Entre outubro e novembro de 2022, a exposição Paisagem Brasileira Contemporânea foi realizada na Casa de América, em Madri, na Espanha. Reunindo trabalhos de cinco artistas – os brasileiros Ana Durães, Luiz Dolino, Rubens Ianelli, Tarm (nome artístico de Thiago Molon) e o cubano J. Pavel Herrera –, a mostra foi idealizada a partir da coleção da Galeria Contempo, que agora traz ao público paulistano esse expressivo recorte de produção pictórica figurativa e abstrata contemporânea. Composta de 23 obras, a exposição será aberta em 21 de outubro, com visitação até 6 de novembro.
“Na Espanha, o sucesso foi tanto que, passado um ano, resolvemos mostrar essa reunião de trabalhos a um número maior de pessoas. Os artistas fizeram tudo com muito esforço e carinho, e retratam um país orgulhoso de suas raízes, de sua cultura, de sua história, de sua diversidade, de sua brasilidade. Por isso, nos sentimos na obrigação de expor esses trabalhos na galeria e torná-los acessíveis ao público brasileiro”, explica Monica Felmanas, sócia-fundadora e curadora da Galeria Contempo.
Em Madri, as tratativas para a realização da exposição foram mediadas pela Embaixada do Brasil na Espanha, no âmbito da diplomacia cultural entre os dois países, como destaca Luiz Claudio Themudo, ministro-conselheiro da instituição:
“Participei ativamente do processo que culminou na organização da exitosa exposição de arte, coberta de elogios de público e crítica. Um vibrante testemunho da vitalidade criativa desses artistas, valendo-se das múltiplas linguagens que transitam entre o figurativo e o abstrato. Agora, é chegada a vez de os brasileiros desfrutarem da coleção montada pela Contempo, oferecendo em São Paulo uma nova oportunidade para o convívio com as obras que deleitaram o público espanhol”, afirma.
Para Márcia Felmanas, sócia-fundadora da Galeria Contempo, a coesão das obras escolhidas para a mostra coletiva advém sobretudo de um entendimento subjetivo do que caracteriza uma paisagem, percepção expressa nas particularidades de cada um dos artistas que compõem a exposição Paisagem Brasileira Contemporânea.
“Utilizamos o termo ‘paisagem’, adotando o princípio vigente na geografia, que adquire o conceito de tudo o que os sentidos humanos podem captar. Tudo o que a sua visão pode vislumbrar é uma paisagem, tudo o que a sua audição pode ouvir é uma paisagem. Portanto, tudo o que o ser humano pode sentir é paisagem. Ana Durães traz sua homenagem à natureza, às flores e às matas do Brasil. Pavel nos mostra as geografias, os oceanos e a distância entre os continentes. Tarm revela a paisagem do cotidiano nas comunidades. Ianelli apresenta as influências de sua vivência no Acre, quando conviveu com os indígenas. Dolino vê na geometria, na reta que liga dois pontos, uma alusão ao percurso que caminhamos no decorrer de nossas vidas”, conclui Márcia.
Ana Durães
Artista visual, nasceu em Diamantina (MG), em 1962, e mora no Rio de Janeiro. Iniciou seus estudos na Escola Guignard de Belo Horizonte, em 1981. Concluiu o curso de formação na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1987. Participou de centenas de exposições coletivas e individuais: no Palácio das Artes de Belo Horizonte (MG); no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro; no Museu Histórico Nacional; no Museu de Arte Moderna de Salvador (BA); no MASP – Museu de arte de São Paulo; na Escola de Artes Visuais (RJ); no Museu da República do Rio de Janeiro; no Instituto Centro Cultural Brasileiro-Americano em Washington DC e no Kunstlerhaus, na Áustria, além de cidades como Berlim, Paris, Lisboa, entre outros. Em 2012 comemorou 30 anos de carreira na exposição individual Mundo das Coisas, no Espaço Furnas Cultural no Rio de Janeiro. Em 2013 realizou a exposição individual Novos Pretos Novos, na Galeria Sergio Gonçalves, no Rio de Janeiro. Em 2018, realizou exposição individual na Artfact Gallery em Nova York. Em 2020 apresentou a exposição Altered Nature, em diálogo com o fotógrafo Daniel Mattar, na Brisa Galeria, em Lisboa. Suas obras são encontradas em diversos acervos no Brasil e no exterior.
J. Pavel Herrera
Licenciado em Educação das Artes Plásticas e Mestre em Artes Visuais pela UNICAMP, desenvolveu seu trabalho em Havana, Cuba, onde nasceu, em 1979. Atualmente, realiza investigações artísticas em pintura, debatendo sobre o fenômeno da insularidade e os processos internos das pessoas que habitam uma ilha. Articula discursos em torno da migração, das comunicações, dos desejos, das relações ideológicas e políticas entre um sistema e o povo no contexto global. Mostras Individuais – 2014: Maldita Circunstância, Casa Museu Oswaldo Guayasamín (Cuba); 2017: Ponto de Fuga, Galeria Sancovsky (SP); 2019: Poemas Mal Escritos, Galeria GAIA, Unicamp (SP); Lembranças e Utopias, Projeto Estante de Livros e Caderno de Artista, Unicamp (SP). Mostras Coletivas – 2018: 11ª Bienal de Arte do Mercosul, O Triângulo Atlântico; MARGS; P/B Acervo MAB, FAAP (SP); 2019 – IN_STALAÇÕES. CIS Guanabara (SP); Palavras Somam, MAB- FAAP (SP); Mostra de Artes Visuais Jornada de Pesquisa em Artes UNESP PPG IA 2019 (SP).
