Que narrativas e afetos podem surgir a partir do encontro de seis amigos gays? Em busca desta resposta, o coletivo teatral formado pelos atores Breno Sanches, Camilo Pellegrini, Eduardo Rios, Felipe Cabral, Junio Duarte e Lucas Abá levantou o espetáculo “Apartamento 301”, que estreou dia 03 de abril, em Santa Teresa.
Acompanhando as relações entre um grupo de amigos que conviveram por anos no mesmo apartamento, a produção recebe o público, literalmente, dentro do apartamento 301. Com lotação máxima de 18 pessoas por sessão, a peça propõe uma experiência intimista. Os espectadores poderão reservar seus ingressos no início de cada semana e receberão por email o endereço completo do 301 presente no título do espetáculo.
Em um mercado onde facilmente esbarramos no “personagem gay” como uma “entidade” caricata e única; onde beijos e afetos entre personagens LGBTQIA+ são censurados em telenovelas; e onde atores gays foram, por décadas, pressionados a não se assumirem para não prejudicarem suas carreiras, o grupo considera libertador pensar um fazer teatral onde ser gay não é uma problemática, mas sim o ponto de partida.
Relações abertas, aplicativos de pegação, paixões e mágoas permeiam as trajetórias dos seis personagens que carregam os nomes dos próprios atores, brincando com o limite entre ficção e realidade. Sem a pretensão, ou até mesmo o objetivo, de responder à questão de “o que é ser gay”, o coletivo explora as subjetividades de cada encontro entre seus integrantes, proporcionando espaços de relação que, juntos, tecem a trama da peça.
Um término afetuoso, um terapeuta que cruza os limites de sua ética para viver uma paixão e um ex-ator mirim frustrado com os rumos de sua carreira após sair do armário são algumas das linhas narrativas que a plateia encontrará entre os cômodos do imóvel. O espectador, aliás, será convidado a circular pelo espaço ao longo da apresentação, como se pudesse espiar pelo buraco da fechadura o que acontece entre a sala, a cozinha e um dos quartos da residência.
Em pouco mais de uma hora, o público se verá imerso em uma dramaturgia íntima, próxima, confortável, incômoda, contraditória, quente e perto demais. Intensa e cheia de vazios. Sobre o presente e também sobre o que já se passou. Um todo, mas também um fragmento.
A concepção artística do espetáculo, desde sua dramaturgia à iluminação, cenário, figurino, trilha sonora e direção, é fruto da pesquisa cênica do grupo. No universo criado dentro do “Apartamento 301”, o tempo é personagem. O espaço. E, principalmente, os encontros.
SINOPSE
Explorando suas intimidades e afetos, a peça acompanha as relações entre seis amigos gays ao longo de anos dentro de um mesmo apartamento em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Amores, conflitos e mágoas atravessam seus encontros, transformando suas vidas para sempre.
FICHA TÉCNICA
- Elenco: Breno Sanches, Camilo Pellegrini, Eduardo Rios, Felipe Cabral, Junio Duarte e Lucas Abá
- Dramaturgias Finais: Camilo Pellegrini, Eduardo Rios e Felipe Cabral
- Vídeos Projeção: Camilo Pellegrini e Astronauta Mecanico
- Identidade Visual: Camilo Pellegrini
- Produção: Breno Sanches e Junio Duarte
- A concepção artística do espetáculo, desde sua dramaturgia à iluminação, cenário, figurino, trilha sonora e direção, é fruto da pesquisa cênica do coletivo.
SERVIÇO
- A partir de 03 de abril, todas as quartas-feiras, às 20h.
- Local: Largo dos Guimarães, Santa Teresa
- O endereço completo será enviado mediante reserva por email
- Duração: 80 minutos
- Ingresso: Contribuição voluntária na própria sessão
- Lotação: 18 pessoas
- Classificação Indicativa: 14 anos
- Instagram: @apartamento301espetaculo
- Reservas através do producaoapartamento301@gmail.com
- As reservas abrem sempre às 2ªfeiras
O COLETIVO
BRENO SANCHES é formado em Direção Teatral pela UNIRIO e integrante da Cia Teatral Milongas desde 2003, onde desenvolve uma pesquisa cênica como ator, diretor e autor. E ainda, é diretor do Coletivo Circular e idealizador e produtor do Residentes da Sede em parceria com a Cia dos Atores e da TERRITÓRIO Cursos e Eventos Artísticos.
CAMILO PELLEGRINI é ator, diretor, roteirista e dramaturgo. Entre peças, novelas, séries, longas e curtas, seu xodó é a “Trilogia das Assassinas”, três peças de sua autoria traduzidas e encenadas em vários países.
EDUARDO RIOS é formado pelo Lee Strasberg Theatre and Film Institute em Nova Iorque. Como ator, recebeu os prêmios de melhor ator no 2º FESTU e na VI Mostra Estudantil de Teatro do CCBB. Como roteirista, foi um dos criadores do quadro “Isso a Globo Não Mostra” na Rede Globo e, atualmente, adapta o Melhor Curta na mostra Novos Rumos do Festival do Rio 2023, “Dependências”, para longa-metragem.
FELIPE CABRAL é diretor artístico e apresentador do FESTU, festival de teatro universitário já em sua 14ª edição. Como ator, roteirista, dramaturgo e escritor, cria histórias com protagonismo LGBT+ como seu premiado curta “Aceito” e a comédia teatral “40 anos esta noite”, indicada ao Prêmio do Humor 2019.
JUNIO DUARTE é mestre em Estudos Contemporâneos das Artes (UFF), formado em Teatro e Fonoaudiologia. Entre seus últimos trabalhos como ator estão o longa “Vitória”, a 2ª temporada de “Dom” e a 5ª temporada de “Sob Pressão”. É sócio da CAJU Produções, que realiza projetos no teatro e no audiovisual como o musical [nome do espetáculo] – ganhador do Prêmio do Humor 2018.
LUCAS ABÁ é ator, encenador e pesquisador cênico, mestre em artes cênicas pela Universidade de Brasília (UnB); suas produções no teatro observam aspectos da Palavra, da memória do cotidiano e da ancestralidade; é professor de teatro e aprofunda sua investigação no treinamento de atuantes a partir dos fundamentos das práticas contemplativas para a “Produção de Presença”.