Depois da temporada de sucesso no Rio de Janeiro, Ilíada está de volta ao circuito teatral carioca para seis apresentações no Teatro Prio, no Jockey (antigo Teatro XP, que reabre depois de uma reforma e com novo patrocínio). Na sexta-feira, dia 6 de outubro, Daniel Dantas e Leticia Sabatella reestreiam a peça, que ficou em cartaz nesse mesmo palco, com casa cheia, de 3 de março a 2 de abril deste ano.
O casal de atores encena dois momentos da Guerra de Tróia — o Canto 1, com o estabelecimento do conflito interno entre os gregos e suas motivações, e o Canto 20, com o retorno triunfal do herói Aquiles ao campo de batalha. A direção da aclamada tradução da obra por Manoel Odorico Mendes é de Octavio Camargo, que também assina a música original do espetáculo. O curador do teatro, Caio Bucker, está à frente da produção, ao lado de Fernanda Thurann.
Em 2022, Daniel Dantas e Leticia Sabatella apresentaram os dois cantos da Ilíada na abertura do 32º Festival de Inverno da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e, então, resolveram levar a montagem para outros Estados do Brasil. O texto integra o repertório da Cia Ilíadahomero de Teatro, fundada por Octavio Camargo, em 1999, no Paraná. Interpretados em sequência pelos atores, os Cantos 1 e 20, ligam dois momentos epifânicos do poema heroico.
“Eu entrei em um projeto que já existia, e fiquei apaixonado pela linguagem, não só do Homero, mas pela linguagem específica do Odorico, nosso tradutor. E meio de brincadeira eu comecei a decorar, a conversar, e ficamos amigos eu e o Octavio, o diretor da companhia. […] Eu acho fundamental que a gente repita e insista fazendo coisas que às vezes não são tão fáceis, porque eu acho que é um pouco isso que a arte pode oferecer, buscar dar à plateia o que ela quer e o que ela ainda não quer, aquilo que ela vai aprendendo a gostar”, declara Daniel Dantas.
Leticia Sabatella destaca a ponte entre arte e educação que Ilíada propõe. Recitada em festivais na antiguidade por séculos e matéria-prima essencial para a educação no mundo grego, a Ilíada é considerada a obra fundadora do pensamento ocidental. Além de estabelecer vínculos com a literatura grega, a montagem coloca em evidência as paixões humanas, mostrando a atemporalidade dos sentimentos.
“Unir o meio acadêmico com a arte é algo pelo qual a gente tem que lutar. É uma honra participar dessa pesquisa em torno de um estudo tão profundo, tão intenso, de algo que nos forma, que nos alimenta, que explica muito do que nós somos. É importante pensar que esse texto da Ilíada era empregado para educar e como a gente precisa valorizar isso na nossa sociedade, no nosso país. É muito lindo a gente pesquisar isso dessa forma e ir entrando neste clássico do ocidente que é a Ilíada”, reflete Leticia Sabatella.
SINOPSE
Dois momentos da poesia heroica sobre a Guerra de Tróia são encenados pelos atores Daniel Dantas e Leticia Sabatella, o primeiro, com o estabelecimento do conflito interno entre os gregos e suas motivações e, o vigésimo, com o retorno triunfal e implacável do herói Aquiles ao campo de batalha. Considerada a obra fundadora do pensamento ocidental, a Ilíada de Homero narra o último ano de combate de dez anos entre Grécia e Troia.
A ILÍADA DE HOMERO
Epopeia sobre a Guerra de Troia, travada entre gregos e troianos no séc. XIII a.C., Ilíada foi escrita por Homero, poeta da Grécia Antiga, entre 800 e 700 a.C. A obra descreve os acontecimentos do último ano da guerra que, segundo a tradição, teria durado dez anos, até a Grécia derrotar Troia.
A Guerra de Troia teve início com o rapto de Helena, mulher de Menelau, rei de Esparta. Ela foi raptada por Páris, filho de Príamo, rei de Troia. O irmão de Menelau, Agamenon, chefiou um exército de heróis gregos para tirar Helena de Troia e levá-la de volta à Esparta. Irritado com Agamenon, o jovem herói Aquiles, filho do rei da Tessália e de uma ninfa, retira-se da batalha. Ele acredita que não está sendo adequadamente recompensado por seus serviços aos gregos.