Luiz Dolino
Luiz Geraldo Dolino Nascimento (Macaé/RJ 1945). Iniciou seus estudos na Escolinha de Arte do Brasil, com Augusto Rodrigues, em 1961. Quatro anos depois, estudou no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com Ivan Serpa, começando a incorporar formas geométricas em seus próprios trabalhos. Entre 1973 e 1984, viveu em vários países latino-americanos, como México e Argentina. Em 1984, mudou-se para a Costa do Marfim, de onde retornou ao Brasil em 1987, fixando residência na cidade do Rio de Janeiro. Em São Paulo, criou o painel Loco Por Ti para o Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo do Estado de São Paulo e, em 1989, foi responsável pela capa e design gráfico do livro A Lição do Amigo, de Carlos Drummond de Andrade. Um ano depois, a Editora Salamandra, do Rio de Janeiro, publicou o livro Dolino, com uma compilação das suas obras. Realizou exposição individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1997. Em 2000, publicou o livro Allegro Affettuoso – Memórias. Nesse mesmo ano, realizou uma exposição individual no Museu da Revolução, em Havana, Cuba. Realizou exposições em 42 países.
Rubens Ianelli
Rubens Vaz Ianelli, nasceu em São Paulo, em 22 de abril de 1953. Viveu até os 18 anos com seus pais, Arcangelo Ianelli e Dirce Ianelli, e com seu tio, Thomaz Ianelli, ambos pintores. Residiu na Europa, entre 1966 e 1967, e fez a sua primeira série de desenhos à tinta. Na década de 1970, trabalhou preparando telas e chassis para artistas e montou uma loja de molduras. A partir desse período geométrico ganhou prêmios em salões de arte moderna e contemporâneo. Estudou três anos na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, quando se envolveu na luta contra o regime militar e decidiu estudar Medicina. É mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz-Rio. Trabalhou durante sete anos com populações indígenas no Brasil. A partir de 2001, distanciando-se da saúde pública, iniciou uma série de exposições coletivas e individuais, incluindo: o Museu AfroBrasil de São Paulo, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul; o Centro Cultural Candido Mendes; o Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro; e Luz y Oficios em Havana, Cuba, além de algumas galerias de arte no Brasil e em Portugal. Embora tenha convivido muito tempo com dois grandes pintores brasileiros, pode ser considerado autodidata.
Thiago Molon
Thiago Molon, 1990, é conhecido no graffiti como Tarm. Nascido e criado na favela do Vidigal, Rio de Janeiro, onde atualmente mora e trabalha. É artista multidisciplinar. Aos 13 anos, começou a pintar pelas ruas e becos do Vidigal, transformando esses espaços em uma grande galeria e estúdio ao ar livre. Sua carreira o levou a se formar em Design Gráfico pela Pontifícia Universidade Católica como bolsista. Tarm faz uma interpretação lúdica e poética dos aspectos socioculturais da vida que o rodeia por meio de uma linguagem gráfica moderna. Da tela à escultura, busca reaproveitar materiais descartados encontrados na rua para dar vida a seus personagens, trazendo, assim, o ambiente onde vive para suas obras. Filho de pai paraibano e mãe capixaba, que vieram morar no Rio em busca de melhores condições de vida, seu universo particular é composto por cores e composições marcantes que partem da observação do cotidiano e dos costumes dos brasileiros. Neste conjunto é possível observar desenvolvimentos pictóricos e temáticos cruciais para entender a carreira do artista.
Galeria Contempo
A Contempo está no mercado desde 2013, “filha” da ProArte Galeria, idealizada por Monica, Márcia e Marina Felmanas, hoje com Monica e Márcia a frente da curadoria dos artistas. A galeria foi criada com o propósito de reunir o melhor da produção artística contemporânea brasileira, representando artistas emergentes e promissores talentos. Tarm, Heberth Sobral, Marcelo Jou, Presto e Pavel são alguns exemplos que têm se destacado. A Contempo também agrega a seu portfólio obras produzidas por experientes representantes das artes plásticas com carreiras consolidadas, como Dolino e os pintores Rubens Ianelli e Aldir Mendes. Ao reunir distintas linguagens e estéticas, a galeria transita por diferentes universos, como o da pintura, do desenho, da gravura, do tridimensional, da fotografia e da arte de rua.
SERVIÇO
Exposição Paisagem Contemporânea Brasileira
Abertura: sábado, 21 de outubro, 10h às 16h
Período de visitação: de 21/10 a 6/11
Galeria Contempo
Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 1644, São Paulo
De segunda à sexta-feira, das 10h às 19h; aos sábados, das 10h às 16h
Telefone: (11) 3032-5795
@ galeriacontempo e https://galeriacontempo.com.br/