“CorpoCatimbó”, ritual cênico  que reverencia as culturas da Jurema Sagrada e do Catimbó em cartaz no SESC

Através do projeto “Entredança”, "CorpoCatimbó" promove oficina de arte e compartilha de processos criativos

por Redação
CorpoCatimbó

Arte, cultura, educação, história e tradição se misturam através “CorpoCatimbó”. O ritual cênico apresenta os elementos da ‘Jurema Sagrada’, a prática do Catimbó, como tecnologias ancestrais instauradoras de presença, criação e expansão energética. Em exibição pelo projeto “Entredança”, no Sesc Copacabana, no sábado (30), às 18h e logo após roda de conversa “Entre Falas”.

O projeto, que pretende atingir também artistas de teatro, dança, performance, pesquisadores do corpo e arte negra inicia a programação na sexta-feira (29) às 19h com a palestra “O Corpo Negro: Narrativas Autorais”, às 19h. No sábado (30) será realizado o Ritual Cênico “CorpoCatimbó”, às 18h e logo após inicia uma roda de conversa de 30 minutos com o tema “Entre Falas”. Já no domingo haverá um intercâmbio de 13h às 16h. Já na segunda semana o projeto segue para o polo educacional do Sesc Jacarepaguá, com apresentação do Ritual Cênico na quinta-feira (5), às 20h e roda de conversa logo após.

Zé Viana Junior, artista e pesquisador do espetáculo, ressalta a importância da programação. “CorpoCatimbó é mais uma retomada pela via da arte, dos nossos saberes pretos e indígenas, que por muito tempo, foram enquadrados no lugar do não saber. É uma reverência à rede dos múltiplos conhecimentos, das encruzilhadas, das mandingas, das macumbas”.O evento é destinado aos artistas de teatro, dança, performance, pesquisadores do corpo e arte negra.

Pautado sob a pesquisa de Zé Viana Junior, a experiência evidencia as culturas das matrizes indígenas e afro-brasileiras, sustentadas pela cultura Juremeira. “Um diálogo encruzado que se assenta nas práticas de cura, nos brinquedos, nas manifestações da cultura e geopoética nordestina, a exemplo do coco, da capoeira, do torém. Fundamentada e produzida por nordestinos catimbozeiros, trazer o ritual ao Rio de Janeiro, nós leva a um lugar potente e simbólico, pois nos remete a figura ilustre da tradição da Jurema e das encantarias cariocas, Zé Pelintra. Mestre catimbozeiro que cruza o nordeste, chega no Rio de Janeiro e funda uma linhagem de malandros e bambas que preenchem as searas encantadas das macumbas cariocas”, pontua Zé Viana.

A performance apresenta ainda uma ritualística densidade móvel que celebra as espirais vigorosas das entidades encantadas da ‘Jurema Sagrada’. O Corpo-fumaça se faz portal de acesso ao universo dos mestres, caboclos e pretos velhos, que se materializam nas simbologias de suas encantarias, gingas, bailados e vibrações. Além disso, o espetáculo provoca o contato com a medicina ancestral, potencializando a ciência do Catimbó no seu rito performativo de “desenvolvimento artístico-espiritual”

Para a produtora, Liliana Matos, esta circulação é de grande valia para reforçar a pluralidade cultural. “Este projeto do SESC Rio é uma ação importante para inúmeros artistas e pesquisadores que fazem essa ‘ação sankofa’ e se fundamentam na cultura negra brasileira e toda sua diversidade. Esperamos um grande encontro de fortalecimento, aquilombamento e, sobretudo, visibilidade à toda diversidade de projetos criativos, pesquisas, corpos e moveres que irão compor o Entredança 2022”, destaca.

E completou dizendo: “O CorpoCatimbó é uma constatação da profundidade da ‘raiz dessa Jurema’, é passear pelas espirais do tempo e reviver esse rito de andarilhagem, pautar esse corpo catimbozeiro, curador, sagrado e encantado como potente portal performático que instaura simultaneamente o presente, o passado e o futuro, como diria Leda Maria Martins, uma performance negra movida pela sobreposição de um  tempo espiralar.

Nossa maior expectativa é celebrar nossas referências e ancestralidades. O Brasil precisa, mais do que nunca, reverenciar seus complexos de saberes, aqueles silenciados e apagados pelo racismo estrutural. CorpoCatimbó é um rito de cura que perpassa por uma retomada”.

SERVIÇO

CORPO CATIMBÓ – CURTA TEMPORADA

SESC COPACABANA – R. Domingos Ferreira, 160 – Copacabana, Rio de Janeiro – RJ

Classificação indicativa: 10 anos

Duração: 50 minutos

DATAS: 

29.04 (Sexta-feira) – Palestra: O Corpo Negro: Narrativas Autorais – 19h.

30.04 –   (Sábado)   ESPETÁCULO CorpoCatimbó – 18h.

           Roda de Conversa: Entre Falas (duração 30 min).

01.05 –  (Domingo) Intercâmbio – 13h às 16h.

Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia-entrada para casos previstos por lei), R$7,50 credencial plena), gratuito (estudantes de Artes Cênicas com documentação válida)

SESC JACAREPAGUÁ – Polo Educacional 

Av. Ayrton Senna, 5677 – Jacarepaguá, Rio de Janeiro

 DATA: 05/05    Apresentação CorpoCatimbó – 20h e logo após  Roda de Conversa: (duração 30 min)

Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia-entrada para casos previstos por lei), R$7,50 credencial plena), gratuito (estudantes de Artes Cênicas com documentação válida)

Ficha Técnica 

  • Pesquisa, criação e Performance: Zé Viana Junior
  • Mestria/Orientação e Performance: Pai Mesquita de Ogum
  • Direção Dramatúrgica: Benjamin Abras e Cátia Costa
  • Colaboração: Gerson Moreno e Mãe Nega de Iemanjá
  • Concepção e operação de iluminação: Aline Rodrigues
  • Dramaturgia Sonora: Eric Barbosa
  • Assessoria de Imprensa: Laís Monteiro/ Monteiro Assessoria
  • Figurino: Edilene Soriano
  • Produção: Liliana Matos.

Sinopse

O Rito Cênico CorpoCatimbó instaura uma ritualística de densidade móvel que evoca e presentifica as espirais energéticas das entidades encantadas da Jurema Sagrada. O Corpo-fumaça se faz portal de acesso ao universo dos mestres, mestras, caboclos,

pretos velhos, que se materializam nas simbologias de suas encantarias, gingas, baiados e vibrações. Um corpo ancestral na encruzilhada, saravando a potência do encontro entre a cena e o encantamento ritual do culto afro-ameríndio assentado nos

saberes dos povos do agreste nordestino e das tradições afro-brasileiras. Um rito de encontro que espiraliza as presenças e nos convida a demandar os desejos na fumaça

catimbozeira de medicina ancestral, potencializando sua ciência, evocando as corporeidades juremeiras no seu rito performativo de desenvolvimento artístico-espiritual.

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