A guerra prossegue sem Aquiles e os gregos são expulsos pelo exército de Troia, comandado por Heitor, outro filho do rei Príamo. O amigo mais próximo de Aquiles, Pátroclo, vai lutar para ajudar os gregos, mas é assassinado por Heitor. A morte do amigo desperta a ira e o desejo de vingança de Aquiles, que esquece as divergências com os gregos e retorna à batalha. Os troianos ficam acuados e buscam abrigo dentro dos muros de Troia, mas Heitor, que fica fora de Troia, é morto por Aquiles, que arrasta seu corpo ao redor do túmulo de Pátroclo e depois o entrega ao rei troiano. A história termina com o funeral de Heitor.
CIA. ILÍADAHOMERO DE TEATRO
A Cia Iliadahomero de Teatro, criada em 1999 por Octavio Camargo e 24 atores paranaenses, tem por objetivo a encenação do texto integral da Ilíada e da Odisséia de Homero na tradução de Manoel Odorico Mendes e de outras obras literárias de interesse universal. Em dezembro de 2000, o grupo realizou sua primeira apresentação, em Curitiba. A performance aconteceu no Espaço Cultural Beto Batata com as récitas de quatro cantos da Ilíada: 1, 3, 16 e 21, interpretados por Octavio Camargo, Lourinelson Vladmir, Richard Rebelo e Patrícia Reis Braga, respectivamente. Em 2006 o grupo realizou apresentações dos cantos 1 e 16 na Fundação Biblioteca Nacional/RJ, na Biblioteca Mário de Andrade/SP e na Biblioteca Pública do Paraná. Em 2007, a Cia Iliadahomero participou da I Bienal de Arte Contemporânea de Thessalônica, Grécia, com o Canto 1 da Iliada interpretado por Claudete Pereira Jorge. A performance foi realizada no Odeon do Agora Romano, do século II DC. e foi registrada em vídeo pelo Museu de Arte Contemporânea de Thessalônica. No mesmo ano, Claudete Pereira Jorge realizou apresentações do Canto 1 em Skopje, Atenas, na Universidade Livre de Berlim, e em Amsterdam, na Holanda. Em 2011 o Canto I foi apresentado na forma de monólogo teatral no Mini Auditório do Teatro Guaíra, em Curitiba. Com luz de Beto Bruel, o espetáculo obteve duas indicações e um prêmio no Troféu Gralha Azul (melhor iluminação).
A partir de maio de 2014 realizamos apresentações mensais da Iliadahomero no Teatro Londrina, Memorial de Curitiba, que culminaram com a apresentação integral dos 24 Cantos da Ilíada, na Mostra Oficial do Festival de Teatro de Curitiba, em abril de 2016. As interpretações dos Cantos 5, 8, 13 e 16 da Odisséia, com Fernando Marés, Marcio Mattana, Pedro Inoue e Raquel Rizzo, respectivamente, estrearam em 2017, 2018 e 2019, no Memorial de Curitiba e na Sala 603.
SOBRE MANOEL ODORICO MENDES:
Nascido em São Luís do Maranhão em 1799, Manoel Odorico Mendes é jornalista, político, tradutor e poeta brasileiro. Vindo de uma família tradicional, morou na Europa para estudar, a partir dos dezessete anos. Morreu em Londres no ano de 1864. Reconhecido por suas traduções para o português da obra completa do poeta romano Virgílio e da tradução em verso da Ilíada, de Homero, em 1874. Odorico Mendes, como é conhecido, foi o primeiro tradutor da obra do pensador Grego para o português.
FICHA TÉCNICA:
- Texto: Homero
- Tradução: Manoel Odorico Mendes
- Direção: Octavio Camargo
- Elenco: Daniel Dantas e Leticia Sabatella
- Figurinos: Cristina Cordeiro
- Iluminação: Beto Bruel
- Música original: Octavio Camargo
- Design gráfico e fotografias: Gilson Camargo
- Direção de produção: Caio Bucker
- Assistência de produção: Aline Monteiro
- Operação de som: Dafne Rufino
- Operação de luz: Kelson Santos
- Assessoria jurídica: BMN Advogados
- Contadores: Cissa Freitas e Francisco Junior
- Uma produção: Caio Bucker e Fernanda Thurann
- Idealização: Cia. Ilíadahomero
- Realização: Bucker Produções Artísticas e Brisa Filmes
SERVIÇO:
TEATRO PRIO
- Av. Bartolomeu Mitre, 1110B – Leblon (no Jockey Club)
- 06 a 15 de outubro de 2023
- Sextas e sábados 20h, domingos 19h
- Ingressos: Sympla
- R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia)
- Classificação indicativa: 12 anos
- Duração: 70 minutos
- Estacionamento rotativo no local