“Curumins arteiros” celebra as culturas ancestrais para pequenos leitores

Lançamento da autora Melissa Coelho, indígena da etnia Xakriabá, será no dia 24 de agosto, na livraria Pequeno Benjamim, em Ipanema, no Rio

Capa do livro Curimins arteiros

A vivência e o aprendizado em comunidades indígenas com crianças de diferentes etnias inspiram a contadora de histórias e educadora Melissa Coelho Xakriabá em seu novo livro infantil “Curumins arteiros”. O lançamento pela Artêrinha, selo infantil do Grupo Editorial da Appris, será no próximo dia 24 de agosto, às 10h30, na livraria Pequeno Benjamim  (Rua Visconde de Pirajá 595, Ipanema, Rio de Janeiro). A história conta as aventuras de crianças de uma aldeia, que são desafiadas a refletir sobre respeito à natureza quando se perdem na mata fechada.

Da etnia Xakriabá, dos povos de Minas Gerais, como  Machacalis, Krenak e Aranã, entre outros, Melissa diz que “Curimins arteiros” é fruto desse contato com pequenos leitores que contribuem na sua formação como artista e imaginário criativo. “As principais mensagens que pretendo passar no livro é a compreensão de que nós somos natureza. Não estamos à parte, basta perceber nosso corpo por dentro e por fora”, observa.

Melissa Xakriabá
Melissa Xakriabá

A autora acredita que a literatura indígena ganhou mais espaço nas escolas. Mas ainda é um movimento muito pequeno e que precisa de incentivo político e social para que seja ampliado na educação permanente de todas as instituições de ensino. “Não apenas para nós, povos indígenas, mas essa conscientização e conquista são necessárias para toda a humanidade. Os povos originários não apenas resistem. Eles fazem o planeta respirar e viver”, diz. 

A visibilidade que tem sido dada aos povos indígenas ainda é sutil e atravessada por muitas delicadezas.  “O apagamento histórico foi muito grande e cruel. Nos dias de hoje conseguimos acessar mais espaços, mas não somos ainda bem recebidos, ou quando somos, ainda nos veem como seres exóticos e diferentes. Ainda há muito a ser desconstruído e preparado para que de fato uma educação decolonial seja colocada em prática. E a Lei 11.645 (de 3/2008 que torna obrigatório o estudo da história e cultura indígena e afro-brasileira no ensino fundamental e médio), seja efetiva e de protagonismo indígena. O que chamam de ‘contribuição histórica cultural dos povos originários’ é, na verdade, a base da construção do nosso país, e de tantos outros”, completa Melissa.

Sobre a autora:  Melissa Coelho é indígena da etnia Xakriabá, atriz de formação, professora de teatro, bonequeira e contadora de histórias. Tem intensa pesquisa e divulgação da cultura dos povos originários, voltadas à educação decolonial, acessibilidade cultural e práticas anti-bullying.