas, abrem para o público infantil um leque de possibilidades positivas. Muito mais do que isso, “um aprendizado poderoso, baseado no amor, respeito ao próximo e, claro, na empatia”.

_ Desde a infância é preciso incentivar as crianças da importância da empatia para a sua convivência social, resultando na formação de uma juventude sadia. Através de histórias baseadas em grandes autores, o projeto tem o objetivo não apenas de entreter, mas também inspirar o público em uma verdadeira aula de empatia – ressalta Ana Brites.

Da Biblioteca Parque Estadual para outros espaços públicos

São 15 apresentações gratuitas que começaram no mês de outubro, distribuídas em 3 espaços públicos: Biblioteca Parque Estadual (Centro do RJ)Biblioteca Parque de Manguinhos e na “Vila Olímpica Artur da Távola” (Vila Isabel) com cinco temáticas diferentes para cada local.

_ Ao final das sessões vamos oferecer uma oficina de reciclagem, mas com um jeito dinâmico de promover a interação com a plateia e ensinar artesanato com o uso de material reciclado.  “Mestres da Empatia” é teatro, são histórias e é o afeto aprendido na prática – acrescenta Scheer.

Incentivadores culturais

O patrocínio do projeto Mestres da Empatia é através da Lei de Incentivo Fiscal Cultural do ISS e os incentivadores são:  Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura, SBM Offshore e BAP Administração de Bens. A realização é da empresa NR Produções Artísticas que atua desde 2001 na área teatral nos mais diversos formatos, seja corporativo, adulto, infantil ou infantojuvenil.

Ao longo dos anos a empresa apresentou com sucesso nos festivais de teatro em várias categorias, trabalhos que receberam os prêmios de melhor espetáculo na comunicação com o público, melhor ator, atriz e roteiro.  Os sócios-fundadores Dell Ferreira e Rodrigo Scheer têm experiências nos palcos como atores de formação profissional e atuam e produzem suas peças teatrais.

Rodrigo Scheer atualmente está à frente do roteiro do programa “Vem com a Gente” (TV Band Rio).

PROGRAMAÇÃO

Intervenções teatrais que serão realizadas para o projeto “Mestres da Empatia”. O evento será aberto ao público com a participação de alunos de escolas públicas e crianças moradoras de abrigos.

Após cada apresentação com a participação de atores e contadores de histórias, que vão transmitir ensinamentos valiosos ao público, com o objetivo de levar a arte e despertar a empatia, acontecerá uma oficina criativa relacionada com o tema.

 Apresentações: 

Biblioteca Parque Estadual

Av. Presidente Vargas, 1261- Centro

6/11 – 10h30 – Popeye e o segredo da Ilha

29/11 – 14h – Ariel, a sereia que queria ser gente

Biblioteca Parque de Manguinhos

Av. Dom Hélder Câmara, 1184 – Benfica

27/11 – 10h – Popeye e o segredo da Ilha

28/11 – 16h – Ariel, a sereia que queria ser gente

Vila Olímpica Artur da Távola

Rua Visconde de Santa Isabel, s/nº – Vila Isabel

07/11 – 14h – Popeye e o segredo da Ilha

09/11 – 14h – Ariel, a sereia que queria ser gente

DEZEMBRO:

Biblioteca Parque Estadual

Av. Presidente Vargas, 1261- Centro

6/12 – 10h30 – Os Inventores

Biblioteca Parque de Manguinhos

Av. Dom Hélder Câmara, 1184 – Benfica

13/12 – 16h – Os inventores

Vila Olímpica Artur da Távola

Rua Visconde de Santa Isabel, s/nº – Vila Isabel

7/12 – 14h – Os inventores

 Mais informações:

@mestresdaempatia

Peça distópica da Cia. Sacana aborda a história de resiliência de duas travestis

Peça distópica da Cia Sacana
Peça distópica da Cia Sacana – Foto de Marcela Guimarães

O espetáculo que abre a 9ª edição da Mostra de Dramaturgia em Pequenos Formatos Cênicos do CCSP retrata uma disputa de narrativas em um Brasil paralelo totalmente atemporal, sedimentada nas vivências entre pessoas trans e travestis. Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica estreia no CCSP – Espaço Ademar Guerra, no dia 2 de novembro, quinta-feira, às 20h. A temporada segue até o dia 19 de novembro, com sessões de quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 19h. Os ingressos são gratuitos.

Com dramaturgia de Ymoirá Micall , que também assina a direção da peça, o novo trabalho da Cia Sacana de Teatro e Dança é uma distopia. A obra está situada no mesmo universo do experimento cênico Distrito T – cap. 1 , premiado em 2022 pelo 30º Festival Mix Brasil na categoria Dramática.

Na trama de Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica , o público conhece a história da Santa Profana. Após ganhar este título da população do Distrito PS, a protetora vive sua ressurreição ao mesmo tempo em que deve se defender dos ataques iniciados por seguidores de um Rei Colônia.

Dessa forma, o público é convidado a adentrar aos limites do Distrito PS, bem quando a Santa Profana decide ser livre. No entanto, essa atitude fragiliza o círculo de proteção local, deixando os moradores em estado de alerta. Ao mesmo tempo, uma refugiada precisa ganhar a confiança dessa entidade para se manter viva.

Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica desmistifica qualquer impossibilidade de afeto sobre a população trans e travesti e busca se salvar de uma binariedade intrínseca à sociedade. “Precisamos levantar uma peça para reafirmar o nosso direito a permanecer vivas em condições comprometidas. Afinal, temos a oportunidade de escrever e atuar em nossas próprias peças, sobre o que estamos escrevendo? Eu tenho o direito de publicar algo que parte do pressuposto da imagem, do que é ser uma travesti na sociedade hoje e do que se deseja para ela. Até porque, as travestis são subjugadas, né?”, comenta a dramaturga e diretora.

Ativa desde 2020, a Cia Sacana tem a missão de produzir conteúdo em múltiplas linguagens para garantir o acesso de artistas negros e LGBTQIAP+ a qualquer espaço artístico e educacional. “Queremos pensar em um novo teatro, que realmente nos representa. Por isso, criei um mundo paralelo, uma fantasia brasileira em que existem essas pessoas que são imagens totalmente distorcidas na sociedade, inclusive uma santa trans, mas que lideram ideias transformadoras”, conta Ymoirá.

A encenação

O lado imagético foi fundamental para o trabalho. Muito da moda e do design foi incorporado à encenação, quase como um manifesto. A estatueta, assinada por Kyra Reis , mas cuja criação é coletiva, remete ao movimento Ballroom e utiliza peças em upclycling, ou seja, reaproveitadas, transmitindo a ideia de transmutação têxtil. Da mesma maneira que o cenário, pensado por Mauro Pucci.

A Cia Sacana optou por esse caminho de reaproveitamento também para adicionar outra dimensão à história. Os personagens apresentados no texto têm o hábito de se ajudar como podem, mesmo nas situações mais adversárias, quando tudo parece destruído.

A montagem imersiva ocupa o Espaço Ademar Guerra de um jeito único. Nas primeiras cenas, os espectadores transitam pelo lugar, conhecendo o distrito que compõe esta distopia. Diferentes elevações e estruturas determinam essas fronteiras. Depois, o público senta-se em arquibancadas que formam um “L”.

De acordo com Ymoirá, muitas das suas referências são musicais e de performance. Para esta peça, nomes como Ventura Profana, Linn da Quebrada e Alice Guél tiveram grande destaque para a dramaturgia, que também está carregada de deboche, uma maneira eficiente de estimular reflexões sobre o cotidiano, segundo a dramaturga. A trilha sonora de Maia Caos passou por diversos estilos.

Além da parceria com o Centro Cultural São Paulo (CCSP), o grupo conta com a gestão institucional da Associação SÙ de Educação e Cultura . Ambas as instituições foram fundamentais para a estreia. 

Ficha Técnica 

  • Direção e Dramaturgia: Ymoirá Micall 
  • Direção de produção: Carmen Mawu Lima
  • Direção de arte e Design: Mauro Pucci 
  • Direção de movimento: PHVerissima
  • Trilha Sonora e operação: Maia Caos
  • Desenho e operação de luz: Verena Teixeira
  • Elenco: Kyra Reis, Ayo Kalunga, Kaiala de Oliveira, Leonora Braz, Alice Guél, Wini Lipe, Zara Dobura, Kairu Kiango, Venâncio Cruz, Tata Nzinga, Nu Abe
  • Assistente de arte e diagramação: Luccas Caetano 
  • Assistente de som: Ewe Pixain
  • Assistente de produção: Jota Guerreiro 
  • Gestão Institucional: Associação SÙ de Educação e Cultura

SERVIÇO
Terra Brasilis Top Trans Pindorâmica De 2 a 19 de novembro, com sessões quinta a sábado, às 20h, e, aos domingos, às 19h Local: Espaço Cênico Ademar Guerra – Centro Cultural São Paulo (CCSP) Endereço: Rua Vergueiro, 1000 – Liberdade, São Paulo/ SP Ingressos: gratuitos | Retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência Duração: 80 minutos Classificação: 14 anos

A Grande Obra critica o sistema capitalista e o estímulo à produtividade desenvolvida

A Grande Obra
A Grande Obra – Foto de Ligia Jardim

Os papéis sociais impostos às pessoas no sistema capitalista são questionados no espetáculo A Grande Obra , idealizado pelo ator e produtor Fabrício Pietro e pela diretora Fernanda Stefanski , que assinaram a dramaturgia com a participação da dramaturga convidada Angela Ribeiro . Já a direção de produção é de Amanda Leones.

A peça estreia no dia 14 de novembro no Espaço Parlapatões , onde segue em cartaz até 14 de dezembro , com apresentações de terça a quinta-feira, às 20h. O trabalho faz parte de um projeto aprovado pela lei de incentivo ProAC ICMS, com patrocínio da PAPIRUS.

O espetáculo é resultado de uma pesquisa iniciada em 2019 a partir do ensaio filosófico “O mito de Sísifo”, de Albert Camus, que trata de questões relacionadas às contradições da existência humana, como a busca da essência e o sentido da vida em contraste com uma realidade desconexa, incompreensível e sufocante, guiada por ideologias políticas e religiosas. Para Camus, a solução para a falta de sentido não deve ser o suicídio, mas sim a revolta.

Assim como Sísifo, o personagem de A Grande Obra é “O homem”, um indivíduo que se torna consciente de sua impotência em concretizar um objetivo: demolir as paredes e estruturas que o confinam em uma condição de vida sufocante e sem sentido, após a partida de sua companheira. Em busca de um diálogo radicalmente honesto com o público, ele compartilha suas angústias em relação ao cotidiano repetitivo e inexpressivo, ao esmagamento da poesia, à perda da inocência e à morte de suas ilusões.

A trama se passa numa noite de Natal em um apartamento em que as paredes estão prestes a desabar, ocasião em que, insone, “O homem” ecoa pensamentos, memórias, desejos e angústias em uma roda viva que não para de girar, tendo como interlocutores o público, um bebê e o fantasma de sua ex-esposa. A sequência de episódios é fragmentada e não linear, através de um jogo de adivinhações inquietante e envolvente que transita entre ficção e não-ficção, passado e presente, sonho e realidade.

A narrativa aborda a escalada de um indivíduo rumo ao sucesso, tecendo uma reflexão sobre as relações de gênero no sistema capitalista, que une todos os seus esforços para transformar em símbolo pessoas comuns que chegam no topo da pirâmide – aquelas pessoas que chegam “lá” – valorizando o sofrimento, demonizando o cansaço e atiçando a necessidade de produtividade.

O espectador é testemunha de uma série de questionamentos, um filósofo incessante e ingênuo, que acontece em meio aos preparativos para uma noite de Natal, na qual a tradição sentimentalista é colocada em suspenso para abrir espaço para o cruel, o demoníaco, o imperfeito, o imensurável. Que presente de Natal pode ser uma bomba que explode uma ilusão?

O topo da montanha de Sísifo é o “lá” inexistente do personagem, o não-lugar, o abismo, a derrota, a frustração, a depressão e, por fim, a revolta contra o deus. Em meio ao apertar sem fim dos parafusos de uma corrente infinita, o personagem tenta libertar-se de um embate cíclico entre a busca de um sentido existencial versus os deveres impostos pela sociedade em relação ao seu papel social de homem.

A linguagem do espetáculo é inspirada na estética expressionista proposta por Tennessee Williams em suas obras – mais especificamente na peça curta “O Filho de Moony Não Chora”, de 1939, em fricção com o filme “O Clube da Luta” de David Fincher, de 1999. O texto apresenta pontos de contato entre essas duas obras: a rotina massacrante de um trabalho sem sentido, o consumo, a insônia, o devaneio, a vaidade, a revolta e o confronto com o sistema capitalista. Os assuntos se manifestam cenicamente através de um jogo vivo com o público e de uma palavra “incorporada”, que perpassa questões políticas, filosóficas e sociológicas, expressando um medo metafísico além da linguagem e explorando o que não pode ser figurado em palavras.

O processo de criação, iniciado em 2019 por Fernanda Stefanski e Fabrício Pietro, atravessou diversas inovações, espaços e formatos. Os estudos teóricos passaram pela análise dos mitos de “Narciso”, “Sísifo” e o “Mito da Caverna”, chegando ao “Manifesto do Unabomber” – do anarquista Ted Kaczynski publicado em 1995 em jornais dos EUA – e ao expressionismo de Tennessee Williams, com orientação de Luís Márcio Arnaut , tradutor e pesquisador das obras do dramaturgo estadunidense. 

Ficha Técnica

  • Direção: Fernanda Stefanski
  • Elenco: Fabrício Pietro
  • Dramaturgia: Fabrício Pietro e Fernanda Stefanski
  • Provocação dramatúrgica: Angela Ribeiro
  • Dramaturgo e orientação de pesquisa: Luís Márcio Arnaut
  • Cenografia e Desenho de Luz: Marisa Bentivegna
  • Trilha Sonora: Pax Bittar
  • Estatuetas: Telumi Hellen
  • Desenho de Movimento: Der Gouvêa
  • Direção de Produção: Amanda Leones
  • Coordenação de Produção: Fabrício Pietro
  • Assistente de Produção: Larissa Miranda
  • Arte Gráfica: Rafael Alexandre 
  • Mídias Sociais: Zava
  • Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
  • Fotos de Divulgação: Lígia Jardim
  • Idealização: Fabrício Pietro e Fernanda Stefanski
  • Coprodução: Versa Cultural e Pietro Arte
  • Apoio: IBT – Instituto Brasileiro de Teatro     
  • Patrocínio: Papirus

Serviço

A Grande Obra, de Fernanda Stefanski e Fabrício Pietro 

  • Temporada: 14 de novembro a 14 de dezembro, de terça a quinta, às 20h
  • Espaço Parlapatões – Praça Franklin Roosevelt, 158, Consolação
  • Entradas: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia entrada)
  • Venda online pelo Sympla
  • Bilheteria: abre 1 hora antes do início do espetáculo
  • Duração: 90 minutos
  • Classificação: 14 anos
  • Capacidade: 96 lugares
  • Acessibilidade: Espaço possui acessibilidade física para cadeirasntes, obesos e pessoas com mobilidade reduzida.